Sam Wilson.
No dia seguinte, saí bem cedo do quarto. Afinal, eu não tinha conseguido dormir.
Se Steve não sabia quem eu era porquê Bucky não contou, então, porque diabos aquele homem me odiava de graça?
Peguei uma garrafa de água antes de sair do apartamento e fui até a academia da Shield. Fiquei treinando durante vários minutos, sozinha. Depois, percebi a presença de mais alguns agentes mas como eles pareciam não estar nem aí para mim, continuei por lá.
Na verdade, eu não estava seguindo um padrão de treino, eu apenas estava matando meu tempo para não ter que encontrar com Bucky. Levei pouquíssimo tempo para me apaixonar, mas, aparentemente, ia levar muito tempo para esquecer ele.
-Você quer ajuda para acabar com a raça desse saco?
Uma voz familiar soou atrás de mim, mas só reconheci, quando vi o rosto de Sam. Ele sorriu, ajeitando as luvas na mão e chegando perto de mim. Acenei com a cabeça e voltei a socar o saco.
Sam foi para o outro lado e durante vários e vários minutos, alternávamos os socos e chutes, cada um de um lado do saco. Sam me olhou.
-Você está bem?
-Não pareço bem?
-Na verdade... Não. - Sam segurou o saco e me encarou. - Você tá sempre saindo por aí sem telefone ou sem informar para onde vai... E...
Interrompi ele.
-Já sei! Vocês estão achando que eu estou indo passar algumas informações para alguém, é isso?
Sam suspirou, encostando a testa no saco de areia.
-Não, Naomi! Ninguém acha isso! - Ele fez uma pausa. - Ao menos, ninguém nunca verbalizou! É só que todo mundo fica preocupado! Muito! O Bucky... Eu acho que ele um dia vai acabar infartando, entende? Ele já é um senhor de idade...
Mesmo sem querer, comecei a rir. Sam me acompanhou e esticou a mão. Eu travei. Ele deu um meio sorriso.
-Não vou fazer nada, Naomi. Eu sei reconhecer quando alguém tem um trauma. Eu mesmo tenho vários e conheci muitas pessoas com muitos.
Suspirei e peguei a mão dele. Sam não tirou os olhos dos meus.
-Eu sou seu amigo, tá? Eu gosto de você! De verdade! Não importa o que você é, fez, ou o que você acha que é... Eu vejo uma menina incrível e fofa. Vê se, por favor, não some mais?
Eu ri, fraco, concordando. Respirei fundo de novo e o puxei, o abraçando. Eu confiava em Sam.
Mesmo tendo sido eu a puxar ele para um abraço, Sam não me abraçou de volta. No caso, não colocando as mãos em mim. Sorri, contra a peito dele.
-Muito obrigada, Sammy!
Ele me largou e fez uma careta.
-Não sou o Sammy! Eu sou o Sam!
Dei um meio sorriso.
-Para mim, você é o Sammy. Eu, hein...
Sam revirou os olhos.
-Por quê eu ainda me surpreendo, meu Deus?!
Mandei ele parar de reclamar e esperar ru ir tomar um banho. No caso, depois que Sam fez com que eu admitisse que estava evitando Bucky, passei o resto do dia com ele, especialmente, por Sam saber todos os horários e lugares que Bucky frequentava.
Agradeci aos céus por Sam não ter perguntado o porquê eu estava evitando Bucky.
Não vou dizer que não vi ele naquele dia, já que nos encontramos no jantar, mas por Natasha estar falando empolgada de uma festa, consegui evitar interagir com ele, embora Bucky estivesse me encarando.
Me tranquei no quarto e torci para ele não ir atrás. Mas ele foi. Porém, me chamou uma vez só e apenas mexeu na maçaneta.
Suspirei, aliviada, embora estivesse me sentindo triste e vazia. Ele era meu porto-seguro. Mas eu não podia fazer isso com ele. Eu teria que seguir em Frente.
Os pesadelos voltaram com cerca de quatro dias. Não me entenda mal, eu não o estava ignorando totalmente. Eu falava com ele pela manhã ou pela noite, caso nos encontrassemos.
