Eu fui na frente com Bucky logo atrás de mim. Como Fury não chamou mais ninguém, todos ficaram lá em cima, supervisionando a equipe forense e os outros Agentes. 

Havia uma escada íngreme e estreita, com degraus curtos, o que fez eu ter que descer ela me segurando com as mãos. Ela era bastante comprida e, talvez, eu tenha descido por mais dois metros, até meu pé bater no chão de terra. 

Pulei da escada e olhei ao redor, puxando o celular do meu bolso e ligando a lanterna. Eu estava em alguma espécie de Bunker, que tinha as paredes em algum tipo de estrutura metálica. 

Mas o que me deixou sem chão foi Fury ter iluminado uma parede há uns seis metros de mim. Caminhei até ela, ouvindo os sons dos passos de Bucky atrás de mim. 

Meus joelhos fraquejaram e eu quase caí quando iluminei a parede. As mãos de Bucky seguraram minha cintura enquanto eu apertava meu celular com tanta força que o foco dele tremeu. 

A parede estava apinhada de fotos minhas em diversas situações. Fotos na Shield, nas raras vezes em que eu saí, fotos da minha ficha e até algumas nas missões em que eu ainda era da Hydra. 

Também achei algumas do Bucky, a maior parte, perto de mim. Mas surpreendentemente, as dele, estavam queimadas no rosto. 

-Ele é um maníaco! - Bucky exclamou, revoltado. - Meu Deus, que nojo... 

-Ainda foi pouco o que ele recebeu. - Falei, com o olhar duro e a voz firme. Virei de costas para a parede. -  Eu quero sair daqui, Fury. 

-Claro, vai lá. Eu só achei que você precisava ver isso. 

Concordei e encarei Bucky. 

-Não precisa vir comigo para o Quinjet, eu vou tomar um banho e descansar. O Arthur deve vir comigo. 

-Eu vou daqui a pouco. Só vou terminar aqui. 

Assenti e subi as escadas, passando pelo pessoal. Eles tentaram me cercar, mas eu pedi um tempo sozinha para refletir. 

Quando saí da cabana, aproveitei e fiquei parada, olhando para o céu que ainda estava na transição entre o azul anil, rosa e laranja. Apoiei as mãos na cintura e prendi bastante ar nos meus pulmões. 

Os passarinhos corriam pelo céu, fazendo um barulho estridente. O vento bateu contra a copa das Árvores e eu soltei meu cabelo suado e sujo do sangue, sentindo o ar refrescar ele. 

Caminhei, sozinha e sem pressa, até a beirada do lago. A água formava pequenas ondinhas conforme o vento a agitava e a visão de tudo era a coisa mais linda do mundo. 

Na verdade, eu sentia que aquele era o dia mais lindo de todos. 

E eu sei que eu deveria estar me sentindo péssima, considerando tudo que aconteceu: Sophie morrendo, Bucky sendo o Soldado Invernal, eu matando alguém com um certo requinte de crueldade... 

Mas isso, finalmente, significava paz e liberdade. Quer dizer, eu sabia que eu era livre desde o momento em que Bucky e Steve abriram o quarto que eu estava trancada em 2017, quando escapei da Hydra. 

Mas uma coisa era eu saber disso. Outra coisa, era eu me sentir livre. Sem o peso do medo, da culpa, da tensão... Sem ter que olhar por cima dos ombros o tempo inteiro com medo de ser capturada e ser obrigada a fazer tudo aquilo que eu fazia. Sem o medo de perder a vida para alguém nojento e escroto. 

Abaixei na beirada do lago e coloquei minha mão na água gelada, lavando ela, até o sangue começar a desgrudar e eu conseguir enxergar minha pele. Esse, era o único sangue que eu nunca me lamentaria de ter derramado. 

Ergui de novo os olhos para o céu, me dando conta de que a primavera estava acabando. Não deixava de ser linda. 

Agora que eu não tinha mais uma vingança para executar, o que eu faria? Continuaria sendo uma Agente da Shield ou pediria para sair? Olhei por cima do meu ombros e observei o pessoal conversando na frente da cabana, rindo entre si. Meu peito esquentou de gratidão. 

Talvez, eu nunca conseguisse me afastar disso. Enquanto levava a água até o meu rosto, comecei a idealizar a minha vida a partir daquele momento. 

