Capítulo 7
ALICE
É segunda-feira e Alice acaba de sair da última aula da faculdade. Passou a manhã toda sem conseguir concentrar-se direito, pensando no fiasco do dia anterior.
Ela está com Talita e Rafaela, as amigas conversando sobre algo que ela não presta atenção, quando encontram Jonas aguardando Talita no estacionamento.
— Oi, gata! – ele diz e a amiga pula no pescoço dele.
Depois do beijo deles, Jonas cumprimenta Alice e Rafaela. Conversam um pouco até que Alice diz:
— Preciso ir, galera. Até mais.
Quando ela sai de cabeça baixa em direção ao seu carro e dá a partida, Jonas comenta, ao ver um lindo Bugatti Chiron azul.
— Tá de sacanagem com a minha cara! Porra, a mulher é ricaça mesmo, hein gata? Tirou onda! Será que um dia ela me deixa dirigir essa máquina? – pergunta, babando.
— Você precisa ver a mansão em que ela mora, coisa de cinema. Mas vamos – Talita diz, puxando o rapaz e saem da faculdade.
Algum tempo depois, Alice chega em casa e encontra Lourdes com um olhar desolado para ela.
— Eu tentei esconder, Alice, mas não deu certo – diz a mulher.
— Do que você está falando, Lou? – Alice pergunta, preocupada.
Lourdes apenas balança a cabeça com os lábios trêmulos e aponta para a direção do quarto da moça. Alice sobe as escadas correndo e quando chega ao local, encontra todo o seu material de desenho em cima da cama e sua mãe guardando numa sacola.
— Mãe?! Isso é meu, dá aqui! – diz enquanto corre para tentar pegar alguns desenhos.
— Você tem tido um péssimo comportamento, Alice! Ficamos numa situação muito desconfortável ontem quando você saiu da sala daquele jeito, foi constrangedor! Merece um castigo! – diz a mãe, continuando a guardar seus pertences.
Alice havia acabado esquecendo de guardá-los, sua mãe deve ter encontrado ao fuçar no seu quarto.
— Castigo? Qual castigo pior do que isso que vocês estão me obrigando? Casar com um cara que mal conheço e que sequer vou com a cara dele? – ela pergunta, indignada.
— Não faça drama, Alice! Você já é uma mulher adulta, comporte-se como uma! – diz Sônia.
— Uma mulher adulta escolhe com quem vai se casar e não estou tendo essa escolha! – Alice responde, elevando o tom de voz.
— Uma mulher adulta sabe cumprir suas obrigações e não fica de caprichos, Alice!
— Eu não tenho obrigação nenhuma de me casar com esse cara, será que vocês não entendem isso?? – Agora Alice já está gritando.
A mãe fica furiosa e começa a rasgar os desenhos de Alice, deixando a filha transtornada.
— NÃO FAZ ISSO!! LARGA MINHAS COISAS!!
Alice não consegue conter o ataque de Sônia, que também destrói os lápis. Alguns segundos depois, Lourdes e uma arrumadeira chegam ao quarto assustadas com toda a gritaria e com a cena que encontram.
— Meu Deus... – diz Lourdes, levando uma mão à boca ao ver os desenhos de Alice destruídos e a moça sentada no chão chorando e tentando recolher o que havia restado.
— Limpe essa bagunça, Rita! – diz Sônia para a arrumadeira, deixando o quarto da filha.
Lourdes agacha-se ao lado de Alice e passa a mão no seu cabelo.
— Oh, minha filha, não fique assim, você faz outros desenhos depois – diz com carinho.
— Pra que, Lou? Pra eles destruírem tudo de novo? É só o que sabem fazer, destruir tudo o que sou – Alice diz com um olhar vazio.
— O seu talento é algo que eles nunca podem tirar de você, Alice. Sei que você está em choque nesse momento, mas se acalme, tudo vai passar – Lourdes diz, tentando consolar a moça.
— Tudo só vai piorar, Lou. Eles querem me obrigar a me casar com o Bernardo, já está praticamente tudo acertado. Eles querem me podar de todas as formas até eu não ter mais forças e concordar com essa ideia insana.
Lourdes apenas balança a cabeça e abraça Alice, ainda sentada no chão. Nos próximos dias, Sônia recebe na mansão a equipe de um ateliê famoso que fica encarregado de fazer o vestido de noiva de Alice.
Tiram suas medidas, discutem detalhes e Alice apenas observa, como se não fizesse parte daquilo. Quando perguntam sua opinião sobre alguma coisa, ela apenas responde "tanto faz". Certo dia, estava passando pelo corredor onde fica o escritório do pai quando ouve a voz dele dizendo:
— Está tudo encaminhado, Maia, o casamento já foi acertado. – Pausa. – Claro que será com comunhão de bens, a Alice irá herdar tudo quando o Bernardo sofrer o acidente.
Alice tem um desagradável arrepio na nuca quando ouve essa conversa. Como assim acidente? O que seu pai estava planejando? Prendeu a respiração e encostou-se na porta para tentar ouvir mais.
— Ninguém vai descobrir nada, Maia! Qualquer coisa inventamos um assalto, talvez seja melhor. O carro do garoto deve ser blindado, mas a gente pensa em alguma coisa.
Nesse momento, Alice não consegue ouvir mais nada, apenas tenta sair do corredor o mais rápido possível sem ser ouvida e vai para seu quarto, fechando a porta e encostando-se na parede, escorregando até cair sentada no chão. Seu peito sobe e desce rapidamente numa respiração ofegante.
A situação é muito pior do que ela pensava, seu pai não estava envolvendo-a num acordo de negócios qualquer e sim num esquema criminoso. Começou a sentir um medo gelado e pensou com piedade em Bernardo.
Por mais que abominasse a ideia de casar com ele e o achasse uma pessoa desagradável, é lógico que não queria que ele fosse vítima de qualquer jogo cruel que seu pai estivesse tramando. Mais do que nunca, precisava pensar numa forma de escapar daquilo, era uma questão de vida ou morte.
Os dias foram passando e algumas vezes Bernardo ia à mansão dos Kubrick com a família para um coquetel, almoço ou jantar. Alice até mudou seu comportamento com ele, passando a observá-lo um pouco mais. Seus pais notaram essa mudança e ficaram satisfeitos ao pensar que ela começava a afeiçoar-se ao rapaz.
Alice sempre tentava buscar uma forma de escapar dessa situação e não conseguia pensar em muitas opções. Sua simples recusa ao casamento não surtiria efeito, seus pais iriam enlouquecê-la até fazê-la aceitar, teria que ser algo mais mirabolante. Depois de muito pensar e com a proximidade do noivado cada vez maior, ela já estava desesperada e planejou uma loucura que teria que dar certo.
Dessa forma, num dia em que conseguiu dar uma escapada com alguns amigos para a praia, entre eles Talita, que estava acompanhada de Jonas, resolve dar uma sondada nas possibilidades do seu plano.
— Jonas, queria falar um assunto com você – diz ao rapaz, quando Talita vai dar um mergulho no mar.
— Manda o papo – diz Jonas, olhando com curiosidade para ela.
— Preciso sumir do mapa, ser sequestrada, sei lá, alguma coisa nesse sentido. Será que você pode me ajudar?
Jonas arregala os olhos para ela, não acreditando no que está ouvindo.
— Tu tá querendo pregar uma peça em alguém, é isso?
— Não, eu preciso sumir de verdade... é complicado explicar, mas realmente preciso.
— Olha, gata, realmente não sei como... – ele começa dizendo, mas Alice o interrompe:
— 100 mil reais. Topa?
Ele arregala os olhos de novo, engasgando e pergunta a ela:
— É sério isso mermo ou tá me zoando??
— É sério, Jonas! Eu preciso sumir e não sei como fazer isso, então pensei num plano e queria saber se daria para você me ajudar. Não conheço mais ninguém que possa colaborar nesse sentido.
— Tenho cara de bandido, é isso? – Jonas pergunta, rindo.
— Ai, Jonas, nada a ver, não é isso! É que não confio em ninguém do meu meio, acredito que você seja minha única saída – ela diz, esperançosa.
— Cara, tu tá me pedindo uma parada complicada, mas não tem como recusar uma grana dessa... quer dizer, não posso ignorar o pedido de ajuda de uma amiga, né? – comenta com uma risada.
— Que bom! Então vamos pensar nos detalhes, mas não pode demorar muito, Jonas, é questão de vida ou morte! – Alice diz, ficando com um ar mais sério.
Jonas arregala um pouco os olhos e assente.
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Como disse o Jonas, não da pra recusar o pedido de uma amiga, né? 😂
Deixa uma estrelinha pra mim? 😘
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