Capítulo 53. Manhã do Caos.
A manhã começou longe de ser tranquila, embora Enrico tenha se preparado para curtir seu tempo com Layla. Ainda estava escuro quando, às seis horas, a porta do quarto se escancarou, revelando Matteo em um estado visivelmente perturbado.
— Preciso de ajuda! — Ele exclamou, a voz abafada pelo choro. — Ela não para! Faz horas, eu juro!
Matteo estava desarrumado, com o cabelo desgrenhado e olhos profundos. Segurava o bebê no colo com um desespero que fazia seu corpo tremer. A pequena Anya chorava incessantemente, o som agudo ecoando pelo quarto.
Enrico suspirou pesadamente, sentando-se na cama, enquanto Layla despertava lentamente ao seu lado.
— Matteo... — ele começou, mas foi interrompido por um fluxo incontrolável de palavras do irmão.
— O que eu faço? Ela vai ficar muda! Vai perder as cordas vocais de tanto gritar. Eu... eu preciso aprender linguagem de sinais! Já tentei tudo, tudo!
Layla, ainda enrolada no lençol, piscou algumas vezes para processar o caos à sua frente.
— Matteo, você dormiu? — ela disse, a voz doce tentando trazer alguma calma.
— Ainda não consegui, e acho que nunca mais vou conseguir!
— Calma, vai com calma. Enrico, ajuda aí — disse ela, levantando-se.
Layla bateu até o banheiro, lavou o rosto rapidamente e escovou os dentes. Enquanto isso, os gritos de Anya ecoavam pelo quarto. A ideia de um banho era tentadora, mas ela sabia que a prioridade era animada a pequena, que não só havia perdido a mãe há alguns dias como também atravessou um país inteiro para chegar ali.
Quando voltaram para a sala, Matteo e Enrico estavam parados como dois adolescentes inexperientes, olhando para o bebê com uma mistura de pânico e desamparo.
— Ah, meu amorzinho... — Layla murmurou ao pegar Anya no colo. — O que foi, hein?
Ela a embalou com melhorias, movendo o corpo em um ritmo lento e natural. Os olhos cansados de Matteo estavam fixos nela.
— Fora. — Layla tentou de repente.
— O quê? — Matteo perguntou, confuso.
— Vai dormir. Eu fico com ela.
— E eu? — Enrico interveio, com um leve tom de frustração. Ele claramente tinha outros planos para aquela manhã.
— Você vai me ajudar. — Layla transmitiu, desarmando qualquer resistência. — Agora vai, Matteo.
Matteo nem teve forças para protestar. Assim que ele saiu, Layla voltou sua atenção para o bebê.
— Seu pai é um bobo que não entende nada, não é? — ela disse, com uma voz suave e carinhosa, enquanto balançava Anya com firmeza.
Aos poucos, os gritos foram se transformando em soluções, até que finalmente cessaram. Layla suspirou aliviada enquanto colocava uma pequena para dormir em seus braços.
— Você é um encantador de bebês — Enrico comentou, sorrindo.
— Sim, tanto de bebês pequenos quanto de bebês grandes. — Layla piscou para ele com uma expressão brincalhona. — Agora, pegue o carrinho dela lá com o Matteo, mas sem acordá-lo.
— Sim, senhora. — Enrico obedeceu, rindo baixinho.
Ele voltou pouco depois com o carrinho, e Layla ajeitou Anya delicadamente. Após trabalhar nas rodas, ela inspirou o bebê a dormir profundamente.
— Ela só estava com sono — Layla disse, satisfeita.
Enrico se moveu por trás, abraçando-a pela cintura.
— Você é incrível com crianças. Vamos ter os nossos também, assim que Matteo nos deixar praticar.
Layla riu, virando-se para encará-lo.
— Enrico, muita criança junta não é a melhor ideia. Vamos com calma, tá?
— Ah, meu amor...
— Vou tomar um banho — Layla anunciou, dando um beijo suave nele. — Senta e vigia o bebê, por favor.
— Posso ir com você?
— Não vai. — Layla riu. — precisamos ajudar Matteo. Seja sensível à situação do seu irmão. Ele queria um filho, mas acho que ele só pensou na teoria, não na prática.
Enrico suspirou, resignado, enquanto Layla desaparecia no banheiro. O som do banho ligando trouxe um momento de calma ao caos daquela manhã. Ele olhou para Anya no carrinho e ofereceu.
— Bem, garotinha, parece que você ganhou uma boa tia e ainda conquistou ela mais rapido que eu.
