Prólogo- Parte2: Qual o sentido de eu estar aqui?
"Eu sou poeta sim, eu escrevo minha dor e meu amor... Simplesmente derramo tudo no papel... "
Qual o sentido da vida? Eu não sei... E por que eu estou aqui? Eu também não sei. Será que um dia vou conseguir ser feliz? Eu não sei... Eu tenho memórias de ter sido mais feliz e melhor.
Quando eu era criança o mundo pra mim era fantástico, ou seja, não precisava me preocupar com nada. As crianças são mimadas, mas as vezes podem sofrer por fazerem bagunças.
Isso foi o meu caso. Minha mãe nunca gostou de mim e sempre disse que eu estraguei a carreira dela.
As vezes concordo com ela, mas tem coisas que ainda me prendem a esse mundo. Já sonhei com a morte várias vezes e que para mim a vida não tinha mais sentido.
Tentava me perguntar se realmente pensava que isso era o certo, mas a morte não é uma solução para a vida. Afinal a morte e a vida podem ser inimigas. São inimigas.
Todos nós vamos passar por vários momentos difíceis e ,alguns são tão complicados que teremos que tentar de novo. A vida é um jogo cheio de fases, mas na verdade a vida é composta de vários jogos e cada um deles tem uma última fase.
Temos que superar as perdas mesmo que demore muito tempo que pessoas que amávamos se afastaram, abandonaram ou foram embora da nossa vida. Quem sabe um dia se esbarram como as folhas umas nas outras?
O mundo é cheio de perguntas. E quem mais fazia perguntas eram os filósofos. Afinal " a única coisa que precisamos para ser filósofos é a capacidade de admiramos as coisas".
Uma frase de um filósofo que minha professora de filosofia repetia muito e que li no livro " o mundo de Sofia - romance da história da filosofia ".Eu amo livros desde pequena .
Na casa do meu avô tinham milhares de livros e uma prateleira que ia do chão ao teto cobrindo uma enorme parede. Nas outras partes da casa dele tinham prateleiras de livros também.
Quando eu tinha 8 anos ele me deu o livro " o pequeno príncipe " para ler ,e eu ao invés de sair para o shopping com as minhas tias como todo fim de semana resolvi ficar lendo. Demorei 2 dias.
Um dia eu disse para o meu avô :
- vovô um dia eu vou ler mil livros - falei empolgada
E ele com entusiasmo:
- mas mil livros é muita coisa haha...
- eu vou sim um dia até quero
escrever minha própria história -falei enérgica.
Ele surpreso :
- Fico feliz pequena ...vou querer ler.
Já faz muito tempo que não vejo meu avô . E ainda me pergunto se ele ainda estará vivo para ler um livro meu.
Tenho saudades da minha família unida, mas tudo muda um dia. Todos mudam tomam rumos diferentes. Cada pessoa tem um papel na nossa vida.
Alguns ficam na nossa vida por pouco tempo e outros destinados a ficarem um bom tempo. E eu quero aproveitar cada momento com quem eu amo. Antes que seja tarde.
mas afinal qual o sentido de eu estar aqui?
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○Prólogo do passado próximo 1 ano atrás >
Conheci João,eu achei que seria algo perfeito.Eu tinha me "apaixonado " por ele. Mesmo nunca tendo o visto para falar a verdade. Ele era um garoto que morava em uma cidade ao lado da minha e vinha todos os dias para a escola dele que era bem na minha cidade.Ele estava no 3°ano ,vai se formar logo . Estávamos em um relacionamento aberto. Não exatamente namorando. Mas eu esperava que um dia pudéssemos.
Eu uma vez chamei ele para ir ao cinema comigo . Eu iria com a Laura e conheceria o namorado dela. A Laura era minha melhor amiga. Mudou de escola nesse ano. No ano passado ela odiava garotos ,tinha nojo. Era até BV e não queria perder.
Eu ,ela, Garrel e Matias éramos o quarteto da conversa no ano passado. Eu tinha uma queda por Garrel ( ele era cheio de espinhas, feio e morava em uma mansão, literalmente mas não sei o que vi nele),Ele ficava provocando o ano todo dizendo que iria tirar o BV da Laura. Eu ficava com ciúmes. Garrel também mudou de escola esse ano.
Só o Matias permaneceu,mas ele ignorou minha existência passou o ano todo sentando na minha frente e sem notar a ex amiguinha aqui,vivia de conversa com a Marina. A Marina foi a 1°pessoa que eu interagi na escola quando entrei no ano passado. Ela me emprestava livros. Me afastei dela quando me aproximei da Laura e da Clara. O outro motivo é por ela ser amiguinha da Isadora a garota que foi um dos motivos da Laura ter saído da escola.
Odeio o grupinho da Isadora que é a Isabelle, Marina e a Tabata. O quarteto falsidade . Elas conseguem colar a 200 metros de distância sem brincadeira (20 metros foi exagero claro).
Onde eu estava mesmo?Ah,falando sobre o João. Por pouco íamos namorar de verdade. O motivo que impediu foi os meninos da minha sala terem feito uma brincadeira de mal gosto. Principalmente o Tim.
O Tim é um garoto que me encheu o ano inteiro. Tive uma "queda" por ele,mas eu o odeio. Vivia dando em cima de mim,mas na frente dos outros e me zoava.
Nas aulas de laboratório na escola ele ficava dando em cima de mim,de rolo comigo. Ele sentava ao meu lado na mesa redonda e ficava passando a mão por baixo dela. Passava nas minhas pernas. Uma vez ele quis que eu pegasse no órgão dele. Só para ficar me zoando na frente dos outros garotos. Certa vez estávamos na aula de laboratório e ele disse:
-Você ficaria comigo?
-Claro que não eu estou namorando -falo.
-Mas semana passada você disse que ficaria comigo.
-Eu estava brincando- mentira eu ficaria sim- na verdade eu estou "quase namorando" faz 2 semanas...
-Coitado quem é o corno?-Ele ri.
-Não interessa-falo arrogante.
-Nem deve ser da cidade -Ele fala zoando com os outros garotos que estão nas outras mesas do laboratório.
-É sim...ah...na verdade ele-me enrolo- não te interessa.
No outro dia depois do laboratório quando chego a escola Tim está em uma roda com os garotos e vem me zoando dizendo que João mora longe e que é webnamoro ( Não deixa de ser verdade).
-Ele estuda aqui na cidade tá!?- falo passando rápido- não enche o saco Tim.
-E qual o nome do cara?-Ele insiste rindo com os outros garotos.
-João- pigarreio- O nome dele é João! Satisfeito? -Vou até o meu lugar que é exatamente no meio da sala.
-Ih ela deve ter inventado -ele ri com os outros garotos. Ignoro.
¤¤¤
Quase 1 mês e meio que estou de paquera com o João é onde tudo acontece. Tim e Vicêncio acabam com tudo. Tim diz a João que é meu namorado. Ele acredita no namoro entre mim e Tim .Termina o que nem começamos. Literalmente. Lembro-me das mensagens até hoje:
João : parabéns
Eu:pelo que?
João: tá namorando não é?
Eu:quem?Você?
João: Ué você não sabe?
Eu: Do que está falando?eu não sei...
João: ( mandou um print de uma conversa )
Era uma mensagem de Tim dizendo que eu era a namorada dele e era para João se afastar de mim.
Eu:você não acreditou nele não é? Eu odeio esse garoto .
João: Mas ele te ama. Vai lá com ele.
Eu:que? Esse garoto me odeia,isso é uma brincadeira de mal gosto !
João: Mesmo? Não parece, até um outro garoto confirmou pra mim,é da sua sala também.
Eu:Queee?!?Eu não namoro ninguém! Eu só gosto de você !
João: Acha mesmo que vou acreditar ?
Eu:Tudo bem, acredite se quiser...Adeus ...
João: Vai ser assim?
Eu: Vai...Adeus...
Uns 3 dias depois mandei o poema do "Adeus" que escrevi a ele. Foi a 1°vez que mostrei um poema a um dos garotos que escrevi. Garrel escrevi pouca coisa, já a Alesander escrevi diversos em acrossomo. Longa história por eu ter me afastado dele, ele pegou meu caderninho de poemas no dia de educação física e levou ao banheiro masculino. Entrei lá e bati nele. Foi antes de eu começar a falar com João. Eu e Alesander ficamos 1 mês ignorando um ao outro ...até eu me acostumar. Quando ele ficou sabendo de João morreu de ciúmes.
Voltando a brincadeira de mal gosto...
Foi maldade o que fizeram,mas ainda viria coisa pior. Um pedaço do meu coração foi rasgado. Fui me tornando a garota com o coração de papel...a forma com que eu tinha para tirar essa dor de dentro de mim era derramando tudo no papel. E era uma "despedida" a um garoto...
