Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulos 13 e 14

[Manuela]

13 – Laços de Família
 

- Porque vocês romperam relações? – decidi perguntar diretamente.

Mamãe me lançou um olhar de espanto.

-Nós não “rompemos relações” – respondeu, como se achasse a minha pergunta descabida.

-E como a senhora chama o fato de nunca mais terem visitado ele? Ou o fato de o vovô nunca ter vindo até aqui para nos visitar, nem quando o Bruno nasceu? – Eu continuei bombardeando: - E como a senhora explica o fato de eu nunca ter visto vocês conversarem nem pelo telefone, em todos esses anos?

Ela ficou meio constrangida.

-Bem... Seu avô é um homem difícil – reconheceu, com um meneio de cabeça. - Ele não concordava com algumas das nossas decisões e deixou bem claro o seu ponto de vista. Além do mais, ele não sai do ferro velho, a não ser que seja numa emergência médica.

-E a morte do papai não foi uma emergência? – perguntei, sem engolir que ele não se dignasse nem a prestar pêsames, considerando a morte do genro.

Mamãe ignorou o meu comentário. Acho que ela não estava em posição de questionar as atitudes do vovô, considerando a nossa dificuldade financeira.

Ela suspirou e começou a falar algo que não me pareceu totalmente sincero:

-Como o seu avô tem uma saúde inabalável, ele nunca sai do ferro velho. Ponto. Por isso, ele nunca veio para cá. Mas eu lhe mandava cartas, com as fotos da família. Ele só... Não respondia. Seu avô é um tipo de ermitão.

Levantei as mãos para o alto. – Que legal, agora sei de quem a Sandra herdou a esquisitice!

Lá do quarto, soou alta a voz de minha irmã:

-Eu ouvi isso!

Mamãe riu.

-Vamos começar a empacotar as coisas, – falou em voz alta, para que Sandra ouvisse - aproveitando que vocês duas não estão indo para a aula... – a voz dela falhou, ao se lembrar do que aconteceu a Cam. A tristeza voltou a nos envolver. – Enfim, pensem no que cabe no carro e no que pode ir no caminhão de mudança. Vocês tem tempo de sobra pra separar as suas coisas.

Bem... tirando a minha reuniãozinha virtual secreta com a diretora, mamãe estava certa. Mas acontece que nenhuma de nós duas queria fazer isso.

Mamãe se levantou, jogou a embalagem da pizza no lixo e atravessou a sala dizendo: - Deus... Estou morta! Vou tomar um banho.

E eu fiquei ali na cozinha, congelada no lugar, enquanto digeria a novidade.

-Manuuuuu – soou a vozinha do meu irmão, parado, ao meu lado. Levei um susto. Como ele chegou sem que eu percebesse?

-Que foi, Bruninho? – perguntei, abaixando-me para olhar cara a cara.

-Izzzzzaaaa!

Ele queria mais pizza. O cheiro da caixa no lixo ainda impregnava o ambiente.

-Acabou, meu amor – observei meu irmão fazer uma cara de choro. - Você comeu três pedaços, portanto, pode esquecer!

Vendo que comigo não colava, deu de ombros e voltou para o quarto, como se nada houvesse acontecido. Crianças...

---

Horas depois, um furacão preto invadiu o meu quarto.

-Como é que você pode estar tão calma? – Sandra estava espumando, fumegando, trepidando... Tudo que “ando” que se possa imaginar.

Encolhi os ombros, em resposta. Depois de tantas desgraças, eu acho que estava meio... Anestesiada.

Cam dizia que eu tinha ficado deprimida com a morte de meu pai. Agora, com a morte dela própria, eu diria que estou entrando em depressão profunda. E quando a gente fica deprimida, tudo perde a cor, o sabor, o desejo e a vontade. A gente deixa de se importar com as coisas que acontecem ao nosso redor.

-Uma desgraça a mais, outra a menos! – respondi, sem encará-la. Estava arrumando a cama (com muito custo, pois me sentia extremamente cansada).

-Idiota! – Sandra me xingou. – Provavelmente, está achando que vai ensinar às garotas caipiras de São Longino do Sul, a diferença entre Channel e Gucci.

Eu parei de alisar o lençol. Fiquei com raiva, mas só porque ela adivinhou os meus pensamentos. E eu não gostava nem um pouco de ser um livro aberto para alguém tão obtusa, em termos de popularidade e moda, como era o caso da minha irmãzinha nerd e antipática.

-Por que esse desespero todo, Sandra? – Contra-ataquei, desconfiada. – Não me diga... Minha irmã feminista, que jurou nunca bancar a idiota apaixonada, estará nesse estado por causa de um garoto?

