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Capítulo 46: Irmãos de armas

As passadas iniciais do grupo refletiram o sentido de urgência que todos haviam abraçado. Duas horas depois, porém, o caminhar já não era tão rápido. Apesar disso, todos mantinham-se resilientes ao beijo frio do vento que insistia em declarar-lhes seu amor. Após cruzarem a área devastada pelos orcs, o entorno se mostrou muito semelhante ao que haviam visto antes. A planície logo deu lugar a montes congelados de altura relativamente baixa, pinheiros e árvores nuas surgiram aqui e ali e o típico branco da estação tornou a cobrir tudo o que os olhos podiam alcançar. O desbravar da trilha em desuso exigiu mais dos viajantes, visto que a neve fofa não era o melhor terreno para uma caminhada. Seguir o corpo do rio foi uma desvantagem nos momentos em que o gelo liso tomou o chão, mas, na maior parte do tempo, se mostrou algo bom. Não ter de estocar água significava menos peso para carregar. O rio também emprestava um cheiro característico à região. Um musgo que recobria as pedras e era estranhamente resistente ao frio, emanava um cheiro úmido e frutado. Sua fragrância podia ser notada sempre que o vento vencia o pungente odor das peles que os viajantes carregavam sobre seus corpos.

Dário seguia na dianteira aplainando a neve com seus pés pesados. Em sua cabeça, algo que tinha feito mais cedo era remoído em um ciclo constante, o que transparecia em seu semblante tenso e triste. Às suas costas, um curioso embrulho de raízes se mantinha firme e bem vedado. A seu lado direito, pouco acima de sua cabeça, Pirita flutuava emanando uma luzinha discreta, pouco notável àquela hora do dia. Atrás do druida, Iarima seguia em silêncio, avaliando o ambiente ao seu redor com olhos atentos. Levava às costas sua espada e uma mochila improvisada com alguns mantimentos roubados do acampamento. Ainda lamentava não ter carregado consigo mais armas, havia várias de boa qualidade ali. Porém, na falta de arcos, nenhuma lhe serviria melhor que a espada com que já estava habituada. Camus era o próximo da fila. Não que andar em fila fosse necessário, havia espaço de sobra na paisagem, mas andar na neve pisoteada era menos cansativo que abrir caminho com as próprias pernas. Diferente de Iarima, o mago estava absorto em uma ou outra tira de papel que apoiava entre as páginas no livro aberto em suas mãos e eventualmente um murmúrio em alguma língua desconhecida saía de sua boca. Era possível também que talvez estivesse apenas dormindo e roncando estranhamente enquanto andava de cabeça baixa. Edriên era a última naquela formação. Artus, fora da fila, andava a seu lado pisando despreocupado a neve que não afundava embaixo de seu leve peso élfico.

— O que sabe dessa floresta, Artus?

— Não muito. Histórias, apenas. Canções. Eu já fui a Ildebrand pela Estrada Vermelha. Aquele lugar é... peculiar. E você, milady?

— Milady? Rá! — Ela desviou os olhos de Artus, sentindo o rosto aquecer. Ajustando as amarras das coisas que carregava às costas, ela continuou: — Conheço o suficiente para saber que não deveríamos entrar lá.

Artus abaixou o rosto, levemente ofendido por Edriên não aceitar o título ofertado de bom grado. Sem tornar para ela, ele continuou a conversa: 

— Esta jornada ainda não se assentou em seu coração, pelo que percebo.

— Me deixe reclamar, Artus. Não me resta muito mais o que fazer — suspirou.

Dário virou para os demais com uma das mãos erguidas. O amarelo vibrante do sol àquela hora resplandeceu às suas costas.

— Vamos nos afastar do rio a partir daqui. Aproveitem para encher os odres.

A pausa foi bem recebida por todos, mas não se delongou. Logo estavam seguindo em uma nova subida, deixando o rio para trás. O céu se pintava de laranja quando a descida foi iniciada. A neve diminuía sua profundidade e à distância já era possível notar o mar rubro que divisava o horizonte.

