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Capítulo 11 - Três meses depois...

O tempo passou tão depressa e agora estamos no último país do tour pela Europa: França. Na verdade, eu queria ter vindo para cá antes, mas não sei porquê o André preferiu deixar por último.

Nos hospedamos em um hotel em Paris com uma visão privilegiada para a Torre Eiffel. Mesmo antes de sair da cama já vejo da janela o monumento todo lindo. Como aqui é primavera, as flores coloridas contribuem para uma visão ainda mais deslumbrante.

Tomo um banho de espuma relaxante, coloco um roupão e deixo meus cabelos com uma toalha. Com aquela visão, tomamos nosso café da manhã: Croissant com geleia de morango, capucino e vários macarons. Tudo isso resultou num clima perfeitamente romântico com o meu nerd.

Depois fomos conhecer o famoso monumento, tivemos que subir vários degraus cansativos, mas a vista de Paris do alto compensa tudo. A cidade não possui arranha-céus, mas seus prédios históricos é o que a deixa charmosa.  Ficamos debruçados por longos minutos em silêncio. O vento joga nossos cabelos e percebo que os meus cresceram um pouco.

O André me surpreende com um abraço apertado e carinhoso fazendo encostar minha cabeça em seu peito enquanto observo a paisagem. Sinto meu coração bater tão forte, que não me lembro de ter sentido isso antes. Olho para o rosto dele ainda dentro de seus braços e abro um sorriso.

— Obrigada por você estar sempre comigo. — Digo olhando em seus olhos.

— E precisa agradecer, minha linda? — Ganho um beijo doce em meus lábios, eu aproveito para acariciar seu rosto. E repentinamente ele afasta nossos lábios.

— Casa comigo?  — Pergunta tão rapidamente que preciso ouvir novamente para ter certeza enquanto observo seu semblante sereno.

— Hã? — Dou uma risada incrédula. — Como é?

Neste momento ele se ajoelha no chão com uma mão no bolso. Ele está falando sério!?

— Eu disse casa comigo, Joyce?

— Casar com você? Tem certeza? — Pergunto boquiaberta pegando a caixinha vermelha de alianças e me deparo com a coisa mais linda que já vi na minha vida com três pedrinhas verdes, são esmeraldas? Deve ter custado uma fortuna!

— Quando comprou isso se estamos o tempo todo juntos? Que coisa mais linda!

— É segredo.  — Responde se levantando — Então? Você ainda não me respondeu.

Percebo que não tiro os olhos da aliança e levanto meu olhar novamente com um sorriso maior que meus lábios podem abrir.

— É claro! Caso com você! — Quase o derrubo com o impulso do meu abraço e o beijo, minha cabeça parece girar neste momento. Depois ele coloca a joia em meu dedo, fica um pouco apertado, mesmo assim exibo para o ar, ela brilha.

Muito feliz, eu o abraço mais uma vez e assim ficamos por alguns minutos. Sorrindo, fico pensando: Será que ele já estava planejando fazer isso? E por esse motivo deixou a França por ultimo? Eu realmente não estava esperando.

Exibo mais uma vez minha mão e olho para ele, que já me observava com um sorriso. O momento proporciona um beijo tão doce quanto o mel.

Descemos da torre e lá em baixo ele arranca algumas flores amor-perfeito para mim. O gesto fofo me encanta, nunca ninguém colheu flores para me entregar.

— Você está tão romântico hoje...

— É para deixar o dia ainda mais especial, linda...

— Inesquecível você quis dizer?  — Eu sorrio satisfeita, ele assente com a cabeça e acaricia suavemente minha bochecha. Eu as coloco em meu cabelo e caminhamos abraçados pelas ruas, sinto-me cada vez mais apaixonada por ele, eu estou tão feliz.

Sentamos no extenso jardim verde da torre, onde há outras pessoas matando o tempo e ali ficamos. Passamos o resto do dia na rua, já está quase anoitecendo e resolvemos voltar para o hotel.

 Ao chegarmos numa esquina do rio sena, vejo aquele homem que encontramos na Suíça, eu cutuco André com o cotovelo, depois aponto.

— Olha! É aquele homem outra vez!

Ele olha rapidamente depois me puxa pela mão até sairmos do campo de visão do homem

— Será que ele nos viu?

— Espero que não!

— Eu não disse?  — me puxa novamente — Ele está nos seguindo, com certeza é da policia!

O André está muito apavorado, eu também.

— O que vamos fazer? — Pergunto.

— Que tal fugir?

— Para outro país de novo?

— Sim, só que de outro continente.

Passo o resto do caminho até o hotel a observar se não estamos sendo seguidos e não vejo ninguém. Assim que chegamos, ele já pega nossas malas ainda bastante nervoso.

