Capítulo 19. Reunião
Mega capítulo, fiz uma sequência de capítulos pois não sei quando postarei novamente.
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O clima no quarto era tenso enquanto Eleonor ajustava os últimos detalhes de seu vestido diante do espelho. Ela trocou um olhar firme com Joseph, o Don Corallo, que ajustava os punhos de sua camisa com a calma de quem está no controle absoluto.
— Estou fazendo isso por sua causa, Joseph — disse Eleonor, sua voz especializada. — E quero algo em troca.
Joseph riu baixo, aproximando-se dela com passos firmes. Ele segurou o rosto de Eleonor com delicadeza e depositou um beijo em sua bochecha.
— Tudo o que deseja, minha esposa — murmurou, o tom sereno contrastando com o humor azedo dela. — Espero que aproveite a noite.
— Aproveitar? Estou saindo com as esposas de seus sócios, uma reunião entediante que detesto.
— Eu sei — ele respondeu, calmamente. — Mas você é linda. E prometo que, quando Enrico se casar e assumir os negócios, você não precisará mais fazer esse tipo de sacrifício.
— Então, você vai mesmo levar Layla com você? — perguntou Eleonor, com um misto de incredulidade e reprovação.
Joseph virou-se para pegar seu paletó, mantendo uma postura tranquila enquanto conversava.
— Sim, preciso ver se ela vai aceitar a vida que Enrico leva. Se não aceitar, não sirva para o casamento.
Eleonor o encarou, a expressão fria agora substituiu por uma faísca de indignação.
— Isso é um teste?
— Sim, é um teste.
— Meu Deus, Joseph — ela exclamou, jogando as mãos para o alto. — Achei que gostasse da menina.
— Eu gosto dela — admiti ele, ajustando o gravata. — Mas Layla precisa entender a realidade. Enrico não é um homem simples, e a vida ao lado dele é cheia de desafios. Não quero que ela se assuma depois.
— Ótimo — retrucou Eleonor, o sarcasmo pingando de suas palavras. Ela cruzou os braços, claramente insatisfeita. — Primeiro, leve a jovem para um lugar onde saiba que a presença feminina será...confortável, é ultrajante. Mas isso com a intenção de testar se ela está preparada para lidar com o submundo? Francamente, Joseph, você está ultrapassando os limites.
Joseph não respondeu imediatamente. Em vez disso, olhou para Eleonor com a paciência de quem acredita firmemente em seus planos.
— Layla é forte. Se ela for uma mulher certa para Enrico, vai provar isso.
Eleonor balançou a cabeça, visivelmente frustrada. Ela pegou sua bolsa e eventualmente-se à porta.
— Você está jogando com algo que não deveria, Joseph. Espero que saiba o que está fazendo.
Sem esperar resposta, saiu do quarto com passos firmes, o som de seus saltos ecoando pelo corredor.
No hall de entrada, Joseph aguardava Layla.
Layla estava parada diante do espelho, observando seu reflexo com uma mistura de curiosidade e apreensão. O vestido vermelho de seda, que ela recebeu de Don Corallo, era uma peça deslumbrante. A seda suave acariciava sua pele, e a fenda alta na lateral deixava suas pernas expostas de maneira ousada e sedutora. O tecido fluía como água, contornando suas curvas de uma maneira que ela nunca imaginou ser possível.
Ela tocou levemente a bochecha, tentando dar um pouco mais de cor ao rosto. O rubor que a cirurgia, porém, não vem de um desejo genuíno, mas de um esforço para esconder a insegurança que sentia por dentro. Mordeu os lábios inferiores, como se isso pudesse disfarçar o turbilhão de emoções que estava se formando dentro dela. O vestido a fazia parecer... diferente, poderoso até, mas também estranhamente vulnerável. Seus cabelos, soltos e ondulados, caíram suavemente sobre suas costas, cobrindo a pele exposta e acentuando ainda mais a sensualidade do momento.
Respirando fundo, Layla se virou e desceu as escadas com passos cuidadosos, tentando manter a compostura. Cada degrau parecia uma eternidade, e o som de seus saltos ecoava pelo corredor silencioso, marcando sua presença. Quando finalmente chegou ao final, Don Corallo estava ali, esperando por ela, com a expressão de alguém que sabia exatamente o que queria e como obtê-lo.
Seus olhos estavam fixos nela, avaliando-a de cima a baixo com uma intensidade que fez Layla se sentir ao mesmo tempo nervosa e intrigada. O brilho nos olhos de Don Corallo não era de surpresa ou admiração, mas de aprovação, como se ele tivesse orquestrado aquele momento desde o começo.
— Você está deslumbrante, Layla — ele disse, a voz grave e suave, como se cada palavra fosse uma concessão.
Layla hesitou por um instante, sentindo o peso do olhar sobre ela. Ela não sabia exatamente o que esperava dela, mas sabia que não poderia falhar. Ela expressou o queixo, tentando disfarçar a ansiedade, e respondeu com um sorriso controlado.
— Obrigada, senhor. — A voz dela é tão firme do que ela se sentiu, mas, em algum nível, sentiu-se estranhamente confortável naquelas roupas que a pareciam uma versão mais audaciosa de si mesma.
Don Corallo deu um passo à frente, seus olhos ainda fixos nela. Ele estendeu a mão, e ela a tomou, seus dedos roçando levemente os dele.
— Vamos, então — ele disse, uma palavra relacionada a um significado que Layla não soube interpretar, mas que sentiu no fundo de sua alma.
A viagem até o local do evento foi tranquila, mas Layla não conseguiu evitar a sensação de desconforto provocada pelo vestido vermelho revelador que vestia. A seda suave do tecido, com sua fenda alta e provocante, era um contraste com sua timidez natural. Ela não estava acostumada a ser o centro das atenções, e o vestido parecia gritar por olhares.
Quando o carro parou na entrada privada, Layla respirou fundo, tentando se preparar para o que estava por vir. Havia uma entrada exclusiva para convidados especiais, longe dos olhos do público. Don Corallo abriu a porta e estendeu a mão para ela, um gesto de cavalheirismo que, de alguma forma, fez se sentir um pouco mais seguro. Juntos, entrelaçados, os braços entrelaçados. A presença dele ao seu lado parecia uma âncora, mas ainda assim ela sentia os olhares pesados que seguiam seus passos.
Lucca, os avistou à distância. Ele se mudou com um sorriso discreto, mas bem intencional.
— Boa noite, Don Corallo. Layla — cumpriu, tentando encontrar as palavras certas. — Você está aqui...
— Layla é minha convidada. Onde está a sala? — Don Corallo interrompeu, com sua postura autoritária, e Lucca acenou com a cabeça, levando-os até a entrada principal do evento.
O local estava cheio de luxo e sofisticação, e Layla se sentia ainda mais deslocada. O "jogo milionário", como era conhecido, era um evento fechado onde grandes nomes do submundo e da elite se reuniam para apostas arriscadas, mas enormes com recompensas. Um jogo de poder, onde não se tratava apenas de dinheiro, mas também de influência. Políticos, empresários, membros da milícia e até figuras da justiça eram figuras comuns. Esse jogo não era apenas um passatempo; ele poderia mudar destinos, afetar negócios, e às vezes até reconfigurar alianças.
Don Corallo se chegou até a cabeceira da sala, como sempre fazia, e Layla ficou em pé ao seu lado, um pouco ansiosamente, tentando não se deixar vencer pela situação. Ela sentia uma pressão crescente em seus ombros, mas mantinha-se em silêncio.
— Está nervoso? — Ele disse, sua voz baixa, mas perspicaz.
— Estou preocupado, não nervoso. — Layla respondeu, tentando esconder a tensão em suas palavras. Não se tratava de ficar assustado, mas sim da responsabilidade implícita em estar ali, no centro de um evento tão importante.
Logo, um dos parceiros mais antigos de Don Corallo, Paulo, chegou. Ele entrou na sala com um sorriso largo, que não escondia a satisfação de fazer parte do jogo.
— Paulo, que bom que você pôde vir — Don Corallo cumpriu-o cordialmente, apertando sua mão com firmeza.
— Não recusaria um convite seu — respondeu Paulo, com um sorriso afável. Ele olhou para Layla, avaliando-a discretamente. — Essa moça quem é? Sua secretária?
O termo "secretária" era usado como uma forma discreta de referir-se a amantes ou acompanhantes. Layla sentiu a tensão aumentar no ar. Era uma pergunta que não deixava muito espaço para respostas claras.
— Noiva do meu filho Enrico. — Don Corallo respondeu com um tom de voz firme, mas também levemente orgulhoso.
— Olha que rapaz de bom gosto — Paulo disse, pegando a mão de Layla e beijando-a suavemente, com um gesto elegante, mas ainda assim possessivo. — Um prazer te conhecer, querida.
Layla, sem saber muito o que dizer ou fazer, acenou com a cabeça e ofereceu timidamente. O gesto de Paulo a deixou desconfortável, mas ela sabia que estava ali para representar Don Corallo e seu papel em sua família. Outros convidados a chegar, todos com um ar de poder e importância. Ali eram, entre eles, chefes de milícia, políticos influentes e membros do judiciário. O ambiente exalava tensão e intriga, e Layla se sentia como uma peça no tabuleiro de um jogo onde ela mal compreendia as regras.