— Estamos chegando — disse Iarima com olhos apreensivos.

— Sim — confirmou Camus com uma feição parecida.

Dário estreitou os olhos. Em breve saberia se o que ouvira antes era verdade ou não. A visão, mesmo a distância, já causava incômodo. O branco da neve simplesmente deixava de existir dando lugar ao que parecia ser um amontoado indefinido de tom agourento. Teria a natureza realmente abandonado aquela terra?

— O que precisamos saber sobre esse local, mago? — questionou Dário.

— O que eu sei é o que me ensinaram. Use a trilha. Não saia da trilha.

— A trilha que não vamos usar? — perguntou Edriên.

— Essa mesmo.

Conforme caminhavam, a mancha rubra se levantava imponente revelando suas formas. Demorou menos que o esperado para estarem todos de pé, parados frente à estrada que levava o mesmo nome da floresta. Quem as nomeou havia sido pouco criativo.

A estrada seguia sem fim para a direita ou para a esquerda. Seu chão era de uma terra batida de um peculiar tom cereja. Rastros mostravam que era regularmente usada e, confirmando o que previram, a neve simplesmente deixava de se acumular ali, mostrando poças de água em um ponto ou outro. Cruzando o espaço que daria para duas ou três carroças passarem apertadas, árvores frondosas surgiam eventualmente, aumentando de quantidade até fecharem o horizonte com seus galhos e folhas. Como o nome sugeria, as copas das árvores exibiam-se em rubi e carmesim, variando em tons vermelhos aqui e ali. Não havia neve alguma visível. O estranho contraste com o mundo branco de onde os visitantes vinham fez Edriên sentir um calafrio.

Dário inspirou profundamente antes de dar o primeiro passo em direção à estrada. No terceiro, já fora de qualquer vestígio branco sob os pés, o druida tornou o corpo para os colegas com o cenho franzido e a boca em linha. Iarima arregalou os olhos e Edriên apertou os nós das mãos. A voz do homem soou como um lamento:

— Este lugar é amaldiçoado.

Os outros, imóveis em seus lugares, trocaram olhares reticentes entre si.

— Como sabe? — perguntou Edriên.

— Eu sinto. — Dário tornou o rosto para trás, fitando a Floresta Vermelha e encolheu os ombros. — Estamos expostos aqui. Vamos sair da estrada.

O grupo olhou preocupado quando Dário tomou o rumo de volta à área branca. Eles andaram em silêncio seguindo-o de perto, mas ninguém ousou perguntar o que o homem de feição fechada tinha em mente. Quando ele encontrou um local que considerou oculto o suficiente, raízes brotaram do chão forrando a neve e se levantando em um entrelaçar coordenado.

— Venham — chamou Dário, sentando-se sobre as raízes ao chão.

O grupo achegou-se apreensivo. Ao pisarem na área de raízes, o druida gesticulou para que se sentassem. Enquanto seguiam a instrução, uma parede de raízes se formou não muito alta, suficiente apenas para aplacar a força do vento.

— Quando estávamos em Tenbrenan, ou mesmo na casa de Mestre Hynkel, eu senti minhas habilidades enfraquecidas. Mesmo assim, era possível distinguir a energia da natureza e a vida selvagem ao redor. Eram escassas, mas estavam lá. Quando pisei naquela estrada agora há pouco... — Os olhos de Dário aumentaram — não havia nada. Absolutamente nada. Eu não sei que lugar é aquele, mas não está sob as leis naturais. Eu nunca experimentei algo assim.

O grupo se entreolhou apreensivo.

— Tínhamos de certo que o lugar era hostil... Não entendo. Estás repensando a jornada?

— Não, não mudei de ideia. O que estou dizendo é que não sei o que vamos enfrentar. E... que serei completamente inútil lá.

