Capítulo 1- ''River of Death''
O amor realmente vale qualquer sacrifício? Se sua resposta for sim, você manteria a sua opinião, ao ver seus pais sendo degolados e suas cabeças enfeitando uma praça, apenas pelo motivo de não possuírem o mesmo sangue?
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Pobre garota, anda sozinha durante uma forte tempestade que quase lhe arrasta pela floresta escura. Seu cabelo colado no rosto, sua roupa pesada como chumbo, as lagrimas se misturam com a água, sua tosse ecoa por toda a floresta, seus passos cada vez mais dificultosos, até a fazer chegar ao ponto de sentar perto de uma árvore ao lado de um rio, fechar os olhos e esperar que a morte tenha piedade e a leve rapidamente.
A pequena menina dorme, enquanto a chuva continua a molhar o seu corpo. Seu rosto está tão pálido quanto a neblina que cobre a visão dos cavaleiros que se aproximam. Nada é capaz de acorda-la, nem mesmo o barulho dos cavalos galopando ou os gritos dos guerreiros.
—Levante-se! —exclamou o cavaleiro, apontando a espada para a menina.
A garota continua imóvel. O homem desce do cavalo, e se aproxima com desconfiança.
—Acorde! —ele dá um chute.
—Essa garota vai morrer, vamos logo —um homem em cima do cavalo diz com desprezo.
O cavaleiro próximo a garota empunha sua espada, pega a mão dela e faz um pequeno corte.
—Azul —ele fala extasiado enquanto vê o sangue da menina.
—O que faremos? —o homem do cavalo pergunta.
—Eu nunca a vi no reino, mas precisamos leva-la ao rei —o cavaleiro fala determinado enquanto a pega nós braços.
O homem coloca a menina deitada em cima do seu cavalo, que permanece imóvel e a amarra na cela. O guerreiro sobe no cavalo do companheiro e emite um som que faz o seu cavalo correr.
—Atrás dele! —diz o guerreiro.
Os cavaleiros seguem o cavalo que galopa na velocidade da luz.
—Cavaleiros a vista! —grita um homem no topo de uma torre.
O grande portão se abre.
—O que fazem aqui, antes do sol se pôr?
Diz o homem que os recebe. Ele possui uma faixa azul amarrada no braço direito, e chama atenção pelo seu forte sotaque britânico.
—Marcus, preciso falar com o rei.
O cavaleiro puxa a rédea do cavalo, o fazendo sair de trás do muro, assim expondo a menina deitada sobre ele.
—O que pensa que está fazen...
O cavaleiro mostra a mão da garota, deixando o homem perdido em seus pensamentos.
—Sangue azul —diz Marcus surpreso — A leve para a tenda da Josefine -ele diz autoritariamente.
O cavaleiro guia o cavalo até a entrada da tenda, e desamarra a garota da cela. O mesmo entra com a menina ainda desacordada nos braços.
—Josefine -ele fala com a voz cansada.
A moça que está de costas para o cavalheiro, se vira para olha-lo.
—Mateo, o que faz aqui? Você está molhando todo o chão —ela diz quando vê a roupa do cavaleiro pingando —Quem é essa menina? —enfim ela percebe a presença da garota nos braços dele.
—Onde posso coloca-la?
Josefine, aponta para uma cama de palha.
—O rei sabe? -diz ela
—Marcus sabe, possivelmente ele foi falar com o rei.
—Você sabe Mateo, não posso ajudar a menina sem a permissão do rei.
Antes de Mateo responder, os reis entram, assim o obrigando e a quem estiver presente a ajoelhar-se.
—Majestade —diz ele fazendo reverencia aos reis.
Josefine, aplica o mesmo gesto.
—Levantem-se —diz o rei com um tom autoritário.
—Essa é a menina que eu disse a vossa majestade —fala Marcus apontando a garota.
—Me mostre —o rei diz olhando para Mateo.
Nenhuma palavra a mais foi necessária, Mateo se aproxima da garota, retira sua espada das costas, e repete o movimento que fez na floresta. O sangue azul escorre pela mão dela.
—A regra é clara, a mediquem, quando ela recobrar a consciência avisem-me —diz o rei se retirando da tenda.
Josefine começa a fazer os remédios.
—Mateo, você já fez a sua parte, vá embora —diz ela incomodada ao vê-lo parado ao seu lado.
Ele sai da tenda, e leva o seu cavalo que está parado em frente a tenda, para o estabulo.
No dia seguinte:
—Acorde Mateo -diz Marcus abrindo a cortina da tenda, fazendo o forte sol adentrar.
O cavaleiro levanta rapidamente, e se põe a postos.
