Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 47. Os medos

Apesar das feridas físicas de Layla terem sido curadas, as cicatrizes emocionais permanentes eram profundas, invisíveis aos olhos, mas inegáveis ​​em sua presença. Enrico sentiu o peso daquela não dita, uma barreira invisível que ele precisava aprender a atravessar com paciência e cuidado. Ao estacionar o carro diante da imponente mansão dos Corallos, ele lançou um olhar incerto para Layla. Ela era pálida, uma expressão indecifrável, como se o mundo à sua volta fosse feito de sombras e não de luz.

A casa parecia viva com cores e filhos. Balões em tons pastéis flutuavam preguiçosamente pelo salão principal, e uma faixa com a inscrição "Bem-vinda de volta, Layla" tremulava sob a brisa que vinha da varanda. A sala estava cheia de rostos sorridentes, familiares e amigos reunidos para comemorar seu retorno. Mas Layla estava imóvel no centro de tudo, como uma flor que não conseguiu desabrochar.

— Bem-vinda de volta, bella! — Matteo exclamou, aproximando-se com uma taça de espumante e um sorriso aberto que parecia tentar iluminar o ambiente.

— Obrigada — respondeu Layla, sua voz baixa, quase um sussurro, sem brilho.

O calor da recepção ter aquecido seu coração, mas ao contrário, parecia apenas realçar a distância que ela sentia de tudo e de todos. A casa, que outra fora um refúgio, parecia agora um lugar estranho. O ar tinha outro peso, o cheiro das flores nos vasos parecia agridoce, e os detalhes do ambiente, que antes de passarem despercebidos, agora a sufocavam. Ela se disse se a casa havia mudado ou se era ela que já não se encaixava mais ali.

Os sorrisos foram aos poucos diminuindo à medida que as pessoas notavam a tristeza velada no rosto de Layla. A alegria cuidadosamente planejada parecia fora de lugar, deslocada diante da fragilidade dela. A música cessou, os risos diminuíram, e o som das conversas se transformou em um murmúrio constrangido.

— Me desculpe... Estou cansada — ela disse, tentando forçar um sorriso que nunca chegou aos seus olhos.

— Eu te levo para o quarto — Enrico ofereceu, com a voz tingida de uma tristeza que ele não conseguiu esconder. Ele achou que Layla apreciava o gesto, mas o olhar dela foi suficiente para mostrar que, mais uma vez, ele não sabia como alcançá-la.

Subiram as escadas em silêncio, os passos ecoando como batidas de um relógio que marcavam uma melancolia incômoda. Quando chegou ao quarto, Layla parou na porta por um instante. Tudo estava como ela havia deixado. O castelo da da bola de neve ainda brilhava próximo da janela, mas agora parecia um monumento às coisas que ela perdeu. Seu olhar se demorou no espaço vazio onde seu gatinho costumava se enroscar, e uma onda de tristeza silenciosa a invadiu.

Sem dizer nada, ela caminhou até a cama, os ombros curvados pelo peso de uma exaustão que não era apenas física. Enrico se mudou e, com gestos gentis, deixou as cobertas sobre ela, como se tentasse vigiar-la do mundo fosse tudo o que ele pudesse fazer.

— Está com fome? — ele disse baixinho, a esperança mal contida em sua voz.

Layla balançou a cabeça elevada, sem olhar para ele. Virou-se para o lado, encolhendo-se como se desejasse desaparecer entre os lençóis. Enrico hesitou, os olhos dela fechados o impedindo de dizer algo mais. Então, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si com um pesar que parecia preencher todo o corredor.

Na sala, os sorrisos já haviam desaparecido, assim como o brilho dos balões que ainda flutuavam no teto, como se também carregassem o peso da atmosfera sombria que se instalava. O riso, que antes ecoava vibrante, agora era apenas um fantasma distante. As pessoas evitavam trocar olhares, como se o silêncio fosse menos doloroso do que admitir que uma festa havia se transformado em algo opressivo. Todos sabiam que Layla estava de volta, mas a verdadeira Layla, aquela que sorria com facilidade e iluminava qualquer ambiente, parecia ter ficado presa em algum lugar inalcançável.

— Como ela está? — disse Don Corallo, quebrando o silêncio que pairava no ar como uma neblina pesada.

— Triste... — respondeu Enrico, os ombros curvados sob o peso de suas palavras. — Ela tem momentos em que parece estar bem, mas, de repente, é como se fosse engolida por uma tristeza... — Ele balançou a cabeça, procurando palavras, mas não parecia suficiente para explicar o que via nos olhos de Layla.