Adeus
Vou morrer,
Mas pode me esquecer
Vou me matar,
Mas pare de me "amar"
Vou partir ,
mas não pare de sorrir
Vou acabar com essa dor,
Mas vou deixar o meu "amor "
Não quero que chore
Não me implore
Quero que me esqueça
Quero que me tire da cabeça
Eu vou embora
E eu vou agora
Você vai continuar a viver
Você porém vai me perder
Sinto -me por isso tão triste
Sinto-me com uma dor que não desiste
Adeus assim eu sou
Adeus assim eu vou...
Adeus ...
Eu o escrevi depois de ter recebido ameaça de "morte" dos garotos da minha sala. Vários me xingando por mensagem. Querendo que eu morresse. E o motivo? Longa história. Então numa sexta João termina tudo comigo . E no outro dia, um sábado tento dar o troco postando fotos zoadas de todos . Mas o povo implica mesmo com a legenda que coloquei na foto da Brunesca e a Nicaely. E da lacraia da Isadora, eu escrevi lacraia, isso mesmo :lacraia na legenda da foto zoada dela mesmo. As vitimistas fazem a sala toda contra mim e espalham boatos a meu respeito.
Meu coração foi picado em pedacinhos. Eu estava desesperada . Elas fizeram-se de vítimas ,mas a vítima era eu. Todos estavam jogando ódio sobre mim. Eu só queria morrer para essa dor parar . Me matar.
O meu problema foi ficar postando isso. O Alan disse que se eu morresse não faria falta. E que na segunda eu poderia ser morta. A Clara mandou eu descansar e respirar , sair da web. Falou também que eu não deveria aparecer na escola tão cedo. Eu fiquei com medo. No domingo quando ocorreu as ameaças comecei a passar mal de tristeza. Comecei a cortar os meus pulsos sem fim. Postei estar doente só passando mal. Finquei a faca em meu abdômen...desmaiei... adormeci...achei que tinha morrido.
Acordei no outro dia sangrando. Eu já tinha dado desculpa a minha vó de estar doente e não conseguir ir a escola. Fim de semana sempre dormia na casa dela.
Algumas outras pessoas da minha sala vieram me procurar por mensagem ,querendo saber o por quê de eu ter faltado. Riana disse que Brunesca e Nicaely chegaram a chorar por causa das fotos e que eu deveria pedir desculpas. Conta outra,aquelas duas nem tem sentimentos. São duas burras ignorantes,vão a escola atoa. Vagabundas.
No outro dia era terça. Eu teria que ir a escola. Minha mãe iria desconfiar. Enrolei faixas nos pulsos e em volta da barriga com o corte.
Quando cheguei a escola todos estavam falando frases de força a Brunesca. Querendo me destruir. Isso me deixou muito mal. Palavras que me rasgaram feito cacos de vidro.
O pior foi no recreio a sala toda se unir em uma roda ( estou falando de mais de 40 pessoas) , exceto a Clara que permaneceu sentada,só olhou para trás e a Alana não estava na sala...elas são minhas únicas amigas, não ririam de mim assim. Todos estavam olhando algo do celular da Brunesca. Todos rindo olhando pra mim. Riam como se eu fosse uma piada . Por que? Será que a vida toda eu vou ter de passar por humilhação a qualquer escola? Com qualquer pessoa que eu conhecer e conviver? Aturar a rejeição e perdas? Só queria ser tratada como uma pessoa normal.
Olha a que ponto cheguei : Estava toda enfaixada. Finquei uma faca em minha barriga. Tentei morrer, mas não consegui. Cortei meus pulsos , rasguei -me por dentro e fora e tapei só com talas para que ninguém visse na escola. Não queria que me zoassem ainda mais. Ninguém teria compaixão comigo. Aliás, até falaram que eu podia morrer. Coloquei um moletom enorme para cobrir tudo.
Eu estava ajustando a faixa na cintura ,tentei fazer com que ninguém visse,mas Grassiela, Adolfo e Kailane acabaram vendo.
-O que é essa tala na sua barriga?- Pergunta Grassiela como esperado. Ela senta-se na fileira ao meu lado.
-Nada- escondo.
-Mostra pra gente nós vamos te ajudar -diz Kailane- vamos lá no banheiro.
-Não.
-Você se cortou?-pergunta Adolfo ( ele é o menino gay da sala entrou faz 1mês, vive fazendo tranças no cabelo das meninas,Mas é um gay falso nojento,fala mal de muita gente,inclusive de mim. Ele foi um dos que mandou mensagem " preocupado " comigo. Falso).
Ignoro e fico em silêncio.
-Ou você mostra pra gente ou vamos contar pra sua mãe - ameaça Kailane agaichada com os cotovelos na minha mesa. Falsa.
