VICTOR

Um mês depois:

— Eu sabia que essa história de dançar de cueca não ia dar certo! Agora tu tá tirando foto de cueca? É isso mermo, Victor? — pergunta Joana, brava.

Como ele já havia se estabelecido novamente no Rio de Janeiro, a mãe retornara à cidade e agora ele tinha o desafio de convencê-la de que tinha um trabalho sério e rentável.

— Mãe, sabe quanto eu ganhei com essa campanha?? Vou mostrar pra senhora!

Quando mostra o valor, Joana arregala os olhos e pergunta:

— Tudo isso só pra tirar foto de cueca?? Por que tu não vai também, Jonas? — ela questiona e todos riem.

É manhã de sábado e Victor está numa churrascaria com a mãe, Alice, Jonas e Talita.

— Num me chamaram, dona Joana, que é que eu posso fazer, né? — diz o amigo.

Desde que havia feito o book na agência, Victor estava sendo muito requisitado para vários trabalhos, mas ainda não havia largado o emprego no mercado, ele ainda não acreditava que pudesse realmente ganhar a vida como modelo.

Alice, agora, sempre o acompanhava e o auxiliava a conseguir os melhores contratos, orgulhosa. Ela havia contratado um personal trainer para os dois e Victor estava esculpindo mais ainda seu belo corpo. Ela o incentivava a fazer um curso de passarela, pois como Vera havia sugerido, ele tem muita presença, um corpo maravilhoso e provavelmente faria mais sucesso ainda. Victor ainda ficava hesitante com isso, não deixava de ter um traço de timidez, o que o deixava com um charme especial.

Passado mais algum tempo, eles conseguiram alugar um apartamento pequeno na Barra da Tijuca. Victor estava cada vez fazendo mais trabalhos diversos, inclusive comerciais para a televisão. Alice estava indo bem na faculdade e já havia conseguido um estágio devido a sua experiência anterior.

       O julgamento do pai dela já havia ocorrido por conta da pressão da família Guimarães e Nelson foi acusado de crimes que Alice nem imaginava. Como Sônia temera, eles perderam vários bens, pois eram produto de atividades ilícitas, inclusive a mansão.

      Ainda assim, a mãe conseguiu ficar com dinheiro suficiente para comprar um confortável apartamento no Recreio dos Bandeirantes, o que ela achou muito abaixo de seus padrões.

       — Como você pode reclamar desse apartamento, mãe? É mais do que o suficiente para você, que não faz a menor ideia de como muita gente vive, pelo jeito. — disse Alice, num dia que foi buscar alguns pertences seus que haviam sido levados para lá.

       — Mas é minúsculo! Você viu o tamanho dessa sala? E os banheiros? Sequer tem banheira! — a mulher protestou.

       Victor levanta as sobrancelhas, não conseguindo compreender como alguém poderia reclamar de um lugar daquele.

      Depois de saírem do local, passaram no restaurante da mãe, no Centro. O estabelecimento estava lotado e Joana estava radiante, pois havia, enfim, realizado seu sonho, com a ajuda de Victor. Ela ainda morava no Vidigal, não quis sair de lá, mas a casa dela agora era outra. Victor havia mandado fazer uma reforma geral e comprado novos móveis.

       Como Lourdes não tinha família e havia perdido seu emprego de governanta dos Kubrick, ele e Alice receberam a mulher com braços abertos no apartamento deles. Lourdes não parava de mimá-los e vivia perguntando quando eles teriam um bebê para ela cuidar.

    — Ai, Lourdes, você tá parecendo a mãe do Victor, não fala em outra coisa! A gente nem casou ainda, calma! — diz Alice, quando o assunto surge mais uma vez.

      Victor apenas sorri e fica olhando para ela, é algo que ele realmente tem muita vontade de realizar. Como perdeu o pai cedo, sabe da falta que faz na vida de um filho e já disse várias vezes para ela que quer ser um paizão algum dia.

       Alice quer terminar seu curso de Design Gráfico antes disso e ele respeita sua decisão, então apenas fazem planos para o futuro. O casamento deles estava marcado para daqui a três meses e seria uma cerimônia simples, nada parecida com os grandes eventos que havia na mansão. Victor sentia que Alice não queria nada que a fizesse recordar da época que morava com os pais. Sua tendência era gostar cada vez mais da simplicidade da vida.

        Dessa forma, no dia do evento, alguns poucos amigos estavam presentes para celebrar a união deles. Victor entrou com sua mãe, toda orgulhosa do filho e Alice foi levada ao altar por Oscar, tio de Jonas. Quando a viu entrando na igreja, Victor não conseguiu conter a emoção. Passou pela sua cabeça tudo o que já haviam sofrido, desde o plano inicial do falso sequestro, a fuga atrapalhada, até o acidente e o retorno ao Rio de Janeiro, quando ele achou que a perderia para sempre.

        Alice também tinha um olhar brilhante para ele e Victor imaginou que ela também pensava na trajetória deles, tão improvável de acabarem juntos, mas haviam vencido todos os obstáculos. À sua frente, as primas de Jonas, Mariana e Juliana, vinham de daminhas de honra, todas sorridentes.

       Quando Alice para na frente de Victor, ele segura sua mão e nota como ela está linda. Seus olhos verdes estão com uma maquiagem suave e o cabelo dela está preso numa trança lateral.

       — Linda... — ele diz baixinho, mas ela consegue entender, dando um sorriso.

      Depois da cerimônia, ele enfim a beija e diz, no ouvido dela:

      — Tu é minha princesa...

      — E você é meu príncipe, Victor. Você não veio num cavalo branco, mas me salvou.

      — Tu que se salvou sozinha, Alice... eu só te acompanhei.

       Depois de mais algumas declarações apaixonadas, seguiram para uma pequena celebração que teria numa casa de festas. Eles já haviam casado no civil e ela tinha resolvido mudar seu nome para Alice Silveira, adotando o sobrenome de Victor. Ela havia dito que não queria mais estar ligada a nada que a relacionasse aos Kubrick.

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O próximo capítulo será o epílogo, na verdade. Três anos depois na vida de Alice e Victor. Deixem seu voto que é importante para mim 😘