Ethan Copeland

Saio do banheiro e de cara vejo Melissa, não acredito que ela deu um jeito de entrar aqui de novo.

-Eu não chamei você.- falo sério.

-Eu decidi vir.- ela me observa enquanto visto uma calça moletom.

-Fez esse esforço em vão.- pego uma blusa simples.

-Estou vendo que precisa transar.- ela levanta.

Depois dos dias que tive eu realmente estava precisando fazer alguma coisa, minha cabeça já estava cheia de merda.

Demiti Devon Lorence e agora estava fazendo o inferno na vida dele, o cara não conseguiria arrumar um emprego e ia falir futuramente.

Mas Harper estava longe, ela saía cedo para a universidade todo dia e então voltava mais tarde ainda, nunca a via aqui.

Sinto as mãos de Melissa levantando minha blusa e a afasto, ela me encara e então deixa a cabeça cair para o lado.

-O que foi?- ela pergunta.

-Eu não quero, ok?- começo a levar ela.- Tem que ir embora.

-Sério?- ela levanta as sobrancelhas.

Fico calado e a levo pelos corredores, a última coisa que quero é que Harper pense que fiz alguma coisa com Melissa.

Não sei nem por que me importo dela pensar assim de mim, mas de alguma forma quero ganhar a confiança dela de novo.

Desço as escadas segurando o braço de Melissa e abri a porta, Dean nem precisa fazer esforço e só sorri para mim.

-Não queria atrapalhar.- ele dá um sorriso ainda mais irritante.

-Não está atrapalhando.- ele precisa sair da frente para eu tirar Melissa daqui.

-Só fui pegar o café de Harper.- ele levanta os dois copos.- Estou ajudando ela a estudar.

-Ótimo.- falo com raiva.

Ele passa por mim e Melissa segue o caminho dela, então fecho a porta e vou até a cozinha com pressa.

Pego o telefone fixo e disco o número de Dean, sei que ele deixa o celular dele no próprio quarto.

Ouço ele tocar e sei que Dean vai atender, então  subo as escadas e não vejo ele no corredor.

Abro a porta do quarto de Harper e fecho atrás de mim, ela está de bruços na cama anotando algumas coisas com uma caneta vermelha bem clara.

-Ótimo, achei que ia demorar mil anos....- ela vira e me vê.

-Você podia parar de estudar um pouquinho.- cruzo os braços.- Tenho certeza que já decorou todas as leis.

-Se eu parar de estudar vou ficar sem nada para fazer.- ela explica.- E sem nada para fazer eu vou ficar pensando.

-Alguns caras que tem parceria com a minha empresa e com a do seu pai sempre fazem um jantar no final do mês.- explico.- Queria que fosse comigo.

-Por que?- pegunta.

-Por que seria uma boa chance de começar a se enturmar.- falo calmo.- Não vou administrar as empresas de David para sempre.

-Eu sei.- ela suspira.- Que horas?

-As sete.- coloco as mãos no bolso.

-Ok, vou estar lá embaixo as sete.- ela volta a deitar e a escrever.

-A menos que vá fazer um julgamento no jantar, pare com isso.- pego a caneta da mão dela.- Vá fazer algo legal.

-Não tem nada de legal.- ela revira os olhos.

-Sei lá, cadê aquela sua amiga?- pergunto.

-Não sei, provavelmente no shopping.- ela  tenta pegar a caneta e coloco atrás do meu corpo.

-Ótimo, vá para lá.- começo a pegar o caderno dela.

-Ethan.- Harper levanta tentando pegar o caderno.

-Eu não vou falar suas vezes, Harper.- eu a encaro.

Ela suspira e então vai andando lentamente até o closet, largo as coisas dela em cima da escrivaninha e sorrio convencido.

Então vou até a porta e viro a tranca, Dean está vindo na direção do quarto e para com uma cara surpresa.

-Ela vai sair com a amiga.- explico.- Não precisa mais do café.

-O que você está fazendo?- ele pergunta.- Eu gosto dela.

-Você não merece ela.- balanço a cabeça.- Não quando age como um adolescente de dezesseis anos bebendo por tudo que é canto.

-Eu posso mudar.- ele fala com a voz rouca.

-Claro, mas não vai testar isso com Harper.- abro a porta.- Você se esqueceu que eu sou o responsável por ela, e tenho que manter ela longe de problema.

-Como vai fazer para manter ela longe de você, Ethan?- ele levanta as sobrancelhas.

-Pelo menos tenho minha vida resolvida, Dean.- falo tranquilo.- Você vive das minhas custas, não esqueça disso.

Ele fica calado e subo as escadas, nunca tivemos uma boa de relação, e nem era culpa de Harper ela estar no meio disso.

Não éramos próximos, então ficava bem mais fácil brigarmos por algo, ainda mais quando ele achava estar gostando de alguém.

Eu não deixaria ele puxar Harper para essa idiotice de vida que ele tem, passa as madrugadas bêbado e gastando o dinheiro em coisas inúteis.

Ele ia acabar quebrando a cara, eu sempre estava certo em relação a isso, e não achava que seria diferente dessa vez.

♡︎

Harper Burns

-Azul?- April pergunta.

-Não.- balanço a cabeça.

-Tem razão, azul não combina com você.- ela começa a passar os vestidos.

-Sei lá, eu não queria alguma coisa vermelha.- explico para ela.- Já uai muito vermelho.

-Sobra o preto.- ela aponta para os vestidos pretos.- Básico e clássico.

-Ok.- vamos até aquela arara.

-Está tudo bem?- ela pergunta enquanto procura.

-Claro, por que não estaria?- pergunto fingindo distração.

-Por que nunca é você que me chama para o shopping.- ela me encara.- Sempre sou eu.

-Queria passar um tempo com você, ora.- cruzo os braços.

-Tudo bem.- ela tira um vestido.- Esse?

-Pode ser.- balanço a cabeça.

-Vai usar com o que?- ela pergunta.

-Não sei, era para usar com alguns coisa?- pergunto confusa.

-Ah, Harper...- ela fala dramática e sorrio.

-Vai me ajudar com isso também ou não?- levanto as sobrancelhas.

-Adoro arrumar minhas bonecas.- ela se aproxima.- Vai ser minha melhor criação.

-Por que acho que você está mais animada que eu para isso?- pergunto me divertindo.

-Por que é verdade.- ela segura minha mão.- Vamos pagar e então comer, estou morrendo de fome.

-E depois você vai me ajudar, certo?- tenho que ter certeza.

-Claro, sou a sua Fada Madrinha.- ela brinca e eu sorrio.

Ethan estava certo, era bom passar o tempo com April, talvez eu só estivesse precisando de um pouco disso para me recompor.

Nunca tive uma amiga como April, sentia que podia contar com ela, e ainda bem que eu tinha ela, por que já estaria no fundo do poço há um bom tempo.

No final, Ethan estava certo, mas não iria dar o gostinho disso, eu não ia deixar ele todo convencido, ou melhor, mais convencido do que estava.