-Pra minha mãe não- "imploro"- ela não pode saber dessa briga, não faz isso por favor.
-Então mostra- Grassiela insiste também.
-Não.Me deixem em paz.
-Só vamos te deixar em paz quando você mostrar .- ela me pressiona. Está querendo me humilhar mais.
-Ou vamos contar pra sala toda também...aí todos vão rir mais ainda de você- Kailane da uma risada irônica. -Não é Grassi?
-Não ligo ser humilhada mais ainda- uma lágrima desce, tento disfarçar.
-No recreio você mostra se não vai ser pior-Grassiela ameaça de novo. Ela pisca pra mim. Garota falsa ,achei que queria me ajudar ,mas só quer me humilhar.
-Ok-falo para elas pararem de insistir- no recreio eu mostro-pisco de volta e outra lágrima cai.
Começo a chorar . Coloco a cabeça
Deitada sobre a mesa de braços cruzados para ninguém ver. Como o ser humano pode ser tão ruim assim? E pensar que um dia eu pude querer salvar as pessoas. Queria espalhar o amor pela terra,mas como fazer isso se só recebo o ódio? Eu quero paz , não guerra!
~~~
Na hora do recreio saio correndo para despista-las. Tranco-me na cabine. Fico chorando baixinho. Desde o início da minha adolescência fujo das pessoas trancando-me na cabine do banheiro. Levava livros para ler e tinha que lanchar lá. Evitava as pessoas. Fugia para não ser humilhada. Não faço isso desde o 8°ano. É horrível ter que se isolar e fugir,mas essa foi a única solução que encontrei. Não é a solução para os meus problemas de agora,mas fugi de ao menos uma humilhação.
-Majuly? Você está aqui?-É a voz da Larissa,só ela me chama assim ( e a Laura, irmã dela é claro),fico em silêncio- Ei, me conta o que aconteceu...
-Não- falo chorando sentada no chão da cabine com as mãos em volta ao joelho.
-Marieta nós vamos te ajudar- É a Alana- eu e a Lalá estamos aqui para isso. A Clara também...
Saio da cabine enxugando as lágrimas. Alana passa a mão em meu rosto me ajudando a enxuga-las.
-Me conta o que aconteceu -pede Larissa- Ontem eu e a Clara fomos na diretoria saber de você. E a Clara você sabe que é a pessoa mais tímida da face da terra. Ela foi por você. Mostrou as mensagens ofensivas contra você .-Ela me olha -Ei! Não chore!- passa a mão enxugando minhas lágrimas assim como a Alana fez-estou aqui -Ela sorri compreensiva- estamos aqui, não vamos te abandonar.
Começo a chorar sem poder segurar. Não aguentei segurar. "Lágrimas são só grutas, o corpo é enchente"(Baco exu do blues).
-O que é isso no seu braço Maria Julieta? -Alana pergunta séria.
-Nada-falo escondendo soluçando. -
N-nada.-repito.
-Você se cortou?
-Não é que...-tento arrumar uma desculpa.
-O que a Kailane e a Grassiela queriam com você? -ela interroga, não é atoa que a bixinha quer ser detetive.
-É...nada é só que...-enrolo-me-elas ameaçaram contar pra todo mundo sobre meus cortes-falo tremendo, desabo a chorar novamente.
-Calma, calma- Larissa dá tapinhas nas minhas costas-ninguém ameaça minha amiga-fala séria.
-Você precisa falar isso com o diretor- diz Clara que até então estava calada como sempre.
- Eu não posso... Minha mãe não pode saber o que aconteceu...-soluço.
-Vamos-diz Clara, outra palavra- Eu vou junto-escuto a voz baixinha de sempre. Ela é uma graça de pessoa. Poucos tiveram o privilégio de ouvir a voz dela, ou tentar ouvir. É quase impossível, ela fala muito baixo.
-Viu? Até a Clara vai lá te defender.
-Nós vamos-Completa Larissa.
-Eu não quero- falo saindo andando ,passo o moletom na cara secando o rosto e volto para a sala.
Vou para o meu lugar onde está a Brunesca sentada. Ela senta a minha frente . Agora está ocupando o meu lugar propositalmente.
-Vaza daí- falo rude.
-Calma aí minha filha- berra ela-vaza?
-Você está no meu lugar.
Ela começa a discutir comigo e a professora de biologia chega ( a única professora que implica com cada um no seu lugar e que ninguém ousa usar celular na aula,só a Brunesca e a Nicaely mesmo).
-Que baixaria é isso aqui? Briga na minha aula não- Ela põe a mão na cintura. A aula dela nem começou, ainda nem bateu o sinal.
-Ela sentou no meu lugar de propósito-falo.
-Professora vou te contar tudo -diz Brunesca com olhar provocante. Aposto que vai meter assuntos pessoais . Vai é fofocar com a professora, isso sim.
A professora de biologia me odeia ,no ano passado implicou comigo por eu ter levado uma cartinha para a Larissa na hora da aula dela. Ela nem me dava aula...gritou comigo e me fez chorar. Bruaca como diz a Larissa. No fim do ano passado eu e a Lalá ficávamos trocando cartinhas . Tive essa ideia porque achei que ela também mudaria de escola assim como a Laura, irmã dela.
Lá vai Brunesca mostrar as coisas no celular. Olho elas cochichando. A professora deve achar que tem nossa idade. Eu hein. Adora uma fofoca,mas ela é uma das mais novas. Odeio ela ,mulher chata. Parece uma piranha do mar ( rio*).
-Maria Julieta, vai para a diretoria estão te chamando -diz a piranha do mar.
-Pra que? Não vou.
-Anda garota vai -ela fala sem paciência- e cuidado com o que você fala pode levar um processo.
O que será que a Brunesca falou? Ela nunca me processaria. Ela que não sabe quantos advogados minha mãe tem. 2 pra cada processo, uns 5 advogados. Exagero, mas tá. Minha mãe sempre vence. Ela tem influência. Já a Brunesca não tem chances . A família dela é sem nome desconhecidos.
Várias pessoas foram junto como "testemunhas". Lá estava a Brunesca, Nicaely, Isadora, Alef e Ian.
-Agora você vai se dar mal- ameaça Nicaely- vai aprender a não mexer com a gente.
-Ah é? E você vai fazer o que?
Minha irmã mais nova Mariza passa por mim:
-Lana me chamou -diz ela-o que aconteceu? As bestas foram no diretor?
-Nada só as vagabundas se fazendo de vítimas- falo-isso não vai dar em nada ,fica vendo.
-Você chamou de que?-Brunesca se exalta.
-Isso mesmo-respondo.
-São mesmo -concorda minha irmã.
-Fica quieta se não vai sobrar pra você pirralha-Nicaely ameaça minha irmã apontando o dedo na cara dela mostrando as garras de unhas postiças.
-Isso foi uma ameaça?-Mariza faz careta. Eu rio.
-Foi. Fala pra sua irmã ficar longe se não vai sobrar pra ela-Nicaely olha pra mim.
-NA MINHA IRMÃ NÃO! -grito- tá pensando o que? Eu te quebro na porrada.
-Eu te ajudo-diz minha irmã- sou maior que você - ela levanta o queixo superior a vaga da Nicaely.
-É mais fácil eu quebrar vocês na porrada. Tão pensando o que? -ela aponta as garras.
-Mariza vai pra sua sala que eu cuido dessas vagabundas.
-Ih treta-grita Alef.
-Vai acabar sobrando pra sua irmã também. Manda a pirralha vazar.-Brunesca ameaça.
-Tá ameaçando? Se encostar um dedo... um dedo nela eu quebro sua unha falsa que nem você.
-Ou magrela quem te quebra sou eu-ela ri como se eu tivesse contado uma piada.
-Essa aí nem tem força- diz Ian.
-Eu te derrubei aquele dia lembra?-derrubei mesmo. No dia do laboratório a tarde ele disse para meu irmão mais novo o Josué: " pau nelas " . Eu fiquei brava e puxei a mochila dele fazendo-o cair de costas no chão. Ele é gordão também. Todos podem achar que eu não tenho força, mas eu sei bater e me defender ,mesmo sendo magrela.
-Gente vamos ficar calmos -diz Isadora olhando as mensagens do celular. Falsa .
-Você e esse seu rostinho de anjo falso não engana ninguém- falo o que sempre quis dizer e ela sorri. É claro que eu queria dizer mais um bocado de coisas ,mas não tive coragem.
-Vamos ver -diz ela.
O Diretor abre a porta.
-Quero só as meninas na minha sala,depois chamo vocês meninos-diz ele fazendo sinal com a mão para entrarmos.
Sentamos nas cadeiras. Eu,Brunesca e Nicaely. Isadora ficou em pé com o celular na mão.
-Tenho tudo aqui-diz Isadora com um sorrisinho falso.
-É está tudo aí - Brunesca ergue a sombrancelha esquerda.
Fico só escutando o que elas dizem contra mim. Estou sem forças para me defender . Uso uma faixa preta no cabelo com a franja tampando o lado direito no olho. Sempre uso faixa preta no cabelo quando estou triste ( quase sempre) ...em dias cinzentos. Usava faixa vermelha quando estava feliz e a azul em um dia normal sem emoções muito tristes ou muito felizes. Agora acho que vou usar a preta por um longo tempo . Sinto-me sendo morta.
-Agora quero conversar em particular com a Maria Julieta- diz o diretor-depois eu chamo vocês.
As três saem da sala. Olho para o diretor ( ele também é nosso professor de Química) .
-O que você tem a dizer?-pergunta ele assim que elas saem.
- Não sei-abaixo a cabeça tentando esconder lágrimas que descem. Sorte que a franja está tampando boa parte de meu rosto.
-Assim fica difícil de eu te defender...a sala toda está contra você,mas eu quero acreditar em você...estou dando a chance de se defender-ele entrelaça os dedos das mãos- Pode tirar a franja da cara por favor?-pede o diretor para o meu azar- quero ver seu rosto .
-Eu sei,todos me odeiam-balanço a cabeça com efeito de não como resposta ,não quero tirar a franja da cara,não quero que ele me veja chorar. Mas acabo tirando de leve.
-Por que você acha isso?-pergunta solidário.
-Porque ninguém quis acreditar em mim e por todos ficarem rindo e me zoando- não me seguro começo a chorar com voz de choro.
-Você sabe que não é verdade -ele sorri solidário- Suas amigas vieram aqui preocupadas com você- a voz dele é suave- até a Clara que é extremamente tímida esforçou- se para defende-la. A Larissa que é de outra sala também veio...elas se importam com você. Eu acredito em você mesmo não dizendo nada,
a Clara é uma das pessoas mais disciplinadas da escola ,se não for a mais, se ela está a seu favor eu acredito.
-Eu sei-É só isso que consigo pronunciar.
-A Alana também, mas não estou aqui para rotular quem está do lado de quem -ele suspira- Mas saiba que você tem o meu apoio.Chame as meninas aqui depois.
Balanço a cabeça com sinal de positivo.
-Agora vou chamar elas de volta e os meninos está bem?
Aceno com a cabeça tremendo. Ele vai até a porta vira e vai até minha sala que é ao lado,chama as garotas e os garotos junto.
Todos entram e logo vai começar. Mostram as fotos zoadas que eu tirei das pessoas da sala e postei com legendas de ódio. Fiz isso por terem inventado aquilo para João . Estou morrendo de raiva agora. Os afetados da sala que estão com raiva de mim falando que vão me processar.
-Diretor...os meninos me ameaçaram de morte -falo em minha defesa.
-Isso é mentira-Ian protesta.
-Me xingaram sem necessidade .
-Isso é verdade ?-o diretor pergunta a Ian.
-Tenho as conversas aqui-falo. Por essa Ian e Alef não esperavam. Minha carta na manga . E é a pura verdade.
-Er...-Ian Fica sem palavras. Alef também não consegue dizer nada em sua defesa.
-Alef também mandou?-o diretor pergunta.
-Não teve ameaças dele,mas ele me xingou com alguns palavrões...já Ian mandou áudios xingando junto de Victorio.
-Mostre-me- O Diretor estende a mão para que eu o entregue meu celular com as ameaças.
Ian,Alef, Tim,Victório ,Vicêncio e Caetano mandaram ameaças ou xingamentos.
-Não foi bem assim-Ian protesta.
-Está tudo escrito e falado por ele mesmo- falo . O Diretor abre os áudios. É bem constrangedor ele ouvir esses palavrões de xingamento contra mim. Morri de vergonha,mas a justiça tinha de ser feita.
-É está certa -diz ele pausando-contra fatos não há argumentos- ele entrega-me o celular- não vou ouvir mais áudios por ser bem constrangedor pra você não é? - concordo com a cabeça- te admiro você ter coragem de mostrar isso a mim. Ah,chame as meninas para te defenderem -ele sorri.
Levanto-me,vou até a sala chamo por Alana e a Clara.
Vamos até a sala da Larissa no 3°ano. Quem está lá pra minha surpresa? A piranha do mar. Ela me lança um olhar sanguinário.
-Que foi?
-Você está atrapalhando a minha aula.-ela me olha matadora.
-O diretor pediu para eu chamar a Larissa-falo indiferente ,olho para ela rabiscando em seu caderno isolada em uma cadeira ao fundo da sala como sempre.
-E o que ela tem a ver com isso?
-O diretor permitiu.
-Tá, anda logo que está atrapalhado a minha aula.- o melhor é que todos estão amando eu interromper a aula chata da piranha do mar. Mostro a língua quando ela vira, alguns garotos riem. A Larissa sai da sala e vem a diretoria com a gente .
Clara mostra conversas do grupo em que todos me xingam. É constrangedor. Ela está fazendo isso por mim. A Clara. Nem parece a Clara que eu conheço.
-Está bom,já vi tudo o que precisava-diz o diretor-fica tranquila Clara, ninguém vai saber que foi você quem mostrou-ele pisca-podem voltar para sala- todas lavantam-se,inclusive eu- você não Maria Julieta, ainda quero falar com você.
Sento-me na cadeira de volta.
-Olha saiba que eu estou do seu lado mesmo não devendo estar ,essas meninas são baixo nível perto de você que é uma boa aluna -ele sorri- e não ligue para ameaças não, se fizerem qualquer coisa contra você pode me procurar ! Não tenha medo!-ele me olha de novo com seu jeito solidário- Agora me dê os nomes de quem você quer que eu penalize.
-Eu...eu Não posso fazer isso... minha mãe não pode saber-falo com nervosismo- e-eu v-vou ser suspensa?
-gaguejo.
-Não, fique tranquila.
- Eles serão suspensos?
-Caso você ache que devem ser suspensos -ele sorri meu cúmplice.
-Assim não me enchem certo? Hm...lá vai: Brunesca,Nicaely, Alef,Ian,Vicêncio, Victorio e Caetano...Tim?hm ele não precisa.
-Só eles?
-Acho que sim.
-Pode ir para a sala,qualquer coisa só me chamar-ele pisca.
Levanto-me para sair,mas paro na porta e viro:
-Ei diretor,desculpe incomodar mas eu poderia pedir só mais uma coisa?
-Claro estou aqui a seu dispor.
-Eu poderia mudar de lugar? É que a Brunesca vai ficar me enchendo ...e Eu queria sentar na frente para prestar atenção melhor nas aulas...
-Fale com a professora responsável pelo mapeamento.
- Acho que ela não vai deixar.
-Fala para ela que fui EU que mandei.
-Obrigada,desculpe o incômodo.
Para o meu azar a professora de mapeamento é a piranha do mar. A outra é a Claudina de português, ela gosta de mim por eu sempre escrever as melhores redações da sala. E para minha sorte era aula da Claudina. Ela me mudou para o 1° lugar ao lado da porta. Mesmo longe da Brunesca ela fica jogando indiretas bem diretas pra mim . A maioria da sala fica rindo de mim. Não aguento a pressão e saio correndo da sala de aula. Aproveitando que sento agora ao lado da porta . Tranco-me no banheiro disposta a chorar. A professora de português vem me procurar . Quando ela desiste saio e vou até o diretor peço para que eu fique na biblioteca . Fiquei chorando em silêncio lá, como sabem,bibliotecas são sagradas ,proibido barulho. Saí de lá e sentei-me na mesa de lanche do pátio.
Alana e Clara aparecem com a minha mochila. Mariza minha irmã, aparece també no pátio. Ela e as meninas tentam convencer-me a voltar para a sala.
- NÃO QUERO VOLTAR PARA AQUELA SALA NUNCA MAIS!-grito chorando para que as pessoas cretinas olhando da janela a minha desgraça possam ouvir. Vejo vários olhando da janela e rindo.
-Você vai ter que enfrenta-los uma hora ou outra- Alana toca meu ombro- não adianta ficar se escondendo ou fugir.
-Eu já os enfrentei demais-300 lágrimas por segundo caem de meu rosto- já chega.
- Você não pode desistir facilmente.
-Já desisti. Ei Zaza vou embora com você tá bom?
-E se a mamãe brigar? - Mariza me olha com pena. Geralmente irmãs costumam brigar, com nós não é diferente, mas dessa vez ela está ao meu lado como a irmãzinha protetora. Ao invés de contar a nossa mãe ela está me acolhendo.
- Eu só vou sair da escola... Entro em casa no mesmo horário pode ser?
- Pode.
Vejo alguns meninos escondidos descendo a escada para verem o meu sofrimento de perto . Victorio...Vicêncio...Alef ,os esperados. Eles estão dando risadinhas e risadinhas essas que doem em mim. Alef aproxima-se:
- Ei Julieta, pode ir para a sala ninguém vai te bater, desculpa qualquer coisa.
-Me deixa,você está segurando para não rir-falo chorando e saio correndo com a minha mochila.
-Eu não- ele não se segura e realmente ri.
Passo por ele e os outros dois na escada,vejo outros 2 garotos lá em cima na escada rindo,subo a outra escada. Peço para sair mais cedo . Saio no horário da Mariza às 11h40 em vez de 12h30. Enrolo para entrar em casa .Fica doendo muito o dia todo. Sei que doerá por muitos e muitos dias. Talvez seja uma cicatriz onde carregarei...até não aguentar mais o fardo.
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No outro dia tive que " fugir" da sala de novo por não aguentar todos me humilhando . Sentia como se jogassem tesouras em meu coração, facadas rasgantes. As palavras soavam como cacos de vidro que não dá pra ver,mas doíam de sentir. Mas ninguém está ligando se está me machucando ,essa é a intenção: me machucar.
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O resto da semana tenho de aguentar indiretas como sempre. Aguento calada. Na outra semana percebi Clara e Larissa me evitando . Recuso- me a acreditar. Foi na hora do recreio quando cheguei perto de Larissa ela fingiu estar ocupada com as meninas da sala dela.
O engraçado é que ela sempre foi anti-social. Nunca foi amiguinha de nenhuma menina. A não ser Carmim. Elas discutiram por causa do tamanho do peito,brigando qual era maior
Vai entender. E até hoje se ignoram,já foram grandes amigas. Mas Larissa falando com as três meninas que sempre falavam mal dela? Aí é apelar demais. A ruiva, morena e a gordona ( a mais insuportável). Sempre falavam mal do nosso grupinho quando entrávamos na" sala delas". Achavam-se as maduras. Não queriam" criancinhas " ,como diziam elas, na "sala delas". E agora ela virou amiguinha delas. Das garotas falsas ,fofoqueirads pelas costas,e por frente também. E a cada dia foi passando e eu sendo evitada . Ela saia andando com elas,fingindo não me conhecer ou não me ver.
A Clara também fez o mesmo. Até chegou a sair correndo de mim. Eu esperava de qualquer pessoa isso ,menos dela. Uma das piores dores de alguém. Ver suas únicas amigas lhe rejeitarem . Correrem de você. Correrem como se você fosse um mostro e não saber o que fez a elas. A elas não fiz nada ,mas será? Será?!Estão sentindo vergonha de mim? Vergonha de ficarem perto de mim ? Medo das pessoas as julgarem por estarem perto de mim? O QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO? Até minhas únicas amigas...
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Na outra semana sucedida tomo coragem ,vou até Clara e pergunto chorando o que eu fiz. Estamos no corredor em frente a sala.
- Ei Clara me fale o que eu fiz para vocês me evitarem!? - choro sem querer . 300 lágrimas por segundo descem.
- Maria Julieta você sabe muito bem o que fez- ela diz com sua voz baixa e vira- se de costas para entrar na sala de Larissa.
Pego em seu braço e digo:
- Não, eu não sei o que EU FIZ A VOCÊ para estar fugindo de mim.
- Vai tomar no c*!!!
- CLARA?- solto seu braço, arregalo os olhos e ela entra na sala de Larissa- Aquela não é a Clara- falo a mim mesma- ela é doce...jamais diria um palavrão...nem eu diria esse palavrão horrendo ...foi uma facada certeira que me matou...- eu nunca a vi assim. Ela me respondeu com todo ódio do mundo . A envenenaram contra mim. EVENENARAM!!!
Tenho certeza...ela está com vergonha alheia de mim. Eu sempre passei vergonha nela. Ela é tímida e eu chamava a atenção. Ela não quer ninguém falando mal dela por andar comigo . Mas ela é a Clara, ninguém jamais falaria mal dela ! Ela é a aluna mais disciplinada da escola. Tão certinha, ideia de perfeição . Jamais falou mal de alguém...As pessoas quase não a notam . Na verdade ninguém a nota a não ser professores...poucos ouviram a voz dela. Eu fui uma das poucas privilegiadas. Eu a perdi ...
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Depois de um tempo acostumamos com a rejeição. Dói mais quando você vê a pessoa todo dia. Foi assim com Clara...vê- la toda aula... Larissa as vezes via de longe no recreio quando entrava em minha sala.
Ficou doendo o ano todo. Principalmente quando em trabalhos em grupo a Alana a chamava ,mas ela recusava-se a fazer em grupo só por eu estar. Partia- me o coração vê- la fazer sozinha. Claro que ela tinha capacidade de fazer qualquer coisa sozinha ( trabalhos) ... Eu mandava Alana fazer com ela as vezes e eu fazia sozinha. Na maioria das vezes sozinha ... essa era a minha sentença...condenada viver sozinha ... espero não ser pra sempre...
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