Karl, observa o monitor fixamente, enquanto a porcentagem aumenta. Liz, está deitada na maca já sem vida e os cientistas, esmurram a porta freneticamente. O sangue da guerreira para de passar pelo tubo, então Karl começa a pensar em como tirar a garota da clínica, porém, seus pensamentos não vão muito longe, após a porta da sala ser arrombada pelos cientistas. Karl, pega as duas armas de choque e aponta para os cientistas, que não se intimidam e o atacam. Dois cientistas tentam imobiliza-lo com força bruta, outros dois medem os sinais vitais de Liz e Jade.

—Ela está morta —diz um dos cientistas para o restante

Eles atacam Karl, com ainda mais fúria...

—Ei!

Todos olham para trás por reflexo, e veem Lauren, apontando duas armas de choque para os cientistas, porém, ela não se encontra sozinha, Lauren está acompanhada de um casal que também está armado com as mesmas armas de choque. Sem pensar duas vezes, eles disparam contra os cientistas que conseguem aguentar a carga elétrica por mais tempo que o normal, devido a roupa de segurança que usam. Um deles consegue se aproximar de Lauren e fincar uma faca em sua perna esquerda, mas após várias cargas elétricas em seus corpos, finalmente eles sedem.

Lauren, olha para as macas:

—O que aconteceu aqui...Karl?

—Eu tentei, eu juro que tentei impedi-la

—Ela fez uma transfusão para a garota? —questiona o homem que acompanha Lauren

—Quem é você? —pergunta Karl em um tom hostil

—Jean, essa é a minha esposa Ecatherine —ele aponta para a mulher de cabelos negros

—Ela está gravida?

—Sim, estou —diz ela com a mão sobre a barriga

—Lauren, o que tem na sua cabeça? —Karl fala indignado

Karl, olha para Lauren, que está ao lado da maca de Liz, com os braços apoiados sobre a cama. Sua perna ainda com a faca cravada, pinga sangue descontroladamente.

—Precisamos dar um jeito nisso —Karl, se refere a perna dela

Jean, caminha até uma prateleira, pega um pano e entrega para Lauren.

—Precisamos sair daqui

—Eu consigo nos tirar daqui —diz Jean

—Como?

—Pela saída de ar. Eu programo todas as maquinas dessa clínica, eu sou o único que faz isso, esse é o único motivo do Hammom, não ter mandado me matar ainda. Eu sei cada saída dessa clínica, cada janela, cada porta, consigo nos tirar facilmente daqui

—Mas o que você ganha com isso?

—Você não está entendendo, eu me rebelei, se eu conseguir sair daqui vivo com a minha esposa, eu já vou estar ''ganhando'' algo

—Mas, eu não vou sair daqui sem fazer nada

—Os guardas estão tentando controlar as pessoas que estão correndo para fora da clínica, temos menos de 15 minutos para decidir o que fazer, antes que entrem e acabem conosco. Então, se você quiser a minha ajuda terá por apenas 8 minutos, antes de eu sair com a Ecatherine pela aquela tubulação —ele aponta para uma ''porta'' estreita de metal na parte superior da parede a direita

—Meu plano é acabar com essa clinica

—E as pessoas?

—Elas têm 15 minutos para fugir, e o máximo que posso fazer por elas

Jean, pensa por alguns segundos e conversa com Ecatherine.

—Certo, tem um jeito de acabar com boa parte dessa clinica

—Sou toda ouvidos —diz Lauren, que não havia dito nada até o momento

—Aqueles cilindros —Jean, aponta para o canto da sala —eles possuem um gás altamente inflamável, toda a clinica possui materiais inflamáveis, um pouco do conteúdo desses cilindros, já é capaz de fazer um grande estrago.

—Então faremos isso —afirma Karl

—Mas não é tão simples assim, alguém vai precisar ficar para quebrar os cilindros e atear o fogo, enquanto os demais caminham pelas tubulações até o exterior da clinica

O silencio paira na sala.

—Podemos simplesmente sair, não precisamos nos vingar —diz Ecatherine

—E deixa-los ilesos? Para fazer o que quiserem com as pessoas e usar seus experimentos desumanos em qualquer um? —diz Karl

—Eu fico —fala Lauren

Todos se viram para ela.

—Claro que não —diz Karl

—Eu sei que estamos em um momento delicado, mas o tempo está passando, e se a ideia de vocês é levar a garota, precisamos ser ainda mais rápidos —pressiona Jean

Karl se aproxima de Lauren e diz:

—Você não v...

—Karl, mesmo se eu quisesse, eu não conseguiria sair daqui com essa perna por uma tubulação, e muito menos levar a Jade comigo. Mas, eu posso quebrar os cilindros, e enfim, acabar com tudo isso

—Lauren...

—Karl, nós não temos escolhas, vai logo, o tempo está passando.

Karl, olha para Jean, que está terminando de abrir a tubulação. Ele se aproxima de Jade:

—Vamos —ele segura a menina nos braços

—Me entregue ela —Jean, que está em cima de uma maca, estende os braços para alcançar Jade

Jean, coloca Jade deitada na tubulação e estende a mão para Karl. Ele olha para Lauren, que da um belo sorriso para o guerreiro...

—Vamos, Karl —diz Jean

Karl, e puxado para dentro da tubulação, antes de Jean entrar, ele diz que Lauren deve contar 5 minutos antes de atear o fogo. Todos se arrastam pelo local estreito, Jean, guia Karl pelo caminho. Karl, arrasta Jade ainda desacordada pela tubulação. O barulho dos gritos das pessoas é facilmente audível. O local apertado e abafado e agoniante, porém, todos permanecem perseverantes e focados, por saber que muitos dariam de tudo para sentir a agonia que estão sentindo no momento

Jean, conta os minutos, enquanto engatinham pela tubulação.

—Chegamos —diz Karl quando vê a luz do sol invadindo a tubulação de ar.

Todos descem, quando pisam em terra um alto e ensurdecedor barulho ecoa por todo o ambiente, assim, colocando a clinica aos ares.

4 anos depois

Quatro anos se passaram desde a explosão da clínica e a morte de Liz e Lauren. Jade, agora com a mesma idade que Liz tinha quando sucedeu Mateo, se encontra embaixo da sombra de uma arvore comendo uma maça em um campo de grama verde e florido.

A terra nunca mais será a mesma, ainda paira a dor, a desigualdade, as cicatrizes de momentos aterrorizantes, muitas pessoas se arrependem e se lamentam de não terem participado dos testes na clínica, porém, devemos dizer que temos vestígios do início da paz. Jade com seus 19 anos é uma excelente arqueira, e até o momento só utilizou as suas habilidades para a caça. Karl, agora é líder do vilarejo, onde abriga mais de 40 pessoas de diferentes sangues, afinal, isso não importa mais. Josefine, se afogou no seu imenso ego, e se cegou em sua Síndrome de Messias, o povo que acreditou nela por muito tempo, que deposita a sua fé e suas riquezas, perceberam que Josefine, mesmo com sua força de vontade incontestável, não poderia salvar ninguém, então, se rebelaram contra ela. A nevoa roxa, ainda se encontra na vida de todos que na terra habitam.

Liz e Lauren, receberam um memorial no campo de Vombat, onde recebem homenagens frequentemente, mesmo que estejam longe de serem heroínas.

Por fim, podemos concluir que guerreiros são aqueles que lidam com quaisquer dificuldades, com ou sem temor, guerreiros são aqueles que dão a vida para uma salvação, mesmo que não haja, guerreiro é aquele que defende o que e quem acredita, afinal, somos todos...

Herdeiros da Guerra