O dia nem amanhecera direito naquele Sábado , Paola e Michel se levantaram dispostos.
Ela se arrumava com sua roupa de praia , pega sua bolsa Prada mexe nos cabelos loiros depois passa o batom vermelho.
Já Michel passava seu perfume Italiano, queria sair cheiroso para o carro ele boceja.

—Eu quero café amor.

Paola olha para ele com descrença e ri.

—Nada disso temos que sair o quanto antes , ninguém pode saber que vamos levar esse cachorro pulguento.

—Ok.

—Vai pegar logo o bicho.

—Nossa Paola fala direito.

—Qual o problema Michel ?

—Sei lá tu fala do cachorro com certo desprezo.

—Uma hora dessa tu vem me botar regra moral , aqui não é o Twitter gato.

—Tá chata.

—Vai logo Michel , te amo coração. — Ela solta um beijo no ar , ele sorri.

Ele sai , Paola fica pensando em quando a herança tiver em seu poder vai querer contemplar o sol dos ricos na Avenida Atlântica sem se preocupar com gastos ou coisa mais séria , no máximo vai se ocupar em comprar as coisas de casa como arroz Premium, ela tinha essa mania de querer produtos Premium como se fosse uma validação de classe social.
Metade de seu jeito vinha de sua mãe que dizia Ricos são a classe dominante o resto ninguém nem percebe.
Essas pérolas dotadas de preconceito social e didática sem sentido fizeram Paola achar que ser rico era importante e essencial nem que para isso tivesse que pular algumas escadas.
Ela também se lembrava de sua amiga bolsista no colégio os alunos zombavam dela por ser pobre diziam Paola fique longe de Cristina vai pegar doença de class inferior.

" Como será que está Cristina ? No mínimo com vários filhos e ganhando um salário mínimo com um marido que fala errado deve morar no Morro do Vidigal ou no Complexo da Maré, ela roubou meu namorado Mateus não gostei nada disso eles me traíram por isso rompi com aquela amizade falsa , será que o Mateus ainda me ama ? pare com isso Paola nada de pensamento tolo você ama o Michel e está feliz com ele "

Michel já estava com o cachorro eles saem no carro , na mesma hora Polly toma o leite da madrugada quer dizer das cinco da manhã depois volta a dormir de novo.

Depois de várias horas de viagem , o casal chega na casa de praia em Búzios , a caseira lhe entrega as chaves do local e disse que está tudo limpo e organizado e compras feitas, Paola agradece pela gentileza.

—Estamos aqui pra servir dona Paola.

Michel fica brincando com o cachorro pela sala , a caseira sai.
Paola se deita no sofá cansada.

—Vem Bilu pega a bola. — Michel joga a bola longe , o cachorro corre para pegar.
O pobre do animal nem sabia o futuro que lhe aguardava.

—Michel não se apegue ao cachorro , vamos eliminar ele hoje no barco up.

—Paola pare de me lembrar isso, fico nervoso.

—Não me venha com sentimentalismo barato.

—Vixe tá parecendo uma vilã malvada.

—Quem sabe eu não sou. — Ela ri alto , o cachorro late assustado.

Michel ri da cena.

Enquanto isso na Mansão dos De LaVega, Polly depois de tomar seu café da manhã, recheado com tapioca , bolo , queijo vai visitar o cachorro Bilu em sua casinha, gostava do cachorro com todas as suas forças talvez fosse o único amor sincero que ela sentia exceto seu tio é claro.
Mas teve uma surpresa ao ver a casa do cachorro sem nada só com um bilhete.

" Levamos o cachorro Bilu para passear em Búzios
Bjs Paola Delavega"

Ela ficou ruborizada não podia acreditar nisso levarem seu cachorro.

—Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

Seu grito estridente ecoou pela Mansão como um rastro de pólvora que solta pelo ar.
Era o grito de raiva.

Todos foram lhe acudir para saber o que se passou.
Polly mostra o bilhete a todos que ficam surpresos com isso pois Paola não era de muito carinho com o animal.
Hardin lhe abraça, Leticia finge preocupação mas estava desconfortável vendo a cena toda , Alda notou a empregada estranha , Maria só pensava no cardápio do almoço, Rosana ficou calada.

—Rosana eu quero bife hoje.

—Espera dona Maria estamos diante uma crise e a senhora pensa em comida tenha modos.

—Me desculpa.

Dona Maria percebeu que jogou uma bola fora , sua filha ficou envergonhada diante de sua atitude.

—Amor vamos agora atrás do meu cachorro — disse Polly decidida.

—Claro amor.

Eles saíram correndo para o carro.