— É normal, filho — disse Eleonor, aproximando-se com uma expressão que misturava ternura e preocupação. — Ela passou por algo muito traumático. Dê tempo a ela. Amanhã vou conversar com ela.

— Não brigue com ela... — Enrico pediu, a voz transmitida de medo e impotência.

— Nunca, meu filho.

Pouco a pouco, uma família começou a se dispersar. Conversas murmuradas preenchiam os cantos, enquanto os convidados se retiravam, respeitando o momento delicado. Enrico apareceu onde estava, mas não conseguiu se convencer a subir para o quarto. Em vez disso, saiu para o jardim, onde o ar fresco da noite parecia oferecer um pouco mais de claro. Sentou-se em uma das cadeiras de ferro ao lado da fonte, os olhos perdidos no brilho trêmulo da água refletindo a luz da lua.

O jardim, que antes fora um lugar de refúgio para ele e Layla, parecia agora um cenário de pensamentos sombrios. Ele se inclinava para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, enquanto tentava organizar os sentimentos que o consumiam.

— Meu filho. — A voz grave e firme de Don Corallo o tirou de seus pensamentos.

— Don Corallo... — Enrico respondeu, endireitando-se um pouco, mas sem erguer o olhar.

— Por que não foi dormir?

— Não sei como ir... — Enrico respondeu, sua voz hesitante.

— O que quer dizer com isso?

Enrico respirou fundo, o peso do que sentiu transbordando em suas palavras. — No hospital, tudo parecia lógico, automático. Mas agora... agora eu não sei. Como eu chego perto dela? Como eu digo 'olá'? Como eu deito ao lado dela como antes?

Don Corallo deixou uma cadeira ao lado do filho e sentou-se, os olhos observando atentamente cada detalhe da expressão de Enrico.

— Tudo o que aconteceu, tudo o que ela passou... — Enrico abaixou o olhar, a voz tremenda com a força da culpa que carregava. — E se ela fosse apenas uma empregada desta casa? Se eu não tivesse a desejado? Se eu tivesse deixado ela lá no interior, ela nunca teria passado por nada disso. Eu olho para ela, pai, e não a vejo em seus olhos. Ela parece outra pessoa, alguém marcado... E os pulsos dela... ainda estão tão feridos. A marca da queimadura... Tudo o que ela sofreu...

Don Corallo suspirou, o peso das palavras de Enrico recitando sobre ele como uma lâmina afiada. — Todos nós temos marcas, filho.

— Eu nasci nesta vida. O senhor escolheu. Mas Layla... — Enrico pausou, as palavras amargas nos lábios. — Layla não teve esse direito.

— Filho, não é culpa sua. Você jamais deixaria algo de ruim acontecer com ela se pudesse evitar.

— Então como eu tiro essa culpa de mim, pai? — Enrico atraiu o rosto, os olhos brilhando de desespero, como se implorasse por uma resposta que pudesse aliviar seu tormento.

Don Corallo o encarou por um longo momento, a expressão sombria e resignada. — Se eu souber, meu filho... se eu souber...

O silêncio foi instalado entre eles, pesado, mas compartilhado. Ambos carregavam uma parcela de culpa, uma dor que os unia e os separava ao mesmo tempo. O som da água na fonte era a única coisa que preenchia o vazio.

Enrico abaixou a cabeça, fechando os olhos por um momento, tentando encontrar forças onde já não sabia se existiam. Don Corallo apresentou ao lado dele, uma presença firme, mesmo que também estava perdida em suas próprias dúvidas e dúvidas.

E assim, pai e filho ficaram ali, dois homens lutando contra o que não puderam controlar, em uma noite onde as estrelas brilharam menos.

Quando Enrico finalmente encontrou coragem para subir ao quarto, o ambiente estava mergulhado em uma penumbra silenciosa. O leve cheiro de lavanda do difusor preenchia o ar, mas, para ele, parecia faltar algo: o calor do riso de Layla, a paz que ela costumava transmitir mesmo nas noites mais turbulentas. Ele olhou para a cama e viu deitada de lado, os lençóis cuidadosamente arrumados ao redor de seu corpo.

Na mesa de cabeceira, um frasco de comprimidos estava aberto, indicando que ela havia tomado algo para ajudá-la a dormir. Ele suspirou, sentindo um nó se formar em sua garganta. A ideia de que Layla precisasse de remédios para afastar seus demônios o fazia sentir-se ainda mais impotente.

