Capítulo 43. Você nunca me amou.
Antes da invasão dos Corallos
Layla foi desperta pela voz suave, mas trêmula, de sua avó sussurrando: — Seja forte, meu amor. Ele vai te salvar.
Mesmo exausta, cada palavra parecia queimar uma pequena fagulha dentro dela. Porém, quando o som metálico das correntes foi solto, todo o resquício de força foi substituído pelo medo. Layla caiu no chão frio e duro, ofegante.
— Olha só, acordou do cochilo. — A voz áspera e debochada ecoou. Ela pediu o olhar, confirmando o homem à sua frente. — O capo acha que vamos te soltar, mas sabe o que eu acho? Acho que deveríamos nos divertir um pouco antes. Não concorda?
Outro homem retirou o capuz que cobria o rosto dela, revelando sua identidade. Layla se envolveu ao reconhecê-lo.
— Agnaldo?
Era o homem com quem sua mãe fora casada, uma figura que representava parte dos pesadelos de sua infância. Ele se mudou, um sorriso cruel estampado no rosto.
— Ah, ela ainda lembra de mim. Você vivia me provocando, sabia? Sempre bancando a inocente.
— Como... como você conseguiu...? — Layla tentou perguntar, mas sua voz mal saiu.
— Tive uma ajuda especial. — Agnaldo respondeu, apontando para um canto escuro da sala. Layla agitou o gesto e seu coração parou ao ver sua mãe, Tereza, surgindo da penumbra.
— Foi ela quem deu a ideia. — Ele continuou, rindo enquanto segurava Layla pelo queixo. — A sua mãe querida nos conto tudo: os pontos cegos, as câmeras, tudo.
— Eu nunca disse para machucá-la! — Converso Tereza, parecendo mais desesperada do que arrependida.
— Cala a boca, vadia! — Um dos homens trouxe uma arma para ela, interrompendo qualquer tentativa de defesa.
Layla encarava a mãe, a dor e a incredulidade estampadas em seu rosto pálido.
— Você nunca me quis... — ela murmurou, a voz fraca e cheia de lágrimas. — Você nunca me amou.
— Filha, por favor... — Tereza começou, mas foi interrompida pela tapa violenta que Agnaldo desferiu em seu rosto.
— Cale-se, sua imunda! — Ele rosnou, voltando sua atenção para Layla. — Vamos lá, pessoal! Vamos aproveitar antes de devolver-la ao capo.
O nojo e o desespero tomaram conta de Layla quando sentiu suas roupas sendo rasgadas. Incapaz de lutar ou mesmo gritar, ela fechou os olhos, entregando-se ao que parecia ser seu destino. O peso de Agnaldo sobre seu corpo era insuportável, mas, antes que ele pudesse ir mais longe, um som ensurdecedor cortou o ar:
Estrondo!
Agnaldo caiu sobre ela, o corpo sem vida, enquanto um filete de sangue escorria pela lateral de sua cabeça. Layla piscou, confusa, tentando entender o que estava acontecendo, mas outro tiro ecoou, seguido de mais um e outro.
O ambiente, que antes era dominado pelo riso cruel dos homens, agora foi tomado pelo som de tiros e gritos abafados. Enrico surgiu no meio da fumaça, como uma força incontrolável, eliminando um a um dos sequestradores com precisão letal.
— Filha da puta! — Ele rugiu, disparando contra o último homem.
Quando o silêncio finalmente caiu sobre o local, Enrico se mudou de Layla. Seus olhos voltaram ao corpo nu e machucado da mulher que ele amou, e algo dentro dele cortes.
Enrico se ajoelhou ao lado de Layla, retirando seu casaco para cobri-la.
— Layla... — murmurou, a voz rouca.
Ela abriu os olhos com dificuldade, as lágrimas escorrendo sem controle.
— Você veio... — sua voz era um sussurro fraco, quase imperceptível. — Obrigada por me salvar...
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Layla perdeu a consciência, seu corpo finalmente cedendo à exaustão.
Enrico abriu contra o peito, dominado por uma raiva crescente. Seu ódio queimou como fogo, consumindo-o, e ele jurou que nunca mais permitiria que alguém a tocasse.
— Layla, estou aqui... Você está salvo agora. — Sua voz tremia, mas ela não respondeu. Seu coração aberto, o medo de perder o esmagamento.
— Não me abandone... — murmurou, segurando-a com mais força, enquanto o caos ao redor começava a se rir.
A cena estava em frangalhos. Enrico olhou para Agnaldo, que ainda se mexia no chão, a vida se esvaindo dele. Ele agarrou o homem pelo pescoço, levantando-o antes de socá-lo com força. O som dos socos ecoou, e ele não parou. Quando finalmente a faca que estava próxima de Agnaldo foi empunhada, Enrico a usou sem pensar, enganando o membro do homem com um golpe feroz.
— Já basta! — trouxe Lucca, puxando Enrico pela mão. — Vamos, cara, é hora de cuidar dela.
Enrico olhou para Layla, desacordada e coberta com seu casaco, suas roupas rasgadas. Ele não hesitou. Pegou-a nos braços e colocou no carro, com pressa.
Ele acelerou, dirigindo sozinho, sentindo o peso da situação sobre seus ombros.
Enquanto isso, Don Corallo e os outros ficaram para trás, lidando com os destroços. José, de pé, deu a ordem:
— Lucca, sigam Enrico. O resto de nós vai cuidar dessa bagunça.
O galpão exalava um cheiro sufocante de óleo queimado, ferrugem e sangue. As paredes manchadas de umidade observaram as testemunhas silenciosas do horror que se passaramra ali. Don Corallo caminhava devagar, o peso do momento refletido em seus ombros tensos. Seu pousou na figura encolhida de Tereza, presa a uma cadeira no centro do galpão. Ela estava abatida, os cabelos desgrenhados e o rosto marcado por lágrimas e culpa.
Ele parou em frente a ela, a incredulidade tingindo sua expressão duradoura.
— Você... — Sua voz falhou por um momento, antes de ele retomar com mais firmeza. — Você não pode ser humano.
Tereza, tomada pelo desespero, caiu de joelhos no chão sujo.
— Senhor, piedade! — implorou, os soluços interromperam suas palavras. — Não era para ser assim! Agnaldo disse que seria algo simples, só passar os cartões e pegar o dinheiro... depois iríamos embora! Ele jurou que nada de ruim aconteceria!
Don Corallo fechou os olhos por um instante, como se precisasse reunir forças para não causar dano. Matteo, parado ao lado dele, deixou escapar uma risada seca e amarga.
— Você é doente. — Sua voz era cortante, carregada de desprezo.
— Eu me arrependo! — Tereza conversando, agarrando a barra da calça de Don Corallo. — Eles mentiram! Tinha outras pessoas envolvidas, gente com ódio de vocês! Ele juntou todos eles, eu não sabia que fariam isso com minha filha!
Don Corallo demorou-se dela com um passo firme, como se o simples toque fosse uma frente. Ele esfregou o rosto com as mãos, tentando processar a extensão da traição.
— Devemos mata-la? — Matteo disse, seco e direto, mas com a raiva fervendo logo abaixo da superfície.
Don Corallo olhou para Tereza, seus olhos marejados de frustração e exaustão.
— Não posso fazer isso com Layla. — Sua voz era pesada, carregada de dor. — Ela já sofreu demais. Levem-na. Prendam-na em algum lugar, um quarto com água e comida. Não quero crueldade, mas garanta que ela nunca mais coloque os pés fora dela.
— Sim, senhor. — Matteo concordou, embora a tensão em sua mandíbula mostrasse que ele discordava.
Enquanto os homens arrastavam Tereza para fora, o silêncio caiu no galpão. Don Corallo aparece parado, olhando para o chão manchado.
— Pai? — Matteo chamou, aproximando-se com cautela.
Don Corallo balançou a cabeça, a voz quebrada quando finalmente falou:
— Nós destruímos ela, Matteo... aquela menina doce. Eu fui egoísta, pensando apenas na nossa família, e olha o que aconteceu.
— Pai, não diga isso. — Matteo colocou a mão no ombro dele, tentando oferecer conforto.
— Eu queria que seu irmão fosse feliz com ela. Que todo o sacrifício que fiz fosse para garantir isso. Mas foi tudo em vão.
— Não foi, pai. — Matteo tentou tranquilizá-lo, embora sua própria voz estivesse embargada. — Eles tinham escolha, pai. Agnaldo, Tereza, todos eles. Não fomos nós. Você tentou fazer o certo por Layla.
— E ela acabou aqui... — Don Corallo olhou em volta, os olhos marejados percorrendo o galpão. — Torturada. Quebrada. Tudo porque...
— Porque a mãe dela é uma mulher sem caráter. — Matteo o interrompeu. — Porque as pessoas são nojentas. Não coloque isso nas nossas costas.
Antes que Don Corallo pudesse responder, um dos homens se mudou.
— Pegamos os documentos e tiramos as fotos, senhor.
Don Corallo consentiu, a decisão firme em sua voz:
— Queimem tudo. Vamos embora.
Matteo converteu o grupo para fora, certificando-se de que todos saíram em segurança. Quando estavam longe o suficiente, Matteo atou fogo ao galpão. O óleo de máquinas espalhado pelo chão acelerou como chamas, que logo consumiram a estrutura velha. A explosão reverberou pelo ar, iluminando a noite com um clarão intenso.
Dentro do carro, Matteo murmurou, quase para si mesmo:
— Como será Layla?
Don Corallo, sentado em silêncio ao lado dele, olhava pela janela, perdido em pensamentos. O peso da culpa e a raiva por tudo o que havia acontecido os acompanharão para sempre.
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