Capítulo 8: Orelhas diplomáticas
O dia começou tarde para o pequeno grupo. Talvez pela véspera agitada, talvez pela refeição muito farta na noite que se passou, nenhum dos viajantes parecia muito animado a levantar.
Luna, a primeira a abandonar a preguiça, fez questão de acordar Edriên e, posteriormente, Iarima. Edriên ficou feliz de a loba não ter mastigado seus cabelos como despertador da forma que a loba havia feito à Iarima.
Com o primeiro quarto desperto e a caminho do banho, a loba tratou de acordar os senhores do outro quarto com latidos e arranhões na porta. Assim que Dário abriu a porta, Luna desejou-lhe um bom dia derrubando seu amo no chão e lhe acariciando com suas tradicionais lambidas gosmentas.
— Já acordei, Luna! Para com isso!
O elfo não esperou por sua saudação e tratou de levantar-se.
O grupo arrumou seus bens e os deixou guardados com o dono da hospedaria, que lhes alugou o serviço de guarda-bagagens. Tarde como era, os quatro almoçaram e seguiram para o alfaiate onde se arrumariam para a festa.
Chegando na casa de costura, Artus não demorou para se arrumar apesar da complexidade de suas peças: uma camisa púrpura brilhante, calças pretas e botas marrom escuro. Por cima de todo figurino, um pesado e trabalhado casaco prata com bordados dourados em toda sua extensão.
Dário, optando por algo menos chamativo, se saiu muito bem em uma túnica longa e negra. As golas, punhos e frente da vestimenta levavam barras ornadas com fios de prata. Grande parte de seu tempo foi gasto em fazer a barba e, claro, na briga com o elfo por não retirar seu prezado cavanhaque.
Edriên se arrumou sozinho, se irritando toda vez que o alfaiate insistia em rever um ou outro ponto. Por indicação do elfo, o pequeno rapaz vestiu uma farda de estilo halfling, que possuía um caimento muito gracioso em pequenas pessoas. A cor azul marinho sem grandes detalhes foi aprovada por Dário.
Todos já estavam na carruagem alugada esperando Iarima aparecer. Não a tinham visto desde que chegaram e Edriên já começava a imaginar que a moça havia fugido e deixado todos ali esperando. Antes que a impaciência fosse completamente esgotada, a dama surgiu em uma grande e longa capa de frio verde. Com a cabeça baixa, adentrou o veículo sem uma palavra, apenas sentando-se no lugar vago ao lado de Dário.
Os rapazes estavam desapontados. A capa de Iarima nada tinha de especial. Seu cabelo não havia mudado muito. Como ornamentos, apenas duas pequenas tranças se iniciavam na altura testa e se uniam na parte de trás da cabeça da jovem.
A viagem começou e um solavanco inesperado no trajeto fez Iarima levantar a cabeça. E quem diria, a jovem estava maquiada! Nada muito chamativo. Apenas seus olhos estavam bem marcados, dando um belo realce aos já atraentes olhos verdes da moça.
—
Um cavaleiro após árduos meses em viagem finalmente chegaria ao seu destino. Sua busca estaria terminada e o futuro de toda Atreia estaria em suas mãos.
Porém, contrariando todos os sinais, contrariando todas as informações que havia colecionado não a pouco custo, a Chavesimplesmente não estava lá. Não mais.
O cavaleiro partiu novamente, como seus planos puderam dar errado? Sua caçada ainda continuaria. O tempo conspirava contra ele. De todos os sentimentos que sentia, a fúria era o único descritível.
Sempre fora tão pequeno. Sua localização conhecida apenas por seus poucos moradores era seu maior trunfo. Era. O que restava agora de um pequeno povoado de humanos era deixado rapidamente para trás. Em seu lugar, cinzas e o cheiro da morte.
O cavaleiro negro não tinha mais o que fazer ali.
—
Assim que chegaram ao evento, para alegria dos cavalheiros, os casacos e capas eram recolhidos na primeira entrada da grande casa que acolhia a festa. Iarima finalmente deixou a vista o comportado e gracioso vestido verde escuro que usava. Com bordados discretos, mangas longas e praticamente sem decote algum, seria quase despercebido. Quase. Isto porque as belas curvas do corpo da moça que transpareciam pelo justo vestido, eram um apreciável chamariz.