Deitando-se ao lado dela com cuidado, Enrico fechou os olhos, tentando deixar o peso do dia para trás. Mas o descanso foi curto. Ele foi acordado subitamente pelos gritos desesperados de Layla.

— Não! Não! Sai! — ela compreende, debatendo-se contra algo invisível.

— Layla! Acorda! — Ele tocou seu ombro, mas, no pânico, ela se virou bruscamente, acertando a cabeça contra o queixo dele com força.

O impacto o fez recuar, levando a mão ao rosto enquanto sentia o gosto metálico do sangue em sua boca.

A porta se abriu de repente, e Lucca entrou apressado, uma expressão de alarme iluminada pela luz do corredor. Sem hesitar, ele acendeu a luz do quarto.

— Layla, abra os olhos! — Enrico pediu com urgência, ignorando a dor. Ele se inclinou novamente para ela, que continuou se debatendo, presa em seu pesadelo. — Sou eu, amore mio! Estou aqui!

Foram necessários alguns segundos, longos como horas, para que Layla abrisse os olhos, o olhar perdido e confuso. Quando finalmente descobri onde estava e quem estava ao seu lado, começou a chorar descontroladamente.

— Eu... eu sinto muito... — ela balbuciou, as lágrimas rolando por seus rostos.

— Não é culpa sua — Enrico disse suavemente, ignorando o gosto de sangue enquanto envolvia Layla em um abraço firme, tentando acalmá-la. Ele passava a mão em seus cabelos enquanto sussurrava palavras reconfortantes. — Vai ficar tudo bem, eu prometo.

Lucca, percebendo que a situação estava sob controle, concordou com Enrico e saiu do quarto, apagando a luz ao fechar a porta. O quarto voltou à penumbra, e o silêncio foi quebrado apenas pelos soluços de Layla.

Enrico ficou com ela, pacientemente. Foram duas longas horas até que seus tremores diminuíram e sua respiração se estabilizou. Quando finalmente ela adormeceu novamente, ele se declarou com cuidado, sentindo-se exausto, mas incapaz de fechar os olhos.

Descendo até a cozinha, ele pegou um copo de água gelada, bebendo lentamente enquanto apoiava as mãos na bancada. A casa estava em silêncio absoluto, mas sua mente era um redemoinho de pensamentos.

– Enrico? — A voz de Matteo soou, e ele apareceu à porta da cozinha, ainda com o semblante de quem não havia dormido bem. — Tudo bem?

— Layla teve um pesadelo... — Enrico respondeu, a voz rouca. Ele passou a língua sobre os dias inferiores, sentindo a leve ardência da mordida que dera na própria língua. — Ela me acertou o queixo sem querer, mas... eu estou bem.

Matteo se aproximou, observando o irmão com atenção. — Você está realmente bem?

— Não. Eu não sei o que fazer para ajudá-la. Eu me sinto inútil.

Matteo colocou uma mão firme no ombro dele. — Dê tempo a ela, Enrico. Layla passou pelo inferno. Ela vai precisar de paciência, de espaço... e de você.

Enrico assentiu lentamente, mas a inquietação em seus olhos permaneceu. Ele sabia que Matteo tinha razão, mas as horas inconvenientes se arrastar, cada uma das despesas com o peso do que ele não poderia trazer.

Ao voltar para a cama, ele se sentou na poltrona do quarto, mantendo os olhos fixos em Layla enquanto ela dormia. Não consegui fechar os próprios olhos, temendo que algo acontecesse e ele não estivesse lá para encontrá-la.

O relógio parecia correr de forma injusta. Quando o sol começou a surgir no horizonte, tingindo o quarto com tons suaves de dourado, Enrico já havia se levantado e se arrumado para o trabalho. Mas, antes que ele pudesse sair, ele ouviu um som suave atrás de si.

— Enrico... — A voz de Layla era fraca, mas o suficiente para fazê-lo se virar.

Ela estava acordada, os olhos ainda carregando o cansaço, mas havia algo em sua expressão... uma centelha de esperança ou talvez apenas gratidão.

Enrico mudou-se dela, ajoelhando-se ao lado da cama. — Bom dia, amore mio.

Layla não respondeu imediatamente, mas estendeu a mão e tocou o rosto dele, os dedos delicados roçando o local onde ele havia sido machucado.

— Eu machuquei você... — sua voz mal passou de um sussurro, carregado de culpa e cansaço.

