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NÁDIA

A Quem Interessar Possa...

(Presente)

... E a Terra parou de girar.

Os continentes foram atraídos para o equador; restaram apenas pequenas porções isoladas nos polos norte e sul. Os oceanos preencheram tudo o mais. O aglomerado que se formou na altura do equador mais parecia um cinturão perpetuamente mergulhado nas trevas, de um lado, e radioso (ou, melhor dizendo: radioativo), do outro. Havia apenas uma pequena zona intermediária, conhecida como a cicatriz, ou fronteira, em que a luz era menos intensa, o calor ali se tornava administrável com o uso da tecnologia, mas não por isso, o dia era menos perpétuo.

No lado iluminado e escaldante, um dia levava basicamente um ano inteiro para findar - o sol ocupava as mesmas posições ao amanhecer, ao meio dia, à tarde, e por fim, ao entardecer. O dia era perpétuo, sem as abençoadas sombras noturnas, tão necessárias ao ciclo da vida. Era quente demais para qualquer ser vivo sobreviver.

Do outro lado do planeta, porém, a noite era um breu constante. Ao invés de calor, havia o frio. Mas não o frio que as pessoas estavam acostumadas, antes da calamidade ter início. O lado escuro era gelado demais para que qualquer ser vivo sobrevivesse. Não havia tecnologia para dar conta de tamanho frio.

A escuridão também levava o ano inteiro para findar... E tudo o que se conseguia era a inversão das posições para mais um ano extenuante, em termos climáticos... Menos em duas regiões distintas: Primeiro: a zona intermediária da cicatriz... Onde a luz e a noite, o calor e o frio se encontravam, machucando a terra pelo choque climático de tal forma que criavam profundos cânions. Era o mais próximo do encontro entre ambos os lados...

Segundo: a região escura, muito além do território gelado - era a mais gelada, onde a luz nunca alcançava.

As cidades sobreviventes se concentraram na zona da cicatriz - bombardeadas anualmente, de ambos os lados, e de forma intercalada, por um inverno e um verão terríveis.

Como a terra desacelerou aos poucos, a civilização teve tempo de sobra para pensar em estratégias de sobrevivência... A construção de novas cidades revelou-se inviável, muito cara. Mais valia reforçar as que ainda estavam de pé, ao longo da cicatriz.

Algumas delas foram escavadas pelo subterrâneo adentro, recebendo o nome de totally-underworld, ou TU para abreviar. Outras, as aninhadas entre colinas e montanhas, foram blindadas por cúpulas especialmente desenvolvidas, recebendo o apelido de bolhas. E assim, elas suportavam as ondas de calor, frio e radiação à base de muita tecnologia e proteção, acima ou abaixo da crosta terrestre.

Fosse como fosse, elas se dividiam politicamente entre polos e focais. As polos marcavam as regiões de atividades específicas, geograficamente mais próximas da cicatriz. As focais eram as capitais políticas, e tudo que se decidia em termos de coletividade, em suas dependências, estendia-se como normativa também para as cidades polos.

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De uma forma ou de outra, nenhuma solução tecnológica de proteção às cidades foi cem por cento eficaz. A força da natureza moribunda, em seus estertores, revelou-se avassaladora, reduzindo drasticamente a civilização a poucas centenas de habitantes.

Não foi uma "seleção natural" como propusera Darwin em um passado distante... Aqueles que tinham mais recursos, influência e poder, tiveram mais chance de transmitir o seu legado; espalhar a sua semente; perpetuar sua cultura; determinar os rumos da humanidade. Mas até aí, não era nenhuma novidade. Todos sabíamos como a banda tocava.

A fragilidade e as fraquezas humanas ficaram cada vez mais evidentes diante de tantas variáveis; a sobrevivência, a cada vez mais difícil. A raça humana estava acuada.

Não se podia ir além da zona de cicatriz. Foram feitas tentativas... Do lado escuro e do lado iluminado. Incursões ao outro lado do cinturão de terra. Também tentaram explorar o trecho que, não importasse as mudanças anuais entre claro e escuro, permanecia sempre mergulhado no breu. (O extremo mais voltado para fora da translação¹ da Terra.)

Muito se especulou sobre a possibilidade de habitar aquela região, porém, nenhuma sonda enviada para obter imagens, retornava. Chegou-se à conclusão de que os equipamentos não suportavam o frio.