— Do que está falando? — perguntou Iarima impaciente.

— Druidas manipulam a energia que a natureza lhes concede. Não há nada de natural naquele lugar. Sem natureza, eu não terei qualquer poder.

— Que ótimo — reclamou Edriên.

— Eu entendo se não quiserem seguir comigo — disse Dário abaixando os olhos. — Se Camus indicar qual direção seguir, partirei pela manhã e vocês podem continuar seu caminho.

— Quem pensa que somos? — indignou-se Artus. — Acaso deixaríamos teu lado quando mais precisas? Você e Luna são nossos irmãos de armas. Se chegamos até aqui juntos, seguiremos juntos.

Iarima assentiu com olhos brilhantes, Camus anuiu rapidamente, Pirita manteve seu flutuar e Edriên enfiou o rosto entre as mãos. Artus continuou:

— Se tivermos de partir desta existência, que seja ao lado destes valorosos companheiros! — animou-se Artus abraçando os ombros de Edriên e Camus.

— Não... — resmungou Edriên quase enfiando-se entre as raízes no chão.

— O trajeto será mesmo difícil, a torre não estaria lá se fosse um lugar fácil de se adentrar. Porém, quanto a não ter energia alguma, talvez haja uma solução.

O grupo olhou Camus com olhos inquisitórios. O mago levantou a mão no ar e Pirita flutuou tranquila, pousando na palma de sua mão. Já imaginando o que seria falado, ela sentou-se com as pernas cruzadas e apoiou um dos cotovelos sobre o joelho e a cabeça na mão do braço apoiado. Seus olhinhos luminosos miraram os grandes olhos escuros.

— Wisps são esponjas mágicas. Eles têm a capacidade de absorver grande capacidade de energia e cedê-la a quem souber usá-la.

Diferentes feições de dúvida estamparam os rostos ao redor. Dário maneou a cabeça com sobrancelhas franzidas.

— O que está dizendo? Achei que só acumulassem luz...

— Involuntariamente, sim. Eles nascem sabendo absorver luz e nem entendem como fazem isso. Mas, com treinamento, eles são capazes de identificar fontes diferentes de energia e escolher qual acumular. Não estou dizendo que vai dar certo, mas acho que podemos tentar. O que acha Pirita?

Uma pequenina cabeça brilhante anuiu paciente.

— O que precisamos fazer? — perguntou Dário.

Camus coçou o queixo por um momento, enquanto os demais assistiam com olhos atentos.

— Você consegue concentrar a energia que usa em algum ponto? Pirita precisa ter acesso a ela de alguma forma.

Dessa vez foi Dário que coçou o queixo, bagunçando o cavanhaque misturado a barba que crescia pelo rosto. Estalando os dedos com a solução que encontrou na cabeça, uma raiz levantou-se do emaranhado ao chão. Quebrando-a em sua base, Dário soprou a ponta do galho improvisado que resplandeceu em verde, iluminando a noite que se iniciava.

— Isso serve?

Pirita bateu as asas flutuando até a luz emitida pela tocha druídica. Esticando os bracinhos, ela avaliou o brilho procurando saber se ele a machucaria de alguma forma. Satisfeita com seu teste, ela se elevou acima das cabeças e pousou os pés descalços na tocha verde. Cinco pares de olhos a acompanharam atentos e a wisp arrumou os cabelos curtos, preocupada com a avaliação daqueles que agora a olhavam de perto.

— Funcionou? — perguntou Edriên.

Mal havia terminado de falar e a raiz na mão de Dário apagou-se completamente. Levantando-se em um zumbido satisfeito, Pirita voou acomodando-se nos ombros de Camus.

— Deu certo — assegurou Camus.

— O que fazemos agora? — perguntou Iarima.

— Onde Pirita pode encontrar mais dessa energia?

— Em todo lugar, aqui mesmo. Lá fora. Quanto menos corrompida estiver a natureza, mais forte é sua presença. Ou ela precisa de mais tochas?

Pirita zumbiu tranquila e Camus assentiu.

— Não será necessário. Ela dará um jeito, mas precisa de tempo. E nós precisamos dormir. Temos de estar descansados para o que virá.

O grupo se alimentou aproveitando o abrigo contra o vento que Dário havia levantado e usaram uma última vez a área externa antes de se recolherem. Luna estava em algum lugar daquela estrutura de raízes, mais na parte externa para que o frio auxiliasse na conservação de seu corpo. Quando voltaram, Dário havia providenciado uma cobertura na cabana, numa altura que Edriên e Camus conseguiam andar em pé, mas os demais precisavam se locomover abaixados. Parando em frente à abertura redonda, na metade superior da estranha morada, Dário chamou para que todos entrassem.

A cabana era um tipo de cesto de raízes, forrado ao chão e coberto ao teto. Não havia abertura alguma além da que usaram para entrar. Quando o último a adentrou, raízes mais finas cobriram a entrada, deixando frestas bem estreitas para que algum ar entrasse. O grupo sentiu um tremor sob si e um estranho e rouco barulho.

— O que é isso? — assustou-se Edriên.

— Eu nos enterrei, parcialmente. Ficaremos melhor protegidos do frio e mais bem camuflados.

Ninguém além de Dário parecia confortável com a ideia, mas sem dúvida era muito mais seguro e protegido que dormirem ao relento. Iarima imaginou se foi quando raízes engoliram Dário que ele havia aprendido aquele tipo de morada.

Edriên exigiu ficar no meio, próxima à saída. Do seu lado direito acomodou-se Iarima e do lado esquerdo Artus, que achou melhor que deixar Camus dormir ao lado da ladina. Camus ignorou qualquer discussão e se aconchegou no canto esquerdo, de costas para os demais, aproveitando as peles mais felpudas que havia trazido. Afundando-se entre os pelos da pele, Pirita deitou-se como um gato em cima do mago. Sobrou para Dário o canto direito.

O ressonar da respiração de Camus anunciou quem havia sido o primeiro a pegar no sono, não demorando para que Artus o acompanhasse com seu ronco baixo. Dário ainda se sentia muito agitado com tudo que havia acontecido e não conseguiu encontrar uma melhor posição para dormir. Por fim, virou-se para o lado de Iarima e sentiu seus cabelos lhe roçarem o nariz. Ele afastou os fios que o incomodaram, mas Iarima trouxe a mão em seguida para ajustar seus cabelos.

— Desculpe — disse a grave voz num volume que tentava não acordar os demais.

A humana levantou a cabeça na penumbra iluminada pelo fraco brilho de Pirita, vindo do outro lado do abrigo, mas não distinguiu nada muito além da respiração próxima à dela.

— Tudo bem, meu cabelo não me obedece muito.

— Não, eu digo... mais cedo. Me desculpe por ter falado com você daquela forma. Eu vi a Luna e...

— Tudo bem, Dário — interrompeu Iarima, desconfortável. Como ela deixaria ele assumir uma culpa que era sua? — Eu é que lamento. Lamento mesmo... — A voz falhou — se eu não tivesse...

Dário quis abraçá-la e compartilhar de sua própria dor, mas não se moveu.

— A Luna é uma idiota, se jogava na frente de qualquer um, o tempo todo — riu Dário em uma voz triste. — Ela já fez o mesmo comigo. Você não teve culpa, é isso que quero dizer.

O druida sentiu um rosto se enfiar em seu peito em soluços abafados. Suspirando o nó que sentiu na garganta, ele levantou o braço meio árvore e envolveu a garota que chorava a culpa que sentia. Ele abaixou a cabeça, repousando o queixo na cabeça trêmula e sentiu o próprio rosto molhar. Por algum motivo não foi difícil dormir a partir dali.

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