Capítulo 4
Melinda se encontrava ansiosa esperando por Miguel como todos os dias. Para ela, hoje é o dia mais triste da semana, é sexta-feira e ele só retornará na segunda. Sempre foi assim. Enquanto ele saía para lugares que ela não conhecia, ela ficava sozinha em seu quarto. Quase sempre dopada. E para não aborrecê-lo, ela sempre diz a Miguel que tudo foi bem e que ela conseguiu escrever algumas coisas.
Se todas as vezes que ela disse isso fossem verdade, ela já teria pelo menos 4 livros físicos no estilo Da Vinci.
A dra. Laura odeia ficar no manicômio aos finais de semana. Ela sempre tem que ficar responsável por “aquela monstrinha” como ela costuma dizer para si mesma.
Todos acham que Miguel é namorador e vive em baladas e essas coisas todas que os jovens fazem. Mas ele prefere visitar a irmã e os pais de vez em quando. E quando não os vai visitar, fica em casa com um bom livro e uma xícara de café.
Naquela manhã em particular, Melinda estava mais ansiosa que o normal. Como é a última sexta-feira do mês é dia do diagnóstico.
E Miguel não estava diferente. Talvez Melinda estivesse curada, ou quase curada. Ou talvez ela tivesse piorado. Não! É melhor não pensar assim. Ele dizia sempre a si mesmo.
Ela estava em seu quarto quando ele chegou ao manicômio. Ele bateu duas vezes à porta e tão logo ela a abriu.
- Bom dia Melinda! Como está se sentindo?
- Bom dia! Estou bem Miguel e você?
- Estou bem - na verdade estou ansioso, era o que ele queria dizer - Vamos para o consultório?
- Oh, sim.
- Eu gostaria que você trouxesse para mim o último texto que você escreveu. Mas tem que ser honesta comigo ok?! Estou confiando em você.
Ela se sentiu plena com a confiança que fora nela depositada.
- Só um minuto eu já vou buscar.
Ela pegou o papelzinho com um manuscrito de rascunho, respirou fundo e pensou consigo mesma se deveria realmente mostrar o que estava escrito ali. Os seus sentimentos mais profundos estavam expostos ali. Mas ela se encheu de coragem ao pensar no que Miguel disse. Ele confia em mim.
- Eu vou levar este aqui. Eu escrevi hoje de manhã. Não tem problema não é?!
- Claro que não! - ele disse tranquilamente, embora por dentro estivesse impressionado. Ela não escrevia dentro do quarto. Apenas embaixo da árvore. - Pronta?
- Sim.
Ela sorriu e eles se dirigiram até o consultório e a ansiedade se tornou palpável entre eles.
Eles entraram e se acomodaram. Melinda se deitou no divã branco ao lado da cadeira de Miguel e eles começaram.
- Melinda como você tem se sentido nos últimos dias?
- Estou bem.
- Não sentiu nenhum mal estar? Nada fora do comum?
- Não. Por incrível que pareça eu me sinto muito bem e não tive nenhum mal estar.
- Oh! Isso é ótimo. Tem tomado seus remédios regularmente e na dosagem correta?
Ela ficou tensa. Lembrou-se de todas as vezes que Dra. Steffens a dopou e ela julgava que aquilo era apenas um equívoco inocente da médica. Talvez ela nem tenha notado.
Mas hoje Melinda resolveu contar a Miguel sobre esses “equívocos”.
- Melinda eu preciso que você me diga a verdade. Você tem tomado seus remédios regularmente?
- Sim.
- E quanto a dosagem?
- Quando é a enfermeira Lucy que me dá está certo.
- E?
- Mas nos fins de semana, quando você não está aqui, a doutora Laura me dá as dosagens muito maiores ou muito menores. Mas eu tenho quase certeza que é o cansaço. Ela não faz por mal.
Miguel arregalou os olhos em espanto. Ele nunca esperaria uma atitude dessas de uma colega de trabalho. Mas aí ele se lembrou do sonho e do sorriso macabro de Laura ao ver o sofrimento de Melinda.
- Meu Deus. Você tem certeza disso Melinda? - Jesus, eu não acredito que estão fazendo isso com minha menina.
- Eu não tenho motivos para mentir Miguel. - e ela foi sincera ao dizer isso, afinal, o que ela ganharia ao mentir para ele?!
- Eu preciso comunicar isso ao doutor Shelbeck. - ele disse. Os olhos anuviados, o rosto sem expressão.
- Não Miguel. Ela pode perder o emprego. - de repente Melinda sentiu-se mal. Não queria ser o motivo da desgraça que cairia sobre Laura.
- Melinda isso é muito sério. Eu posso até não comunicar isso a ele, mas só até obter provas de que ela é culpada. - Miguel sentiu o medo irradiando da frágil menina à sua frente - A partir de hoje eu vou cuidar pessoalmente da ministração dos seus remédios.
- Mas você não vem aos fins de semana.
- Vou passar a vir. Não é a toa que você tem regredido ao tratamento Melinda. Se o que me disse for realmente verdade e eu acredito que seja, você já deveria estar curada a muito tempo. - Como pude ser tão negligente?! Miguel sacudiu a cabeça para espantar o pensamento - Aliás, a quanto tempo isso vem acontecendo?
- Desde a minha última crise. - ela disse baixinho se sentindo culpada.
- Melinda, já fazem três meses. Porque não me falou antes? - ele disse quase gritando.
Ela ouviu o desapontamento na voz de Miguel e as lágrimas começaram a cair sem pedir licença.
- Eu.. não sabia que ela estava fazendo por mal. Eu.. eu pensava que ela fazia isso por estar cansada. Não sei. Desculpa Miguel.
- Melinda, não chore. - ele bufa exasperado e passa as mãos pelos cabelos - Às vezes me esqueço do quão inocente você pode ser.
Ele respirou fundo e continuou:
- Eu tive uma ideia ontem a noite para finalizar o diagnóstico deste mês. Vou levá-la para conhecer um zoológico. O que você acha?
Melinda sorriu. Um sorriso radiante. Ela começava a demonstrar ansiedade e isso não era muito bom.
- Eu acho incrível. Eu vou poder ver de perto os animais dos meus livros da escola. Isso é maravilhoso Miguel!
Ela sorri e de repente está nos braços de Miguel. Abraçada a ele, ela suspira:
- Oh, eu devo tanto a você.
Ele sorriu contra os cabelos dela.
- E eu a você minha menina.
Enquanto isso, ao lado de fora, a invejosa dra. Laura assistia tudo. Só aguardando o momento certo para atacar.
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Ei pessoas. Como vão?!
Gostaria que vocês comentassem o que estão achando da história. Espero que esteja agradando a todos.
Dêem suas opiniões e não esqueçam de votar...
Até a próxima.
Bjs da Nah
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