***

Depois de umas horas chegaram na casa de praia mas não tinha ninguém no local , a caseira disse que o casal estava no barco no píer.
Polly suspirou , Hardin coça a cabeça.

—Sua irmã é louca viu.

—Eu num sei , vamos logo nesse píer.

—Vamos no carro.

—Não , é cinco minutos a pé , eles devem ainda estar no barco ajeitando para o passeio.

Saíram apressados , ao chegar no píer , notou o cachorro com Michel no barco enquanto Paola estava se bronzeando.
Polly nervosa viu com desprezo aquela cena.

—Sua vaca devolve meu cachorro.

Paola se levanta assustada.

—Polly o que faz aqui chumbada?

—Vim resgastar o Bilu mulher.

Sua irmã ri , Michel fica sério.
Hardin pega o cachorro rápido que lhe lambe, ele ri.

—Resgastar de quem ? Vem cá o que deu em ti Polly ? Acho que o balé tá afetando sua sanidade mental.

—Eu tô muito lúcida se você quer saber.

Polly sai com Hardin e o cachorro, Paola e Michel ficam calados.
Não era assim que o plano ia ser feito.

—Amor agora já era.

—Minha irmã é ardilosa Michel , ela quer a herança só pra ela aquela doida.

—Por que você liga pra herança ?

—Não faça essa pergunta besta.

—Tá mal humorada.

—Claro estragaram meus planos , mas essa história não acaba aqui.

Dias depois , Paola e Michel foram para o clube de leitura depois de várias semanas ausentes, Rubi ficou alegre com a presença deles assim como Danilo também.
Os quatro eram bastantes unidos.

—Paola já estamos na leitura do capitulo 15 de A casa Soturna.

—Tudo isso ?

—Aceleraram a leitura.

—Depois daqui vamos jantar no Leblon?

—Claro Paola vamos botar a fofoca em dia , eu contratei uma empregada, ela tem cinquenta anos e feia só assim não dá em cima de meu marido.

As duas riem alto.

Terminado o clube foram jantar no Le Bistrô no Leblon , um bairro caro e sofisticado.
O local estava com pouca gente , depois da pandemia algumas pessoas preferiam comer em casa mesmo e o Rio de Janeiro ainda estava perigoso.

Enquanto isso Hardin deixa a namorada Polly no quarto e diz que vai no supermercado do bairro , na verdade ele foi deixar a outra namorada Leticia no ponto de ônibus.
Ao chegar no ponto , Leticia beija Hardin.

—Amor até quando vai ficar com Polly ?

—Não sei Leticia.

—Espero que não esteja me enrolando.

—Imagina gata.

Eles riem , depois se beijam quando de repente Alda vem com seu caderno que comprou no supermercado vê o casal se beijando.

—Hardin menino tá traindo Polly.

Ele fica branco que nem papel. Leticia ri , essa não tinha nada a perder quer dizer tinha o emprego mas ela estava na Mansão por causa do namorado.

—Alda não conte nada a Polly , eu vou terminar tudo com ela mas tenho medo de ela ficar louca de vez.

Alda franze o cenho.

—Valha bem que eu desconfiei de Polly ser meio biruta , tem vez do nada ela começa a dançar balé.

Leticia se despede dos dois pois seu ônibus chegou.

Eles vão para a Mansão e quando para sua surpresa estava Polly parada perto da porta como um general esperando os soldados , a jovem era dura na queda.
Hardin notou que ela estava desconfiada.

—Amor pensei que já estava dormindo.

—Eu tava sem sono , e me deparo você voltando da rua com Alda essa sonsa.

—Me respeita Polly não sou sonsa coisa nenhuma.

—Cuidado garota , sou perigosa.

—Não pira Polly — fala Hardin bravo.

—Eu não sou louca ouviu.

Polly sai dançando balé , Alda riu.
Hardin suspira.

—Vixe Hardin essa tua namorada num bate bem viu.

—Eu te falei Alda , o bagulho é louco.

Eles riram.

Polly dançou tanto balé que foi tomar leite.
Paola e Michel chegam na Mansão , Alda conta o ocorrido com Polly.

—Minha irmã é assim mesmo.

—Coitada dela gente. — Alda ficou com pena de Polly.

Polly passa por eles calada , minutos depois ouve o grito dela no quarto.

—Mas gente essa tua irmã grita viu. — reclamou Alda.

Paola , Michel e Alda foram ver o que houve para um grito tão repentino.
E ao chegarem no quarto se depara com Polly chorando perto do cachorro Bilu sem sinal de vida.
O cachorro se foi.