Sandra bateu o pé de novo, encarando-me com ódio.

-Vá pro inferno, Manuela! – berrou.
-Acertei em cheio, não foi? – o meu tom foi mais de afirmação, do que de pergunta. Já sabia a resposta, mesmo que custasse a crer que fosse verdade.

Eu estava espantada pelo fato de Sandra arrumar tempo em sua agenda de CDF para xavecar um garoto qualquer (pausa para o dicionário: a sigla CDF significa cabeça ou crânio de ferro, e se encaixa perfeitamente à figura sombria de minha irmã – depois disso, a descrição mais próxima seria chamá-la de Edward-Mãos-de-Tesoura de saias).

A bem da verdade, na metade do tempo, eu cogitava se ela era uma lésbica escondida no armário... Na outra metade, apenas pensava que era uma virgem encruada. Bem, isso foi antes de encontrar os coraçõezinhos que ela desenhava no caderno de matemática, com o nome do Paladino. Daí, restou unicamente a hipótese da virgem encruada que sonha em ser deflorada pelo Einstein.

Tá, eu estou sendo má... Muiiito má. Estremeci de nojo só de pensar na língua do Einstein. Puta merda, agora vou ficar com aquela cena na minha cabeça. Não, não, não! Sai fora!

-Você não se importa, não é? – Sandra bateu o pé, arrancando-me das minhas divagações pornográficas.

Péssimas divagações!

Observei o ar de mágoa de Sandra, e respondi mesmo assim:

-E por que eu iria me importar? Não tenho gostado de viver aqui, ultimamente.

-Não posso crer! – ela olhava para todos os lados, enquanto andava de um lado a outro do meu quarto. – Os papéis se inverteram? Você sempre foi uma adoradora da cidade grande, da vida agitada, das pessoas, da futilidade da moda... Não posso crer que não está apavorada com a ideia de se enfiar no mato.

-Mato? Eu não falaria assim do lugar onde nascemos... – eu a corrigi. – Olha... Moda é um ponto de vista e acontece em qualquer lugar.

Eu não poderia contar a ela sobre a conversa que tive com a diretora do colégio.  E que a mudança para São Longino foi a solução dada pelos céus para todos os meus problemas imediatos.

---
 

[Manuela]

14 – Um anjo misterioso
 

Eu andava inquieta em relação a um sonho recorrente, e muito doido, que eu vinha tendo de vez em quando, nas últimas duas semanas. Envolvia um garoto sem rosto.

Pois é... Muito doido mesmo.
Eu me lembrava pouco, ou tinha imagens borradas quando estava acordada. Principalmente de que o homem sem rosto se sentava ao meu lado, agitado e zangado. Ele dizia que se eu continuasse agindo como vinha fazendo, nós dois não poderíamos ficar juntos. Em todas as vezes que tinha esse sonho, quando ele me dizia isso, eu era inundada por um mix de emoções – vergonha, humilhação, desconforto...

O cenário era sempre o mesmo: um jardim belíssimo, com um banco, e arbustos laterais bem podados. Havia uma construção mais atrás. Parecia grega. Uma moça de cabelos escuros, encaracolados, e rebeldes, vestindo uma túnica alva, esperava de pé, mais à esquerda, enquanto nós nos sentávamos para conversar. Eu também não conseguia ver o rosto dela, embora se parecesse um pouco com Sandra.

Com variações de ângulos, o sonho se repetia basicamente da mesma forma... Algumas vezes, eu não encontrava o cara misterioso, mas a garota de cabelos encaracolados, que parecia ser uma mensageira, ou algo do tipo.

-Ele não teve permissão para vir, mas mandou lhe dizer que, não importa o que aconteça – e abriu os braços – ele ama muito você. Nunca duvide do amor dele por você.

E nesse instante, quando a figura misteriosa abria os braços, eu era inundada por um amor intenso, tão familiar quanto absurdo; o que me deixava aturdida, toda a vez. 

E toda a vez, eu acordava de forma abrupta.

Sentei na cama, suando frio e sem ar. De onde eu conhecia o homem sem rosto? Ele era um estranho, mas ao mesmo tão familiar que eu tinha calafrios só de pensar nele.

Criei coragem e comentei do sonho com Sandra. Ela não debochou, nem ironizou, mas citou a teoria da relatividade e as ideias mirabolantes sobre o rio do tempo.

-O espírito humano, de acordo com algumas crenças, não encontra barreiras de tempo e espaço. – Ela encolheu os ombros. – Você pode ter visto o seu futuro, pode ter tido um encontro interdimensional ou... Pode apenas estar tendo um sonho esquisito, que não significa nada.

-Ótimo, ajudou a esclarecer bastante, obrigada.