Algumas sondas transmitiram fragmentos de imagens, antes de apagarem por completo. E por meio destas imagens, verificou-se que o local era tão inóspito quanto o iluminado, ao ponto de seu leito rochoso congelar - o que inviabilizava sua perfuração. O que tornava impossível transportar pessoas até lá sem que morressem congeladas, para construir cidades TU.

Logo os capacetes desistiram da ideia de tentar fixar moradias do lado de lá. Assim como desistiram do lado iluminado. Enquanto isso, a zona intermediária da cicatriz foi se reduzindo... Perigosamente. Um fenômeno descrito pela previsão de translação da terra, enquanto muda de posição em relação ao astro-rei.

Paralelamente, a taxa de mortalidade passou a superar a de natalidade... E os cientistas, preocupados com a sobrevivência da espécie humana, voltaram-se para o estudo do genoma. Lançaram-se à tarefa de encontrar os genes que fizessem aflorar habilidades de resistência para tornar o corpo humano imune aos climas extremos que se apresentavam, bem como à radioatividade causticante.

Tais estudos levaram a avanços... Mas também a erros de consequências gigantescas.

Uma nova população de humanos geneticamente modificados surgiu, nascidos em provetas. As gerações se sucederam, formando castas conforme afloravam as habilidades manipuladas em laboratório... E suas funções em sociedade passaram a ser determinadas de acordo com a utilidade imaginada e/ou planejada pelos engenheiros genéticos, durante a elaboração de um novo traçado para a genética humana.

Surgiram os biogênicos - mais resistentes ao clima extremo, frio ou quente; com a pele insensível à radiação e à super estimulação dos sentidos, por assim dizer. Foram criados para ignorar a dor, a carência de qualquer natureza, colocando os interesses de seus mestres acima de suas necessidades.

Eles possuíam a força física superior a de um humano normal para executar as tarefas que lhe fossem confiadas. E porque seus temperamentos também foram modificados, eram criaturas essencialmente dóceis.

Os biogênicos facilmente foram assimilados à construção civil e aos serviços. Entretanto, revelaram-se inúteis em tarefas que exigissem tomadas de decisão ou soluções de problemas. Os geneticistas então criaram os Virtuosos - mentalmente geniais, que resolviam situações problemáticas em questão de segundos. Eram parecidos com os biogênicos em quase tudo, exceto que se comportavam como nerds. Suas habilidades de socialização foram desabilitadas e eles não sabiam lidar ou se relacionar com outros humanos (fossem da mesma espécie modificada, fossem os humanos comuns). Eles viviam confinados, atuando ativamente no mundo virtual por meio da imersão dos sentidos. Se fossem desconectados, não saberiam o que fazer no mundo físico.

Em certa medida, biogênicos e virtuosos resultavam de experimentos bem sucedidos em relação aos fins para os quais se destinavam. Contudo... Havia aqueles que deram errado. Resultados dos experimentos iniciais...

Os primeiros modificados tinham poderes incompreensíveis e não obedeciam ordens. Eram incontroláveis, na opinião dos cientistas, os quais suspeitavam que eles utilizassem mais de setenta por cento de seus cérebros. Mas, ninguém sabia ao certo.

Tudo o que sabiam era que, de repente, coisas estranhas começaram a acontecer. Cientistas apareciam mortos sem causa física evidente; enlouqueciam, cometendo desatinos diante de multidões.... (Como atirar-se de um prédio, no fosso de um elevador, apertar o gatilho de uma arma contra a própria cabeça, etc.). Outros deliravam ao ponto de precisarem ser contidos por camisas de forças e internados em casas de confinamento e contenção, como eram chamados os asilos e manicômios de antigamente.

A cúpula de geneticistas desconfiou que houvesse o dedo dos incontroláveis naqueles fenômenos sem explicação... Alguns de seus líderes argumentaram que eles poderiam facilmente escravizar a humanidade. E poderiam mesmo. Mas ainda não o tinham feito. Ninguém sabia o motivo.

Muitos representantes regionais do Parlatório argumentavam que os incontroláveis deveriam ser exterminados antes que fosse tarde demais. Mas o assunto se estendeu no debate. Os humanos os temiam, porém, ao mesmo tempo desejavam o tesouro escondido em seu sangue altamente regenerativo... Conhecido como o Sangue de Dragão. Ao invés de exterminá-los, encontraram outra solução.

Os incontroláveis foram confinados numa ala de estudos médicos chefiados pela geneticista Heloisa Ducanatto. De reputação irretocável, e com a visão de que a humanidade era uma só - independente de sua genética e aparência, ela conduzia seus estudos da forma mais sensível possível. Acreditava que todos eram merecedores de chances e oportunidades iguais.