O espaço era dividido em várias mesas, algumas mais discretas para aqueles que não tinham a influência ou os recursos para se prepararem com as figuras mais poderosas. As apostas eram mais do que moedas; estavam no jogo os destinos, o poder e as alianças. Layla sentiu-se deslocada, observando, com um misto de fascinação e apreensão, o movimento daquelas figuras imponentes que se sentavam e trocavam palavras sussurradas.
Don Corallo, sempre tranquilo e focado, parecia imerso no que acontecia à sua volta, mas Layla sabia que ele estava atento a cada movimento. Ele estava ali para observar, para manter a sua posição, e para garantir que os negócios continuassem em ascensão. Para ele, aquele evento era apenas mais uma oportunidade de afirmar seu poder, de consolidar sua rede de influências e de colocar seu plano em movimento.
E Layla, naquele momento, sentiu o peso do que estava sendo colocado sobre seus ombros. Não era apenas uma noite qualquer. Ela estava ali para algo muito maior, um teste silencioso, talvez até mais do que ela pudesse compreender.
Enrico adentrou a sala com passos firmes, mas sua confiança vacilou assim que seus olhos se encontraram com Layla. A visão dela, em um vestido vermelho de seda, era mais do que ele poderia imaginar. Seus olhos, levemente dilatados de surpresa e fascínio, fixaram-se nela, incapazes de desviar. Não era possível, ele pensou. Lucca não estava brincando, ela realmente estava ali, diante dele, a mais bela mulher que ele já tinha visto. Era como um sonho, mas ao mesmo tempo, uma realidade implacável e desafiadora.
A sensação de sorte o rondava, mas também um certo desconforto. Como ela poderia estar ali, neste lugar? Ele se mudou, sentindo o coração disparar. A visão de Layla, com seu vestido sensual e presença sua encantadora, o fez esquecer por um momento de onde estava e o que acontecia ao seu redor. Apesar de seu pai ter sido trazido, e disso não ser o ideal, ele não conseguiu afastar o fascínio. Ela era, sem dúvida, sua, mas a pressão do momento o fazia questionar como ela se encaixaria nesse mundo.
— Don Corallo, trouxe ela sem me avisar? — Enrico disse, sua voz misturando surpresas com uma pontada de reprovação, mas também de admiração.
— Eu pedi — respondeu Layla calmamente, com um olhar firme, mas suave.
Enrico não conseguiu resistir. Aproximou-se ainda mais dela, sentindo o calor do seu corpo, e beijou suavemente sua bochecha. A proximidade com ela, naquele ambiente carregado de promiscuidade e poder, fez seu peito apertar. Mas, ao mesmo tempo, a sensação de posse, de querer proteger a inocência dela, também cresceu dentro dele.
— Você está linda, meu amor — murmurou, ainda absorvendo a imagem dela, como se fosse algo inatingível. — Mas sabe que não acho que seja um lugar pra você. — Ele falou, seus olhos fixos nela, tentando transmitir uma advertência sem palavras, embora soubesse que suas palavras eram frágeis diante da situação.
Antes que Layla pudesse responder, um juiz conhecido e sempre presente nas notícias se mudou, interrompendo o momento com uma risada baixa e um sorriso profissional.
— Você tem uma bela noiva, Enrico.
Enrico, recuperando a compostura, fez um aceno de cabeça com um sorriso imposto.
— Obrigado, senhor. — Sua voz não escondia o desconforto, mas ele tentava manter as aparências.
A tensão na sala aumentou, e Layla, como se o destino estivesse a desafiando, várias mulheres entraram, todas se aproximando dos homens presentes para distraí-los e manter a atmosfera descontraída. Era um jogo de aparências, um desfile disfarçado de entretenimento, mas Layla não podia deixar de se sentir fora de lugar, mesmo com a presença de Enrico ao seu lado.
Enrico, sentindo a necessidade de se afastar do caos crescente e também de estar com Layla, a abandonar pela mão com uma firmeza discreta.
— Vem, vou jogar em outra mesa, e você me dá sorte — disse, os olhos fixos nela, tentando disfarçar o turbilhão de sentimentos conflitantes que ele sentiu.
Eles se dirigiram para uma mesa mais afastada, onde Matteo, o irmão de Enrico, e outros colegas de serviço estavam sentados, além de alguns homens aleatórios que Enrico não conhecia muito bem. O ambiente era ainda mais tenso ali, mas Enrico sentou-se com uma postura dominante e, para a surpresa de Layla, relaxou-a suavemente para se sentar em seu colo. A ação foi discreta, mas os olhos atentos de alguns ao redor não passaram desapercebidos.
— Mais tarde vamos falar sobre a sua arte — ele sussurrou no ouvido de Layla, sua voz quase como uma ameaça velada. Ele odiava ver a doce e inocente garota que ele amava no meio daquela promiscuidade. Ela era sua, e ele sabia que aquele mundo poderia destruí-la se não fosse cuidadoso. A sensação de possessão era quase dolorosa. Ele queria protegê-la, afastá-la de tudo aquilo, mas estava preso a esse destino que ele próprio ajudou a criar.
Layla, em silêncio, sentiu o peso de suas palavras. Ela sabia que ele se preocupava, mas também sabia que ela estava ali por uma razão — não por escolha, mas por lealdade e, talvez, por uma curiosidade perturbadora sobre o que realmente acontecia naquele mundo. O olhar de Enrico era cheio de intensidade, e Layla se questionava o quanto ele realmente via como uma mulher inocente que ele acreditava que fosse.
— Não vai apresentar? — Matteo disse em tom brincalhão, sua voz cortando o ambiente enquanto ele observava Enrico e Layla. Seus olhos se fixaram nela com um sorriso astuto e divertido.
Enrico olhou para o irmão com uma expressão que misturava advertência e impaciência.
— Matteo, essa é a Layla — Enrico disse, tentando dar uma explicação rápida, mas Matteo não perdeu tempo em fazer mais uma observação. Ele sempre gostou de fazer tudo parecer mais leve, mesmo em momentos tensos.
— Layla, você tem um belo par de coxas — Matteo soltou a frase com um sorriso largo e um olhar brincalhão, como se fosse apenas um comentário casual.
Layla, embora desconcertada, não sabia exatamente como reagir, e Enrico imediatamente se inclinou para frente, sua voz ameaçadora como sempre que defendia alguém de Matteo.
— Eu juro, Matteo, — ele rosnou, a tensão na sua voz evidente.
— Desculpa, desculpa — Matteo falou as mãos em um gesto exagerado de rendição, mas a gargalhada que não disfarçou seu caráter irreverente. Ele tomou um gole de sua bebida com uma expressão satisfeita, não se intimidando nem um pouco pela repreensão do irmão. A noite continuava a se desenrolar, e Matteo sabia como manter o ambiente descontraído, mesmo em meio à tensão que Enrico parecia carregar constantemente.
À medida que a noite avançava, o ambiente se tornava cada vez mais denso e pesado. A fumaça do cigarro se espalhava pela sala, criando uma névoa espessa que se misturava com o cheiro de álcool e substâncias ilícitas. As mulheres estavam agora sentadas nos colos dos cavalheiros, beijando-os de maneira sensual e desinibida. O jogo seguiu em um ritmo rápido, mas as conversas e os gestos entre os participantes se tornaram mais íntimos, enquanto a atmosfera carregava uma energia erótica e perigosa.
Matteo, que parecia estar mais à vontade do que nunca nesse ambiente, voltou sua atenção para Layla, os olhos brilhando de curiosidade e malícia.
— Então, Layla — ele disse, seu tom agora mais suave, mas com a mesma diversão. — Eu vi que você deixou os irmãos Corallo doidos.
Layla, visivelmente desconfortável com a maneira como o jogo estava se desenrolando, olhou rapidamente para Enrico, que a protegia com um olhar sombrio. Ela não sabia o que Matteo queria com aquele comentário, mas não se sentiu à vontade para responder.
— Matteo, deixa ela quieta — Enrico falou em um tom mais baixo, mas com uma autoridade clara, interrompendo uma conversa.
Matteo deu de ombros, mas seu sorriso se manteve, como se não fosse possível detê-lo. Ele gostava de provocar, principalmente quando a situação parecia tensa demais para os outros.
— Em breve você será parte da família, Layla — disse ele, com um sorriso de lado. — Precisa aprender as coisas. O que você acha, Enrico? Já está ensinando a moça como as coisas funcionam?
Layla sente um desconforto crescente com as palavras de Matteo. Ela havia aprendido mais do que esperava naquela noite, e o peso da experiência a fez querer se guardar de tudo aquilo.
— Acho que hoje aprendi muita coisa — respondeu, tentando manter a calma, mas sua voz trava a tensão que se apoderava dela. O cheiro da fumaça, o barulho, as risadas tensas, tudo isso a incomodava profundamente.
Enrico percebeu que ela estava visivelmente desconfortável. Seu olhar se suavizou por um momento, mas a pressão de sua responsabilidade naquele ambiente não o deixou tranquilo. Ele sabia que Layla não pertencia ao mundo, e seu coração se abria a cada olhar que ela dava ao redor, tentando encontrar algo familiar no meio daquela escuridão.
Ele tentou amenizar a situação, mas suas palavras tinham o peso do que representava para ele.
— E vai ter que ficar até o final, pois eu sou o último a sair — Enrico explicou, sua voz com um tom de firmeza que ele usava para garantir que Layla não tivesse escolha, mas também para mostrar que ele estava ali para permanecer- la.