Ela deu uma risadinha.

-Se deseja saber o impossível, minha cara, precisa marcar uma hora com Deus e se ele quiser te dizer a verdade dos fatos, ele dirá.

Ela se afastou e eu mostrei a língua para as suas costas.

---

Acredito que a decisão de mamãe tirou o problema das minhas mãos. Na verdade, resolveu dois problemas, de uma só vez. Eu não teria que encarar Marcos nunca mais, e ao mesmo tempo, minha família escaparia de um processo.

Quanto à retratação... Que bosta... Eu tinha que dar um jeito de escapar disso. Precisava amarrar aquela mulher de uma maneira que ficássemos empatadas. O que significava que eu tinha de descobrir um podre dela. Algo bem cabeludo mesmo.

Eu tinha outra coisa para resolver: a resistência de minha irmã. Agora mesmo ela me encarava, vestindo o uniforme da escola, pronta para ir à aula. Eu não iria nem a pau, mas ela insistia em ir até lá uma última vez, a fim de se despedir de seus colegas, professores e pegar pessoalmente o espelho de matrícula. Acho que ela ainda esperava que algo fosse acontecer, no último instante, algo que mudasse o curso das coisas. Eu temia que ela fosse se aconselhar com alguém, pelas costas de nossa mãe. Mas tudo o que eu podia fazer era fingir que nada estava acontecendo.

-Se vai à escola, por favor, traga o meu espelho de transferência. Eu não piso mais lá, nem morta.

Sandra me encarou com estranheza, enquanto ajeitava a embalagem de seu famoso bolinho do merecimento (sim, ela fez o bolinho... Que me deu a certeza de que estava gamada em alguém, porque ela só fazia o bolinho em ocasiões muito importantes, para pessoas muito importantes).

-Eu realmente, não entendo você! – disse ela.

Bem, Sandra não precisava me entender. Aliás, não seria nada bom, se ela entendesse.

-Pois é, Sandra... nem eu me entendo às vezes. Mas acredito... Talvez, a mudança para São Longino do Sul seja o melhor para nossa família.
Sandra rosnou. Isso mesmo, ela rosnou para mim e saiu batendo a porta. Bateu com tanta força que a porta foi e voltou, deixando uma fresta.

Bruno apareceu no batente, olhou para mim com os olhos arregalados.

-Xanda tá xangada!

Eu concordei, abaixando-me para olhar para ele na mesma altura que seus olhos, então fiz um gesto para que ele entrasse. Ele veio correndo e abraçou as minhas pernas, depois correu para alcançar Sandra. Afinal, era também seu último dia de aula.

Quanto a mim, dediquei-me à tarefa de descobrir qualquer podre que pudesse usar contra a diretora Periguete. Um podre que eu pudesse provar. Camélia tinha conseguido hackear os computadores da escola. Eu gostaria de saber se o notebook dela ainda tinha os links e acessos.

Como eu conseguiria pegar as coisas de Cam? Será que a senhoria do prédio tinha guardado? Decidi me arriscar.

Na saída do prédio, porém, trombei com um homem que me segurou e me deu o maior susto. Especialmente, quando sorriu para mim. Era o gringo gostoso e misterioso que me salvou dos coroas esquisitos, na escola. Eu até tinha me esquecido do episódio.

-Escute, - disse ele - você vai precisar disto, se quiser igualar o jogo com a diretora.

Olhei para o papel que ele me estendia, sem pegá-lo. – Como você sabe?

-Não importa, pegue!

Eu agarrei o papel. Ato contínuo, ele me soltou, atravessou a rua e sumiu na primeira esquina. Eu fiquei ali, na calçada, sem entender nada. Abri o papel e li o que estava escrito:

Senha do computador de Adriana Avilar: albatrozz285762.
Ela chega às oito horas, hoje. Você vai encontrar o caminho livre até a sala dela. A chave da porta da sala está na segunda gaveta da recepção, à direita, e tem um chaveiro de coelhinho rosa. No computador, você deve procurar pela pasta de arquivos com o nome “backup2020”, cuja senha é “transações2020”.
 
Não! Sério, isso?

Armadilha não podia ser... Ele já me salvou antes. Mas, o que ele poderia querer em troca? Ai, caramba! Eu não estava em posição de escolher de onde vinha a ajuda. Pra ser sincera, eu preferia ficar devendo pro gostosão do ônibus, do que permanecer nas mãos da diretora Periguete.

Sorri comigo mesma. Será que o gostosão era o meu anjo da guarda? Eu não vi as asas... Só os músculos. Seja como for, pela primeira vez em muito tempo, eu sentia algo diferente de desespero e tristeza. Eu tinha esperança.

--- 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro