Cap 5 - Não será um "Adeus",eu sinto ,eu sei...
Nunca diga "adeus", porque dizer "adeus" significa ir embora e ir embora significa esquecer.
Peter Pan
Na hora do recreio contei para Camila sobre o meu plano de vingança. Ela pareceu não gostar nem um pouco.
-Marieta,não arruma mais briga ,você vai se dar mais mal ainda ,muito mal,mais do que já se deu.
-Mas eu preciso me vingar até por você, você fez muito por mim ...aguentou ameaça mesmo não tendo nada com isso...te julgaram por ser minha amiga ...
-Esquece delas!
-Não dá pra esquecer , já tinha planejado isso antes e nem sabia que ia ter briga nesses últimos dias...faz mais de uma semana que comecei a preparar meu plano de vingança e não foi por acaso-suspiro-mais essa briga que só serviu pra fortalecer a coragem de jogar uma gororoba nojenta nelas- sorrio.
-E se você for expulsa?
-É o que eu mais quero- falei sonhadora- assim no ano que vem não terá nenhuma possibilidade de eu estudar aqui -sonhei alto -não quero pisar mais nessa escola a partir de amanhã o último dia de aula!!!hahaha 1 dia só.
-A decisão é sua , não posso fazer nada.
-Cami ,parece até que eu estava adivinhando...isso não é louco? Eii fica de boa vai dar certo .
-Elas gostam de causar e encher o saco-ela pausa-mas hoje você vai ter que apresentar o trabalho de matemática e não é para você e a Alana ficarem lendo a fala no celular não!
-Não sei se vou conseguir...eu estou nervosa vou precisar de ler nele e...
-Não Marieta ,não vai ler...é só explicar o que você entendeu sobre o tema.
-Esse é o problema: Eu não entendi .Cami por favor - imploro fazendo beicinho .
-Se você ler vou ficar chateada...
~~
Depois do recreio o professor Caio chamou eu ,Camila e Alana para apresentarmos o trabalho de matemática. Só ele mesmo para inventar trabalho nos últimos dias de aula com o ano praticamente acabado. Ele fez a mesma coisa no ano passado. Lembro que fiz com a Laura , Clara e Felipe o menino mais tímido da sala e o mais esforçado. Tivemos que gravar uma vídeo aula explicando um conceito de um tema. Eu saí horrível no vídeo, nem cheguei a ver no final,mas sei que fiquei péssima. Confesso que fiquei morrendo de nervosismo ao apresentar o trabalho hoje,isso não é novidade depois de tudo o que aconteceu essa semana.
Fiquei de pé perto do computador, a Camila no meio do telão e a Alana do outro lado, a bixinha tremia, ela estava mais nervosa que eu ... eu que devia tremer daquele jeito... daqui a alguns minutos todos começariam a atrapalhar o trabalho de propósito e rir para me humilhar.
Alana começa a apresentação, mas parece que ela nunca iria terminar . Ela começou a tremer de uma forma que o celular da mão dela poderia cair a qualquer momento, acho que todos repararam que a coitada estava nervosa e tremendo mais que terremoto. Ela gaguejaja...estava perdida em sua explicação, se perdeu lendo no celular . Imagina eu? Ela empacou. Ficou perdida na fala por um tempão, pareceu não terminar nunca. Eu só queria chegar a minha vez e acabar com isso de uma vez. Não estava aguentando tantos olhos em mim mais uma vez. Alana desistiu e deixou no ar dizendo ao professor ter esquecido a fala ( acho que todos sabiam disso).
Era para mim ter esse nervosismo , não a Alana! Mas ela sempre ficava nervosa e envergonhada quando tínhamos algum trabalho para apresentar. Eu também...
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Teve um trabalho de um tempo atrás ...nele tínhamos que inventar um produto revolucionário. Eu ia fazer com a Alana e a Camila como sempre ,mas no momento do intervalo do dia que foi criado o trabalho o Adolfo senta da janelinha.
- Lana então vai ser eu , você e a Camila beleza?- aproximo da mesa dela no fundo da sala onde está Adolfo conversando com ela.
