Capítulo 1
Sophia Jensen
Passados dois longos dias fiquei melhor e a doutora me deu alta. Ela disse que sempre que precisasse de alguma coisa, podia contar com ela. Agora vai ser um inferno morar com minha tia. Eu não vou aguentar. Ainda não passei um dia com ela e já estou assim? Ainda bem que dentro de uns meses vou poder ser livre. Vou ter idade suficiente para fazer o que quiser e ela não me vai impedir.
Estou a pensar em arranjar um part-time para ganhar mais algum dinheiro para além das poupanças que consegui salvar do incêndio. Se conseguir mais dinheiro será o suficiente para alugar um quarto por pouco mais de um mês. Depois irei trabalhar a tempo inteiro e quem sabe se conseguir, sair do país.
Chegamos a casa da minha tia. Quer dizer, a casa que ela habitava antes de ter ido embora com o seu namoradinho Hol. Entramos em casa. Vejo que ela contratou umas empregadas para lhe limparem o pó.
- Então.- falo enquanto subimos as escadas para o andar de cima para ela me mostrar o meu futuro quarto.- Cadê o seu namoradinho Hol?- pergunto entediada.
- Eu e o Hol terminámos faz tempo, mas como você não sabe das novidades eu conto.- ela fala. Sinto um pouco de irritação na sua voz.- Eu acabei com o Hol porque ele me traiu.- eu sempre soube que esse Hol eram um canalha. Bem que o meu pai a avisou.- Passados uns seis meses encontrei um cara e ele é bem legal. Ele tornou-se meu namorado desde o ano passado. Ele se chama Gustavo. E como eu me mudei para cá ele veio comigo.- ela para e vejo que já estamos no quarto.
Olho ao redor. O quarto é em tons de branco e castanho, bem simples. Paredes brancas, cobertores brancos, lençóis brancos. O armário é castanho escuro, assim como as mesinhas de cabeceira e a própria cabeceira da cama. Não faz bem meu tipo mas, nem vale a pena mudar, já que dentro de pouco tempo eu vou embora.
- Fique à vontade.- ela se dirige à porta e fica me olhando dela.- Daqui a pouco vamos almoçar e depois de almoçar iremos às compras para comprar o que precisa.- dito isso ela sai.
Eu bem preciso de ir às compras. As únicas coisas que tenho comigo são as roupas que trago vestidas e as poupanças que salvei. Me deito na cama e olho o simples teto branco e monótono. Volto a pensar na minha família. Desde que os perdi não paro de pensar neles. Como dizem " Só damos valor ao que temos quando perdemos". Eu tinha brigado com meu irmão recentemente. Brigamos porque ele foi aceite numa Universidade fora do país. Eu não queria que ele fosse(ele também foi aceite numa Universidade cá) porque eu não conseguia estar longe dele. Ele disse que ia pensar. Meus pais influenciaram muito a sua decisão. Eles disseram que era uma oportunidade única na vida. Eles nunca o obrigaram ou forçaram a ficar, mas eu sim. Ele escolheu ir para fora. Aí a briga começou. Eu insultei ele e ele me insultou. Não nos falámos durante dias, até ao dia do incêndio. Ele disse para eu fugir sem olhar para trás. Ele disse que ia ficar bem. No entanto não ficou. Ele virou nada. Agora a quem eu conto minhas coisas? Eu contava tudo a ele. Ele foi um ótimo irmão e não há ninguém que possa ocupar o lugar dele no meu coração.
Ouço a minha tia me chamar para almoçar. Desço as escadas e uma senhora, deve ser uma empregada, me guia para a sala de refeições. Quando chego lá vejo uma mesa enorme de vidro na cor preta, paredes brancas, cadeiras brancas e um ou outro quadro em tons pretos e brancos. A minha tia está sentada na ponta da mesa, à sua esquerda está um homem(ele deve ser o Gustavo), à sua direita um prato com sopa, esse deve ser meu lugar. Me sento e pego na colher para começar a comer. Começo a comer, é sopa de cenoura uma das minhas favoritas.
- Gustavo esta é a minha sobrinha adorável Sophia.- ela disse que sou adorável? Ela não está bem só pode.- Sophia esse é meu namorado Gustavo.- levanto a cabeça e o olho. Até que ele é bonito. Cabelo castanho despenteado e uns belos olhos azuis.