Layla entrou no banheiro e deixou a água quente escorrer pelo corpo. Precisava daquele momento sozinho para organizar os pensamentos. O ambiente era acolhedor: o vapor preenchia o espaço pequeno, embaraçando o espelho, enquanto o aroma fresco do sabonete misturava-se com o cheiro suave do shampoo. Gostava da presença de Enrico, mas havia prometido a si mesma ser gentil com Matteo. Ele estava sobrecarregado e ela entendeu isso.
Ao sair do banho, enrolada em uma toalha macia, eventualmente-se até a guarda-roupa de Enrico, onde havia guardado sua mala. Escolheu algumas roupas e começou a se vestir. Quando olhou para trás, viu que ele havia pegado no sono na poltrona, a cabeça reclinada em um ângulo desconfortável e os braços cruzados. A pequena Anya dormia no carrinho ao lado, finalmente em paz.
— Enrico... — ela chamou suavemente.
Ele sobressaltou-se, os olhos arregalados enquanto acordados de forma abrupta, claramente confusos.
— O que foi? — Disse com uma voz ainda rouca de sono.
— Calma, anjo. — Layla riu baixinho. — Vou tomar um banho.
— Hum, não quero. — Ele adormecido com força controlada, fazendo-a sentar com as pernas suspensas no braço da poltrona. — Quero ficar com você. Nem vou trabalhar.
Layla enviou e acariciou o rosto dele. O ciúme que Enrico insistia em demonstrar parecia, de certa forma, quase infantil, mas não menos encantador.
— Você precisa ir, Enrico. Achei incrível sua ideia para o trabalho.
— Não quero. — Ele resmungou como uma criança contrariada.
— Ai, assim fico decepcionado.
O comentário fisgou sua atenção. Ele expressou as sobrancelhas com um sorriso enigmático.
— Decepcionada ficaria se comentários o que fiz com o terapeuta. — Aquele sorriso maquiavélico, marca registrada de Enrico, apareceu enquanto ele se levantava.
Layla estreitou os olhos, intrigada.
— O que você está falando?
— Nada demais. — Ele caminhou até o banheiro, começando a tirar a roupa.
— Enrico! — Layla o som, insistente. — O que você está falando?
Já sob o banho, ele finalmente respondeu, como quem conta algo banal:
— Aquela babaca do Caio... Dei uma "apertada" nele. Só o suficiente para ele admitir algumas coisinhas.
Layla suspirou, cruzando os braços.
— Defina "apertada".
— Uns sopapos na cara, algumas cartas de desculpas e um pedido de demissão. Ele mereceu.
— Cartas?
— Sim, para o Fernandes e a Marta, revelando os planos da Vitória de te tirar de cena. Também escrevi uma para você, se desculpando. — Ele esfregava o cabelo com vigor, enquanto falava. — Foi um favor. Ele não perdeu a licença, e ainda conseguiu outro emprego.
Layla o observava com uma mistura de indignação e descrição.
— Enrico... isso é sério.
Ele deu de ombros.
— A Vitória prometeu mundos e fundos para ele, e ele caiu como um patinho. — Sua expressão resistiu. — Ela achou que poderia brincar com você, Layla. Com a gente.
Layla notou uma mudança no Tom Dele. Havia algo sombrio por trás das palavras, uma raiva contida que parecia sempre prestes a transbordar.
— Enrico, você precisa deixar isso para trás.
Ele suspirou, o olhar perdido no vazio por um momento.
— Eu sei. Mas não vou permitir que ela machuque você.
Layla mudou-se, colocando a mão no ombro dele.
— Eu sei que você está tentando proteger a gente, mas precisa ser cuidadoso.
Ele falou, falando ao seu Tom habitual:
— Prometo que só vou usar minhas "habilidades" para o bem.
Ela revirou os olhos e deu um passo para trás.
— Vou levar Anya para baixo. Termine de se arrumar.
Quando Layla saiu, fechando a porta atrás de si, Enrico ficou imóvel sob a água quente do chuveiro, o rosto marcado por uma expressão dura. Pensar em Vitória era como reviver um pesadelo do qual ele finalmente havia acordado. Não havia uma lembrança sequer que pudesse trazer algo além de repulsa.
Vitória não era apenas egoísta; ela era tóxica. Cada palavra dita por ela carregava uma intenção maliciosa, cada gesto era uma tentativa de controle. Ela aproveitava sua boa vontade como se ele fosse uma marionete em suas mãos. O sorriso dela nunca foi sincero, e suas ações eram sempre calculadas, movimentadas apenas pelo seu próprio benefício.