— É só um arranhão. — Ele tentou sorrir, mas havia mais dor em seu olhar do que ele gostaria de admitir. — Estou aqui por você, Layla. Sempre.

O peso de suas palavras parecia criar um fio de conexão entre eles, tão tênue e ao mesmo tempo inquebrável. Layla respirou fundo, ainda perdida em seus próprios pensamentos.

— Por que você não toma banho? Assim podemos tomar um café juntos, o que acha? — Enrico sugeriu, com sua voz suave, mas cheia de esperança de que isso pudesse trazer algum problema para ela.

Ela assentiu com um movimento quase imperceptível e clamou-se lentamente, como se cada passo fosse um esforço.

No banheiro, o som da água caindo preenchia o espaço, mas, para Layla, parecia um eco distante. O vapor quente deveria acalmá-la, mas, mesmo ali, o cansaço persistia. Cada noite de sono parecia trazer consigo um novo tipo de exaustão, como se seus sonhos roubassem o pouco de paz que restava. Ela apoiou as mãos no azulejo frio, fechando os olhos enquanto a água escorria pelo seu corpo, tentando lavar os resquícios do pesadelo.

Quando finalmente saí, envolta em um roupão macio, senti-se um pouco mais leve, mas não menos confuso. Ao voltar para o quarto, abriu o armário para escolher uma roupa. Seus olhos recitaram sobre um canto vazio, e a lembrança da Bola de Neve, sua pequena coelha, atingida-a como uma onda gelada. Um aperto no peito a fez recuar, e, por um momento, descobriu em se esconder ali mesmo, no espaço apertado do armário, onde antes encontrava uma estranha sensação de segurança.

Respirando fundo, demorou o pensamento e vestiu uma roupa leve. Quando voltou para onde Enrico a aguardava, ele se manifestou imediatamente, estendendo a mão para ela.

— Vamos? — Ele sorriu com ternura.

— Vamos. — Layla aceitou o gesto, e a segurança no toque dele a fez sentir-se menos perdida, mesmo que por um breve instante.

Enquanto caminhavam pelo corredor, o silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregado de pensamentos não ditos. Layla olhou para Enrico, como se buscasse coragem para falar.

— Eu queria te perguntar algo, mas não sei se é adequado... — ela disse, sua voz hesitante.

Ele a encarou com curiosidade e preocupação. — Tudo o que você quiser saber, amor.

Layla respirou fundo antes de continuar. — A Bola de Neve... o que aconteceu com ela?

O rosto de Enrico mudou, uma mistura de surpresa e tristeza o tomou. Ele não esperava a pergunta e, para ser honesto, não tinha uma resposta.

— Amor... ela estava... — Enrico começou, mas sua voz falhou.

— Eu sei que ela estava morta... — Layla o interrompeu, sua voz trêmula. — Mas você jogou fora?

Enrico parou por um momento, a culpa pesando em seus ombros. Ele viu que estava tão absorvido no cuidado de Layla que não havia dado atenção ao que tinha acontecido com a pequena coelha.

Quando chegou à sala de café, o ambiente estava envolto em uma quietude respeitosa. Matteo, Lucca e Don Corallo estavam sentados, conversando em voz baixa. Ao notarem o casal, as conversas cessaram.

— Bom dia, casal. — Matteo foi o primeiro a falar, tentando parecer casual.

—Bom dia. — Enrico respondeu, enquanto Layla esboçava um pequeno sorriso, tímido e frágil.

— Bom dia, filha. — Don Corallo clamou-se, e Layla foi até ele, dando-lhe um beijo na testa com carinho.

— Está bem? — Ele disse, a voz paternal repleta de preocupação.

— Estou... estou bem, senhor. — Layla respondeu, tentando ser convincente.

Antes que o silêncio pudesse ser instalado novamente, Lucca suspirou, parecendo nervoso. — Layla, eu... ouvi sua conversa. Sobre a Bola de Neve.

Todos os olhos se voltaram para ele. Lucca contínua, com a voz hesitante:

— Eu a enterrei. Não consegui ficar ali, parado... esperando o telefone... Foi um momento muito difícil para todos nós.

Layla olhou para Lucca, surpresa. Seus olhos encheram-se de lágrimas, mas, desta vez, havia algo diferente.

— Obrigada, Lucca. — Ela disse, sua voz cheia de emoção. — Muito obrigada por isso. E... eu lamento ter deixado todos vocês tão nervosos.

— Ah, meu amor... — Enrico pegou a mão dela e a beijou com ternura. — Não é culpa sua.