—O rei o quer no castelo em 10 minutos, apareça apresentável —diz o guardião o olhando de cima a baixo.
O cavaleiro veste o seu melhor traje, e caminha com confiança até a porta do castelo, onde Marcus o aguarda.
—Siga-me —diz o guardião.
O castelo tem toda a riqueza, que o lado de fora não tem, ouro por todas as partes, soldados em todas as portas, escadarias praticamente infinitas.
—Vossa majestade —diz o guardião o reverenciando.
—Pode se retirar Marcus.
O cavaleiro continua em posição de reverencia.
—Levante-se.
—Sente-se, e coma algo cavaleiro -diz a rainha, sentada em uma cadeira na enorme mesa, que está lotada de alimentos.
—Agradeço Majestade, mas não será necessário —diz o homem com tensão na voz.
—Não faça essa desfeita, junte-se a nós —diz o rei com um tom alegre, mas incisivo.
Praticamente sem opções, o cavaleiro se junta a mesa com os reis.
—Coma, rapaz —diz o rei apontado para a farta mesa.
—Se me permite majestade, eu queria saber o motivo do convite?
O rei larga os talheres sobre o prato de porcelana.
—Onde encontrou a garota? —ele fala sem cerimônia.
—A encontrei sentada já desacordada, ao lado do ''River of death''.
—A maldita garota veio do reino de Ramme? —pergunta o rei quase afirmando.
—Se me permite Majestade, a menina possui o sangue do nosso reino, não é possível ela pertencer a Ramme.
Marcus aparece na porta.
—Perdão pela intromissão Majestade, mas a menina acordou.
—Ótimo, peça para Josefine providenciar um banho para ela, e a traga até mim.
—Sim Majestade.
—Pode se retirar cavaleiro.
Minutos depois, a menina está sentada na mesa, juntamente aos reis:
—Então, diga-me o seu nome —diz o rei, com um tom nem um pouco convidativo.
A garota não se deixa abalar e responde sem hesitar:
—Liz —sua voz não possui a inocência que uma criança deveria ter.
—Quantos anos você tem Liz? —a rainha fala na outra ponta da mesa.
A menina a encara e responde:
-08.
—Você parece destemida Liz, eu gosto disso, mas uma menina como você, não deveria estar sozinha em uma floresta, muito menos uma menina com o sangue do meu reino —diz o rei
A menina não fala nada, mas isso não a faz desviar os olhos do rei.
—Escute Liz, eu não confio em você, mas você é uma de nós.
O silencio paira no local, até o rei quebra-lo, com uma pergunta inusitada:
—Você sabe o porquê o rio que você foi encontrada se chama, ''River of death''? —diz ele com um tom sério e amedrontador.
A menina balança a cabeça negativamente, fazendo o rei suspirar:
—Não gosto de gestos, me responda com palavras. Vou pergunta-la novamente, você sabe o porquê o rio que você foi encontrada se chama, ''River of death''?
—Não —responde a menina.
—Quando um reino descobre um traidor, ele é amarrado na correnteza do rio, para que as piranhas o devorem até a morte. Então se não for o seu desejo voltar para lá, seja leal a mim —o rei se levanta e caminha para fora do cômodo.
A menina acompanha com os olhos o rei, até não conseguir vê-lo mais.
—River, fique à vontade coma algo —diz a rainha enquanto aponta para a mesa.
—River?
—É muito melhor do que, apenas Liz —a rainha sorri.
A menina não se importa com o apelido novo, no momento a única coisa que a importa, é por onde começar a comer.
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Na manhã do outro dia, Liz caminha pelo reino, vendo as pessoas descascando castanhas, colhendo frutas, lavando roupas em um balde, os cavaleiros cuidam dos seus cavalos, mas uma coisa chama a atenção da menina, a forja, não exatamente ela, mas sim o que ela fabrica, os olhos da garota vão diretamente para uma espada que acaba de sair, bem polida como uma panela, tão afiada quanto um alfinete.
—O que está olhando? vá descascar as castanhas com os outros! —diz o ferreiro com ignorância, seu suor pinga na espada quente.
A menina sai correndo, assim passando em frente ao estabulo.
—Ei garota! —grita Mateo.
A menina para abruptamente.
—Qual é o seu trabalho? —ele fala enquanto escova a crina do cavalo.
—Eu não sei.
—Marcus ainda não te designou? —pergunta o homem intrigado.
A menina balança a cabeça negativamente, mas logo ela percebe.
—Não —ela responde com palavras.
—Você aprende rápido —Mateo ri- Por que você não me ajuda a alimentar os cavalos —ele diz jogando uma maçã para ela.
