Fim de Festa.
Bucky deu uma risada enquanto eu usava o que me restou de dignidade para me recuperar.
-Não tem graça!
-Desculpe! - Ele entrou na varanda e fechou a porta atrás dele. - Minha intenção não foi te assustar. É que o Sam disse que você estava se sentindo mal. Vim só ver se precisava de ajuda.
Uma sensação breve de Deja vú passou por mim assim que ouvi aquela frase. Dei de ombros.
-Minha cabeça parece que vai explodir. Eu não lembro de nada e acho que vou enlouquecer completamente. Se tiver como me ajudar com isso, agradeço.
Bucky cruzou os braços e me encarou, apoiando o quadril no parapeito da varanda. Ficou longos minutos em silêncio, olhando para o céu e para a cidade.
-Eu também perdi parte da minha memória. Sei o quanto é angustiante. Sinto muito.
Olhei, curiosa, na direção dele.
-Perdeu? Por quê?
Ele torceu a boca e respirou fundo.
-Tem uma organização chamada Hydra. - Pausa. -Enfim... Eu era "escravo" deles e eles me passavam por uma cafeira elétrica até eu não ter memória nenhuma.
Cheguei para frente no banquinho.
-E você conseguiu recuperar todas?!
-A maior parte. Mas tem coisas que eu daria a vida para lembrar, mas não lembro.
O olhar dele era frio e distante. Completamente chateado.
-Como você lembrou?
Ele levou alguns segundos para erguer o olhar dele. Deu de ombros.
-Parei de forçar a mente. Toda vez que eu fazia isso, passava mal. Então, teve um dia que simplesmente decidi que era melhor não lembrar. E aí, comecei a ter pequenos deja Vús, alguns habitos que eu sabia que eram da minha outra vida... Até virem sonhos, lembranças fragmentadas, umas mais inteiras... Só aconteceu.
Assenti.
-Não sei se consigo.
Bucky deu uma risada e eu sorri junto. Era contagiante. Ele me olhou com a cabeça pendurada, de lado.
-Naomi... Você morreu. Durante exatos um minuto e trinta e seis segundos. E voltou. Você consegue se acalmar o suficiente para deixar as lembranças virem quando e se tiverem que vir.
Dei um sorriso e senti meu coração esquentar. Bucky suspirou e passou por mim, dando um pequeno sorriso, pronto para entrar na sala de volta.
Me deu um leve pânico de pensar em voltar a entrar em pânico, Então levantei e o segui. Se Bucky percebeu, fingiu que não, já que foi direto para a direção da cozinha, seguido por Steve e Natasha.
Sentei no sofá e percebi uma mulher me olhando, claramente curiosa. Ela tinha um cabelo curtinho em um tom escuro e era muito bonita. Virei para ela.
-Você é a Hannah?
Ela deu um sorriso e assentiu.
-Ah, sim! Sou! Você é a famosa Naomi, então?
Assenti, pegando a mão que Hannah me esticou.
-Sou, sim...
-Seja bem-vinda de volta! É realmente um alívio saber que você está bem.
Dei outro sorriso, suspirando. Eu estava bem mesmo?
Olhei ao redor. Apesar de "não conhecer" aquelas pessoas, elas estavam fazendo de tudo, desde o momento em que acordei, para que eu me sentisse melhor. E eu me sentia bem e confortável com eles. Eu confiava e acreditava neles.
É, eu acho que eu estava bem mesmo.
-Você está na equipe há muito tempo?- Perguntei.
-Tem um ano, mais ou menos. Vim transferida de Atlanta. Parece que os Vingadores estavam precisando de alguém para controlar o surto psicótico que a Wanda teve.
Franzi a testa e a encarei.
-Surto psicótico?
-É. Ela deu uma pequena enlouquecida e quase matou todo mundo.
-E como você controlou ela? - Indaguei, curiosa.
