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Capítulo 41. Onde ela está?

Enrico saiu da sala onde estava o terapeuta com passos firmes e o maxilar tenso, os dedos inquietos movendo-se em punhos ao lado do corpo. A paciência, se ainda existia, havia evaporado por completo. Ele atravessou o longo corredor até o escritório do pai, o coração pulsando de orientação a cada passo. Encontrou Don Corallo revisando alguns documentos com a calma de quem parecia alheio à tempestade que se aproximava.

— Don Corallo, isso é insustentável! — Enrico irrompeu na sala, a voz carregada de frustração.

O pai flui o olhar, as sobrancelhas arqueadas em uma mistura de reprovação e expectativa.

— Enrico...

— Não, pai! — Enrico interrompeu, a impaciência transbordando. — Eu sou um homem adulto, e Vitória também é uma mulher adulta. Ela precisa entender que o tempo dela passou! Continuar com isso vai magoar não apenas ela, mas também a Layla.

O silêncio que se seguiu foi denso, pesado. Don Corallo recostou-se na cadeira de couro, medindo as palavras que viriam. Após o que pareceu uma eternidade, respondeu com o tom ponderado de quem sabia o peso de sua influência:

— O que você sugere, então?

Enrico respirou fundo, lutando para organizar o turbilhão de pensamentos.

— Ela precisa de um lugar para recomeçar. Arranje uma casa para ela longe daqui, um ambiente onde possa se tratar de forma adequada. Sua presença aqui, pai, é uma sombra. Isso vai acabar destruindo meu relacionamento... — Ele hesitou por um instante, antes de completar, em um tom mais baixo: — Eu posso perder a Layla.

Don Corallo assentiu lentamente, como quem finalmente se permite concordar.

— Tudo bem, filho. Vamos resolver isso. Vou conversar com Marta; ela já tinha dito aqui que Vitória está incomodando. A menina só faz chorar.

— Obrigado, Don.

— E Layla? Trouxe-a para cá?

— Sim. Vou procurá-la.

Enrico saiu da sala ao lado do pai, os olhos vasculhando cada canto da casa à procura de Layla. Ao chegar à sala de estar, ele avistou Lucca, relaxado no sofá, o olhar fixo na tela de seu celular enquanto jogava algo que envolvia explosões e tiros.

— Viu e Layla? — Enrico disse, sua voz de urgência.

Antes que Lucca pudesse responder, uma voz fina e compartilhada de sarcasmo veio de trás dele:

— Aquela moça magrinha que estava no café da manhã? — Vitória mudou-se em sua cadeira de rodas, um sorriso malicioso nos lábios. — Ela estava no jardim com Lecce. Vi os dois se beijando. Voltei para dentro porque, bem, não quis interromper o clima .

Enrico virou-se para ela, o rosto suportando instantaneamente.

— O quê?

Ele saiu para o jardim como um raio. Ao cruzar a porta de vidro, avistou Lecce próximo a uma mesa, distraído. Sem pensar, agarrou-o pelo colarinho com força suficiente para sacudi-lo.

— Cadê a Layla? Você está a beijando?

Lecce arregalou os olhos, empurrando Enrico para longe com firmeza.

— O quê? Ficou maluco? Solta! Eu não fiz nada disso!

Vitória, como uma sombra sinistra, mudou-se novamente, um olhar de falsa inocência em seu rosto.

— Mas foi o que você me disse, Lecce... Não era ela quem estava noiva?

— Vitória, volte para sua cadeira de rodas e pare de ser ridícula! — Lecce retrucou, os nervos à flor da pele.

— Onde está Layla? — Enrico gritou fazendo sua voz ecoar pelo jardim

Lecce balançou a cabeça, irritado.

— Ela foi atrás da Bola de Neve, faz um tempo. Não a vi depois disso.

Enrico estreitou os olhos, apontando um dedo acusador para Lecce.

— Se você estiver pensando...

— Não estou pensando nada, pergunta pra cadeirante aí. Ela foi quem falou com Layla.

Enrico bufou, afastando-se enquanto Lucca e Vitória discutiam em voz alta, os argumentos se misturavam ao zumbido irritante em sua mente. Marta logo apareceu para tomar o lado de Vitória, o que apenas alimentou a tensão no ambiente. Mas Enrico não tinha tempo para aquilo. Ele precisava afastar a frustração crescente e focar no que importava.

Sem perder mais tempo, começou a procurar Layla pela casa, chamando seu nome com urgência. Sua voz ecoava pelos corredores luxuosos, mas a resposta que retornava era apenas o silêncio opressor. Revistou cada cômodo, cada canto, e o vazio que encontrou foi como um peso esmagador sobre seu peito. Após vinte minutos de busca frenética, ele voltou ao ponto de partida, o rosto marcado por uma expressão de pura ansiedade.

— Lucca, uma Layla sumiu. — A voz de Enrico saiu tensa, quase um sussurro, mas conectado de seriedade. — Me ajude a procurá-la.

Lucca largou o telefone, finalmente prestando atenção.

— Liga para o Matteo. Ele foi embora um pouco. Talvez tenha deixado ela em casa.

Enrico hesitou por um momento, uma sugestão parecendo absurda. Layla o teria deixado para trás? A ideia o irritava, mas não tanto quanto o olhar zombeteiro de Vitória, que ainda parecia se divertir com a confusão. Ele pegou o celular e discou para Matteo, os dedos trêmulos de raiva e preocupação.

Após alguns toques, a voz descontraída de Matteo atendeu.

— Fala aí, Rei do Cabaré!

— Matteo, onde está Layla? — Enrico foi direto, sua voz de urgência.

— Como eu vou saber? — Matteo respondeu, agora mais atento.

— Ela não foi com você?

— Não, Enrico. O que está acontecendo?

— Não consigo encontrar-la. — Enrico desligou sem esperar resposta, a ansiedade mudando-se em algo mais sombrio. O que estava acontecendo? Layla teria ido embora sozinha?

Lucca já estava em movimento, mobilizando mais homens para ajudar na busca. As seguranças na entrada negaram ter visto Layla sair. A propriedade era imensa, e rapidamente quatro homens foram designados para vasculhar os arredores, enquanto outros seguiam o caminho até a casa dela, a quilômetros dali.

A noite já havia caído, a escuridão tornando tudo mais sinistro. Passava das 20h, e Enrico, com o coração batendo descompassado, percorreu a propriedade novamente, desta vez com lanternas em mãos. Ele rezava silenciosamente para encontrá-la em algum lugar próximo, talvez perdido ou simplesmente querendo um tempo sozinho. A ideia de Layla estar no meio da floresta densa que circundava a casa o aterrorizava.

O tempo parecia congelar, cada segundo arrastando-se com uma lentidão agonizante. Após horas de busca infrutífera, um grito curto a noite.

— Senhor! — Um dos seguranças chamados, a voz de urgência.

Enrico correu em direção à origem do som, o coração disparado.

— O que houve? — Ele falou, quase sem fôlego, o desespero evidente em seu tom.

O segurança hesitou, como se buscasse as palavras certas.

— Descobri algo... estranho. Cerca de nossos fundos da propriedade foram cortados. Achamos que algum fotógrafo invadia há dias, por causa dos ipês. Não parecia nada sério, então ignoramos...

— Fale logo! — Enrico explodiu, a tensão tornando sua voz cortante.

O homem respirou fundo antes de continuar:

— Não há sinal da senhorita Layla, mas encontramos o gato dela... morto.

— O quê? — Enrico mal conseguiu processar a informação. — Como assim?

— Venha comigo.

O coração de Enrico batia como um tambor descompassado enquanto seguia a segurança pelos fundos da propriedade. Cada passo parecia carregar o peso de sua ansiedade crescente, o ar ao redor sufocante como se o mundo conspirasse para esmagá-lo. Quando finalmente chegou ao local, parou bruscamente.

Lucca estava de pé, imóvel, o rosto sombrio enquanto encarava algo no chão. O silêncio que envolvia a cena era tão pesado quanto a escuridão ao redor. Enrico mudou-se com passos vacilantes, temendo o que estava por vir. Ao se abaixar, senti o estômago revirar ao sério o pequeno corpo inerte de Bola de Neve, a gata preta que Layla tanto adorava.

Ela caiu no chão, o pelo macio agora opaco e sem vida. Os olhos, que antes brilhavam com curiosidade, estavam fechados. Uma pequena criatura havia sido envenenada.

Enrico ajoelhou-se ao lado do animal, sua respiração entrecortada enquanto a angústia o consumia. Sua mente corria em círculos, tentando desesperadamente compreender o que estava acontecendo.

— Isso não é coincidência... — murmurou, mais para si mesmo do que para os outros, a voz embargada.

Aquela visão não era apenas uma tragédia; era um aviso cruel. Layla não estava simplesmente desaparecida. Ela havia sido levada, e quem quer que tivesse feito isso queria deixar uma mensagem clara e aterrorizante.

O que antes era pura preocupação transformou-se em uma raiva avassaladora. Enrico clamou-se de um salto, a determinação queimando em seus olhos.

— Continuem as buscas! — tentei, a voz dura e cheia de fúria. — Não pare até encontrar-la!

Uma das seguranças se mudou com um relatório sombrio.

— Senhor, o portão está a poucos metros daqui. Achamos que a senhorita Layla foi abordada enquanto voltava para a mansão. Este local fica muito próximo da rodovia...

— Como isso aconteceu? — Enrico disse, incrédulo, uma raiva crescendo.

Antes que você pudesse fornecer mais informações, Lecce, seu irmão, surgiu com o rosto pálido, hesitante.

— Enrico... — começou, mas sua voz falhou.

— Fale logo! — Enrico esbravejou.

— Eu vi quando Layla veio para cá — confessou Lecce. — Ela estava atrás da Bola de Neve, mas... eu não fui atrás dela.

— Porquê? — Lucca perguntou, encarando o irmão gêmeo.

— Porque ela estava muito chateada com... o que Vitória disse.

— O que Vitória disse? — Enrico questionou, os olhos cravados no irmão.

— Eu falei... que ela era minha noiva.

O sangue de Enrico ferveu. Sua mão formigava com vontade de socar Lecce, mas ele respirava fundo, tentando manter o controle.

— Vamos ver as câmeras. — Sua voz era como uma lâmina fria. — E é bom que ela esteja bem.

Caminhou com passos pesados ​​de volta para a mansão, cada passo ecoando sua fúria. Ao entrar na sala de estar, encontrou Don Corallo, Eleonor, Marta e Vitória reunidos, as expressões tensas.

— Pai, preciso de todas as gravações das câmeras. Agora! — antiguidade, sem preâmbulos.

— Já está compilando as imagens, filho. — Don Corallo respondeu, preocupado. — Alguma notícia?

—Nada. — Enrico lançou um olhar refinado para Vitória. — Mas encontramos Bola de Neve...morta.

A sala ficou em silêncio mortal, até que Enrico explodiu:

— Se qualquer coisa, QUALQUER COISA, acontecer com ela — se um fio de cabelo de Layla estiver fora do lugar — eu juro que vou por fogo em todos vocês!

— Enrico! — Eleonor tentou repreendê-lo, mas ele a ignorou.

— Você! — Enrico enviou para Vitória, os olhos cheios de desprezo. — Você ajudou a afastá-la. Sempre rejeitou Layla, fez questão de mostrar que ela não era bem-vinda. Ela é o amor da minha vida, a mulher que eu amo! E, se algo acontecer com ela, eu nunca vou perdoá-la. Nem a você, nem a ninguém!

O Vitória começou a chorar, tentando o zagueiro.

— Enrico, eu...

— Pode parar com o show! — Ele cortou, a voz fria. — Suas lágrimas não me comovem. Você sempre foi horrível, sempre quis que eu tirasse nosso pai do comando para assumir. Você é gananciosa e falsa.

Ele deu um passo à frente, a tensão não é quase palpável.

— Se Layla não aparecer, todos vocês vão pagar.

A sala parecia congelada no tempo, cada pessoa imersa no peso da tensão que pendia no ar. Enrico, com o telefone ainda em mãos, olhou para o nome de Layla na tela. Por um instante, seu coração acelerou com a esperança de ouvi-la novamente, de saber que ela estava bem.

Amore mio, onde você está? — disse, a voz quase implorando, carregado de desespero.