Ela agarra rapidamente.
—De uma maça para cada um dos cavalos, nenhuma a mais. Tem uma cesta de maças aqui —ele diz apontando para o canto do estabulo.
—Eles não vão ficar com fome? —pergunta a menina, enquanto estrega as maças para os cavalos.
—Não, uma maça é o suficiente.
—Uma maça te deixa satisfeito? —a menina pergunta, sem deixar a sua função de lado.
—Eu não sou um cavalo —Mateo responde, sem se deixar abalar.
—Mas é um cavaleiro, sem o cavalo você não serve.
—Sua língua ainda vai te trazer problemas, menina.
Liz e Mateo, continuam trabalhando pelo resto da tarde, até o sol se por.
—Vamos, está na hora de comer —diz Mateo caminhando para fora do estabulo.
—Eu já vou.
—Não tem comida para todos, então se você quiser comer, seja rápida.
—Mas no castelo tem muita comida —a menina fala.
—Aqui fora e lá dentro, são mundos diferentes garota —diz o cavaleiro, caminhando para fora.
Mesmo sabendo que pode não haver comida para ela, isso não lhe incomoda, afinal ela tem outro objetivo. Liz sai do estabulo alguns minutos depois de Mateo, ela caminha em direção a forja, até encontrar a espada que a assombrou por toda a tarde. Não tem ninguém próximo a ela, a menina caminha até a espada e a pega. Ela não imaginava, que a mesma pesava daquele jeito, deslumbrada ela passa a mão pela lateral da lâmina.
—Você deveria estar comendo com os outros —diz o rei.
Liz olha para trás após o susto, deixando a espada cair no chão.
—Faça o que o rei está mandando, garota! —Marcus diz enquanto caminha furiosamente na direção dela.
Antes dele se aproximar muito, o rei coloca a mão no ombro dele.
—Vá com os outros Marcus.
O homem o olha com espanto.
—Majestade, não vou deixá-lo sozinho —diz o homem convicto.
—Isso não é uma oferta, é uma ordem.
Sem mais nenhuma palavra o guardião se retira.
—Você sabe lutar? —o rei pergunta com seriedade.
—Um pouco —responde a menina.
O rei da uma gargalhada, e fala:
-Você mata ou morre, você sabe lutar ou não, não existe um meio termo.
Liz permanece quieta. O rei olha para a espada caída.
—Empunhe a espada —ele fala.
A menina o olha com confusão.
—Faça.
Ela abaixa para pegar a arma do chão, segura a espada com as duas mãos.
—Você está tremendo, isso é medo ou o peso da espada? —diz ele com um meio sorriso.
—Eu não tenho medo de você —a menina o encara.
—Você deveria, não esqueça que eu sou o rei e o ''River of death'' sempre irá existir —ele fala com leveza -Agora vá comer.
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—Acorde!
Liz abre os olhos com dificuldade.
—Levante-se —diz Mateo entrando na tenda.
—O que aconteceu? —Liz fala esfregando os olhos.
Mateo, joga uma roupa para a menina.
—Vista-se, você tem 10 minutos, estou esperando do lado de fora —ele sai da tenda.
Ela se veste rapidamente, e se dirige para fora da tenda.
—Eu não sei o que o rei viu em você, mas eu sigo ordens.
—Para onde estamos indo?
—Vou começar a treinar você.
—Como? Sério? —ela não consegue conter o sorriso.
—Regra numero um: Eu não vou facilitar para você só por que é uma criança. O rei tinha a opção de coloca-la para treinar com os jovens, mas ele exigiu que fosse comigo. Regra numero dois: Eu não aceito atrasos, nossos treinos serão todos os dias. Regra número três: Você vai lutar com pessoas mais velhas que você, e sinceramente eu não ligo. Você entendeu? —Mateo pergunta antes de entrar na tenda.
—Sim.
O primeiro dia foi péssimo, a garota nunca apanhou tanto, mas isso não a fez pensar em desistir em momento nenhum, Liz era a primeira a chegar nós treinos e a ultima a sair, seu talento começou a chamar a atenção dos guerreiros, com apenas oito anos derrotava guerreiros com o triplo da idade dela.
A rainha descobriu que estava gravida da sua primogênita, um ano após a chegada da Liz no reino. Enfim a menina conquistou a confiança do rei. E passou a ser chamada pelos guerreiros de ''BloodRiver''.
🌹Obrigada por ler até o final. Fique à vontade para comentar, responderei de bom grado, e se gostou do capítulo deixe o seu voto. Muito obrigada um beijoooo 😘
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