O que me esperava? Mais missões perigosas e dias entediantes. Um irmão completamente amalucado mas que eu estava amando conhecer. O meu casamento. Tudo bem, não teria filhos, mas eu podia adotar mais gatos. Quem sabe, um cachorro? Eu ainda teria muitos casamentos para ir se dependesse de Bruce e Hannah e de Sam e Natasha... 

Era uma vida incrível! 

Levantei do chão e peguei meu canivete, para abaixar novamente e o lavar. Aquele era o presente mais especial que Bucky já tinha me dado, por mais que eu amasse o cordão de margarida no meu pescoço e o anel de noivado no meu dedo. Talvez, por ter sido o primeiro. 

Quando ele estava limpo, levantei de novo do chão e comecei a caminhar até o quinjet, subindo pela rampa e parando apenas no andar em que os quartos-Dormitórios se encontravam. Escolhi um e tranquei. 

Andei até próximo à cama e comecei a tirar meu colete, depois, meu cinto e os coldres com as armas que eu nem precisei usar. Joguei tudo no chão. Então, tirei a bota e logo a seguir, a blusa e a calça. 

Andei até o banheiro na portinha dos fundos. Tirei o sutiã e a calcinha, apoiando por cima da pia e abri o chuveiro na água mais gelada possível. Apenas existi durante vários minutos. Então, procurei um sabonete e achei um kit de limpeza pessoal no armário do banheiro, tomando, enfim, o banho. 

Me enxuguei apenas para conseguir entrar nas roupas que eu tirei, mas não toquei no que estava sujo de sangue. 

Me joguei na cama, exausta, e em apenas alguns segundos, eu dormi. Um sono sem sonhos, sem agitação. Um sono vazio, profundo e relaxante, só até acordar com alguém mexendo nas minhas pernas. 

Por instinto, minha primeira reação foi tentar acertar um soco, mas senti uma mão dura segurando meu punho, enquanto eu tentava regularizar a respiração e focar em Bucky, que sorriu. 

-Eu acho que vou ter que passar a te cutucar com uma vassoura para não levar outro soco! 

-Desculpe... - Sentei. - Você me assustou, amor. 

-Tudo bem. - Ele sorriu e sentou ao meu lado. Pulei no colo dele, fazendo Bucky me segurar firme. - Meu Deus... Acabou mesmo? 

-Acabou, meu amor. - Bucky sorriu, beijando minha testa e sorrindo, largo. - Agora, ninguém nunca mais vai tentar fazer nada com você! 

Sorri largo e comecei a chorar de novo. Bucky franziu a testa e brincou com o meu cabelo, me dando um beijo na testa e me olhando, preocupado. 

-Por quê você está chorando? 

-Porque eu estou tão feliz que eu podia explodir! 

Bucky riu e assentiu, pegando minha mão direita e observando meu anel de noivado. Depois, sem tirar os olhos dos meus, ele beijou minha mão e a segurou contra o coração dele. 

-Você é meu tudo, Naomi. 

Sorri igual uma boba, buscando a boca dele. Nos beijamos sem pressa alguma durante alguns minutos. Só até ouvirmos um toc toc na porta. Nos soltamos com selinhos e encaramos Natasha que estava apoiada no portal, de braços cruzados e um sorriso no rosto. 

-Oi, Nat! 

-Oi, Casal! O Steve está convocando uma reunião em alguns minutos e pediu para que eu chamasse vocês dois. Bucky, eu posso roubar sua namorada para mim cinco minutos? 

-Pode até mais, contanto que me devolva ela antes do casamento! 

A gente riu e esperou até Bucky sair do quarto, fechando a porta. Comecei a gargalhar, junto com a Natasha que se jogou contra mim, me abraçando. 

-Você conseguiu mesmo!

-Consegui! 

-Eu tô tão orgulhosa, Naomi! - Natasha me segurou pelo rosto e me encarou nos olhos. - Você conseguiu mesmo! 

Abaixei a cabeça, ainda sorrindo. 

-Não me orgulho do que fiz por lá. 

-Ele mereceu e ainda faltou. - Natasha afirmou. - É que você não viu tudo que tinha naquele lugar, Naomi. Ele era obececado por você de um jeito doentio... 

-Deus... O que foi que eu fiz?! - Exclamei, ajeitado meu cabelo para trás das orelhas. 

-Nada. - Natasha me encarou, séria. - Não é culpa sua, nem de ninguém que passa por esse tipo de situação. É culpa dele! Ele era obcecado por você porque ele era doente e escroto. Só isso! Mas é sério, não fica pensando mais nisso, Naomi. Acabou! 

Sorri, oficialmente, me libertando de qualquer sentimento ruim. Natasha tinha total e completa razão. 

Saímos do Quinjet e levamos alguns minutos para chegarmos até a sala de reuniões da Shield. Arthur ficou de fora, me esperando deitado no sofá da sala. Eu tinha certeza que ele ia dormir. 

A sala ficou cheia e eu fui recepcionada por todos os Vingadores que não foram na missão. Rachel chegava a estar tremendo quando me abraçou e Bárbara chorava de emoção. 

Levamos cerca de mais vinte minutos para nos acalmarmos e sentarmos, observando Steve e Tony em pé, na beirada da mesa. Eles estavam conversando baixo, na verdade, sussurrando o que parecia uma discussão pela forma como Steve estava vermelho e irritado. Por fim, ele concordou e Tony comemorou, mas Steve apenas chamou Bucky e os três começaram a sussurrar. 

-O que eles estão falando? - Sam questionou. 

-Eu sei lá! - Clint deu de ombros. - Não tenho bola de cristal! 

-Oh, pessoal! Cala a boca! - Wanda reclamou. - Assim eu não consigo ouvir! 

-Okay, gente... - Tony berrou, chamando nossa atenção. - Não precisam mais fofocar! A gente vai falar agora sobre o que estava discutindo... 

Observei Bucky voltar para o lugar dele com um sorriso besta no rosto. Franzi a testa sem entender nada. 

-Mas antes... - Steve chamou nossa atenção de novo. - Como líder dos Vingadores, eu tenho que dar os parabéns ao Bucky, por ter tido uma idéia que permitiu que tudo desse certo! 

Todos batemos palmas para ele, que ficou instantaneamente vermelho. 

-Também temos que agradecer ao resto da equipe que se empenhou esses anos todos em achar a Hydra e a derrubar! 

Batemos mais palmas. 

-E por fim... Eu gostaria de propor uma salva de palmas para a Naomi! Sem ela, não seria possível que fizéssemos nada disso que fizemos e, além disso, ela merece! Por toda a evolução pessoal, mental, profissional... Por ter acabado com as duas maiores cabeças da Hydra e ter segurado a barra mesmo quando o mundo estava caindo sobre a cabeça dela! A gente tem muito orgulho de você, Naomi! 

Meu rosto esquentou violentamente e eu deixei o cabelo cair na frente dele para eu não morrer de vergonha, enquanto todos batiam palmas e assobiavam. 

-Bem, sabemos que estão cansados e que querem ir dormir. - Tony falou, assim as palmas diminuíram. - Eu mesmo estou hiper cansado, e ainda tenho que ir dar uma bronca no menino Parker, mas... Eu tenho uma pergunta para fazer: Esse casamento sai ou não sai? 

Todos nos olharam e eu olhei para Bucky, que pegou minha mão e a beijou, sorrindo para mim. 

-Última chance, Naomi! Você quer mesmo casar comigo? 

-Claro que eu quero, Bucky! Que pergunta... 

-Ótimo. - Tony sorriu e piscou. - Então, vamos marcar o casamento para o fim de semana e... 

-O que?! 

Todo mundo começou a rir quando eu engasguei com o ar. Bucky também. 

-Vamos, Naomi! O Tony vai pagar o casamento... 

-Tá de brincadeira! 

-Não. - Tony deu de ombros. - Um casamento nem é tão caro assim! É o meu presente para vocês! Agora...  Eu vou tirar uma semana de férias! A gente se vê no casamento! 

Steve franziu a testa e saiu correndo atrás de Tony, que saiu da sala após se despedir. Os dois começaram a discutir sobre as férias, mas eu sabia que não ia adiantar, o Tony ia realmente tirar as férias de uma semana.

Oiie, Pessoal! 💖

Me desculpem por atrasar o capítulo para hoje mas eu não tava me sentindo muito bem e ainda tinha matéria atrasada (Um conselho para a vida acadêmica: NUNCA acumulem matéria de Metodologia Científica. Acreditem, todos os cursos estudam isso e é uma bosta, mas é a matéria mais importante para a formação 🤡🤡🤡 Que ódio!).

Porém, agora, cheguei com o primeiro dos últimos cinco capítulos da fanfic e o que encerra o tormento na vida da Naomi (Finalmente, Amém!). Eu ainda não estou pronta para me despedir da história, mas estou ansiosa para vocês verem o desfecho!

Então, terça, quinta e Sábado temos capítulo! Espero que gostem!

Bjs 💋💋