Layla desviou o olhar, a cabeça baixa. Sentia um nó na garganta e uma vontade incontrolável de chorar. Era estranho, como se todos os sentimentos fossem confusos, confusos.

O café da manhã contínuo em um silêncio inquietante. As palavras apenas presas na garganta de todos, e os olhares furtivos trocados ao redor da mesa denunciavam o peso do que ninguém ousava verbalizar. Quando os homens finalmente se levantaram, suas prestações mínimas deixaram a sala. Apenas Eleonor estava sentada, sentada ao lado de Layla, que fixava os olhos em seu prato vazio, como se ele pudesse oferecer as respostas que ela tanto buscava.

Eleonor inclinou-se para frente, a expressão firme, mas incluída de uma compaixão maternal.

— Como você está, Layla? — Disse em um tom calmo, mas perscrutador.

Layla chamou os olhos, sua voz quase um sussurro, como se falar alto pudesse quebrar algo dentro dela.

— Confusa... e cansada.

— Vem comigo. Vamos ao jardim. — Eleonor pousou a mão sobre a de Layla, um toque firme e tranquilizante.

As duas caminhavam, o som de seus passos ecoando suavemente pelos corredores. O jardim estava banhado pela luz suave da manhã, as flores balançando sob a brisa que trazia consigo um aroma fresco e reconfortante. Eleonor colocou suas luvas e pegou um pequeno tapete de joelhos, algo que ela sempre usava ao cuidar das flores. Com movimentos precisos, ela começou a cavar a terra.

— Fique ao meu lado, Layla. — Eleonor disse, com um tom sério, mas misterioso. — Isto é um presente.

Layla inclinou-se, intrigada.
— Presente?

Eleonor continua a cavar até revelar algo brilhante entre as raízes de uma planta. Layla arregalou os olhos quando viu barras de ouro perfeitamente alinhadas sob o solo. Eleonor sussurrou, quase como se estivesse compartilhando um segredo proibido:

— Eu escondi isso aqui. Ninguém pisa neste canto do jardim por causa disso.

Layla ficou atônita, sua mente se esforçou para entender o que aquilo queria.

— Mas... senhora, por quê?

Eleonor suspirou, suas mãos ainda protegidas pelas luvas enquanto devolvia cuidadosamente as flores ao lugar.

— Eu pensei em fugir. Por um tempo, consegui escapar do peso do nosso nome, mas percebi que não posso fugir do que sou. Porém, você... — Eleonor olhou para Layla nos olhos, sua expressão compartilhada de seriedade. — Se algum dia esta vida se tornar insuportável para você, se sentir que não pode mais respirar aqui, esta será sua fuga. Pegue o ouro e vá embora.

Layla balançou a cabeça, os olhos marejados.
— Eu amo Enrico. Não quero deixá-lo.

Eleonor suspirou profundamente, sua voz firme, mas cheia de compreensão.

— Mas amar Enrico significa carregar este fardo para sempre. Você entende isso?

Layla hesitou, as palavras presas na garganta. Enrico, escondido na sombra de uma árvore próxima, observava a cena, seus olhos fixos em Layla. Ele não pretendia ouvir, mas as palavras da mãe o alcançaram como flechas certas.

— Eu não sei o que sentir — admiti Layla, sua voz trêmula. — Não me sinto mais confortável aqui. Tudo parece tão... sufocante.

— Como assim, filha? — perguntou Eleonor, enquanto cobria cuidadosamente o ouro e ajeitava as flores para esconder qualquer evidência do tesouro enterrado.

Layla tentou encontrar as palavras certas, mas a confusão em sua mente parecia um emaranhado de emoções conflitantes.

— Eu sei que ele não é culpado, sei que ninguém é, mas... não consigo mais respirar como antes. Sinto-me... quebrada.

O coração de Enrico abriu-se. Ele deu um passo para trás, cada palavra de Layla ecoando como uma acusação silenciosa. Ele havia tentado-la, mas talvez tenha tentado sufocar no processo.

Eleonor colocou a mão no ombro de Layla, os olhos cheios de uma sabedoria triste.

— Você não precisa decidir nada agora. Mas saiba que, se precisar, estou aqui para ajudá-la.

Layla segurou as mãos de Eleonor, as lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto.

— Obrigada, senhora.

Enrico demorou-se em silêncio, os passos pesados ​​ecoando pelo caminho de cascalho. Ele queria dizer algo, queria pedir desculpas, mas as palavras razoáveis ​​diante da turbilhão de emoções que sentia. Ao invés disso, decidiu deixar Layla com sua mãe. Se houvesse algo que ela precisasse mais do que tudo agora, era espaço.