Para Enrico, Vitória era como um veneno que ele finalmente havia expurgado de sua vida. O simples pensamento dela fazia sua pele arrepiar de desgosto. Como ele poderia ter permitido que alguém tão vazio e cruel tivesse espaço em sua vida? Não era apenas raiva que ele sentia, mas um desprezo profundo, visceral.
Agora, com Layla ao seu lado, ele sabia o que era amor verdadeiro. Não houve comparações. Layla era sua paz, sua alegria, o oposto completo do caos que Vitória representava. Ele se sentiu vivo e completo com Layla, como se ela fosse a luz que dissipava as sombras que Vitória havia deixado.
Ainda assim, uma preocupação crescente tomou conta dele. Vitória era imprevisível, e sua obsessão em destruir ou que ela não pudesse controlar era perigosa. Será que ela teria coragem de tentar algo contra Layla agora que ela estava de volta? Ele não poderia permitir que nada ou ninguém ameaçasse o amor que ele havia encontrado.
Enrico abriu os punhos e inclinou a cabeça, deixando a água escorrer pelo rosto. O passado com Vitória não foi nada além de um erro que ele se recusava a repetir, e sua única prioridade agora era proteger Layla – de qualquer ameaça, de qualquer sombra do passado.
Layla desceu cuidadosamente as escadas com Anya no carrinho. Um bebê dormia profundamente, e cada degrau foi vencido com cautela. A madeira escura do corrimão brilhava sob a luz do sol que entrava pelas grandes janelas da mansão. No pé da escada, Layla soltou um suspiro de ruptura antes de seguir em direção à cozinha.
Ao entrar, encontrei as empregadas ocupadas com suas tarefas. A cozinha era espaçosa, com bancadas de mármore branco impecavelmente limpas e um aroma tentador de pão recém-assado preenchendo o ambiente. O tilintar de panelas e o som da água corrente davam vida ao espaço.
— Bom dia, meninas. — Layla saudou com um sorriso caloroso.
— Bom dia, senhora Corallo — responderam em uníssono, parando brevemente para olhar-la.
— Não precisa que eu me chame assim. — Ela sorriu de forma tímida, passando a mão pelo cabelo. — Trabalhei com vocês, sabem disso.
As mulheres trocaram olhares, mas não discutiram.
— Poderiam preparar um café e arrumar a mesa, por favor?
— Claro que sim, senhora.
— Obrigada. — Layla respondeu, sentindo o calor subir ao rosto enquanto saía da cozinha, empurrando o carrinho de Anya em direção à sala de jantar.
O espaço era amplo, decorado com móveis clássicos de madeira escura e detalhes dourados. Cortinas pesadas de veludo azul marinho cobriam as grandes janelas, bloqueando parcialmente a luz do dia. Layla foi até elas e abriu as cortinas e as janelas, permitindo que o sol invadisse o ambiente, iluminando os detalhes ornamentados do teto e trazendo vida à sala.
Quando voltou ao carrinho, Anya estava acordada, seus pequenos olhos explorando o ambiente com curiosidade.
— Bom dia, princesinha. — Layla feliz, pegando o bebê nos braços com cuidado. — precisamos criar uma rotina, meu amor.
A voz de Layla suavizou enquanto ela segurava Anya contra o peito.
— Eu sei que tem sido difícil... — Seus olhos se perderam em um ponto distante enquanto conversavam. — Minha mãe também não gosta de mim.
Houve uma pausa nas investimentos. Layla sorriu com tristeza, enquanto Anya, alheia, a observava com seus olhos curiosos.
— Mas você não vai se lembrar de nada disso. Nós vamos te amar muito, e ela não vai fazer falta, assim como minha avó fez comigo.
Layla balançava suavemente o bebê enquanto falava, seu sorriso triste se tornava mais firme.
Na porta, Enrico observava uma cena de longe, encostado no batente. Seus olhos estavam fixos em Layla e no bebê, e uma expressão de dor atravessou seu rosto. Ele não viu quando seu pai, Don Corallo, se mudou e parou ao seu lado.
— O que foi, filho? — Don Corallo disse em um tom baixo e grave.
Enrico respirou fundo, sem desviar o olhar de Layla.
— E se fosse o nosso filho, pai? — Sua voz saiu de emoção. — Toda essa situação... tirou algo de mim e dela. Imagina se fosse o nosso filho? Eu olho para Anya e não consigo evitar esse pensamento.
O silêncio se instalou por um momento, enquanto Don Corallo ponderava as palavras do filho.
— Vocês ainda vão ter filhos, Enrico. — A voz do patriarca é tão firme, com uma certeza que fez Enrico levantar o olhar.