Mas comecei a tratar ele como eu tratava o Steve. Com restrições.
-Naomi? - Sam me tacou um guardanapo na testa. Encarei ele, enquanto ria.
-O que?
-Vai fazer alguma coisa depois do trabalho?
Notei os olhares de Bruce e Natasha e o sorrisinho de Sophie, que assim como todos nós , estava tomando café da manhã na mesa da cozinha. Evitei olhar para Bucky, que tinha virado o corpo e me encarado enquanto lavava um copo.
-Acho que não... - Dei de ombros, como se não tivesse muita importância. - Por quê?
-Vamos no cinema? Tem um filme que eu estou muito querendo ir ver!
Sam começou um falatório incessante sobre o filme e confesso que até me animei. Steve entrou na cozinha, seguido por Wanda. Eles sentaram, ao lado de Sophie e me encararam.
-E ai? Vamos ver? -Sam parecia um cachorrinho que caiu do caminhão, com os olhinhos brilhando.
Não pude evitar um singelo sorriso, por cima da minha xícara de café. Assenti, levemente.
-Por mim, tudo bem, Sammy. - Ele bateu palmas e eu ri de leve. - Mas você paga, eu ainda estou dura.
Sam piscou e riu.
-Qualquer coisa por você, Princesa!
Eu sorri, voltando minha atenção ao café. Escutei um som de batida e ergui os olhos, percebendo Bucky jogando o copo com força na pia e indo embora da cozinha em um rompante.
Todos nós trocamos olhares, sem entender absolutamente nada. Sophie deu um sorriso amarelo e olhou para mim.
-Eu vou falar com ele... O Bucky anda meio estressado...
Concordei com a cabeça.
-Boa idéia!
Sophie levantou. Steve também .
-Espera, Sophie... Vou com você.
Os dois saíram e eu fingi não perceber o olhar reprovador de Steve para mim e o trocado entre Sam e Natasha.
Voltei ao meu extenso martírio de preenchar milimetricamente cada pedacinho de relatório que via pela frente. Era um trabalho horrível! Mas, ao menos, eu estava segura.
Fury apareceu pela hora do almoço e acabou me convidando (lê-se obrigando) a ir almoçar com ele. O que me deixou muito, muito, muito tensa. Fomos a um restaurante no final da rua da Shield e eu não conseguia parar de olhar para os lados. Afinal, não devia ser todo dia que uma maluca aparecia num restaurante que um prato era mais caro que as calças jeans dela, com o capuz do casaco na cabeça e, para completar, na companhia de um homem estranho, vestido de sobretudo preto e contendo um tapa olho. Que belo dupla éramos!
Fury juntou as mãos na frente do corpo e se inclinou para frente.
-Sabe porque eu te chamei para almoçar, Naomi?
Suspirei e apoiei a cabeça na mão.
-Não, Senhor. Mas espero não estar encrencada. Eu estou?
Fury deu um sorriso enigmático. Se encostou no encosto da cadeira e fez um sinal com a cabeça.
-Eu não sei. Me responda você! Você acha que está encrencada?
Neguei.
-Acho que não fiz nada de errado até agora, Fury.
Fury sorriu, assentindo.
-Bem... Fico feliz. Na verdade, eu queria ver pessoalmente a sua evolução. Eu leio seus relatórios médicos e psiquiátricos e converso muito com os seus amigos...
-Não tenho amigos! - O Interrompi.
Fury ergueu uma sombrancelha e me encarou com o olho único.
-Achei que o Bucky, a Natasha, a Sophie e o Sam eram seus amigos.
Não respondi. Comecei a cutucar com a unha o esmalte. Fury expirou.
-Naomi, entendo que você esteja passando por uma mudança, tanto externa quanto interna. É natural ter medo, criar expectativas... Mas sabe qual foi seu diagnóstico quando a interações sociais?
-Não. - Admiti.
-Segundo o psiquiatra e o psicólogo, você se isola. Você acha que ainda está sozinha e que tem que se virar para conseguir fazer tudo por si. Você não se abre, Naomi! E ainda está sempre achando que as pessoas estão te julgando, como se ao olhar para você, fossem descobrir, magicamente, tudo que você fez.
Não respondi e nem ergui o olhar. Fury continuou.
-Não tiro sua razão, Naomi. Não mesmo... Mas eu, e anote isso, porque não vou repetir! Eu me importo com você.
Continuei sem erguer o olhar.
-Por quê?
-Não sei. Por que será que me importo com o idiota do Tony, ou gosto da Natasha, e adoro conversar com o Bucky? Não sei... Afinidade, eu acho.
Nosso almoço chegou. Ele continuou falando e me dando dicas para interagir mais com o pessoal, mas eu ignorei todas.
Mesmo que eu fosse grata por ele aceitar fazer um acordo comigo, eu tinha mesmo dificuldades para confiar em alguém. No fim, eu tinha dificuldade para um monte de coisas como conversar, interagir...
O fim de tarde chegou rápido depois desse almoço irritante. Eu já estava quase saindo quando ouvi a porta da minha sala abrir. Virei e encarei Sophie. Ou a cabeça dela, no caso. Ela sorriu.
-Oi, Naomi! O Sam está aí, já. Aviso que você vai sair agora ou peço mais um tempo?
Enquanto arrumava meus papéis, dei de ombros.
-Pode pedir para ele esperar mais um pouco? Eu pretendia tomar um banho...
-Claro! Já volto!
Sophie saiu. Revirei os olhos. No fim, parando para pensar, eu até gostava da Sophie, não tinha absolutamente nada contra ela. O problema era só que ela era simpática demais.
Terminei de empilhar a lista de relatórios terminados. Ouvi a porta abrir de novo e dessa vez, Sophie entrou inteira na sala, sorrindo (excessivamente) de novo. Ela andou até mim e sentou na minha cadeira.
-Então...
-Então o que, Soph?
Ela deu um sorriso de lado.
-Você sabe.
-Sei?
-Aham! Ta rolando há quanto tempo?
Franzi a testa e terminei de empilhar a pilha de papéis em branco.
-O que?
-Sabe que somos amigas, né? Não precisa fingir que eu não sei...
Coloquei uma mão na cintura e a encarei.
-Não sabe o que?
-Você e o Sam...
Sentei na mesa. Continuei sem entender onde ela queria chegar. Sophie cruzou os braços.
-Ninguém pode culpar você, Naomi! E vai todo mundo achar super legal você estar conseguindo seguir em frente, apesar de tudo. Além disso, vocês formam um casal lindo e...
A ficha caiu.
Arregalei os olhos e neguei.
-Não, Sophie! Escuta! Ele e eu não estamos tendo nada!
-Não precisa ficar com vergonha, Naomi!
-Não tô com vergonha! Não estamos tendo absolutamente nada!
-Ainda?
-Que?
-Não estão tendo nada ainda?
-Não! Não temos e não vamos ter! Somos amigos!
-Eu e o Bucky éramos amigos.
-É diferente! - Pulei da mesa. - Eu e o Bucky também somos amigos e isso não quer dizer que eu vou ficar com ele! Muito menos com o Sam!
Sophie não pareceu muito convencida mas não insistiu mais no assunto, o que me deu oportunidade para escapar da sala, passar na sala da Hill, entregar o relatório e ir para o apartamento.
Assim que saí do banho, dei de cara com Bucky e Clint sentados no sofá. Os dois me olharam. Dei um "Oi" rápido e passei como uma flecha por eles.
Depois, passei por eles de novo, indo até a porta e, dessa vez, escutando a risada de Sam.
-Vai ao cinema sozinha, Naomi?
Virei e o encarei, revirando os olhos.
-Achei que você ia estar lá embaixo!
Sam negou.
-Ah, não! Eu vim fazer um lanche! - Sam coçou a nuca. - Vamos?
Concordei. Sam virou para o sofá. Percebi que Bucky nos olhava de lado e dei um meio sorriso, que ele não retribuiu. Continuou fingindo prestar atenção na série que passava na televisão.
-Tchau, Clint! - Sam exitou alguns segundos. - Tchau, idiotão!
-Tchau, pessoal! Divirtam-se e não tenham pressa de chegar! - Clint nem tirou os olhos da televisão e eu tive que sorrir.
-Mas usem camisinha, pelo amor de Deus! - Tony, desagradável como sempre, entrou na sala. Revirei os olhos, enquanto Sam bufou. - Ninguém quer mini falcões voando por aqui!
Sam balançou negativamente a cabeça.
-Se mete na tua vida, Stark!
Bucky levantou do sofá e saiu pisando duro, como de manhã. Isso atraiu a atenção de todos. Tony olhou para mim.
-Qual o problema dele?
Dei de ombros. Eu, realmente, não fazia idéia. Tudo bem, ele devia estar chateado comigo por eu o estar ignorando, mas ele teria que entender que seria o melhor para nós dois. E o que Sam teria a ver com a história? Para ele ficar assim cada vez que Sam falava alguma coisa...
Indaguei isso à caminho do cinema. Sam coçou a cabeça e ficou avermelhado.
-Bem, eu faço uma idéia mínima... Mas eu não quero falar sobre isso! - Sam bufou. - E você? Vai ignorar ele até a paixão passar ou vai falar com ele antes disso?
Dei de ombros, enquanto me equilibrava na moto.
-Eu acho que o melhor, por enquanto, é me manter afastada por... - Meu sangue gelou. - Espera... Que paixão?!
Sam deu uma risada alta e aguda, que sacudiu o corpo todo dele.
-Eu não estou apaixonada! Isso é ridículo! Somos amigos, Sam!
Ele deu de ombros e gritou:
-Se você diz...
Fiquei quieta.
Como ele podia saber? Será que eu dei muito na cara? Óbvio... Eu devo ter ficado igual uma cadelinha, obcecada por ele.
Chegamos no cinema e estacionamos a moto. Sam tirou o capacete e ficou me encarando, querendo rir. Taquei o capacete com força no peito dele e o encarei.
-Eu não estou apaixonada pelo Bucky!
-Tá bem.
-Eu e ele somos amigos! Não vamos passar disso!
-Okay.
-Além disso, ele namora a Sophie e, embora eu tenha sido o que eu fui, eu nuncs ia me meter no relacionamento dele!
-Tá...
-E se eu fosse me apaixonar por ele, teria que ter sido desde a primeira vez, não?
Sam pôs as duas mãos nos meus ombros. Estremeci, mas não recuei. Ele voltou a querer rir.
-Naomi, eu entendi!
Cruzei os braços e ergui o queixo. Sam começou a rir. Bufei e Revirei os olhos, sentindo minhas bochechas esquentarem.
-Tá muito na cara?
Sam confirmou. Depois que parou de rir, acrescentou:
-Bem... Não exatamente! Eu e a Natasha notamos porque somos seus amigos, mas acho que você disfarça bem... Pelo menos, o próprio Bucky não suspeita de nada.
Assenti, mas aliviada.
-Eu não pretendo contar para ele, Sam. - Falei. - Nem agora, nem nunca. É uma paixão passageira, meu psicólogo falou que pode acontecer em situações de gratidão extrema e, com o tempo, passa.
Sam assentiu e me puxou pela manga do casaco.
-Entendo. Seu segredo está seguro comigo! - Sam deu o dedinho mindinho e pegou o meu, entrelaçando no dele. - Promessa de dedinho é uma coisa séria, sabe...
Sorri. Sam voltou a me puxar pelo casaco.
-Vem logo, Naomi! Vamos perder o filme!
Mas mal entramos na sala do cinema (que aliás, era um bem afastado do que dissemos que iríamos pelo primeiro não ter sessão do filme naquela hora) quando vimos uma cena que me deixou de queixo caído.
Troquei um olhar com Sam.
-Isso é... - Sam coçou a nuca.
-Constrangedor?
-É.
Ooie, pessoal!
Voltei com mais um Capítulo e que eu particularmente, amo! É sério, a relação da Naomi com o Sam é a minha segunda relação favorita, perdendo só para a relação da Nat e da Naomi!
O próximo Capítulo tem uma bomba enorme! Alguém quer arriscar? 👀
Espero que tenham gostado!
Bjs 💋💋
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