Enrico caminhou de volta para casa, os pensamentos mergulhados em um mar de incertezas. Cada passo ecoava no vazio da noite, e a dúvida cruel não lhe dava descanso: realmente estaria perdendo Layla? E se estivesse, como poderia trazê-la de volta para ele?

Enquanto isso, Layla, exausta pela avalanche de emoções, recolheu-se ao quarto. O espaço, antes acolhedor, parecia agora um casulo opressivo, incapaz de tristeza a inquietação em seu coração. Ao deitar-se, sentiu o peso da cama como um convite ao descanso que não vinha. Seus olhos fixaram-se no teto enquanto os pensamentos nebulosos dançavam em sua mente, puxando-a para um sono inquieto.

No andar de baixo, na biblioteca do mansão, Eleonor encontrou Don Corallo, que estava sentado em sua poltrona habitual, um copo de uísque girando lentamente entre os dedos. O cheiro amadeirado da bebida pairava no ar enquanto ele fitava as chamas da lareira com uma expressão distante.

— Como você está, Joseph? — Eleonor perguntou, quebrando o silêncio.

Don Corallo extrai os olhos para a esposa, um meio sorriso surgindo em seu rosto cansado.

— Estranho... — admitido, com um suspiro profundo. —Sinto falta de Fernandes. Estou acostumado com a presença dele por perto. A casa parece mais vazia sem ele.

Eleonor mudou-se, sentando-se ao lado do marido e cruzando as pernas com roupas elegantes. A seriedade em seu olhar contrastava com o ambiente aconchegante ao redor.

— Joseph, precisamos conversar sobre Layla.

— O que tem ela? — Don Corallo perguntou, franzindo o cenho.

— Ela está tão cansada, Joseph. Não acho que ficar aqui, neste ambiente, vai ajudá-la a se recuperar.

Don Corallo deixou o copo sobre a mesa e inclinou-se progressivamente para frente, intrigado disse:

— O que você está querendo dizer?

Eleonor respirou fundo, como se organizasse as palavras em sua mente antes de falar.

— Pensei em uma viagem para ela. Uma temporada longe daqui, sem Enrico.

— Sem Enrico? — Joseph arqueou as sobrancelhas. — Por quê?

— Porque ambos precisam de espaço, Joseph. — Eleonor respondeu com firmeza. — Layla precisa colocar a cabeça e o coração no lugar. Enrico também. Um tempo separado pode ser o que eles precisam para entender o que realmente querem.

— E para onde você quer levá-la?

— Para a Itália. — Eleonor sorriu levemente, mas havia uma sombra de melancolia em sua expressão. — Na casa da Nonna. Você sabe o quanto aquele lugar foi importante para mim. Lá sempre foi meu refúgio.

— E o que Enrico acha disso? — Don Corallo coçou o queixo, ponderando.

— Ele não está em posição de escolher, Joseph. A relação deles é frágil, e talvez isso seja o que vai ajudá-los a se fortalecer. Layla precisa respirar.

— Mas... Enrico não vai gostar. — Joseph estreitou os olhos, sua voz de preocupação.

— Não é Enrico quem precisa gostar, Joseph. A decisão é de Layla.

Joseph suspirou, recostando-se na poltrona. Ele sabia da determinação de Eleonor. Foi inútil discutir quando ela já havia tomado uma decisão.

— E nós nos opusermos?

— Você sabe que vai acabar concordando comigo. Além disso, qual é o problema? É apenas uma viagem.

— E quando vocês pretendem partir?

— Em dois dias. — Eleanor respondeu prontamente. — Já providenciei um jatinho para que ela não precise passar por nenhum trauma desnecessário durante o trajeto.

Eleonor deixou a sala, satisfeita por ter conseguido avançar com seu plano, mas um peso ainda permanente em seu coração. Ela sabia que explicar essa decisão a Enrico não seria fácil. O jovem estava profundamente ligado a Layla, mesmo que não soubesse como demonstrar isso ultimamente.

Na privacidade de seus aposentos, Eleonor relembrou o quanto uma temporada na Itália havia transformado sua vida após um período difícil. Ela encontrou conforto nas cidades de Lucca e Lecce, lugares que revigoraram sua alma e inspiraram até mesmo os nomes de dois de seus filhos. Agora, ela só poderia esperar que o mesmo efeito transformador acontecesse com Layla.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro