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02 de dezembro - Parte 04

- Eu peguei jabuticaba, um suco de abacaxi com limão e um mate gelado – tradição aqui de Santos – peguei também tangerina, banana, morangos e paçoca. Além de um salgadinho e revistas para mim. Você precisa experimentar as frutas, eu não. Acha que será suficiente?

- Para um apocalipse zumbi, não é? Nós vamos passar quantos dias nessa trilha?

- Háhá, muito engraçado! Não vai ter nada para comermos na praia, eu só estou prevenindo. – Disse, enquanto me coçava das picadas imaginárias, graças a minha ansiedade usual.

- Eu não tinha notado o quanto sentia falta desses momentos de paz. Quero dizer, eu realmente amo meu trabalho, não quero parecer um ingrato, mas ficar em paz por algumas horas me fez muito bem.

Para mim, era bastante difícil manter uma conversa naquele instante. Eu só havia feito a trilha algumas vezes antes, mas morria de medo de qualquer tipo de animal desde sempre. Por isso, toda minha atenção estava focada em observar possíveis perigos que atravessassem meu caminho. Mas Sean parecia com vontade de contar mais sobre seus sentimentos e eu estava realmente interessada em saber mais sobre ele também. Precisaria me esforçar para fazer as duas coisas.

Foco, Helena, foco. Mantenha os olhos no chão, e os ouvidos na conversa.

- Faz quanto tempo que você não tira férias? – Conclui que a melhor alternativa era mantê-lo falando, assim eu não precisaria me concentrar em dar respostas lógicas também.

- Na verdade, acho que desde que eu comecei a fazer sucesso. Então, têm uns três anos. Obviamente eu faço algumas pausas, mas nada suficiente para tirar o meu foco da música, sabe? Essa noite foi a única, em um grande período, em que eu pude pensar em outros temas. Mesmo com a entrevista no começo, eu realmente relaxei depois.

Sean me explicou o quanto a carreira em sua área pode ser rápida, e o medo que ele tinha de ser substituído por outro cantor de um dia para o outro. Fiquei sabendo de suas inseguranças, seu receio de sempre parecer uma versão mais barata de um outro famoso, uma cópia malfeita. Meu olhar ainda estava voltando para a trilha, mas não era mais difícil de prestar atenção no assunto.

Comecei a me identificar com aquela sensação, e entender que o fato de ganhar a vida com o que você realmente ama fazer, não significa ter segurança em tempo integral. Ao contrário, a proporção das criticas é imensamente maior, a pressão que você sente de falhar é gigantesca. Porque, afinal, você gosta do que faz e então deveria ser bom nisso.

Observamos de longe uma pessoa que já chegou onde nós apenas sonhamos estar e não refletimos sobre os problemas reais que ela está enfrentando. Não se trata apenas de todo o caminho que ela percorreu para chegar , mas também de todas as dificuldades que ela lida diariamente e não fazia ideia que teria de enfrentar, até encontrá-las por ai, como uma pedra. Porque, sinceramente, quando você tem como meta viver de música, por exemplo, você não vai refletir sobre as questões que terá que lidar quando for mundialmente famoso, você só vai se focar em ser mundialmente famoso.

E ainda bem! Imagina o medo que a gente teria se soubéssemos os problemas que virão pela frente antes mesmo de nossos objetivos serem alcançados? Eu não quero nem pensar nas ansiedades que irão surgir se um dia conseguir viver dos meus poemas. Não há a necessidade de ver a escadaria toda, você só precisa acreditar que o próximo degrau estará lá. E então, quando estiver pronto, você aprenderá a resolver todas as pontas soltas.

Afinal, novos questões aparecerão, estando você no trabalho dos sonhos, ou do seu pior pesadelo, certo?

Sean me fez enxergar essas situações, as quais nunca haviam passado pela minha cabeça antes. Tenho mania de acreditar que estou sozinha em minhas inseguranças, que as pessoas ao meu redor são mais vividas e confiantes. Preciso me lembrar de que não é assim, de que eu tenho companhia nas dúvidas.

- Obrigada por isso, gosto de sentir você mais humano.

Ele olhou para trás, para dentro dos meus olhos, e sorriu. Os pequenos raios de sol que brigavam por espaço entre as árvores iluminaram suas bochechas e notei suas sardas ainda mais radiantes. Às vezes, suas expressões deixavam sua idade ainda mais evidente e eu sentia uma pitada de incomodo no pé do meu estômago.

- Olha! Já da para ver a praia! – Apontei feliz para o horizonte, em direção ao oceano.

Sem pensar duas vezes, Sean me segurou pela cintura e me colocou em seu ombro, correndo o mais rápido que podia em direção ao mar. Tive um ataque de riso e acabei relaxando um pouco. Eu finalmente não tinha que me preocupar mais com um predador saindo das árvores e me puxando para junto dele.

Avistei a trilha ficando para trás e refleti sobre o que significava estar em público com ele novamente. As árvores eram nossa proteção, nossa garantia de que não estávamos visíveis.

Eu nem sequer ousei pensar em todas as notícias que saíram sobre nós desde ontem. Só de considerar a possibilidade de pesquisar meu nome no Google, já sentia arrepios. E se alguém nos reconhecesse? Isso só endossaria ainda mais as histórias já inventadas.

Me senti tremendamente culpada por não ter pensado nos sentimentos de Mateo. Que tipo de pessoa eu havia me tornado, assim do dia para a noite? No entanto, não havia nada que eu pudesse fazer agora.

Fugir para as montanhas, ou melhor, para a trilha, não era uma opção. Nós já estávamos aqui, e eu não gostaria de arruinar o dia de Sean. Eu o convidei para vir a praia, o melhor que poderíamos fazer agora era nos mantermos bem longe de encrenca. E, por encrenca, eu queria dizer câmeras e celulares.

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