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NÁDIA

Delírio Coriolis

(Passado)

Eu me endireitei na carteira, diante do meu prank-12, quando Hélio passou por trás de mim. Mantive os olhos na tarefa, fingindo uma concentração que estava longe de conseguir.

Os olhos azuis e opacos do professor me deixavam nervosa... Pareciam sem vida. Como nas fotos antigas de tubarões que a gente via na usbnet da escola.

-A tarefa de vocês era muito simples - disse ele, num tom desprovido de emoção. - Tudo o que tinham de fazer era desenvolver cinco compostos moleculares. Mas apenas um de vocês conseguiu concluir o teste com êxito e no tempo estipulado.

Ele poderia estar falando do clima lá fora, que para mim era a mesma coisa.

Hélio parou diante da carteira de Dessand e apontou para o prank-12 dele. Dessand se encolheu todo e eu revirei os olhos. De repente, dei-me conta de que Hélio estava olhando direto para mim.

Baixei a vista novamente para a tela de cristal do meu prank. Por nada no mundo, eu enfrentaria aquele olhar morto.

-O que vocês parecem não entender - ele continuou a falar sobre o clima e o tempo - é que a sobrevivência de seus antepassados e, por conseguinte, a nossa sobrevivência, deveu-se ao estudo dos compostos moleculares. Se não derem o devido valor à ciência, irão lamentar no futuro.

Eu não imaginava como, nem de que jeito, eu iria lamentar que, dos cinco compostos, eu só consegui preparar dois. Tá... E daí? Que dramático este nosso professor! Eu estava torcendo para que a aula acabasse logo. Dei uma espiada no relógio virtual da sala, a flutuar como vapor, em pleno ar. Os números luminosos apontavam hora, minuto e segundo numa cor vermelha fluorescente.

Ainda faltavam dez minutos!

Apeguei-me à expectativa do que estava para rolar logo mais, "na noite do dia perpétuo", como meus pais costumavam denominar... Estaríamos deixando o complexo pela ala subterrânea, e literalmente ganhando o mundo.

-Nádia - escutei a voz impessoal de Hélio.

Meu coração quase foi à boca, de tão nervosa. Não curtia nem um pouco quando ele reparava na minha pessoa.

-Você desenvolveu apenas dois compostos – apontou o óbvio. - Um deles totalmente irreconciliável com a tabela periódica. O outro, meramente aceitável. Está bifásico, ao invés de trifásico.

Quer dizer que... Eu só consegui acertar um por instintivo?

Ao invés de dizer isso, molhei os lábios e respondi, com calma.

-Segui o procedimento.

Tive a sensação de ouvir uma risadinha, mas ao relancear os olhos ao redor, percebi que ninguém estava sequer prestando atenção em mim. Claro, eles não ousariam chamar a atenção de Hélio. Permaneciam imóveis como estátuas.

A sobrancelha dele se arqueou.

-Será?

-Será, o quê? - indaguei, confusa.

-Será que você seguiu o procedimento, ou apenas... Como é que vocês dizem por aí...? Apenas chutou?

-Não sei o que lhe responder - eu me esquivei.

Ele contornou Dessand e veio na minha direção. A cara de meu primo era de que eu devia calar a boca. Ah, se eu conseguisse...

-Mas tudo se resume a isso - disse Hélio, estranhamente satisfeito. - Você normalmente não sabe o que responder, Nádia. Sempre evita a confrontação.

Isso é verdade! - disse uma terceira voz.

Girei a cabeça, olhando ao redor. Para meu horror, descobri que a voz veio de dentro da minha cabeça.

Eu estava em choque. Nem assimilei o que Hélio tinha dito.

Tudo bem, não era de hoje que eu experimentava alucinações auditivas... Às vezes, sentia que não estava sozinha, porém... Era apenas uma impressão. A voz na minha cabeça costumava surgir e desaparecer de forma tão imprecisa que se confundia com os meus próprios pensamentos. Desta vez, no entanto, foi bastante nítida; o suficiente para que eu pudesse distinguir o timbre masculino, num tom arrastado e debochado.

Minha mãe tinha explicado que as alucinações auditivas aconteciam para todo mundo, mais cedo ou mais tarde. Aconteceu com ela, com meu pai e até com Brume, que gostava de conversar com o seu soldadinho de brinquedo. As alucinações auditivas consistiam num efeito colateral orgânico, provocado pela mudança gravitacional e por uma pseudo-força conhecida como Coriolis. Ambas alteravam o funcionamento do aparelho auditivo, em associação ao sistema límbico. O sistema límbico respondia pelo controle das emoções e afetava a forma como a pessoa aprendia e memorizava suas experiências de vida.

Nós, humanos comuns, ficávamos sujeitos a uma série de alucinações auditivas, que iam de sons de sinos a vozes inoportunas. Eu nunca havia experimentado algo assim, até o ano retrasado. E como o tratamento costumava ser doloroso, caro e demorado, preferi administrar o problema a ter que revelá-lo aos meus pais. Já bastava a experiência dos sonhos, na infância. Aprendi a não contar tudo o que se passava comigo.

Bastava dizer que Hélio tinha um especial interesse nos adolescentes que sofriam desses distúrbios.

Ele também era obcecado pela lenda dos incontroláveis. Todos os anos, fazia incursões programadas entre a cicatriz e o lado totalmente escuro, Avapek, a fim de verificar vestígios ou pistas de sua existência. Era algo como perseguir a lenda do Pé Grande.

-O que está acontecendo com você, Nádia? - os olhos perturbadores de Hélio me fixaram com repentina avidez. - Está... sentindo alguma coisa?

Agora todos na sala me encaravam, à espera da resposta. A risadinha masculina soou em minha mente, provocando-me um calafrio. Eu me controlei a tempo de formular uma resposta apropriada.

-Estou bem, apenas pensando na minha festa de aniversário.

A expressão do cientista se modificou, revelando decepção.

-Claro... Suponho que seja o momento mais aguardado da semana - seu tom foi de total desinteresse e deboche; como quem diz: "Ninguém tem nada a ver com a sua festa de aniversário".

O sinal soou - um apito agudo e breve decretando o fim da aula. Mal consegui conter um suspiro de alívio.

Pausa para o almoço. Depois, teríamos aulas de "Manifestações Culturais", que englobavam: Artes, Canto, Oratória, Programação Visual, Leitura e Literatura.

Desconectei o meu prank-12 da mesa de acrílico. Enquanto guardava as coisas na mochila, observei as costas do professor. Ele parecia estar muito atento ao próprio prank, pelo qual nossos deveres seriam baixados para o seu perfil. Deduzi que estivesse concentrado nas questões moleculares, ou na caçada ao Pé Grande, digo incontroláveis...

Certa vez, disse-me que "incontrolável" não era o nome correto. Perguntei como poderia ele saber, mas Hélio não conseguiu articular uma resposta coerente ou simplesmente não quis.

Tudo o que me disse era que o conhecimento lhe foi "sussurrado", como um sopro, em seu ouvido:

-Somos O-Zaions.

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