- Você está interrompendo a gente - diz o nojento- sai daqui .
- Eu vim falar com a Lana sobre o nosso trabalho.
- O de português? EU vou fazer com a Alana ! Arruma outra pessoa ridícula.
- Mas EU já tinha combinado com ela ...e sempre fazemos juntas.
- Faz com a Camila. Aquela esquisita , vocês se dão bem vai... agora vaza...
- O problema é que eu já pensei em um produto revolucionário...E eu vou fazer com a Alana você querendo ou não .
-Tá bom pode fazer com a gente, mas sem a esquisita da Camila.
- Por que ela não pode fazer com a gente?
- sei lá...eu não gosto dela,eu não fui com a cara dela , ela não é boa influência e é esquisita- ele meio que cochicha. Falso. Olha para os lados vendo se alguém olha ou escuta.
-Mas eu também sou esquisita. Você mesmo acha.
-Mas você é diferente ...eu gosto de você...ela é drogada e sei lá...não chama ela! Inventa uma desculpa.
-Tudo bem- falei triste.
Adolfo teve a ideia de criarmos uma marca de roupa ,depois um programa de beleza. Desde quando um programa era um PRODUTO revolucionário? Ele descartou minha ideia. Talvez eu deveria ter escolhido fazer com a Camila mesmo. Não pensei na hora.
Ficamos umas 3 semanas a pensar sobre o trabalho. Adolfo me faria de "modelo" ,ele iria me produzir. Faríamos o antes e depois da transformação tipo esquadrão da moda ,mas ele inventou ser "estação da moda". Nada criativo.
Eu fui para a casa de Adolfo onde ele iria me arrumar. Ele pintou minhas unhas enquanto assistimos "Avenida Brasil " pelo celular dele. A mãe dele veio perguntar se o esmalte que ele usava era dela. Ele a respondeu mandando-a calar a boca. Xingando a mãe. Nem eu teria coragem de tratar minha mãe assim.
Eu tinha levado também várias roupas da boutique da minha tia Regiane. Roupas para fazer sessão de fotos como no quadro do programa esquadrão da moda.
Acabamos indo para a casa de Lana . Ele fez chapinha em meu cabelo. Lana fez minhas unhas dos pés e eu experimentei o máximo de roupas. Adolfo escolheu um vestido preto curto colado de mangas pequenas demais pra mim e apertado que era da irmã mais velha de Alana. Acho que ele me fez de palhaça...me fez levar todas aquelas roupas e escolher um vestido que não tem nada haver com estilo certo da moda pra mim.
Para terminarmos de me arrumar eu pedi a minha mãe para que eu dormisse na casa de Lana,mas ela me xingou dizendo ter macho lá ( o pai dela) nada haver. Minha mãe era louca. É louca. Então voltei para casa,dormi em minha vó na verdade. De madrugada recebi uma mensagem de Adolfo dizendo estar passando mal . Ele disse que devia ser á mortadela que comemos . Mas a mortadela estava fresquinha, nós fomos até a padaria com Lana. O pior é que eu também estava meio tonta,mas era pela chapinha. Sempre fico tonta quando queimam minha cabeça na chapinha, Adolfo queimou várias vezes sem dó.
No outro dia tivemos que dar a desculpa para a professora e pedimos para apresentar no outro dia. Mas no outro dia Adolfo também não apareceu. Ele já havia avisado que iria viajar. Vai saber se era verdade. Mais uma vez pedimos para apresentar no próximo dia.
E quando finalmente chegou o dia de apresentarmos fomos nós arrumar no banheiro. Vesti um vestido de crochê branco e Lana o bege. De última hora mudei o" produto revolucionário " . Faria bem mais sentido. Como eu tinha levado a coleção de vestidos crochê da tia Regiane daria muito bem para fazer o que pensei,tinha um vestido de cada cor +-. A minha ideia era A ROUPA QUE MUDA DE COR ,de acordo com o calor e luz do sol e também por meio de um botão ou aplicativo do celular ( na internet realmente achei esse projeto que daqui alguns anos será possível).