— Calma André! Vamos embora amanhã de manhã, eu estou cansada. — Jogo-me no sofá.

— Você pode descansar no avião.

— Não, eu quero dormir numa cama confortável.

Ele se aproxima da janela carrancudo e olha para baixo pensativo.

— Tive uma ideia melhor.

Ele me surpreende revelando uma arma presa em baixo da barra da calça, meu queixo cai na hora.

— Vou atrás dele e acabar com isso.

Levanto-me no mesmo instante.

— Do jeito nenhum! Você vai ficar aqui!

— Não teime comigo, eu não tenho nada a perder.

Ele caminha decidido para a porta, eu corro atrás dele e agarro seu casaco.

— Fique por favor, é muito perigoso! — Ele me olha sério. — Você não quer estragar o nosso dia que foi tão especial, quer? — Beijo seus lábios amorosamente algumas vezes, resultando em estralos.

— Eu só quero te proteger.

— Eu sei, mas não quero que nada de mal aconteça com você.  — Deposito outros beijos enquanto abraço seu pescoço, ele retribui tocando minha cintura devagar.

— Está bem, mas isso fica comigo.  — Diz levantando a perna e apontando em direção ao tornozelo.

— Como queira... — Na base dos beijos, caminho em direção a cama o levando junto, chegando na beirada o empurro. — Deite se na cama, vamos transar.

Ele parece estar se divertindo e começa a tirar a roupa imediatamente. Subo então sobre ele já nua.

Enquanto eu pulo e gemo sobre ele, observo a rua escura através da janela grande e redonda da cabeceira da cama e vejo um carro preto parado. Penso em não ser nada de importante, pois ele está parado faz tempo.

Quando o André começa a chegar ao ápice, vejo duas viaturas de policia se aproximando, o problema é que eu também estou chegando lá.

— André... — Gemo tentando lhe contar o que estou vendo — An...dré! 

Fecho os olhos e respiro alto.

— Meu amor! — Ele também geme.

Caio por cima dele sem fôlego e suada quando termino e sussurro seu nome.

— Diga meu amor... Foi gostoso, não foi?

— Sim, mas acontece que... — Olho para a janela descendo de cima dele. — A policia está ali!

— Policia? — Ele se assusta e se levanta num salto. — Por que não disse antes?

— É que estava tão bom... — Eu já começo a me vestir.

— Mas poderíamos ter terminado depois. —  Ele responde já colocando a calça, percebo que ele permanece com a arma amarrada no tornozelo.

Terminamos de nos vestir, saímos do quarto correndo e descemos pelas escadas 5 andares de mãos dadas até o subsolo e continuamos a correr numa rua escura, mas logo minhas pernas travam de dor.

— Ai, eu não consigo mais! — Inclino-me com as mãos em minhas coxas sem fôlego.

— Vamos, você não pode parar agora, precisamos continuar a correr!

— Eu não consigo! Minhas pernas estão doendo muito!

— As minhas também estão doendo, porra! Vamos Joyce! — Ele pega meu braço para me puxar e eu gemo, dessa vez de dor.

— Vocês dois, não se movam!

Olhamos ao mesmo tempo, são dois policiais. Sem pensar duas vezes o André saca sua arma e atira uma vez contra eles, rapidamente leva outro em troca e acerta sua perna, que o faz cair no chão. Desesperada, me arremesso diante dele.

— Ai meu Deus, ele te acertou! — Percebo sua coxa ensaguentada.

— O que está fazendo? Corra!

— Eu não vou te deixar! Eu te amo! — Meus olhos já começam a se encher de lágrimas.

— Eu também te...

Antes mesmo de André terminar sua frase, um policial o levanta bruscamente, em seguida, também me levantam.

— Temos um mandado de prisão para vocês! 

Meus pulsos são algemados e começo a gritar o mais alto que consigo pelo nome de André enquanto lágrimas escorrem sob minhas bochechas. Vejo os policias levarem meu amor de mim e me arrastam até a viatura. Eu sei que não adianta, mas continuo a gritar e a chorar.

Minutos depois sou arremessada para dentro de uma cela escura e fedorenta, vou direto para o chão e ali fico. Olho em volta e reparo em mais 5 mulheres mal encaradas, todas me olhando. Desvio meu olhar na hora.

Estou desesperada, acho que chegou o meu fim.

Permaneço no canto encolhida durante o resto da noite, não consigo parar de chorar, meus olhos devem estar completamente inchados. Encosto a cabeça entre meus joelhos dobrados pensando em André, será que está bem? Será que aquele tiro foi o suficiente para matá-lo? Só sei que ele está preso como eu. Tudo isso é culpa minha, sou a pior pessoa do mundo. Meu André...


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