Praticamente um castelo, a casa de verão de Lorde Foitriet era enorme e belissimamente decorada com todas as "esnobisses" que os abastados nobres podiam contar. Citada como uma das mais belas propriedades da região, foi imediatamente aceita ao ser oferecida como local do evento.
Os convidados atravessaram o hall de entrada, uma antessala de licores, a sala de leitura e finalmente chegaram ao lugar que acomodava a festa em si. Um enorme e espaçoso cômodo, capaz até de conter um pequeno vilarejo, tamanho sua discrepância. Ornado belamente como todas as outras salas vistas, os convidados já presentes pareciam bem à vontade.
A festa seguia como todas as festas comuns nos reinos humanos. Música alegre e não muito agitada, serviçais indo e vindo com bebidas servidas em taças. Alguns grupos conversavam animadamente, outros nem tão animadamente assim. A maioria, vez ou outra se juntava ao grupo dos que dançavam.
Edriên estava muito animado. A comida e a bebida estavam formidáveis. Alegrava-se mais ainda quando serviam licores raros, pensando quanto prejuízo dava aqueles almofadinhas a cada gole. Quanto aos presentes, seus anseios não se enganaram. Pesados colares ornavam quase todos os pescoços. Em seus cálculos, já sabia quais brincos seriam os mais fáceis de surrupiar. Quanto aos colares, infelizmente teria de optar pelos mais simples, pois as donas notariam o peso a menos após sua passagem por elas. Para seu intento, tomava parte em cada dança, fazendo questão de ser o mais simpático e adorável cavalheiro às suas vítimas.
Luna parecia um animal empalhado. Sentada, estava completamente imóvel. Vez ou outra, apenas sua cabeça se movia, acompanhando um ou outro movimento que lhe chamava a atenção. Dário não estava muito diferente de sua amiga. Provavelmente se divertindo até menos que ela. Algumas damas se aproximavam com sorrisos insinuantes, mas nunca chegavam a cumprimentar o musculoso homem. Talvez pela cara indiferente que ele lhes mostrava, muito mais provavelmente pelos rosnados e dentes à mostra de Luna quando percebia as intenções das jovens.
Iarima permanecia ao lado do druida, mas sua mente estava muito longe. Estava tímida e extremamente ansiosa. Olhava para cada rosto procurando alguma semelhança que lhe despertasse esperanças. Longe de perceber, a jovem recebia vários olhares de admiradores interessados, mas eram jovens demais para a busca de Iarima. Alguns vinham vez ou outra cortejá-la, mas o olhar fuzilante do grandalhão ao seu lado intimidava a qualquer um.
O elfo era só alegria. Mal havia entrado no salão e já se misturava à dança. Já não bastasse suas orelhas pontudas serem um chamariz suficiente, Artus mostrava-se um exímio dançarino, não havendo ritmo que o intimidasse. Logo, não havia dança em que lhe faltasse par.
A festa prosseguiu durante algum tempo assim. Iarima tratava de beber uma ou outra bebida ofertada. Vez ou outra encontrava os olhos de Dário que acabava por desviar o olhar em todas as situações. A jovem imaginou se o druida a estava recriminando por beber, mas outras damas também estavam bebendo... Estranho.
Numa troca de dança, Artus surgiu na frente de Iarima, tomando-a pela mão. Antes que a jovem percebesse, estava sendo levada para o centro do salão, onde as pessoas dançavam.
— Artus, nem pense nisso! — Iarima freou seus passos, com toda a raiva que a desconcertante situação poderia lhe despertar.
— Iarima adorada dama! — disse o elfo que pela inconsequente alegria provavelmente já havia bebido o suficiente para esquecer o gênio da moça. — Tão bela que estás, não podes perder a oportunidade de exibir-se! Permita-me esta dança, eu a guio.
— Elfo idiota, esmagarei seus delicados pés que nunca mais conseguirá dançar!
— Aceito o risco! Não é tão difícil quanto parece, vamos!
Artus arrastou a moça até o meio do salão. Tomou um de seus braços e o repousou em seu peito, a outra mão já era erguida pelo braço direito do elfo. A mão esquerda de Artus repousou na cintura da dama e com um sorriso inabalável o elfo ditava previamente os passos da coreografia da dança.
Artus, já posicionado intencionalmente, fez a moça quase se desesperar na troca de pares momentânea da dança. Antes de Iarima protestar, porém, a jovem teve a agradável surpresa de seu próximo par ser nada menos que Edriên que correspondeu a surpresa da jovem com seu divertido sorriso.
Os pares foram trocados mais uma vez e Artus retornou. Ainda repetindo suas instruções, em poucos momentos a música foi finalizada.
Artus seguiu com Iarima até onde Dário estava, Edriên logo atrás. Claro que os dois rapazes sofreram uma ou outra pisada de Iarima, mas cordialmente nenhum dos dois fariam menção a isto.
Assim que alcançaram Dário, Artus curvou-se caracteristicamente agradecendo a dança à jovem e se serviu de mais uma taça oferecida. Com o sorriso de dentes perfeitamente alinhados, o ar galanteador do elfo estava mais apurado que nunca. Estava de tão bom humor que continuou a ignorar a expressão de Iarima:
— Viu? Eu disse a ti que não seria tão ruim. Aposto até que quer convidar-me para a próxima dança.
'Eu mereço... Elfo estúpido, agora terei de ouvir suas gracinhas o baile inteiro.'
Iarima estreitou os olhos. A atitude confiante a irritava profundamente, mas estranhamente ela não pensava em arrancar-lhe um dos braços.
— Vamos, Artus, não quero lhe ver com uma taça enfiada em um dos olhos! Preciso de mais hidromel! — falou Edriên com sua voz de criança arrastando o elfo para longe do alcance da jovem.
Artus e Edriên haviam se tornado bons companheiros de festa. A bebida havia deixado o elfo menos cerimonioso e Edriên adorou as regalias que as orelhas pontudas do companheiro lhe proporcionaram no banquete principal. O rapazinho se divertia encontrando um ou outro motivo para rir do pomposo colega. Artus achava formidável a descontração e bom humor do pequeno e acabava rindo de si próprio nas piadas de Edriên.
Vendo que Artus insistia em se juntar à uma dança muito desinteressante, Edriên abandonou o elfo e procurou um outro motivo para rir. Ver Dário como uma estátua num dos cantos do salão logo lhe estimulou os pensamentos marotos.
— Agora só falta você, Dário — instigou Edriên indicando com a cabeça o grupo que dançava.
— Luna não pode dançar, Edriên — disse monotonamente.
O rapazinho franziu o cenho. Que diabos de resposta era aquela?
— Sempre suspeitei! Então você é casado com ela, ahn?!? — respondeu o garoto com seu mais travesso sorriso.
Geralmente humanos casados dançavam somente com seu cônjuge. Exceções eram feitas quando se tratava de parentes ou amigos próximos. Além da aliança usada na mão esquerda, era fácil distinguir uma mulher casada por seus cabelos sempre se apresentarem presos em público. Os homens casados eram identificados pela mulher de cabelos presos que não lhe largaria o braço numa festividade.
Dário não usava aliança nenhuma, mas estranhamente Luna desempenhava muito bem o papel da esposa guardiã do marido.
O musculoso homem sorriu com o canto dos lábios em resposta a Edriên. O pequeno se sentiu terrivelmente intrigado pela situação. Se fosse um animal qualquer, Edriên simplesmente entenderia que o druida não queria dançar. Mas Luna era tão... gente.
O pequeno abriu a boca para questionar Dário quando viu o druida curvando a cabeça em aceno a alguém. O pequeno olhou naquela direção se perguntando quem o carrancudo conheceria ali e se surpreende com uma figura inusitada: Uma mulher de cabelos negros e longos, vestindo uma túnica com um brasão bordado. Ao seu lado, nada menos que uma pantera negra enorme, acompanhando tranquilamente os passos da mulher em meio à multidão.
— Ora, vejam só! Uma mulher druida! — admirou-se o rapazinho.
— Feiticeira, Edriên — corrigiu Dário. — As mulheres são chamadas de "feiticeiras" e os homens, "druidas".
— Humm... Tem diferença?
— Bom... tem. Os homens aprendem a ser druidas. Qualquer um com interesse legítimo pode desenvolver as habilidades, se tiver um pouco de talento. As mulheres não. Elas nascem com o dom. Se uma mulher não nascer feiticeira, ela nunca será.
— Certo... Mas uma mulher não-feiticeira não pode aprender como um druida?
— Teoricamente, sim. A questão é que nenhum druida vai perder seu tempo ensinando-a. É uma questão de lógica. Pense: Todo o poder do druida consiste em manipular o poder que a natureza lhe cede. Sempre. Em relação às mulheres, a natureza se deu ao capricho de escolher a quem cederia seu dom de manipulá-la antes mesmo do nascimento. Se a natureza não escolheu uma determinada mulher, eu como druida não posso afrontar sua vontade. Além do mais, se o dom não foi cedido àquela mulher anteriormente, por que o seria depois?
— Interessante. Você está dizendo então que a natureza é preconceituosa, né? — provocou. O tom didático não era o que o ladino queria ouvir.
— Não sei, Edriên. Na verdade, acho que a natureza é assim sempre, com qualquer um. Por que você é menor do que eu? Por que a natureza me deu olhos castanhos e a você não?
— Você está me deixando confuso... Não lembro nem mais o que eu havia perguntado primeiro! Bom, pelo menos eu já percebi que vocês sempre têm um bichinho gracioso ao seu lado...
— Feiticeiras não tem guardiões. Elas não precisam. E druidas nem sempre os têm também. Aquele que está com a feiticeira provavelmente pertence a um druida de seu clã.
— Druidas também têm clã? Oh, não, não quero ouvir a resposta. Já tenho muito em que pensar.
Edriên partiu em direção ao licor de pêssego halfling que serviam mais à frente, bebida rara feita pelo diminuto povo das colinas. Apesar de curioso, aquilo era muita informação e não era sobre isso o que o pequeno queria pensar agora. Por outro lado, concluiu que Dário não era quieto. Ele apenas precisava se interessar pelo assunto para expor sua ressonante e intimidadora voz.
Assim que se serviu, o rapaz avistou Artus conversando animadamente com uma jovem do outro lado do salão. Assumindo seu sorriso preferido, o pequeno se enfiou entre os dois.
Iarima estava pensativa. Aquele assunto a havia interessado. Como seria agradável simplesmente nascer com poderes mágicos! Não sabia ao certo o que uma feiticeira podia fazer, mas parecia muito interessante. Por outro lado, nunca havia ouvido Dário falar por tanto tempo e se surpreendeu ao perceber quanto sua voz era atrativa.
Dário notou o olhar pensativo e sorriu para a dama, imaginando se ela refletia sobre suas palavras. Pensar que ela se interessava por seu mundo deixou o druida de bom humor.
Iarima sorriu em resposta. Neste momento, pareciam dois antigos colegas concordando em um diálogo mudo.
Uma nova música começou e Iarima voltou à sua busca já sem muita esperança. Sua ideia de ter ido àquela festa havia sido muito estúpida afinal.
Dário não estava mais tão desanimado. O fato de Iarima parecer tão antissocial quanto ele era uma barreira para iniciarem um diálogo, mas ele teria de enfrentar isto. Aproveitando que ela parecia interessada, o druida se curvou à altura dela para tentar conversar:
— Iarima, vi que se interessou pelo...
— Agon! — respondeu a garota estática, olhando fixamente para o outro lado do salão como se se deparasse com uma assombração.
— Como?
— Dário, é Agon!
Ver o homem que potencialmente conhecia seus verdadeiros pais fez Iarima esquecer o que quer que houvesse a sua volta. Dário mal teve tempo de responder, ela já havia partido. Procurando quem havia despertado tal interesse na dama, se deparou com uma figura medonha. Um homenzinho barbado com uma tremenda cicatriz atravessando-lhe metade do rosto. Frustrado depois de todo o esforço que havia feito para tentar iniciar um assunto, amaldiçoando Iarima por seu terrível mal gosto, Dário abandonou a festa.
Iarima chegou até Artus esbaforida, tocando em seu ombro. Artus se assustou, mas não seria deseducado com a dama que conversava e continuou seu assunto.
— Preciso lhe falar, Artus.
— Claro, Iarima. Só um momento.
Iarima olhou para a magrela com quem o elfo conversava e não conseguiu se conter. Abraçou um dos braços do elfo como se fossem um par e lançou um olhar fuzilante para a jovem. Edriên não disfarçou seu sorriso surpreso pela cena inusitada de ciúme explícito.
'Uau! Agora sim esta festa vai ficar divertida! Iarima vai puxar a chatinha pelos cabelos, rodá-la até a arremessar pelo salão e depois...'
— Artus, eu preciso falar com você, agora! — Iarima insistiu.
A dama que ouvia Artus sem dúvida não tinha a mínima pretensão de disputar o elfo. Pelo menos, não com uma mulher com modos como aqueles. Com um rápido cumprimento educado a dama se retirou. O elfo agora não teria a atenção de nenhuma dama da festa. Ele olhou com o cenho franzido para Iarima como um pai assistindo a manha de uma criança mimada.
— Parabéns, Iarima! Conseguiste afugentar qualquer dama num raio de vinte metros! O que queres?
Iarima engoliu em seco. Nunca esperava que o elfo fosse rude. De fato, havia causado uma péssima impressão na única dama que havia chamado a atenção de Artus em todo o evento. Ainda assim, estava desesperada. Não conseguia imaginar ninguém mais para lhe ajudar naquele momento.
— Eu... ahn... — A voz desconcertada e mansidão de Iarima tomaram a atenção do elfo mais do que este desejava — Eu... preciso de ajuda... — Mirando o chão, de costas para seu objetivo, Iarima continuou. — Na comitiva atrás de mim, no fim do salão... Há um homem, no canto direito, com uma cicatriz enorme. Consegue vê-lo?
Iarima torceu para que o elfo pudesse ser discreto. Estava nervosa e seu plano não teria uma segunda oportunidade de dar certo. Edriên fez uma careta de nojo ao identificar sobre quem a jovem falava.
— É, é este mesmo. Eu preciso muito falar com ele! O problema é que ele parece ser um dos guardas daquela comitiva... Artus, vou lhe dever a minha vida se puder distrair aquele lorde! Preciso falar com esse guarda a sós.
Artus achou o pedido no mínimo estranho, mas ele nunca negaria um favor à uma dama desesperada.
— Isto será fácil, não te preocupes. Venha Edriên.
O elfo partiu imediatamente e Edriên o seguiu, apesar de não ter gostado de ter sido incluído no plano. Iarima suspirou. Seria eternamente grata ao elfo por não lhe fazer perguntas.
Artus era muito efetivo. Logo o senhor gordo e bem vestido aceitou a intromissão do elfo em seu grupo e lhe pareceu ser todo ouvidos. Ser um dos poucos elfos que ainda perambulava por terras humanas era muito útil.
Iarima tomou mais uma taça de licor para conter seu nervosismo e esperou até que aquele homem parecesse suficientemente entretido pelo inesperado convidado. Parecendo ser o momento esperado, Iarima seguiu seu improvisado plano.
Agon estava entediado. Nem a aparição de um tagarela elfo de palavras rebuscadas lhe atraiu a atenção, estava cansado demais de toda aquela etiqueta. Dando um ou dois goles escondido nas taças que surgiam perto de si, Agon percebeu uma jovem andando sozinha olhando em sua direção. Qual sua surpresa ao ver a jovem lhe sorrir e apontar para a porta! Sem dúvida ela não levava jeito naquilo, seu sorriso parecia muito pouco espontâneo, mas seu corpo não era nada mal. Finalmente Agon poderia dar à filha de algum lorde alguma ação naquela noite chata.
Agon acotovelou um colega e com o queixo indicou a dama que seguia em direção ao jardim exterior. O colega balançou a cabeça positivamente com um sorriso malicioso. O guarda aproveitou a distração de seu senhor e seguiu atrás da jovem.
Iarima chegou ao jardim e uma lufada de vento a fez sentir saudades de sua capa. Se perguntou se Agon viria e mais uma vez amaldiçoou o frio absurdo que fazia ali fora.
— Uma dama tão graciosa não deveria dar passeios assim, tão desprotegida. — Agon cobriu Iarima com sua capa exibindo um sorriso torno nos lábios.
Iarima aceitou a capa com um verdadeiro sorriso que por dentro significava a exultante alegria pelo sucesso de seu plano.
— Quem precisa se preocupar com o frio quando se dispõe de um cavalheiro gentil como o senhor? — disse em cópia às falas que ouviu das damas na festa. Deu um passo atrás. — Não trabalha com este lorde há muito, não? Digo, não lembro de tê-lo visto em outras festividades...
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Quem diria que ela ia conseguir encontrar Agon justo ali?
Clique na estrelinha e ajude Iarima a arrancar a verdade de Agon! :)
Até a próxima!
Tay.
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