Enrico concordou levemente, respirando fundo antes de entrar na sala. Ele caminhou até Layla em silêncio e a beijou delicadamente no topo da cabeça.
— Ei, meu amor. Oi, bebêzinha.
Layla convidou para ele, a ternura preenchendo seus olhos.
— Layla, você seria uma mãe maravilhosa. — Don Corallo comentou da porta, sua voz compartilhou de sinceridade.
— Obrigada, senhor. — Ela respondeu, lançando um sorriso gentil para ele antes de colocar Anya de volta no carrinho.
O ambiente estava impregnado de sentimentos não ditos, mas também carregado de uma promessa silenciosa de novos começos. A luz do sol filtrava-se pelas amplas janelas, banhando a sala de jantar com um brilho dourado, iluminando os móveis de madeira escura e o delicado arranjo floral no centro da mesa. A fragrância do café fresco se misturava ao som distante de pássaros do lado de fora, trazendo um contraste de serenidade à tensão que pairava no ar.
Don Corallo ajeitou o paletó com tranquilidade, mas sua expressão mostrou uma curiosidade curiosa ao romper o silêncio.
— Mas onde está o pai dela? — Disse, inclinando-se seguindo a direção a Layla.
Layla, que estava ocupada ajustando o carrinho de Anya, declarou os olhos com um sorriso suave.
— Dormindo. Ele estava muito cansado. — Sua voz era gentil, quase conciliadora. — Não me incomodo em ajudar. Meu trabalho aqui sempre foi temporário, afinal.
Enrico, que observava a interação em silêncio, a suavidade do olhar para o pai, sua expressão perdurando.
— Algo que foi escondido de mim — murmurou, sua voz continha de uma mistura de frustração e desconfiança.
Don Corallo arqueou uma sobrancelha, apoiando-se no braço da cadeira com uma calma calculada.
— Enrico se apega a cada miudeza — comentou com um tom quase divertido, mas não desprovido de reprovação.
— Não é isso. — Enrico rebateu, sua voz firme, embora não elevada.
Layla, percebendo a tensão crescente, tentou intervir.
— Enrico, não briguei com seus pais. Estamos bem agora.
Ele balançou a cabeça, os lábios apertados em uma linha fina.
— É... não sei. — Sua resposta veio grave, quase murmurada.
— O que quer dizer com isso? — Layla perguntou, franzindo o cenho.
— Não sei se te desculpei. — Enrico finalmente olhou para ela, seu tom sério e suas palavras pesadas como pedras lançadas na água calma. — Além de não me dar atenção, você ainda cuida da filha do Matteo.
Layla respirou fundo, tentando conter o perigo que ameaçava transbordar.
– Nossa, Enrico. — Sua voz veio transmitida de incredulidade. — Não envolva a Anya na sua picuinha com seu irmão.
— Eu sou ciumento, Layla.
Ela piscou, encarando-o com ceticismo.
— Do bebê?
— Achei que a gente ia passar o dia juntos. — Ele desviou o olhar, como se a admissão o envergonhasse.
Antes que Layla pudesse responder, Lucca entrou na sala com a naturalidade de quem já esperava encontrar algum tipo de discórdia. Ele deixou uma cadeira e se sentou com um sorriso travesso.
— DR na mesa, de novo? — provocou, apoiando os cotovelos na mesa e observando o casal com curiosidade.
Enrico extravasou as mãos em rendição.
— Não é DR. Eu estava brincando. — Ele se inclinou para Layla, beijando sua mão com delicadeza. — Mas, para termos nossos próprios filhos, acho que não posso ficar esperando o Matteo dormir.
Layla não conseguiu conter uma risada.
— Vocês estão juntos de novo? — Lucca disse, arqueando uma sobrancelha enquanto se servia de café.
— Bom, eu não sabia que tínhamos feito — respondeu Layla, lançando um olhar direto para Enrico. — Tem algo a dizer?
Enrico endireitou-se, sua expressão tornando-se séria.
— Não. — Ele deu de ombros com um suspiro. — Todos sabem que sou casado.
Layla soltou um pequeno "hum" de seus lábios, um som quase inaudível, mas carregado de significado. O silêncio foi instalado brevemente enquanto todos começavam a tomar o café recém-servido pelas empregadas.
O momento de paz foi bruscamente interrompido pelo choro agudo de Anya, que ecoou pela sala como uma nota dissonante na melodia tranquila daquela manhã. Layla imediatamente se disse, os instintos maternos tomando o controle.
— Com licença. — Sua voz era suave, mas decidida, enquanto ela se dirigia ao carrinho.