Mas, em vez da doce voz de Layla, uma gargalhada sombria ecoou do outro lado da linha, arrepiando cada fibra de seu ser.

— Que ridículo você é, capô — zumbiu uma voz distorcida, grave e metálica, como se pertencesse a um vilão de pesadelos.

Enrico sentiu a raiva começar a borbulhar sob sua pele.

— O que você fez? Quem é você? — Sua voz tornou-se um rugido.

— Ah, nós pegamos sua namoradinha enquanto você estava ocupado com... outra coisa.

As palavras atingiram Enrico como uma lâmina, mas antes que pudesse retrucar, o sequestrador contínuo:

— Vamos enviar um vídeo para você. Seja cuidadoso, capô. Qualquer passo em falso e você nunca mais verá sua preciosidade.

A ligação foi encerrada abruptamente, deixando Enrico imóvel, o celular ainda pressionado contra o ouvido. Um instante depois, o dispositivo vibrou em sua mão. Uma notificação de vídeo apareceu na tela.

Com dedos trêmulos, ele abriu o arquivo. As imagens que surgiram eram do coração: Layla estava deitada em um colchão sujo, provavelmente dentro de uma van velha. Suas mãos estavam amarradas, a cabeça caída para o lado. O rosto claro e o imóvel faziam parecer que ela estava inconsciente, ou pior.

— Em breve, vamos dizer o que fazer, capô . — A voz cruel ecoou no vídeo, encerrando com uma tela preta.

Enrico encarou a escuridão do vídeo como se pudesse encontrar respostas ali, mas tudo que encontrou foi um vazio esmagador.

— Layla foi sequestrada. — A voz de Lucca reduziu o silêncio, como se fosse essa forma ao pesadelo que Enrico não queria acreditar ser real.

A palavra sequestrada ecoou em sua mente como um tambor, despertando algo primitivo e incontrolável. Enrico soltou um grito gutural, um som cru, como o de um animal ferido, reverberando pelas paredes da sala. Em um movimento brusco, agarrou a mesa de centro e a arremessou contra a parede. O impacto ecoou com o estilhaçar do vidro e da madeira, fragmentos espalhando-se por todo lado.

— Enrico! — Lucca tentou segurar os braços, mas ele se debateu como um tour enlouquecido.

— Me solte! — rugiu, seus olhos cheios de lágrimas e fúria. Ele se virou abruptamente, acertando Lucca com uma cabeçada que fez o nariz do irmão sangrar.

— Pará, Enrico! — significativa Eleonor, a voz dela quebrada pelo desespero.

Mas ele não ouvia ninguém. Seu mundo era um redemoinho de raiva e impotência. Lucca finalmente conseguiu arrastá-lo para um cômodo fechado, onde Enrico continuou a destruir tudo o que encontrava. Prateleiras, vasos, cadeiras — nada escapou à sua ira.

Quando não havia mais nada a destruir, ele desabou no chão, os ombros tremendos enquanto soluçava em meio aos destroços.

Lucca se ajoelhou diante dele, segurando-o pelos ombros.

— Mano, olha pra mim. Vamos trazê-la de volta. Vamos encontrar esses infelizes e acabar com todos eles. Mas precisamos manter o foco, tá me ouvindo?

Enrico, ainda tremendo, pronunciou o rosto molhado de lágrimas.

— Eles levaram ela, Lucca. Levaram minha Layla...

— Sim, levaram. Mas vamos trazê-la de volta, segura e salva. Eu prometo.

As lágrimas voltaram com força, e Enrico cedeu à dor, o peso do desespero esmagando-o. No entanto, enquanto a noite avançava, cada tentativa de rastrear a van ou o celular de Layla terminava em frustração. A van foi encontrada abandonada, sem faixas úteis, e o celular estava desligado.

O vazio cresceu com cada segundo perdido. Enrico sabia que Layla estava lá fora, em algum lugar, sofrendo ou sofrendo. E a incerteza era uma tortura que queimava sua alma. Enquanto a madrugada avançava, sua determinação perdurava. Ele faria o impossível para encontrá-la. Mesmo que tivesse que virar o mundo de cabeça para baixo, ele a traria de volta.

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