Hannah deu um pequeno sorriso e mexeu as mãos, fazendo uma luz roxa dançar entre os dedos.
-Agora ela não é a única feiticeira nos Vingadores. - Cheguei a abrir a boca, mas ela emendou. - Não, nem adianta perguntar. Eu não revelo como recebi esses poderes. De jeito nenhum.
Assenti, explicando que entendendia. Rachel se jogou no sofá, entre nós duas, pondo a cabeça no meu colo.
-Eu juro que vou perder a paciência e acabar matando o Samuel! É sério! Como você aguentou, Naomi?
Dei de ombros. Acho que ela percebeu que perguntou a "coisa errada", Então, emendei.
-Bem, agora eu tenho mais uma chance de repensar minha amizade com ele, não?
No final, as duas riram e concordaram.
-Melhor revisar mesmo! Ele é um chato!
Eu acho que o ápice da noite foi quando, cerca de uma hora e meia depois, enquanto Wanda e eu conversávamos sobre as desavenças que a gente teve (com dificuldade, já que ela não queria revelar muita coisa por ordens médicas), Bucky saiu da cozinha em um rompante e Steve e Natasha foram atrás, tentando impedir ele de sair.
Eles discutiram sobre alguma coisa, mas calaram a boca assim que Bucky gritou que "Não, não importava o que eles achavam! Ninguém ia abrir a boca sobre nada! O dia que ele quisesse, ele mesmo falava!".
Por alguns segundos, cheguei a achar que poderia ser de mim que falavam. Mas Clint suspirou e comentou com Tony:
-Se eu fosse ele, eu contava para o Fury logo. Adiar para quê? Ele vai descobrir o que aconteceu naquela missão e vai dicar muito puto!
-Deixa que as crianças se entendem, Clint. - Tony revirou os olhos. - Eles sempre se entendem. Lembra?
Me concentrei no meu vinho depois que ele saiu batendo a porta com uma força tão exagerada, que saiu das dobradiças.
Ouvi uma pequena confusão quando Steve quis ir atrás dele e a Nat e o Sam não deixaram. Também houve uma outra discussão porquê Rachel e Hannah saíram correndo atrás de Bucky.
-Nâo se preocupa, isso não tem nada a ver com você. - Wanda suspirou.
Assenti.
Mas de alguma forma, talvez indiretamente, tivesse. Afinal, por qual outro motivo todo mundo que estava presente fez tanta questão de frisar isso?
Lembrei que Sam disse que éramos melhores amigos e, de fato, naquela foto parecíamos bem próximos. Talvez ele estivesse chateado com isso tudo...
Eu fui dormir na hora que a festinha acabou, o que se não me engano, foi lá pelas quatro da manhã.
Claro que eu não dormi. Estava agitada e curiosa demais. Estava louca para perguntar se eu podia voltar ao trabalho, saber como era a rotina, entupir os ouvidos de todos com perguntas...
E por algum motivo, eu sabia que eu tinha que pedir desculpas por não lembrar de Bucky.
Assim que o Sol raiou, eu pulei da cama e afofando Kitty no meu colo, fui até o armário e separei umas peças de roupas, uma toalha fofinha e alguns produtos para usar. Voei para o banheiro sendo seguida pela minha gata. Aproveitei e fiquei comversando com ela sobre tudo que eu sabia e comparando com a pouca coisa que eu lembrava.
Quando cheguei na cozinha, só tinha Natasha sentada na mesa. Ela abriu um sorriso enorme quando me viu.
-Oi, Abelhinha! Já acordou?
Franzi a testa. Abelhinha. De novo.
-Já sim! O que vamos fazer hoje?
Natasha franziu a testa e riu.
-Caramba! Faz o que? Uns dois anos que não te vejo tão animada!
Rolei os olhos e bufei, fechando a porta da geladeira.
-Ha Ha Ha! Muito engraçada, Nat! Eu esperaria essa piadinha do Sam e do Tony, mas de você...?
Natasha ergueu um dedo, apontando para mim e sorriu.
-Como sabe que eu não faria essa piadinha?
Parei com a faca à meio caminho do pão. E sorri, dando de ombros. Eu não sei como eu sabia. Mas eu sabia.
-Não combina com você!
Natasha sorriu e levantou, vindo até mim e me examinando inteira. Rolei os olhos e avisei que estava bem! Ela suspirou, se encostando no balcão e me observando comer meu sanduíche.
-A gente devia fazer uma coisa que fazíamos sempre...
Olhei curiosa para ela, mas no mesmo instante, eu sabia o que ela diria e falamos juntas:
-Compras?!
-Compras!
Natasha arregalou os olhos e me abraçou tão forte que eu quase sufoquei com o sanduíche! Tive um pouco de paz assim que Steve apareceu na cozinha e ficou reclamando que Tony tinha falado a noite inteira enquanto dormia.
-Bem, ao menos, ele não ronca...
Steva bufou.
-Se ele roncasse, ia dormir no sofá! - Steve revirou o olhos e me encarou. - Você está bem?
Acenei com a cabeça e enumerei nos dedos.
-Sim! Eu já lembrei que a Natasha não faria alguns tipos de piada e que a gente costumava fazer compras. Inclusive, vamos fazer hoje.
-Que bom que mencionou isso, Naomi! - Bruce entrou pela cozinha. - Eu tenho um recado do Fury para você. Amanhã ele pediu para você ir na sala dele que ele quer conversar sobre seu trabalho e seu acompanhamento psicológico.
Murchei.
-Tenho que fazer?
-Sim! - Os três responderam juntos e Bruce emendou. - Agora, mais que nunca! Ou você não quer se lembrar das coisas?
-Claro que eu quero, mas...
-Mas nada, Dona Naomi Steel! - Natasha me olhou feio. - Vai se vestir! A gente sai em cinco minutos!
Bufei e andei até o quarto. Eu estava nervosa. Muito nervosa. De repente, me pareceu uma péssima idéia sair. Mas eu queria me lembrar. E fazer as coisas que eu fazia antes, segundo o médico, ia me ajudar a lembrar. Então, mesmo tremendo, me arrumei e forcei a me empolgar.
Mas ainda tinha alguma coisa me encomodando. Me olhei no espelho. E depois, comecei a vasculhar minhas coisas atrás de bijuterias.
Achei um cordão que era um pontinho brilhante. Ainda não era o que eu estava procurando, por mais que eu não soubesse o que eu estava procurando.
Finalmente, saí do quarto e achei Natasha pendurada no sofá, passando os canais da televisão, claramente entediada.
-Vamos? - Indaguei, ignorando o nervosismo e pulei até a porta.
-Vamos! - Natasha concordou e me seguiu.
Eu consegui conter minha curiosidade durante alguns minutos apenas.
-Natasha?
-Sim, Naomi?
-Por quê eu falo russo? E inglês? Japonês? E italiano? E...?
Natasha riu, me interrompendo e caminhando comigo até um carro Branco.
-Você é poliglota. Porém, Não sei bem porquê... - Ela me encarou depois de pôr o cinto. - Você perguntou porquê fala inglês?
-É.
Olhei em expectativa enquanto ela manobrava o carro.
-Estamos na América.
-Sim, eu sei! Mas eu não sou americana.
Natasha deu um sorriso e me encarou.
-É? Quem te disse?
Abracei meus joelhos, rindo. Ninguém tinha me dito. Eu simplesmente sabia porquê pensava em alemão, não inglês. Mesmo que eu fose fluente em todas essas línguas, pelo que parecia.
Natasha sorriu amplamente. Puxei outro assunto.
-E então, o que eu fazia como agente da Shield?
-Basicamente? Relatórios... - Natasha me olhou de lado. - Olha, tem uma coisa que você precisa saber, está bem? Você era uma pessoa um pouco delicada, sabe?