Com movimentos delicados, ela pegou Anya nos braços, aninhando-a contra o peito enquanto balançava levemente para frente e para trás. O bebê ainda chorava, suas mãos se fechando e abrindo, como se buscassem algo para se agarrar. Layla, com a paciência de quem já sabia o que fazer, estendeu a mão para a pequena mamadeira que uma das funcionárias havia preparado e começou a alimentar-la.
O choro de Anya cedeu gradualmente, mudando-se em um murmúrio enquanto ela sugava com esforço, tentando se acomodar no ritmo da mamada. Layla observava com um sorriso quase imperceptível, sentindo-se surpreendentemente em paz ao cumprir uma tarefa tão simples. Depois de menos de cinco minutos, os olhos de Anya começaram a fechar, o sono vencendo sua pequena batalha.
Layla ajustou o bebê em seus braços, certificando-se de que ela estava confortável, antes de colocá-la de volta no carrinho. Seus movimentos eram meticulosos, como se temesse que qualquer som ou gesto abrupto pudesse perturbar o sono recém-conquistado.
Uma manhã passada de forma tranquila, mas silenciosa para Layla. Enquanto Matteo ainda descansava, ela se sentia com Anya, cuidando de seus pequenos gestos e aproveitando a distração que aquilo lhe proporcionava. Era como se o mundo ao redor tivesse parado, e tudo o que importava naquele momento fosse o bem-estar da pequena criança em seus braços.
Quando o relógio na parede indicava que o final da manhã se aproximava, Eleonor entrou na sala com passos firmes, mas cuidadosos, para não acordar o bebê. Ela carregava aquela aura de experiência e sabedoria que só os anos podiam trazer.
— Acho que ela vai precisar de uma babá — comentou Eleonor, olhando para Anya que dormia serenamente no carrinho.
Layla hesitou, franzindo o cenho levemente enquanto ponderava.
— Não sei se Matteo concordaia. — Sua voz estava pensativa. — Não quero desmotivá-lo. Ele disse que sempre quis ser pai. E agora, no final, acabou sem a esposa.
Eleonor suspirou, sentando-se ao lado de Layla.
—Mia sempre foi uma pessoa de gênio forte.
Layla inclinou a cabeça, intrigada.
— Então por que eles se casaram?
— Pelas obrigações familiares, pelas alianças. Matteo casou-se com Mia, e Enrico com Vitória... essa história que você conhece.
Layla soltou um sorriso amargo.
— Infelizmente. E por que essa insistência em alianças?
Eleonor balançou a cabeça, os olhos perdidos em algum ponto distante da sala.
— Acho que foi assim comigo e com Joseph. Então ele pensou ser natural. Uma mulher comumente não aceitaria os riscos inerentes ao casamento com um Corallo.
Layla a encarou, uma sombra de determinação iluminando seu olhar.
— Eu aceitei.
Eleonor sorriu gentilmente, mas havia algo melancólico em sua expressão.
— Você não é uma mulher comum, Layla. Pode até tentar ser, mas não é. Pensamos que estávamos fazendo o melhor para evitar sofrimentos... e só acabamos aumentando o sofrimento de todos.
Layla estendeu a mão, pousando-a gentilmente sobre a de Eleonor.
— Não precisa pensar assim, senhora. Pelo menos Lucca e Lecce não estão prometidos a ninguém.
Eleonor convidou de volta, um pouco mais leve.
— É, pode ser.
Layla voltou a olhar para Anya, ainda imersa em pensamentos.
— Mas o que você acha da ideia da babá? — Disse, sua voz ponderada.
— Acho excelente. Uma babá ajudaria Matteo. E com tantas pessoas para ajudar, seria mais fácil para todos.
Layla concordou, um sorriso aliviado surgindo em seus lábios.
— Faz sentido.
Eleonor falou e se declarou com cuidado.
— Pode ir. Vou acordar Matteo e ficar com Anya um pouco. Se ele continuar assim, trocando o dia pela noite, será um desastre.
Layla riu suavemente, já se levantou também.
— Obrigada. Vou me arrumar e fazer uma surpresa para Enrico no trabalho.
— Ele vai adorar. — Eleonor piscou, levando o carrinho de Anya para o quarto enquanto Layla subia as escadas para se preparar.
Enquanto vestia uma roupa simples, mas elegante, Layla sentia uma confusão de motivação e nervosismo. Aquele pequeno gesto de visitar Enrico em seu novo trabalho foi sua forma de resgatar momentos de leveza em meio ao caos.
O sol brilhava forte lá fora, como uma promessa de dias melhores, enquanto ela se olhava no espelho uma última vez antes de sair.
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