-Naomi! Hey, menina... Acorda! 

Alguém começou a me sacudir pelos ombros. Eu ainda estava morta de sono, de forma que não abri correndo os olhos, ainda mais por ter reconhecido a voz. 

-Vamos, Naomi! Acorda! Eu trouxe pizza e refrigerante para a gente! - Bucky continuou me sacudindo. - Okay, você não me deixa escolhas... 

Antes que eu pudesse raciocinar, ele se jogou em cima de mim e começou a me fazer cócegas. 

Comecei a me debater e a berrar, tentando bater nele, mas ele imobilizou as minhas pernas com as pernas dele e continuava a me fazer cócegas. 

-Chega! Para! Por favor! Eu me rendo! Aaaaaaaaah! 

Gritei com raiva. Ele parou as cosquinhas, gargalhando alto, enquanto eu cruzava os braços e encarava seriamente ele. 

-Isso não tem graça, Bucky! 

-É claro que tem! - Ele voltou a rir. - A sua cara quando percebeu o que eu ia fazer... Hahahahahah! 

Taquei um travesseiro nele e saí de debaixo de Bucky. Olhei para o relógio. Eram duas e meia da manhã! 

-Mas que inferno, homem! São duas da manhã! O que você está fazendo aqui? 

-A Nat disse que você falou que não tinha dormido de noite, aí deixou você dormir depois do almoço, mas eu achei melhor te acordar agora. Você deve estar com fome. - Ele se esticou e pegou uma caixa na cadeira do meu quarto. - Trouxe pizza de marguerita. É a sua favorita, né? 

Confirmei, pegando um pedaço. Ele não parecia mais chateado, mas eu ainda conseguia ver aquele olhar vazio. Para não ficar um clima chato, puxei assunto. 

-O Fury me chamou na sala dele hoje. - Contei. 

Bucky fez um sinal com o queixo para eu falar. 

-E ai? 

-Ele sabe que eu sou filha dele. 

A pizza da mão dele parou no ar. Bucky me encarou, perplexo e espantado.

-Quem contou?! 

-Suspeito que tenha sido a Wanda. 

-Ele não disse? 

-Não. Mas fez eu terminar de falar tudo que eu sabia e estava omitindo. 

Bucky assentiu e mordeu meia pizza de uma vez. Notei que os cabelos dele estavam completamente bagunçados e que a barba estava muito grande. E isso, de alguma forma, destacava ainda mais o azul dos ollhos dele. Era hipnotizante. 

Porém, desviei rapidamente o olhar quando Bucky me encarou. 

-Justo, na verdade. Então... Fury sabe de tudo agora? 

-Aham. E eu já me resolvi com ele. 

-Que bom! 

-É... - Peguei mais um pedaço. - E você? 

Ele se fez de desentendido. 

-Eu sempre fui resolvido com ele... 

-Você e a Sophie, Bucky. - Interrompi. 

Ele bufou e tentou jogar os cabelos para trás, desistindo em seguida. Fez só um nó no alto da cabeça. Então, pegou mais um pedaço de pizza e comeu bem devagar. Esperei. Quando viu que eu não desistiria, bufou. 

-Terminamos. De vez. Não dava para perdoar, Naomi... Ela não dormiu com um ou dois caras... Foram vários durante esses dois anos e meio. Vários! 

Ele abaixou o pedaço da pízza. Mas, em seguida, deu de ombros e suspirou, terminando de comer. 

-Mas quer saber? Eu não tô mais tão triste. Ao menos, combinamos de ser amigos porquê, querendo ou não, vamos nos ver quase diariamente. E é isso. Vida que segueu, não é?

Sorri de lado, apoiando a cabeça na minha mão. Bucky terminou de engolir o terceiro pedaço seguido e me olhou, quando percebeu que eu estava o encarando. 

-Por que está me olhando assim, Naomi? 

Sorri Mais. 

-Porquê, posso estar errada, mas acho que você é uma pessoa incrivelmente madura e especial... A Nat disse que outra pessoa teria surtado e perdido a cabeça. 

Ele ficou instantaneamente vermelho e deu um meio sorriso. Senti meu estômago pular. 

-Ah... Bem... Brigar não ia adiantar. Já estava feito! 

Peguei meu terceiro pedaço. Comi em silêncio. 

-Sabe que o Sammy não te contou de propósito, né? 

Ele ergueu as sombrancelhas. 

-Sammy? 

-Ah... É. Eu gosto de chamar ele assim. 

Bucky franziu os olhos e bufou. 

-Okay... Sim, eu sei que o "Sammy " não fez de propósito! Até porquê, o Steve já suspeitava também, então... - Bucky deu de ombros, depois, bufou. - É um inferno, mas tenho que admitir que o imbecil do seu futuro namorado até é legal.

Fiquei vermelha, tenho certeza. Engoli o quarto pedaço, antes de responder. 

-Ele não é meu namorado, nem meu futuro namorado, Bucky! 

-Ah, claro! 

-Mas que inferno, homem! Eu não tenho condições psicológicas de namorar ninguém! 

Bucky ergueu uma sombrancelha. 

-Nem para dar uns beijinhos? 

