Capítulo 15 - Final
******Melinda******
Abro os olhos e me deparo com luzes brancas que quase me cegam. Tento acostumar minha visão, piscando os olhos rapidamente, mas tão rápido quanto possível, caio num mar de escuridão.
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Não sei quanto tempo se passou, mas estou acordada. Não sei onde estou e não consigo sentir nada além de dor. Tento gritar por socorro, mas minha garganta arde em sequidão.
Tento pronunciar o nome de quem é o único que pode me salvar. Sempre pôde.
- Miguel..
Sai como um sussurro mal pronunciado, mas seja lá quem estiver aqui segurou minha mão. Percebo que não consigo focalizar o rosto, mas sinto uma lágrima escorrer dos meus olhos. E a pessoa em minha frente à seca com todo cuidado e sai do quarto as pressas, antes que eu possa tentar dizer qualquer palavra.
Longos minutos depois, há uma movimentação estranha dentro daquele lugar. Talvez eu esteja no manicômio. As paredes são bem parecidas.
- Melinda, consegue me ouvir?
Tento falar, mas não consigo. A dra Laura deve ter me dado muitos calmantes. Não reconheço essa voz. É um médico novo? Onde está Miguel? Porque sinto tanta dor? Porque não consigo ver nitidamente os rostos a minha frente?
- Melinda, sente sede?
Tento desesperadamente fazer que sim com a cabeça, mas o único movimento que consigo fazer é com os olhos. E minha boca logo chama novamente o meu amor.
- Miguel..
Dessa vez parecem me ouvir, pois dizem algo entre eles e logo ouço a voz de Miguel.
- Meu amor, eu estou aqui.
Porque ele me chama assim? Ele descobriu que eu o amo? Como? Ele também me ama?
São tantas perguntas e eu nem consigo falar.
- Água.. por favor..
Assim que terminei de falar, alguém posicionou um canudo em minha boca e eu comecei a sugar, mas minha garganta estava tão seca que comecei a tossir.
- Se acalme meu amor, beba devagar.
Fiz o que ele me pediu, mesmo sem entender o motivo pelo qual ele me chama de amor.
Depois de beber quase toda a água, pude sentir o alívio em minha garganta, talvez agora eu consiga falar.
- Miguel? - disse um pouco mais firme e ele segurou minha mão - Eu estou no manicômio não é?
Ele demorou a falar e quando o fez, não foi a mim que se dirigiu.
- Doutor, o que houve com ela?
- É normal que isso aconteça, ela passou seis meses em coma.
Seis meses em coma? Como isso aconteceu?
- Melinda, do que exatamente você se lembra?
A voz estranha me perguntou e eu fiquei confusa. O que eu teria para me lembrar?
- Eu tomei uma dose alta de remédios ontem. Daí o Miguel me levou para o consultório.
- Ótimo, senhor Mortmain, peço que deixe o quarto da paciente para ela poder ser examinada. Eu mandarei lhe chamar assim que terminar.
- NÃO. Quero Miguel aqui comigo, ele é o meu médico e não você.
- Doutor, eu juro que não vou me intrometer.
Depois de alguns segundos, o velho resmungou sem paciência.
- Tudo bem. Vou fazer algumas perguntas bem simples Srta. Knight, acha que consegue me responder?
- Sim - respondi meio confusa. Céus, se eu passei 6 meses em coma eu devo estar horrível.
- Você consegue me ver?
- Seu rosto está desfocado. Tudo está embaçado.
- Em que dia e em que mês nós estamos?
- Eu não sei, no meu quarto aqui no manicômio não tem um calendário. E eu não me importo muito com datas.
- Onde você está?
- No manicômio, o senhor devia saber.
- Eu terminei minha avaliação, senhor Mortmain, o senhor tem uma hora com a paciente, não a deixe nervosa e mantenha a calma, vou mandar os alimentos para ela e enquanto isso você pode tentar conversar com ela.
Ouvi o barulho da porta se fechando e acabei achando que estava sozinha. Mas logo essa ideia desapareceu, pois Miguel segurou minha mão.
- Melinda, você pode me ver? - ele perguntou um pouco exitante.
- Não muito bem, está embaçado. O que houve?
- Você não se lembra de nada?
- Não sei. O que eu tenho que lembrar?
- Eu vou te contar tudo - ele disse e apertou minha mão - mas preciso que me prometa que vai manter a calma.
- Eu faço tudo que você me pedir.
Assim que ele começou a falar, alguns flashes de memória me invadiram e minha cabeça começou a doer.
- Então nós estamos juntos? E todo mundo sabe disso?
- Bom, nós estamos juntos, mas só se você ainda quiser. Eu não vou te obrigar a nada.
- Eu quero, é claro que eu quero. Mas eu não consigo me lembrar claramente do que vivemos. E minha família? Onde estão?
- Seus irmãos estão na sala de espera. Seus pais... Eles..
- O que houve com eles? - perguntei já ficando nervosa.
- Eles estão ótimos, mas não vieram te ver mais de três vezes.
Eu esperava sentir uma dor horrível, mas não senti. Senti uma pontada de calma misturada a ansiedade. Miguel esteve ao meu lado durante todo esse tempo.
- E o que aconteceu nesses meses em que eu estive em coma?
- Laura e eu fomos julgados no dia em que você foi internada. Eu fui inocentado e ela foi sentenciada a prisão perpétua e se ela não manter bom comportamento ela poderá ser executada.
Não consegui conter a exclamação de horror que saiu de minha boca.
- Meu Deus!
- Ela está presa nesse momento e tenta recorrer, mas eu duvido muito que ela consiga alguma coisa. - ele respirou fundo e continuou - e nesse tempo eu assumi nós dois. Todos sabem que eu amo você, inclusive seus pais e os meus.
- Miguel, eu amo você também. Me perdoe se não me lembro direito o que aconteceu.
- Não é sua culpa meu amor. É culpa de Laura.
Procurei seu rosto com a mão e assim que encontrei o puxei para mim.
- Me abrace.
E ele abraçou. Eu nem sabia que estava com tanta saudade. Nem precisei pedir por um beijo. Ele mesmo o fez. O retribuí com igual intensidade, e um calor familiar se apossou do meu corpo. O que está acontecendo?
Fui parando o beijo aos poucos e quando abri os olhos pude ver perfeitamente o rosto de Miguel. Ele sorria para mim de uma forma que eu nunca tinha visto antes.
- Eu te amo - ele sussurrou e eu pude ver sinceridade em seus olhos.
- Eu estou vendo. - ele riu, a princípio ele pensou que eu estava brincando, mas quando percebeu sobre o que eu estava falando ele me abraçou forte e eu senti suas lágrimas molharem meu ombro.
- Eu tive tanto medo de te perder, eu não sabia mais o que fazer. Obrigado por não me deixar sozinho Meli.
- Shhh, está tudo bem agora. Eu não vou te deixar nunca.
_________
Fim!!!!
Desculpem a demora na atualização.. meu coração está em pedaços porque eu não queria dar fim a essa história.. daqui uns dias eu posto os agradecimentos e o epílogo...
Muito obrigada a todos que me acompanham... Sério, meu coração é de vocês.. e esse livro é meu bebê, então amem muito ele tbm...
Até a próxima...
Bjs da Nah...
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