Era a única que conseguia entrar na ala dos incontroláveis e sair incólume. Aparentemente, eles não tinham nada contra ela.

O problema dos incontroláveis foi levado a debate em plenária, no Parlatório, e discutido à exaustão por conta de sua ameaça à humanidade instituída. Heloisa solicitou uma audiência, para defendê-los, bem como o trabalho genético que vinha desenvolvendo nos laboratórios do Conselho de Ética Genética.

A existência dos incontroláveis poderia não ser natural, mas se encaixava no que ela classificava como evolução darwiniana². Heloisa tentou explicar aos políticos que a espécie superior naturalmente dominava a inferior e prosseguia, propagando sua "semente". No caso, os genes. Foi assim com os Neandertais - assimilados, sobrepujados e posteriormente, extintos diante do Homo Sapiens-Sapiens (e sua expansão territorial). No entanto, pareceu aos políticos da época, como também parecia aos cientistas que foram eliminados, que a raça humana estava fadada ao subjugo e extinção...

Se os incontroláveis não fossem eliminados.

No entanto, reza a lenda que Heloisa teria se apaixonado por um deles... Exato era o seu nome. E quando o Parlatório sentenciou-lhes o extermínio, ela reagiu inconformada. Antecipou-se à guarda e captura, soltando-os da ala de confinamento antes que fossem conduzidos à execução. Com a ajuda de dois assistentes, conseguiu transportá-los ao subsolo da cidade. Conduziu-os através das estruturas inacabadas das estações de trabalho, utilizadas pelos operários da construção civil, num passado remoto.

Exato e os demais incontroláveis foram libertados do lado escuro além da "cicatriz"... Um ambiente em que os humanos normais jamais sobreviveriam, e ao que tudo indicava, os incontroláveis também não. Contudo, não havia escolha. Era enfrentar o lado escuro, ou a execução.

Eles partiram e nunca mais foram vistos.

Heloisa foi capturada e sentenciada à morte.

Reza a lenda, porém, que quando a guarda composta de cinco homens foi buscá-la para a execução, sua pequena cela estava vazia. Da mesma maneira, as celas de seus assistentes.

Havia quem dissesse que os incontroláveis eram uma invenção. Criaturas mitológicas criadas para colocar as crianças na linha. "Olha, se você não se comportar, os incontroláveis virão atrás de você". "Olha, você não deve cruzar a cicatriz, porque os incontroláveis irão te pegar". "Os incontroláveis são como demônios, se você pensar coisas más, irá atraí-los para você."

Meus pais não acreditavam na existência dos incontroláveis. Da mesma forma que não acreditavam em bicho papão, pé-grande e alienígenas. Afinal, ninguém nunca viu um incontrolável, nem imaginavam como eles deveriam ser. A maioria das pessoas, aliás, não acreditava neles.

Eu fazia parte de uma minoria silenciosa.

Tive sonhos estranhos, tendo por cenários lugares estranhos, com um garoto estranho que me visitava neles. Mas, eu não falava a respeito... Tinha medo de ser tratada como uma louca, ou me tornar outra vez uma das centenas de cobaias do CEG, que monitorava os efeitos psicológicos da ausência de rotação da Terra. Havia toda uma explicação para isso. Eu já fora vigiada, espetada, interrogada, submetida aos mais variados testes; e tudo, porque quando pequena confiei em meus pais a respeito dos meus sonhos. Transformaram-me numa cobaia, por um tempo. Depois daquilo, eu aprendi a ficar de boca fechada. Os sonhos não voltaram a acontecer e eu vivi uma vida relativamente normal.

Eu não sabia quem era o garoto dos meus sonhos. Com o tempo me convenci de que fosse fruto da minha imaginação. A minha compreensão sobre o tema mudaria drasticamente no dia do meu aniversário de dezessete anos. O dia em que eu comandei nossa pequena aventura pelo território proibido.

E mudei nossas vidas para sempre.

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Notas de rodapé

1 - Movimento do Planeta em torno do Sol.

2 - Grosso modo, para Darwin, a evolução de uma espécie era o mesmo que a ocorrência de descendência de uma geração com acréscimo de modificações. O que significaria, numa interpretação livre, que uma espécie se modifica com o passar do tempo, originando outras espécies que acabam por compartilhar um ancestral comum. Fonte: Darwin, evolução e seleção natural BNCC/Ciências: EF09CI10, EF09CI11 Viagem de Charles Darwin no HMS Beagle e suas ideias sobre evolução e seleção natural.

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