- Prazer.- ele estende a mão e sorri. Que belo sorriso.
- Prazer é todo meu.- estendo a mão apertando a sua e sorrio também.
Depois de almoço o Gustavo foi arranjar trabalho e eu e a minha tia fomos às compras. Descubri que a minha tia se tornou dona de uma empresa de produtos de beleza e ganha milhões com isso. Por isso ela está tão rica. Ela disse que eu podia comprar o que quisesse. Eu comprei o essencial para a minha higiene diária, shampoo, condicionador, pasta de dente, escova de cabelo e escova de dentes. Comprei umas regatas(azul bebê, rosinha clarinho, amarela, grená, vermelha, preta e branca), umas calças jeans (pretas, brancas e azuis), umas All Star(verdes, azuis, pretas e vermelhas), um pijama simples vermelho e claro lingerie.
Chegámos a casa. Até que não foi mal ir ao shopping com a minha tia. Acho que julguei ela demais. Também comprámos material escolar porque tenho escola amanhã. Descubri que ela tem umas amigas nas editoras de manuais escolares, assim consegui todos os meus manuais de volta sem gastar um único tostão.
Vou para o quarto arrumar as coisas e vou tomar um banho no banheiro do meu quarto. Entro no box e abro o chuveiro. Deixo a água fria escorrer por meu corpo quente. Deixo-a tirar a mágoa em cima de mim depositada, o sofrimento, tudo. Deixo que ela tire tudo o que sinto, me deixando aliviada, calma e serena. Lavo meus cabelos castanhos com cuidado. Lavo meu corpo com calma e serenidade.
Saio do banheiro enrolada numa toalha. Visto a minha regata preta e a minha calça jeans preta. Desço para a sala. Vou ver uma série na Netflix. Eu tenho uma conta, mas a minha tia me deixou usar a dela. Me sento no sofá pego o controlo remoto e escolho Riverdale. Decidi ir buscar pipocas para comer enquanto vejo a série. Vou até às cozinha. Quando chego lá me deparo com o Gustavo. O olho constrangida e ele me olha da mesma maneira. Ele está sem camisa mostrando seus abdominais bem definidos. Vejo que ele está a cozinhar e vejo a sua camisa na mesa.
- Desculpa.- ele veste logo a camisa.- Eu tenho calor enquanto cozinho.- ele fala embaraçado.- O que a bela dama deseja.- ele pega minha mão e beija a costa da mesma, sempre me olhando com aqueles olhos azuis.
- Eu só vim buscar pipoca. Vou assistir série.- olho ele e mordo o lábio inferior.
- Claro.- ele abre um armário e tira de lá um saco de pipoca.- Aqui.- ele estende-mo e eu pego.
- Obrigada.- ele assente e volta para as panelas.- Desculpa me intrometer, mas o que você está fazendo?
- Apenas uma feijoada para o jantar. Eu pedi à Margueret para me deixar cozinhar, já que eu gosto tanto.
- Ah. Ok. Eu vou indo. Te vejo depois.- saio e volto para a sala.
Fico assistindo série até ao jantar. A feijoada do Gustavo estava de comer e chorar por mais. Fiquei mais um pouco depois de jantar acabando uns episódios. Depois fui me deitar. Amanhã tenho que me levantar cedo para pegar o ônibus. Minha tia insistiu em me levar, mas eu disse que não. E passado um bocado ela desistiu. O que é bom para mim. Não vou ter que aturar ela. Boto o celular para despertar às 5h30. A paragem de ônibus ainda é longe e o ônibus é às 7h, contando que eu demoro pelo menos 1h para me arrumar e sair de casa.
Fecho os olhos para entrar no mundo dos sonhos. Dizem que é bom o mundo dos sonhos onde os sonhos nos guiam. Mas o que são sonhos afinal? Para mim os sonhos são como os anjos. Temos sonhos bons, anjos de luz, sonhos maus/pesadelos, anjos caídos. Todas as noites desde que perdi a minha família o sonho é sempre um anjo caído. O sonho de os perder novamente é doloroso. Eu queria voltar a vê-los nos meus sonhos, mas não a morrerem. Queria ter um sonho bom com eles não um sonho mau que me recorda constantemente que eles já não estão aqui. Apago de vez. Fecho os olhos com força e espero o mundo dos sonhos me acolher.
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