Chegamos arrasando. Depois de demorar no banheiro. Alana fez questão de fazer uma make básica. Taquei 1k de perfume. Lana levou uma maleta cheia de mini frascos de teste. A professora nos anunciou.
Eu segurava no cabide um vestido azul bebê de crochê e Lana um rosa algodão também de crochê. No cabine . Subimos os 3 degraus para o palco grego e nos posicionamos.
Escuto Nicaely dizer algo zombando de mim e rindo . A única palavra que escutei foi: ridícula. Talvez ela tenha dito " Ala ela ridícula demais! " Não ouvi direito. Cretina.
-Gostaria da atenção de vocês- tremo as pernas,quase caio do salto 15- imagem uma roupa que pode ser várias outras roupas? Que muda de cor?-começo a apresentar o trabalho ,com voz trêmula- Isso mesmo! Uma roupa de microfibra de cristais que muda de cor com o calor e pode ser ajustada para curta ou longa com um clique!
Explico como funciona. Alana tenta explicar a parte dela. Tenta. Ela se atrapalha como sempre. Vou até algumas garotas para mostrar as roupas acabo tropeçando no vestido quase caindo do salto.
Nesse dia depois da apresentação tivemos que fazer uma redação sobre uma charge. Eu pedi para entregar outro dia por estar nervosa e ainda tremendo, mas a professora disse que não podia. No final das contas essa foi a redação que eu mais me destaquei no ano. Parece que quando estou sob pressão minhas redações saem melhores .
Como uma vez que fiz uma modelo Enem. Era em um domingo a tarde . Eu tinha madrugada o sábado DIRETO sem dormir. Chutei o simulado por estar caindo de sono LITERALMENTE. Consegui tirar 840 pontos ,a maior nota da sala e sem dormir. Acho que quando estou normal e calma acabo corrigindo muitos erros e enxugando muito...
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Voltei desse flashback com Camila me chamando :
-Marieta, Marieta! É sua vez de apresentar !
-Ah me desculpa...Alana parou? Ah sim entendi ...por onde vamos começar...professor posso ler?
-Fica a seu critério- ele segura sua planilha com a mão segurando o pulso de braços cruzados entre si.
Parece que nesse momento todos prestam atenção em mim. Enquanto Alana" explicava" perdida a gaguejar ninguém prestava atenção, todos conversavam ,mas agora que sou eu os olhares se voltam para mim.
Eu li minha fala do celular no bloco de notas onde copiei . Eu a tinha decorado, odeio decorar ,mas dessa vez foi preciso . Eu poderia falar normalmente, mas preferi ler no celular para evitar contato visual com qualquer um. As vezes levantava os olhos, olhava para o professor prestando atenção e a sala desinteressada. Os meninos de sempre dando risadinhas de mim. Incrivelmente " ocorreu tudo bem ", ninguém atrapalhou como pensei e fez piadinhas . Reagiram muito bem quando começamos o jogo da gincana de responder questões. Fiquei com medo de brincadeiras.
- Marieta...Marieta...
- Ah oi?
- Muda o slide.
-Ah onde?
-Atrás de você.
-Deixa que eu faço isso- Alef se levanta. Clica no computador.
-Marieta muda aí...
-Ah desculpa estava boiando- Falo voada. Alef muda mais uma vez . Só na 3° vez passo a mudar os slides. No final me empolgo tanto que revelo o último resultado antes da hora. Queria que acabasse logo. Para os vencedores daríamos bombons. Mas Alana esqueceu a caixa de bombom que minha mãe comprou.
- E agora como fazemos? Lana esqueceu e você também...entregamos depois - diz Camila enquanto descemos do palco grego.
- Eu entreguei a Lana na terça do dia da briga.
- Não entregou- Diz Lana.
- Entreguei sim! Minha mãe mandou trazer na sala. Mandei você guardar pra mim . Foi no momento que eu comecei a rasgar minha caixinha de suco de uva lembra?
- Não entregou.
- Aff comigo não está. Você comeu foi?
- Você não me entregou.
- Entreguei sim!
-Chega de discussão as duas! -Camila nos para- não vai dar em nada . Não vai fazer diferença mais.
~~
Como se não bastasse ter que apresentar o trabalho de matemática, ainda eu tinha outro. O de literatura . O trabalho era ter de recitar um poema, de "O navio negreiro".Vamos ver se todos vão mater respeito.
Era mais um trabalho em grupo. Dessa vez só com a Alana e o Felipe ( o tímido nerd da sala). A Camila resolveu fazer com o grupo das nerds Amália e Grasiely junto de Genovena ,só por ter gostado do tema de fazer bonecas de pano africanas.
Era para termos apresentado o trabalho na segunda. Por sorte a professora mudou para hoje. Foi no dia que fiquei rouca de tanto gritar no UNO. Ela tinha ensaiado com a gente.
Eu leria o 1°verso, Alana o 2° , Felipe o 3° , eu o 4°e assim por diante. Chegou o momento,a professora nos chama. Nos posicionamos a frente da sala. Tem uma conversa paralela,zumbidos. Ninguém presta atenção em nós três na frente da sala.
-Gente gostaria da atenção de vocês- falo-e quero pedir também para que fiquem em silêncio enquanto eu e meu grupo estivermos apresentando- não sei como tive coragem de conseguir dizer isso. Tentei parecer confiante. Era só recitar, eu sei fazer isso. Eu vou conseguir. Posiciono o papel na frente da minha cara,para que eu não tenha de olhar diretamente para ninguém. Assim ficaria menos nervosa. Escuto Nicaely falar algo para provocar-Nicaely se puder calar a boca e prestar atenção- falo diretamente a ela. A turma toda olha.
-Presto se quiser- ela provoca. Ignoro.
-"Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta... " - começo a recita-lo com emoção e entusiasmo.
Depois chega a vez de Alana,ela está distraída. Cutuco-a com o cotovelo.
-Ei sua vez-arregalo os olhos.
-Ah desculpa-ela faz um som com a gargarta e se prepara:- "Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro... "
Felipe segue a próxima estrofe:
-"Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... "
Depois volta a mim:"'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas..."
Alana:" Donde vem? onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço. "
Felipe:"Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo — o mar em cima — o firmamento... E no mar e no céu — a imensidade! "
Eu:" Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! Que música suave ao longe soa! Meu Deus! como é sublime um canto ardente "
E vai seguindo a sequência. Eu, Lana e Lipe...
Pelas vagas sem fim boiando à toa! Homens do mar!
ó rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano, Tu que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviathan do espaço, Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
Pulando para outra parte:
Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus...
Emociono-me ao ler essa parte:
São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus ... ... Adeus, ó choça do monte, ... Adeus, palmeiras da fonte!... ... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente — Férrea, lúgubre serpente — Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades
Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...
VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...
Por fim nós três juntos recitamos juntos a última parte:
Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Finalmente termino quase rouca. Recitei no ritmo do coração...
Acho que fiquei empolgada e emocionada ao término. Acho que a turma toda deve ter percebido como cada verso era lido com o coração por mim. Eu realmente leio com o coração. Foi por isso que a professora me escolheu. Sou diferente das outras pessoas que lêem sem sentir nada. Lê por ler mesmo. Da boca para a fora. Eu não, eu boto meu amor nas palavras saídas da minha boca.
Retirei o papel da cara. Olhei e vi todos realmente olhando fixamente para mim. Eles realmente prestaram atenção. Eu tive respeito. Voltei para o meu lugar. Suspirei.
~~~
Depois que acabou as últimas aulas eu Camila fomos para o banheiro. Nossos últimos minutos juntas. Vimos Nicaely entrando em uma cabine do fundo falando ao celular. Será que era o cafetão dela? Muita gente diz que tem um cara bancando coisas para ela,um cara que as vezes a busca na escola e não é o pai dela. Vai saber se é verdade. Tirei o martelo da bolsa assassina de produtos mortais químicos. Mostrei a Camila.
- Amanhã elas vão se arrepender- dou um sorriso admirando no espelho . Maligno. Do mal. -Que vontade de bater nela agora- falo baixo ,passo a mão deslizando os dedos pelo martelo . Saboreando -mas não é o momento certo , só amanhã- sorrio maligna de novo.
Nicaely sai do banheiro ainda no celular e me olha. Eu a encaro penetrante. Com olhar sanguinário.
-Detona elas Então! - Camila me dá força .
- Mas você disse que eu não deveria fazer isso ...
- Eu não vou estar aqui ...então faça o que quiser... arrasa com elas! Agora eu quero que você acabe com elas!- ela só deve ter dito isso depois de ter sentido na pele a humilhação por elas.
-Preparei uma gororoba deliciosa e a Naomi junto com o povo do 9°ano e os pirralhos do 6°ano da sala da minha irmã vão me ajudar e filmar tudo.
-Cuidado com elas ...podem te processar - Camila fala apreensiva- mas quer saber...vai com tudo!
Saímos do banheiro e fomos para o lado de fora da escola. Encarei FIXAMENTE Brunesca e Nicaely. De uma forma com que elas percebessem que foi proposital.
-Ih filha perdeu alguma coisa aqui?Ala-Brunesca me olha.
-Me aguardem amanhã- Sorrio. Alguns em volta olham e fazem uhhhhh. Como se fossemos começar uma nova treta. Treta News. Mas não. Vamos deixar para amanhã.
Sento no banco em frente a secretaria com Camila.
-Que vontade de ter jogado essa bolsa cheia de coisas na cara delas- fala cheia de ódio. Camila me olha. Alguns na porta escutam e olham também.
-Calma...Amanhã você vai dar a lição nelas. Pena que não vou estar aqui para ver...
-Vou vingar por você- sorrio e bati na bolsa da vingança.
Aos poucos todos vão indo embora. Restamos só eu e Camila do lado de fora da escola. Pego meu óculos de laboratório e meu martelo.
-Usar o óculos como proteção para a gororoba não cair em mim. Vou usar uma roupa especial também.
-Melhor né. Vai que elas sujam você? Pelo menos vai estar protegida.
-Olha- mostro minha unha da mão onde está amarela e quebrada, o dedo também- minha unha quebrou quando deixei cair um dos produtos químicos mortais , e está ardendo.
-Toma cuidado-Camila fala brava-não vá matar ninguém! Só passar susto ok?
-Pode deixar não vou matar ninguém. Ainda...
Ficamos esperando Jakiel o namorado da Camila chegar. Ela não o via fazia 1 semana. Eles voltariam a morar em SP. Provavelmente demoraria muito para nos vermos de novo ( para não dizer que é um Adeus).
Esse seria o último dia que eu a veria. Não sei quando nos veremos de novo. Nós tiramos uma fotos abraçadas, um abraço tão sincero que dava para ver em nossos rostos. Lágrimas caíram sobre meu rosto.
- Eu te amo- disse ela. Isso me fez querer chorar pra sempre. Começou a doer mais saber que ela partiria-Não chora. A gente ainda vai se ver...
-Promete que vem me visitar nas férias ou quando puder?
- Venho sim.
Esperamos Jakiel por muito tempo até que ele chegar. Ela sai correndo desesperada . Vou andando até lá e digo:
-Ei ,cuida dela pra mim e Camila me dá notícias...vou sentir sua falta...- eu abraço mais uma vez e me despeço- até logo...não é um Adeus...
-Eu também vou...até.
Viro- me andando para casa. Olho para trás mais uma vez.
Cheguei em casa chorando não aguentando saber que a perdi...Ela se foi,mas vai voltar eu sei.
Eu já sinto falta dela. Faz menos de 10 minutos que me despedi dela. Por que está doendo tanto? Por que despedidas doem tanto? Queria voltar no tempo há 10 minutos para abraça- la mais. Por que só damos mais valor e as pessoas quando perdemos!? Eu não a perdi. Não vou mais vê-la por um bom tempo.
Camila quero que de onde você estiver...saiba que eu amo-te! Você foi e sempre será uma GRANDE amiga! Mais do que isso!
Nunca será um" ADEUS "...
NÃO SERÁ UM" ADEUS", EU SINTO , EU SEI...
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Nota da autora:
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