Capítulo 10
******Miguel******
No momento em que li a mensagem de Mary, dois policiais entraram no meu consultório e se apresentaram como investigadores que haviam sido chamados para prender um estuprador. Fiquei em choque na hora e expliquei com riqueza de detalhes que estava sendo ameaçado e quem estava me ameaçando.
Enquanto me posicionava de acordo com as instruções dos policiais, Laura bateu na porta e eu a deixei entrar.
Liguei para Mary para que ela pudesse gravar a nossa conversa.
- Eu te chamei aqui Laura porque já tenho uma resposta.
- Diga-me querido. Mas só depois que desligar esse celular. Eu não sou idiota Miguel.
Eu deveria ter imaginado que ela perceberia. Mas eu simplesmente fiz o que ela pediu.
- E feche a janela também. Não quero ninguém espionando.
Droga, só me faltava essa. Ela ter visto Marina. Essa mulher é perigosa e eu não sei do que ela é capaz.
Fui até a janela e vi que Marina estava muito bem escondida, pisquei discretamente para ela e me voltei para Laura.
- Como eu disse, eu já tenho uma resposta.
- Não me diga que não vai aceitar? Eu posso fazer da vida da sua garotinha um inferno Miguel. Posso fazer aqueles laudos se tornarem verdadeiros. O que me diz sobre isso?
- Você é louca. Não pode fazer isso com Melinda.
- Eu sou louca por você meu amor. Eu te quero e eu vou ter. Se disser não é ela quem vai pagar. Você decide.
De repente eu ouvi o grito dos policiais e vi os olhos arregalados de Laura em minha direção.
- Mãos ao alto senhorita Steffens. Você está presa por ameaça, falsificação de documentos médicos e exercício ilegal da profissão.
- E ele? Não vai ser preso por estupro?
- Você falsificou os documentos senhorita. Ele é inocente.
Ela riu insanamente e eu me enojei.
- Se ele é inocente eu também sou. Vejam as fotos que eu tenho. Elas eu não falsifiquei.
O policial olhou para as fotos e depois para mim.
- Eu sinto muito senhor Mortmain, mas o senhor está preso.
Não disse nada em minha defesa. Afinal, o que eu poderia dizer? Apenas estendi minhas mãos para serem algemadas.
Laura foi a primeira a sair de lá com um sorriso estupidamente vitorioso e eu saí cabisbaixo sem saber muito bem o que fazer.
Vi Marina e o irmão de Melinda, mas a minha menina não estava lá. Era melhor que ela não me visse assim.
Marina desmaiou assim que me viu e eu quis correr de encontro a ela imediatamente, mas o policial me impediu.
- Ligue para Lis e não deixe Melinda sozinha Lucy.
Disse para a enfermeira próxima a eles.
Ao chegar na delegacia fui levado para uma cela. Laura foi deixada numa cela em frente a minha e acho que isso foi uma tática para nos fazer discutir e falar o que eles queriam ouvir. E se é isso que eles querem é isso que eles vão ter.
- Feliz agora Laura?
- Estou radiante. - ela olhou para as celas ao lado da minha e começou a gritar - sabiam meninos que esse bonitão metido a santo estuprou uma garotinha indefesa?
- Bom saber. Daqui alguns dias vão te colocar na nossa cela. Vamos te mostrar o que acontece com esse tipo de homem.
- Eu não fiz nada. Eu sou inocente.
O detetive responsável pelo caso me chamou para prestar depoimento e eu repeti talvez pela décima vez tudo que aconteceu.
- Você confirma que beijou uma incapaz senhor Mortmain?
- Eu preciso do meu advogado presente aqui para poder falar sobre esse assunto. O senhor pode por favor ligar para ele?
- Detetive Wayne, o senhor Knight está aqui. Disse que é advogado do senhor Mortmain.
- Olha só, nem precisamos ligar. Mande-o entrar senhorita Martín.
Eu fiquei particularmente confuso. O irmão de Melinda aceitou me defender? Mas como pôde?! Eu fiz mal à irmã dele.
- Detetive Wayne, sou Joshua Knight o advogado do senhor Miguel Mortmain.
Eles apertaram as mãos.
- É um prazer recebê-lo senhor Knight. Sente-se. Daremos continuidade ao depoimento do detento Miguel Mortmain. Senhor Mortmain, o senhor me confirma que beijou uma incapaz?
Olhei para Josh e ele fez que sim com a cabeça.
- Sim senhor. Eu confirmo.
- Detetive Wayne, eu gostaria de fazer uma declaração antes de dar continuidade à essa resposta do meu cliente.
- Prossiga senhor Knight.
- Certamente. A incapaz em questão é minha irmã. Ela passou a adolescência inteira no manicômio onde reside ainda hoje. O meu cliente é o médico dela desde que ela foi para lá. A convivência diária dos dois aflorou num romance que meu cliente escondeu com todas as forças por ética e respeito. No dia do ocorrido beijo, ele havia anunciado que Melinda receberia alta do manicômio e como ela é maior de idade, sairia e poderia viver tranquilamente como uma mulher independente.
- O senhor quer dizer que a emoção do momento fez com que o beijo ocorresse?
- Exatamente.
- É um bom ponto senhor Knight. Vou ver o que posso fazer. Acredito na inocência do senhor Mortmain, mas infelizmente ele terá que passar a noite aqui na delegacia. Pela manhã veremos o que pode ser feito. Por enquanto, isso é tudo.
- Detetive Wayne, há possibilidade de saída do meu cliente por fiança?
- Ele está sendo acusado de um crime inafiançável. Ele pode sair apenas com a liberação de um habeas corpus.
- Vou providenciar. Foi um prazer detetive Wayne. Por favor, mantenha meu cliente numa cela onde ele fique sozinho. Ele não pode ter contato com outros presos.
- Sim senhor Knight, vou transferi-lo para uma cela separada do corredor.
- Obrigado Josh. Eu nem sei como te agradecer.
- Me agradeça quando eu te tirar daqui.
- Sim senhor advogado!
Eu ri pela primeira vez naquela noite.
Fui para a solitária. Era a única cela afastada dos outros presos e foi naquele chão frio, daquela cela vazia, que eu me permiti dormir e pensar no beijo que minha garota me deu.
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Ai meu Deus!! Quanta informação..
Ta quase acabando gente..
Até a próxima..
Bjs da Nah!!
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