-Não! 

-Mas ele é bonito... 

-Claro que é! O Steve, o Clint, o Bruce, o Tony... Todos são bonitos! Mas não quer dizer que eu queira beijar eles. 

Bucky deitou do meu lado e apoiou o tronco no braço. 

-E eu não entro nessa lista, não? 

Concentrei minha atenção na última fatia de pizza que ele me estendia. Recusei. 

-Essa é sua, eu já comi quatro! 

-Fica! Você adora pizza! 

-É injusto, Bucky! 

-Não é! Só seria se eu quisesse... E eu tô te dando... 

Peguei e terminei de comer. Ele observou cada movimento mínimo meu. 

-Então? 

-Então o que? - Indaguei. 

-Eu entro na lista dos caras bonitos? 

Imitei a posição dele, de frente para Bucky. Ele esticou a mão e tirou algumas mechas de cabelo do meu ombro. Tentei não estremecer com o toque dos dedos quentes dele. 

Fingi o analisar. 

-É, acho que você dá pro gasto... 

-Do pro gasto?! - Ele riu. 

-Aham! Não faz muito meu tipo, mas... 

Dei de ombros, mentindo. Ele fazia meu tipo. Muito. Aliás, eu nem sabia que tipo eu tinha, mas com certeza, ele era meu tipo. Ou vai ver, meu tipo era ele. De qualquer forma, tipo e Bucky combinavam muito bem. 

Ele riu de novo. 

-E qual seria seu tipo, Naomi? 

" Você! " tive vontade de gritar, mas engoli em seco e lancei o meu melhor olhar sério, maduro e concentrado.  

-Bucky... Eu não tenho um tipo. 

-Claro que tem! Todo mundo tem um tipo! 

Ele deitou de frente, e esticou o braço em um pedido silencioso. Exitei alguns segundos. Mas... Por quê não? 

Me joguei sobre o peito dele, enquanto Bucky me abraçava pelos ombros. 

-Eu não. 

-Tem sim, você só não sabe qual é. 

-Qual o seu? 

Ele começou a brincar com a ponta de uma mecha dos meus cabelos. 

-Eu, definitivamente, gosto de loiras. 

Meu sangue bombeou gelado, e senti meu pescoço esquentar. Podia sentir o olhar dele queimando em cima de mim. 

-Hm... - Só saiu isso. 

Ele riu, me apertando mais contra ele e beijando minha cabeça. 

-Ah, quase esqueci... - Ele esperou eu virar para ele. - O Steve disse que ainda quer falar contigo e que ainda vai pagar o almoço. 

Revirei os olhos e voltei a deitar. O coração dele era bem agitado e as pontas dos dedos quentes no meu braço me arrepiaram. Bucky, infelizmente, reparou. 

-Tá frio, né? 

-Aham... 

Engoli em seco. Não diria que tinha sido o toque leve dos dedos quentes dele dançando no meu braço. 

Ele levantou e abriu meu armário. Me estiquei na cama e peguei o refrigerante .

-Bucky, cadê o copo? 

Ele parou e virou. 

-Ih, esqueci! Quer que eu vá pegar ou podemos beber no gargalo mesmo? Somos só nós dois... 

Engoli em seco de novo e sorri, bebendo em seguida. Bucky voltou a mexer no meu armário. 

-O que você está fazendo? 

-Procurando uma colcha. 

-Ah, não é aí! Aí é a gaveta de... 

Deixei minha voz morrer. Ele já tinha puxado com força demais e varias calcinhas e sutiãs tinham voado, espalhados pelo chão do quarto. 

Senti meu pescoço esquentar e não tive reação. 

Bucky deu uma risada nervosa e rouca. 

-Nossa... Que constrangedor, não? 

Observei quando ele coçou a nuca e, sem virar para mim, catou rapidamente tudo no chão e deixou no canto, porque não conseguiu enfiar a gaveta de volta. Meu pescoço ainda ardia. 

-Ah, achei... 

Bucky apagou a luz do quarto rapidamente, colocando a caixa de lado e puxando o refrigerante da minha mão, enquanto bebia. 

Deitei e esperei ele deitar. Ficamos um tempão de frente, fitando o teto escuro. Mas é claro que eu sentia que ele não estava dormindo. 

Embaraçada de vergonha, acabei virando de costas para ele. E acho que Bucky encarou isso como um convite, porquê, com alguns movimentos, me puxou para ele e se encaixou atrás de mim. 

Atrás! 

Mantive a calma. Afinal, o toque do corpo dele no meu não me encomodou, como o toque de qualquer pessoa me encomodaria. Pelo contrário, o corpo quente dele contra o meu, debaixo daquela coberta, me incendiou. 

Pela posição dele, eu sabia que ele não estava fazendo para conseguir me excitar ou nada assim. Ele só estava carente, com certeza. 

Eu sabia que devia ter virado, disfarçado e saído dalí. Mas o abraço dele era tão inebriante. A barba dele me pinicou no ombro. 

-Boa boite, Abelhinha. 

-Boa noite... - Exitei apenas um segundo. - Meu Zangão! 

Ele, com toda a certeza do mundo, franziu a testa. Me puxou para ele. 

-Zangão? 

-Aham. 

-Você vai me contar, um dia, porquê te chamo de Abelhinha? 

Concordei e voltei a mesma posição. 

-Jura? 

-Sim! 

-Mesmo? 

-Mesmo, Bucky! 

-Me conta agora? 

-Tô morta de sono! Amanhã eu conto! 

Ele bufou e beijou minha bochecha. 

-Tá... Boa noite! 

-Boa! 

Ficamos em Silêncio. Eu sentia a respiração dele na minha nuca. Me dei conta de que minha mão fazia carinho no braço de verdade dele. Mereço... 

Era por isso que o Sam e a Natasha repararam. Porque toda vez que ele estava perto eu parecia uma cadelinha. Sem motivo nenhum! 

Comecei a tentar entender quando foi que eu fiquei assim, já que eu não deveria ter me apaixonado pelo meu melhor amigo. E afinal, ele nunca tinha me tratado diferente. 

Ou tinha? 

Bem... A verdade seja dita: Em dois meses e meio ele nunca dormiu com a Sophie, mas dormia toda noite comigo. E sempre brigava com todo mundo para me defender. Além de viver guardando comida para mim e se esforçar ao máximo para me fazer rir. Além de ser o único que consegue me entender completamente. 

Mas é isso que melhores amigos fazem, não? A própria Natasha, normalmente, faz alguma dessas coisas como guardar comida e brigar com o pessoal... 

Então, por que eu não estava apaixonada por ela? Seria tão mais fácil! Natasha era bonita, atraente e, claramente, flertava comigo (embora ela flertasse com todo mundo!). Mas não, eu tinha que me apaixonar pelo único cara que nunca ia me ver diferente! 

Eu mereço... 

-Naomi? 

Estremeci de susto. 

-Sim? 

-Te acordei? 

-Não. 

-Ah... - Bucky colocou o queixo no meu ombro de novo. - Daqui a três dias eu vou ter que ir para Washington. Tenho que pegar um documento para o Fury. 

Assenti. Bucky deu um beijinho na ponta do meu ombro. 

-Quer ir junto? 

Arregalei os olhos e fiquei imóvel. Ele tornou a me chamar. Suspirei. 

-Ir junto? 

-Aham. 

-Só nós dois? 

-Claro! Por quê não? 

-Ah... Sei lá... 

Eu não vi, mas podia garantir o que quisesse que ele tinha revirado os olhos. 

-Eu não vou te atacar, Naomi! E além disso, suspeito que você seria a única pessoa que o Soldado Invernal não atacaria, caso um acidente acontecesse...

Virei de frente para ele. Aquela posição estava virando uma tortura. 

Ponderei, já que meu medo não era o Soldado Invernal. Muito menos, ele me atacar. 

-Você tem certeza que quer que eu vá? Não seria perigoso? Sabe... 

Ele colocou, novamente, meu cabelo para trás do meu ombro e desceu a mão pelo meu braço, até segurar minha mão. E com um pequeno puxão, levar até os lábios dele. Eu parecia uma gelatina derretida. 

-Não acho, Naomi. Sem querer me gabar, mas eu sou um cara... Como foi que o Sam disse?... Ah, um cara fodão! E você é uma das melhores em luta corporal. Entende? Ah, vamos, por favor, Naomi! 

Suspirei. 

-Tenho que avisar ao Fury... 

-Já avisei! Hoje mais cedo... Ele disse que se você quiser, ele não tem nada contra e seria muito bom para sua mente! 

Ergui uma sobrancelha, embora não desse para ele ver no escuro. 

-Ele disse isso? 

-Não. Mas vamos fingir que sim. 

Comecei a rir e abracei ele. 

-Tá... Talvez eu vá com você.  

Ele me abraçou, rindo. 

-Ah, eu te amo! Sabia que você ia! 

-Hey, abaixa a bola! - Saí do abraço dele, também rindo. - Eu disse "talvez". 

Bucky bufou.

-Já falei que você é chata? 

-Hoje não. 

-Você é chata para cacete, Naomi! - Bucky reclamou, suspirando! -  Que coisa! 

Continuamos a rir. 

-É? Seu amigo não me acha chata... 

-Eu vou ter que socar a cara do Sam? 

-Sam? Eu estava falando do Soldado! 

Ele bufou. 

-Claro, ele tem a amplitude emocional de uma colher de chá! 

-Ah, tadinho! Não fala assim dele... Eu o achava bem sensível até... 

Bucky bufou de novo. 

-Quem você gosta mais? Eu ou ele? 

-Não sou capaz de opinar. Eu estou morrendo de sono e você não me deixa dormir! 

Bucky riu e me deu um beijo na testa. 

-Okay, certo. Desculpe. Boa noite, Abelhinha. 

-Boa noite!

E finalmente, ele realmente ficou quieto e me deixou dormir. 

Ooie, pessoal! 🥺❤

Trouxe um Capítulo que amo demais e é muuuuito especial para o desenvolvimento do casal 🤭💖

Espero que tenham gostado desse ❤🤭🥺

Até o próximo!
Bjs 💋