-Delicada? - Indaguei. - Como assim?
Natasha ficou em silêncio alguns momentos e suspirou, por fim.
-Você tem alguns transtornos psicológicos, Naomi. Todo mundo era contra te contar isso, mas acho que precisa saber. Afinal, não têm porquê se envergonhar: Todo mundo naquela torre tem algum tipo de distúrbio.
Pisquei, assentindo. Eu já fazia idéia desde que Bucky tinha dito da ansiedade.
-Quais?
-Depressão. Ansiedade. Pânico. Além de ter baixa afetividade. Rejeição ao toque... E algumas outras coisas.
Assenti. Eu não estava surpresa. E explicava porque eu não gostava que me tocassem. Examinei meu pulso. Eu tinha achado, de madrugada, uma cicatriz embaixo da pele tatuada.
-Tentei me matar, não tentei?
Natasha assentiu.
-Sim, mas eu nunca soube porquê. Desculpe.
Deixei para lá.
-Natasha?
-Fala, Naomi.
-Por que Vocês me chamam de Abelhinha?
Natasha mordeu a boca e fez uma careta engraçada, enquanto ficava vermelha, tentando controlar a risada. Esperei. Ela tentou respirar fundo.
-Você já perguntou ao Bucky?
-Não. Ele parece estar sempre fugindo de mim...
Natasha controlou uma risada e suspirou.
-Ele que te deu o apelido. Nós só pegamos. - Pausa. - E... Bem, Vocês eram super grudados, sabe? Ele está se sentindo um pouco chateado.
Franzi a testa.
-Não é minha culpa não lembrar!
-Eu sei que não. Não foi isso que eu disse. - Natasha explicou. - O que eu quero dizer é que ele é uma pessoa complicada e você e o Steve são as únicas pessoas para quem ele se abre, expõe sentimentos... E se você não lembra dele, ele não vai querer atrapalhar você. Entende? Você era apegada demais a ele e o Bucky está sentindo como se estivesse sobrando. Querendo ou não.
Assenti e prestei atenção no caminho. Eu já conseguia ver a fila de carros para entrar no shopping.
-Não atrapalha, Natasha. Eu acho que poderia até me ajudar a lembrar...
-Eu sei. - Mais um suspiro. - Tenta puxar ele para uma conversa, mostrar que ainda gosta e quer a companhia dele.
Natasha fez uma pausa para manobrar o carro enquanto entrávamos em uma vaga. Desligou o motor e me encarou.
-Você não pode imaginar o quanto ele sofreu sem você, Naomi. Perder a... Melhor amiga... Dele foi como se tivessem tirado o outro braço dele. Se aproxima de novo. E não diz que eu te disse isso.
Essas palavras me atingiram igual a um tiro. Fiquei absorvendo o impacto delas. Éramos tão amigos mesmo, esse ponto?
Bem, desde que eu tinha acordado, Natasha era uma manteiga derretida e quase chorava por cada coisinha que eu falava ou fazia. Se Bucky era mesmo a pessoa que eu era mais ligada...
Então, eu entendia.
Ooie, Gente! 💕
Eu sei, vocês devem estar querendo me matar por ter sumido logo no início dessa segunda parte. Mas eu confesso que as últimas semanas não tem sido tão boas para mim e eu acabei dando prioridade à outras fanfics, muito embora eu ame essa aqui! 💕
Maaaas, agora estou de volta e em dias novos: Domingo, quarta e Sexta! 🥳
Aliás, pessoal novo: Sejam Bem vindos! Espero que gostem do rumo da fanfic!
E para compensar a espera, hoje tem capítulo duplo em comemoração aos 17k De visualizações! Muuuuito obrigada, mesmo!
E se puderem deixar um voto ou um comentário, eu vou ficar MUITO agradecida e motivada! 🥺❤🤭💫
Até mais tarde!
Bjs 💋💋
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