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Capítulo Dois

Coincidência ou não, la estava eu a procura daquela garota mais uma vez, ja fazia uma semana desde que eu a vi, mas por algum motivo aquele olhar havia ficado preso em meus pensamentos desde então. Ando entre as plataformas em busca de encontra-la, mas desde aquele dia nem o cheiro de seu cigarro eu pude sentir

— Nós ja podemos ir nos sentar? Estamos dando voltas nesse lugar a quase meia hora – Respiro fundo ao ouvir aquela reclamação novamente

— Ok Pedro – E assim fomos em direção ao nosso banco, aquele mesmo velho banco frio de sempre

— Talvez se você me contasse o que esta procurando, eu poderia ajudar, não acha? – O garoto pergunta tirando sua bala de cereja de sua bolsa

— Uh, isso realmente não é importante, apenas esqueça – Respondo analisando todos que passavam por nós naquele instante

— "Realmente não é importante" diz a garota que repete a mesma ação todos os dias a uma semana, fala serio – Agora com sua bala na boca, ele apenas joga sua cabeça para trás e fica encarando o teto

— É apenas algo que chamou minha atenção, nada além disso – Digo fazendo o mesmo que ele — Pedro, você acredita em "algo" a primeira vista?

- "Algo a primeira vista"? — Concordo sentindo o olhar confuso do mesmo vindo em minha direção — "Algo" como "Amor"?

— Não... Eu não sei, não quero ser limitada ao sentimento que gera apenas ilusão – Encaro o garoto ao meu lado e ele sorri

— O amor não ilude ninguem, se ele te iludir, então não foi amor – Reviro meus olhos e ele se senta agora corretamente — "Algo" que não tenha um limite, quer dizer que ele pode ir de amor a ódio, então eu acredito

— Ódio? Porquê disse algo tão pesado como isso? Porque você iria odiar alguem sem ao menos conhecer? – Me sento arrumando a postura e encaro o garoto que agora parecia confuso

— Porque não poderia? Se eu acredito em amor a primeira vista, porque não acreditaria em ódio a primeira vista? Negar isso é o mesmo que acreditar em Deus e não acredito no Diabo – Fico um tempo pensando sobre aquilo

— Talvez você esteja certo – Cruzo os braços e encaro os trilhos do metro

— Sério? Acha realmente isso? – Concordo, mas permaneço em silêncio

E se por algum acaso aquela garota me odiar? Ter me odiado ao ponto de nunca mais usar aquela estação de metro? Será que foi por encara-la por muito tempo? Eu sei que aquilo foi estranho, mas foi involuntário, eu juro.

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