EPÍLOGO
3 anos depois:
Após um dia cheio de trabalho na agência, Alice, enfim, despede-se de seus colegas e vai até o estacionamento, onde Victor a espera. Chegando lá, vê que ele está encostado no carro e abre a porta para ela.
— Oi, amor! — ela o cumprimenta com um selinho.
— Oi, linda! Caraca, Alice! Tua barriga tá cada vez maior, não tá hora de tu ficar de licença não? — Victor questiona, acomodando-se no banco do motorista.
— Você também com esse papo? Parece a galera da agência!
Eles dão risada e Victor diz:
— Vou só passar no bar rapidinho e depois a gente vai pra casa, tá?
Com a carreira de modelo indo muito bem, Victor havia aberto um bar em Copacabana, pois não queria ter uma única fonte de renda. Eles haviam se mudado para Ipanema, onde Alice também trabalhava. Dessa forma, ficavam mais próximos de Joana, que recusava-se a sair do Vidigal dizendo que já estava acostumada a viver lá.
Depois da morte do maior traficante local, a comunidade havia sido pacificada e a criminalidade não era tão pesada como antigamente. Jonas também ainda morava lá e agora trabalhava no bar de Victor como gerente.
Duas semanas depois, já de licença maternidade, Alice estava tranquilamente sentada no sofá com Victor assistindo série, quando ele diz:
— Amor, tu deixou cair água aqui? O sofá tá todo molhado.
Alice olha para baixo e sente um líquido quente embaixo de si. Arregala os olhos e diz:
— A bolsa estourou, Victor! Vou ligar pra doutora Cláudia, pega minha mala e a do Lucas no quartinho dele!
Victor também arregala os olhos, assente e vai rápido buscar a bagagem da esposa e do filho. Quando retorna à sala, vê Alice com uma expressão de dor e fica preocupado.
— Tudo bem, Alice??
— To tendo contração...ai...vamos logo pro hospital. — diz, entre gemidos.
Eles, então, seguem até a maternidade, onde Alice logo é levada para a enfermaria a fim de conferir a dilatação.
— As contrações estão em qual intervalo? — pergunta uma enfermeira.
— Acho que de cinco em cinco minutos...— Alice se esforça para dizer — mas passei o dia tendo contrações mais leves, já estava sentindo que o Lucas chegaria hoje.
A enfermeira sorri e faz alguns procedimentos de rotina, enquanto a médica de Alice não chega. Victor fica ao seu lado o tempo todo, preocupado, até que a mulher diz pra ele ficar calmo que estava tudo indo bem.
Algum tempo depois, eles já estão na sala de parto e Alice está empurrando com todas as suas forças. Victor fica tenso, não sabe como pode ajudar, então só segura a mão dela e diz pra ela empurrar.
— Eu to empurrando, Victor! — ela diz com certa irritação — Preciso descansar por alguns segundos!
— Tá certo, desculpa! Não sei o que falar! — ele diz, passando a mão na cabeça.
— Não precisa falar nadaAAAAA! — Alice responde e uma nova contração começa.
— Já está coroando, Alice. Vamos, mais forte! — diz a médica.
— O que é isso, doutora? Tá tudo bem?? — Victor questiona.
— Sim, quero dizer que a cabeça do seu filho já está aparecendo. — Dra Cláudia responde com um sorriso.
— Ah! Posso ver?
— Não, Victor! Não quero que você olhe! — diz Alice, num último grito, fazendo força para o bebê sair.
Poucos minutos depois, a sala é invadida pelo som do choro forte do bebê deles, fazendo Victor ter um misto de reações: surpresa, felicidade e deslumbramento. A médica pergunta se ele quer cortar o cordão umbilical e ele responde:
— Não vai machucar?
— Não, Victor! Pode cortar. — ela diz, estendendo uma tesoura.
Victor realiza o ato e logo depois, não consegue desviar os olhos do seu filho. A Dra Claudia o envolve numa manta e o leva até Alice, que está ainda ofegante.
— Que lindo, Victor! Ele tem a sua boca, olha! — ela diz, emocionada.
— Tu acha? — ele pergunta, incerto.
— Sim, ele é a sua cara, amor!
Victor da um sorriso bobo e beija Alice, com o filho deles no colo. Curtem alguns segundos juntos, até uma enfermeira pegar o bebê do colo da mãe para fazer alguns exames.
— Ele tá bem? — Victor questiona, preocupado.
— São só exames de rotina, papai! Vamos também higienizá-lo e logo depois o levaremos até vocês para o garotão mamar.
Na manhã seguinte, ainda no hospital, eles recebem a visita de Jonas e Talita. Joana havia chegado cedo, mas precisou ir embora para cuidar do restaurante.
Alice estava na cama com Lucas em seu colo, que mamava tranquilamente. Quando ele terminou, Victor o segurou e mostrou para o amigo, todo orgulhoso.
— O muleque é lindão mermo, parece com a Alice! — diz Jonas.
— Ele é a minha cara, pô! Deixa de onda! — Victor rebate.
— Não achei muito não... — Jonas insiste.
— Tu não sabe de nada, mané! Tu não achou ele parecido comigo não, Talita?
— Ele é a sua cara, Victor! O Jonas tá só te zuando! — diz a amiga, rindo.
Victor sorri, olhando maravilhado para o filho.
— O Luquinhas é a cara do papai, né muleque? — diz para o bebê, que o observa — mas aposto que vai ficar com o olho verdão que nem a mamãe!
— Ainda é cedo pra saber, Victor. — diz Alice — o pediatra falou que pode levar até 6 meses pra definir totalmente a cor dos olhos.
— Vai ficar com o olho verdão sim, lindão! — Victor insiste.
No final do mesmo dia, eles já podem voltar para casa, onde são recebidos por Lourdes, com todo o amor e carinho. Alice sente-se muito agradecida por poder contar com essa ajuda de extrema confiança.
Nesses três últimos anos, Alice havia perdido totalmente o contato com a mãe. Sônia havia mandado uma mensagem comentando sobre um comercial para a televisão que Victor havia feito, mas a moça apenas ignorou.
Sabia que a mãe estava sendo movida apenas por interesse e não quer que seu filho cresça perto de pessoas como ela. O pai continuava atrás das grades, tendo todos os seus pedidos de liberdade negados. A família Guimarães havia declarado a maior guerra contra ele.
Quando Lucas fez um mês de vida, eles promoveram uma pequena comemoração só para os íntimos, que trouxeram presentinhos para o bebê.
— Victor, quando tu e a Alice vão me dar uma netinha, hein? Só homem na família, to louca por uma bonequinha. — diz Joana, brincando com Lucas — tu quer uma irmãzinha, não quer, meu amor?
— Dona Joana, nem saí do resguardo ainda e a senhora já quer encomendar uma neta? — brinca Alice.
Mais tarde, enquanto estava amamentando Lucas em seu quartinho todo decorado de bichinhos da floresta, Alice pensou em tudo o que viveu nos últimos anos. Ela estava tão perdida, sem conseguir imaginar o que teria pela frente e jamais pensou que aquele plano atrapalhado traria o amor da sua vida. Foi a fuga ideal para deixar para trás tudo aquilo que não servia mais e abraçar o novo.
O filho em seus braços era um presente por tudo que havia lutado e ela não podia acreditar em tanta felicidade que estava construindo com sua nova família. De sua parte, Lucas só teria ela, mas de Victor, tinha uma avó maravilhosa, pois Joana era só amores para o neto.
Victor entra no quarto e observa o filho no seio da mulher, também não conseguindo acreditar que tudo havia acabado bem, depois de tudo que passaram. Quando Lucas já estava no berço, ele é Alice ficam em pé, observando seu sono tranquilo.
— Eu passaria por tudo de novo pra ter vocês, Alice.
— Eu também, meu amor...
🚗 FIM 💨
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