Layla concordou, mas não se sentiu mais à vontade. Ela observava tudo ao seu redor com cautela, sentindo-se cada vez mais deslocada. Enrico, vendo seu desconforto, não podia deixá-la sozinha naquele ambiente e, sem esperar mais, se clamou na mesa. Ele sabia que precisava lidar com a situação antes que algo acontecesse. Caminhou até o bar, onde um grupo de pessoas estava conversando, e pediu uma bebida com um gesto quase automático, tentando se afastar por alguns momentos de tudo o que estava acontecendo.
Mas a pressão e o caos estavam por toda parte, e ele sabia que, por mais que tentasse aliviar a tensão, a noite ainda estava longe de terminar.
— Quer beber uma água? — Enrico falou gentilmente, sua voz abafada pela música e o murmúrio da conversa que ecoava ao redor. Ele notou que Layla estava desconfortável, suas mãos apertando nervosamente o copo de cristal vazio, e ele queria fazer algo para aliviar o peso da situação.
— Esse lugar não é o mesmo que eu entrei... — Layla comentou, olhando ao redor com um olhar mais atento, como se estivesse tentando absorver cada detalhe que a cercava. O ar pesado, o brilho das luzes, e a fumaça que se acumulava, criavam uma atmosfera densa e desconcertante.
— Não é, minha linda — respondeu Enrico, com um sorriso solicitado, tentando amenizar o desconforto de Layla. Ele pegou uma garrafa de água de um balde de gelo próximo, abriu e entregou para ela diretamente, como se fosse um gesto simples, mas que queria mostrar um certo cuidado. — É uma parte dos fundos que a gente usa em benefícios importantes. Não é pra todo mundo.
Layla olhou para ele, seu olhar sincero e preocupado.
— O que está acontecendo aqui? — Sua voz tremia um pouco, mas ela tentou se manter calma, tentando entender o que estava acontecendo em um lugar tão sombrio.
Enrico deu um suspiro profundo, desviando o olhar por um momento antes de encarar Layla novamente. Ele estava se preparando para dar uma explicação, mas sabia que seria difícil.
— Uma pequena reunião — ele começou, seus olhos se suavizaram um pouco, mas a tensão ainda visível em seu corpo. — Eu preciso expandir meus negócios.
Layla, visivelmente tensa com a situação, não parecia convencida. Ela sabia que algo não estava certo, o ambiente ao redor estava carregado de algo mais, e ela não conseguia ignorar a sensação de que havia algo perigoso prestes a acontecer.
— Precisa disso? — ela disse, a sinceridade na pergunta cortante. O desconforto era evidente em seu rosto, mas ela queria entender o que realmente estava acontecendo.
— Todo apoio é útil, sempre — Enrico respondeu, um pouco evasivo, bebendo um gole de sua bebida com um gesto automático. Ele parecia perder um pouco da paciência enquanto tentava encontrar uma maneira de explicar sem mostrar tudo o que estava acontecendo. — Eu prefiro que não veja essa parte, Layla.
Ela o olhou diretamente, a curiosidade e a preocupação transparecendo em seus olhos. Ela sabia que ele estava tentando fortalecê-la, mas a tensão não podia ser ignorada.
— Fala do sexo e das drogas, ou dos juízes e políticos? — Uma pergunta saiu de seus lábios de forma mais cortante do que ela pretendia, mas Layla estava cansada de se esconder da realidade que a cercava. Ela já tinha ouvido o suficiente sobre o que acontecia por trás de portas fechadas, e agora não queria mais fingir que não via.
Enrico suspirou profundamente, o peso de sua responsabilidade transparecendo em seu rosto. Ele se mudou de Layla, seus olhos suavizando ao vê-la ali, tão puro e inocente em meio a tudo aquilo. Ele tocou gentilmente seu braço, um gesto que pretendia ser reconfortante, mas que também carregava uma dose de possessividade.
— Você é uma parte linda, inocente e doce da minha vida, e eu não quero perder isso — ele inspirou, a voz carregada de um certo pesar. — Apesar de achar seu vestido exageradamente provocante.
Layla engoliu em seco, seus olhos fixos nele. Mas antes que ela pudesse responder, um homem se mudou de Enrico. Ele era alguém que Enrico conhecia bem, alguém que fazia parte da mesma rede de negócios sujos, mas, ao contrário de Enrico, não parecia se importar com as linhas invisíveis que ele tentava manter entre seus próprios interesses e os dos outros.
— Bela festa — Victor disse com um sorriso largo, cumprimentando Enrico com um aperto de mão. Sua expressão era amigável, mas o brilho em seus olhos indicava que ele estava atento a todos os detalhes. — E devo dar parabéns pela bela dama ao seu lado.
Enrico se colocou imediatamente entre Layla e Victor, como se estivesse criando uma barreira protetora, sem demonstrar nenhum tipo de afeto por parte do homem. Ele não queria que Layla fosse exposta a esse tipo de observação.
— Obrigado — Enrico respondeu, sua voz calma, mas com uma leve tensão subjacente. Ele não queria mais conversas sobre sua relação com Layla ali, não naquele ambiente.
Victor conseguiu de forma intrigante, observando os dois com uma curiosidade quase infantil.
— Então, sua intenção é aumentar os negócios, como seu pai explicou? — Ele fez uma pausa, como se uma conversa fosse uma troca casual de informações. — Se você precisa de um sócio...
— Não preciso — Enrico cortou rapidamente, sua voz firme. O tom foi claro o suficiente para deixar Victor ciente de que qualquer sugestão de parceria não seria bem-vinda.
Victor deu de ombros, sem demonstrar descontentamento.
— Devia pensar nisso — ele disse, ainda tentando manter o jogo. — Poderíamos nos ajudar nisso.
— Não preciso de ajuda. Meus irmãos e eu damos conta — Enrico rebateu com um sorriso tenso, mas seu olhar estava fixo em Victor, sem ceder em nenhum momento. — Obrigado por ter vindo. — Victor disse com uma leve reverência, mas havia um toque de sarcasmo em sua voz. — Meu pai veio, então... — Victor deu de ombros, claramente desconfortável. — Mas cadê as suas garotas que andavam divertidas em você?
Enrico não hesitou em responder.
— Isso não existe há um certo tempo — sua voz estava fria, sem qualquer emoção, um claro indicativo de que esse era um tópico proibido. — Se você nos der licença...
Enrico então segurou a mão de Layla com firmeza e se afastou de Victor, sem mais palavras. Ele a guiou para fora da sala, seu corpo tenso, como se estivesse tentando escapar de algo que não poderia ser enfrentado ali.
Ao passar pela porta para o lado de fora, Layla sentiu uma sensação desconfortável de tensão crescente. A quantidade de homens armados ali fora era impressionante, e o ambiente ao redor tinha uma sensação de prontidão, como se tudo fosse explodir a qualquer momento. Parecia que havia uma batida do BOPE prestes a acontecer, e Layla sabia que aquela noite, de alguma forma, estava longe de terminar em tranquilidade.
Havia algumas portas e um grande portão à frente. Enrico fez um gesto convidativo, como se estivesse prestes a revelar algo profundo.
— Aqui é a saida do submundo. — Sua voz era suave, mas havia uma intensidade em suas palavras que não passou despercebida por Layla.
Ela franziu o cenho, uma sensação de desconforto crescendo enquanto observava as portas fechadas ao redor, como se todas as saídas ali estivessem conduzindo a algo que ela não conseguia ver claramente.
— O que acontece aqui? — Ela disse, seus olhos fixos em Enrico, que, por algum motivo, parecia completamente à vontade naquele lugar sombrio.
Enrico deu um pequeno sorriso, o olhar fixo nela, ainda com uma aura de mistério, mas com uma sinceridade palpável.
— Só os eventos do meu pai usamos quando necessário, não é meu. — Ele falou de forma evasiva, como se estivesse tentando amenizar o peso da verdade. Mas, naqueles olhos dele, havia algo mais. Algo que ele queria esconder, mas ela parecia perceber de qualquer maneira.
Ele abriu a última porta, revelando uma sala que parecia mais um escritório: uma mesa grande, com armários cheios de papéis empilhados, tudo arrumado, mas com um ar de abandono. O ambiente exalava frieza, algo desconectado da atmosfera das festas anteriores.
Enrico tirou seu paletó e afrouxou o gravata com uma calma que desmência o turbilhão de pensamentos que passa por sua mente. Ele estava claramente tentando encontrar as palavras certas, mas algo nele estava à flor da pele.
— Agora eu quero uma explicação. — Seu tom estava firme, mas havia um toque de preocupação, quase uma súplica oculta em suas palavras. Ele se mudou, tentando medir o que ela realmente pensava da situação.
— Sobre o quê? — Layla respondeu com um olhar um tanto cético, mas seu corpo ainda mantinha uma postura de leve resistência. Ela sentiu que ele estava tentando forçar uma resposta que ela não sabia se queria admitir.
Enrico, com um suspiro, deu um passo mais próximo, os olhos fixos nos dela, como se tentasse penetrar em seu interior.
— O que você faz aqui, e vestida assim? — Ele não pôde evitar, e sua voz soou quase rouca de tanto tentar esconder o desejo de se aproximar mais.
Layla, com um pequeno sorriso travesso, deu uma volta, exibindo o vestido que ele claramente notara. Seus olhos brilhavam de uma maneira que ela sabia que estava desafiando-o a admitir o que sentia.
— Não gostou? — Ela provocou, mas sua voz estava tensa, como se estivesse se defendendo de algo mais profundo.
Enrico sorriu de volta, mas seu sorriso estava mais carregado de um tipo de sinceridade que ela não esperava. Ele se moveu mais um passo, seus olhos fixos nela com uma intensidade que ela não podia mais ignorar.
— Gostei, mas não é esse o ponto, Layla. — Ele não queria que ela desviasse o foco, ele estava falando do que realmente importava.
Ela o encarou, uma expressão de leve frustração tomando conta de seus traços, como se ainda não conseguisse entender tudo o que ele queria dizer.
— Preciso descobrir se dou conta... — A frase foi baixa, quase como um pensamento solto. — ...de conviver com a vida que você leva.
Enrico a observou por um momento, os olhos suavizando à medida que a compreensão começava a preencher os espaços vazios entre eles.
— Esses eventos são comuns, para agradar a todos. Uns mais baixos, outros mais exclusivos. — Ele parecia relutar em dar uma explicação, mas suas palavras continham uma verdade que ele não queria esconder.
Layla olhou fixamente, mas sua dúvida não desaparecia. Ela queria saber a resposta, mas a sensação de estar em um jogo do qual ela não entendia todas as regras a deixava em dúvida.
— Preciso saber se consigo aceitar isso. — Ela disse, sua voz mais séria agora. Havia uma vulnerabilidade em suas palavras que Enrico não pôde ignorar.
Enrico suspirou e deu um passo mais próximo, seu olhar se suavizando, quase como se estivesse pedindo desculpas por algo que não estava completamente claro para ela.
— O que achou até agora? — ele disse, sua voz mais suave, quase como uma confissão disfarçada. Ele estava tentando ser honesto, mas havia tanto no jogo para ele que não conseguia esconder a intensidade de seu olhar.
Layla hesitou por um momento, seus olhos fixos nele, medindo as palavras.
— Acho que vou ter que confiar em você. Você vive cercado de mulheres lindas... — Ela não queria admitir, mas a verdade era que ela sentia uma pressão crescente. Ele atraía, mas ela ainda estava tentando descobrir até que ponto ela conseguiria ir nesse jogo.
Enrico riu, mas não era um riso de diversão. Era uma risada abafada, transmitida de uma emoção que ele queria esconder, mas que não conseguia.
— Eu terei lá por um motivo — disse ele, sua voz agora baixa, quase como se estivesse compartilhando um segredo. — Meu pai está indo, e os homens que vão ficar vão fazer uma orgia na sala. Prefiro você ficar longe disso, e não quero você lá.
Layla o olhou, surpresa com a sinceridade de suas palavras. A palavra "orgia" pairava no ar, fazendo-a sentir um arrepio involuntário. Ela sabia que Enrico não estava exagerando.
— É tão ruim assim? — Ela disse, o ceticismo ainda presente em sua voz, mas havia uma curiosidade, uma necessidade de entender o que estava acontecendo.
Enrico suspirou profundamente, quase com pesar, antes de dar um passo mais próximo dela. Ele a manteve lentamente para perto, roçando seus lábios nos dela com atrasos, a tensão se acumulando entre os dois. Sua respiração estava pesada.
— Tesoro... — Ele sussurrou, a palavra comunicada de uma ternura que não deixava dúvidas sobre o que ele sentia. — Você é a parte doce da minha vida, já te expliquei. Não há mais espaço para mentiras entre nós, eu não quero perder você.
Layla sentiu o calor do corpo dele contra o seu e, por um breve momento, sentiu o desejo de ceder, mas a dúvida ainda pairava sobre ela.
— Como você saberá se aceito ser parte da sua vida, se você esconde sua vida de mim? — Sua voz estava mais baixa agora, quase em um sussurro, como se ela mesma estivesse tentando entender por que estava fazendo aquelas perguntas.
Antes que Enrico pudesse responder, seu telefone tocou. Era seu pai.
— Estamos indo. — Enrico atendeu rapidamente, o tom urgente em sua voz, como se tudo aquilo tivesse acontecido por ali.
Layla permaneceu em silêncio, seu olhar fixo nele enquanto ele falava ao telefone. Ela sabia que a noite ainda estava longe de terminar, mas uma sensação de que algo maior estava acontecendo a parecia par no ar.
Eles saíram da sala e caminharam pelo corredor estreito. Don Corallo, junto com outros quatro cavaleiros, estava parado na porta, prestes a sair, conversando em tons baixos e descontraídos. O som de suas vozes e risadas ecoava suavemente pela sala.
— Filha — Don Corallo chamou, virando-se para Layla com um sorriso paternal. — O que achou da sua noite?
Layla sorriu, um toque de ironia em seus olhos, e olhou para os homens ao seu redor antes de responder.
— Acho que o Enrico não sabe jogar — ela disse, provocando um riso baixo entre os homens presentes. — Mas ele é bom nos negócios, então tudo bem.
Don Corallo fez um gesto largo com a mão, desconsiderando a provocação, mas seu olhar parecia um pouco mais atento, avaliando a dinâmica entre os dois.
— Eu estou de saída. — Don Corallo anunciou, como se estivesse deixando o assunto de lado. — Você vai ficar?
— Sim, senhor. — Layla respondeu com firmeza, embora uma sombra de dúvida se passasse por seus olhos.
—Enrico, você... — Don Corallo se virou para o filho com um tom mais sério, mas foi interrompido por ele.
— Você a trouxe, pode deixar, eu vou cuidar dela.
Enrico, sempre sério, manteve o olhar fixo no pai, um leve brilho de incomodação percorrendo seu semblante. O tom de sua voz ficou um pouco mais cortante, como se estivesse tentando segurar algo, uma emoção que ele ainda não sabia como expressar.
— Às vezes você fica desaforado. — Don Corallo comentou, com um sorriso irônico, e deu um beijo na testa de Layla, um gesto rápido, mas cheio de uma afeição possessiva. — Tchau, filha.
Com isso, Don Corallo e seus amigos seguiram seu caminho, uma conversa entre eles se tornou uma mistura de risadas e discussões indistintas conforme se afastaram.
Enrico comentou a cena com atenção, até que, em um instante, Don Corallo e os outros desapareceram na escuridão do corredor. Não demorou nem trinta segundos para que o ambiente da casa mudasse completamente. A porta se abriu e um fluxo de homens e mulheres começou a entrar, vestidos de maneira provocante, suas roupas de veludo e cetim misturadas com o perfume forte que combinava no ar. Eles deveriam absorver a atmosfera do lugar, ignorando a tensão silenciosa que envolvia Enrico e Layla.
Enrico se virou para Layla, a preocupação se estampando em seu rosto. Ele queria sair dali, eu precisava levar Layla para longe antes que as coisas ficassem ainda mais desconfortáveis.
— Vamos embora... — Enrico disse, a voz específica de urgência. Ele estendeu a mão, mas Layla, com um olhar determinado, segurou firme a sua mão e, ao invés de seguir para a saída, voltou em direção à sala.
A iluminação havia mudado, os tons mais escuros agora iluminavam o ambiente com uma luz suave e quente, criando sombras dançantes nas paredes. O cheiro que antes parecia incômodo agora se intensificava, uma mistura de perfumes e álcool que invadia o espaço. Layla, no entanto, parecia mais imersa na atmosfera do que Enrico imaginava.
Enrico, sem pensar, um abraço por trás, seus braços envolvidos sua cintura com uma proteção silenciosa, quase como se estivesse criando uma barreira entre ela e o mundo ao redor. Seus corpos estavam quase colados, e seus corpos podiam sentir o calor dela, sua respiração calma, mas sua mente ainda estava dividida. Ele queria observá-la, mas também não podia negar a tensão crescente, o desejo oculto de manter por muito tempo todo aquele cenário.
A música começou a pulsar nas paredes, com uma batida profunda que fazia o ambiente vibrar. O ritmo parecia sincronizado com as emoções cardíacas de todos na sala, uma melodia envolvente e sensual que causava emoção nas pessoas. Enrico fechou os olhos por um momento, tentando bloquear a sensação crescente de desconforto enquanto sentia Layla contra si.
Foi quando Lucca se moveu rapidamente de Enrico, interrompendo seus pensamentos.
— Podem ir, eu cuido de tudo. — Lucca disse com um sorriso, uma atitude calma, quase como se estivesse dizendo que não era mais necessário se preocupar.
Enrico hesitou, olhando para Lucca, mas algo no olhar de Layla o fez parar. Ela estava decidida, não estava mais interessada em fugir. Enrico sentiu seu corpo tenso, sua respiração curta.
— Vamos ficar — Layla disse com firmeza, olhando diretamente para Enrico. Ela não parecia estar com medo, pelo contrário, havia algo de desafiador em seus olhos. Ela queria explorar, queria entender.
Os dois irmãos se entreolharam, o silêncio entre eles carregados de uma troca não dita. Enrico não sabia o que dizer, o que pensar. Ele queria sair, afastá-la de tudo aquilo, mas ao mesmo tempo, havia algo irresistível em ver Layla tão decidida. Ela estava desafiando não só o ambiente, mas também o próprio Enrico. Ela queria saber o que havia ali, queria entender tudo o que ele sempre tentava esconder.
Enrico respirou fundo, sentindo a tensão entre eles aumentar a cada segundo. Ele sabia o que queria, mas também sabia o quanto ela estava disposta a se perder naquela noite. O desejo de manter-la segura, mas também uma curiosidade em relação ao que ela queria descobrir, o deixava cada vez mais confuso.
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