Capítulo 5
ALICE
Quando Alice entra no salão onde está havendo o baile, sente a vibração das batidas da música por todo seu corpo. O lugar está lotado de todo o tipo de gente. Mulheres seminuas descendo até o chão, outras mais vestidas, homens de regata, outros bem arrumados... o público é diversificado.
Jonas leva as meninas até um balcão para que elas possam beber alguma coisa e Talita pede uma bebida, assim como Rafaela, mas Alice não toma nada, por enquanto. Ela dá uma olhada ao redor para ver se encontra alguém da imprensa, como está acostumada a ver nos locais que frequenta, mas não avista ninguém, ficando mais tranquila.
Muitos homens passam e olham para ela, pegam no seu cabelo, falam no seu ouvido e ela apenas esquiva-se. Rafaela já parece mais inclinada a ficar com alguém, começando a conversar com um cara que chega perto dela.
Alice pensa que vai ser o jeito ficar de vela essa noite, pois a maneira atrevida com que os homens do local abordam as mulheres não a agrada. Felizmente, percebendo que a amiga está deslocada, Talita deixa um pouco de lado os amassos com Jonas e dança com Alice, que começa a ficar mais solta. Quando o clima já é de total descontração, Jonas pega seu celular e diz:
— Fotinho, fotinho!
Ele posiciona o aparelho num ângulo acima e abraça Talita, também envolvida pelo braço de Rafaela. Como Alice não quer ser vista, um hábito que se acostumou a ter de tanto esconder-se de colunistas sociais, coloca uma mão no rosto, deixando apenas a boca à mostra, com a língua para fora.
— Pô, gata, escondeu o rosto na hora da foto? – diz Jonas.
— A vida dela é fugir de paparazzi, já tá acostumada! – diz Talita, deixando o rapaz intrigado.
— Ela é famosa? Tem cara de artista, mermo!
Alice dá uma risada e Talita diz:
— A família dela é importante, cheia da grana, aí já viu.
Quando Alice escuta o que a amiga diz, faz uma cara feia para ela, pois não gosta de espalhar sua situação de vida para quem não a conhece.
— Princesinha do asfalto, então? Saquei... fica tranquila, gata! Não vai acontecer nada com vocês aqui, não, ceis tão comigo – ele diz, ao reparar a reação de Alice.
A noite prossegue tranquila, as amigas dançaram, divertiram-se e algumas horas mais tarde, foram embora com Jonas acompanhando-as até o carro. Quando Alice chegou em casa, já eram quatro horas da manhã. Ela tomou uma ducha rápida e caiu na cama.
— Alice! ALICE! – a voz de Sônia ecoa no quarto da filha.
Alice está deitada de bruços e levanta a cabeça para olhar a mãe.
— Que foi, mãe? – pergunta com uma voz rouca.
— Eu disse a você que hoje teremos um almoço importante!
Alice pega o celular e vê que são 10:30, então fala para a mãe:
— E já vão almoçar agora, por acaso? Ta cedo ainda, mãe, poxa!
— Você precisa estar apresentável antes! A equipe do Kim está aqui para dar um jeito em você. – diz a mãe com um gesto de desdém em direção à filha.
Kim era o dono de uma rede de salão de beleza classe A do Rio de Janeiro, a mãe costumava contratar os serviços da equipe de vez em quando para atendê-las na mansão, uma regalia concedida a poucos.
Alice deu um suspiro e levantou da cama, não adiantaria discutir com Sônia sobre o assunto. Foi até o banheiro e depois de uma higiene rápida, seguiu para o closet da mãe, onde a equipe estava. Era um cômodo enorme, quase um outro quarto.
Duas horas depois, Alice estava com cabelo, maquiagem e unhas feitas, trajando um vestido verde água de seda. Estava linda, mas não tinha a menor animação, ainda não havia descansado suficientemente da noite anterior.
Quando ouve o som de vozes, sabe que os convidados chegaram e segue para o hall a fim de recebê-los. Com desprazer, constata que trata-se da família Guimarães e Bernardo logicamente está presente.
— Oi futura freira, tudo bem? – ele pergunta com sarcasmo.
Alice ignora sua provocação e passa a cumprimentar os pais do rapaz. Logo depois, são levados até a parte externa da casa para tomarem alguns coquetéis à beira da piscina. Bernardo lança muitos olhares à Alice acompanhados de um sorriso desagradável que ela tenta continuar ignorando, o que é uma tarefa meio difícil, já que as regras de etiqueta imposta por seus pais proíbe que ela fique com o celular nessas ocasiões.
Algum tempo depois, seguem para a sala de jantar, onde o almoço está servido: faisão ao vinho tinto. De sobremesa, tiveram tiramisù. Alice passou quase toda a refeição bocejando, a sorte era que estava com fome e ao menos conseguiu apreciar a comida. Quando estavam na sala de estar tomando licor, Ronald, pai de Bernardo, pergunta:
— Podemos contar com a aliança formada, Nelson?
— Com certeza! – responde – essa união já é mais do que sólida. Com os Guimarães junto aos Kubrick seremos soberanos!
Alice não está entendendo nada dessa conversa, mas não gosta dos olhares dirigidos a ela e Bernardo, muito menos dos olhares e sorrisos desagradáveis dele.
— Vamos providenciar o noivado para as próximas semanas. – Sônia diz com um sorriso radiante, mas fazendo Alice engasgar-se com o licor.
A mãe da uma batidinha nas costas da filha com um sorriso de quem está vendo uma gracinha de criança. Alice começa a ficar com falta de ar e sente que precisa sair desse ambiente, senão vai sufocar.
— Com licença – diz e sai depressa.
Segue para a parte externa da casa, apoia-se numa coluna e põe a mão no peito, que está subindo e descendo rápido. Como seu pai tem coragem de fazer isso com ela? O que ele pensava que ela era, um objeto que pode ser negociado, como se ela não fosse um ser humano com vontade própria?
— O que você está fazendo aqui, Alice? Volte para a sala! – a voz da mãe a desperta das divagações.
— Como vocês tem coragem de fazer isso comigo, mãe? – pergunta, cheia de mágoa.
— Seu pai não já tinha resolvido esse assunto com você, Alice? – Sônia pergunta impaciente.
— Ele simplesmente comunicou que eu deveria casar com o Bernardo, sequer perguntou o que eu achava da ideia! Eu nem conheço esse cara, como vocês podem exigir isso de mim? – Alice pergunta com lágrimas já descendo pelo seu rosto.
— Nós conhecemos a família Guimarães há muitos anos, Alice. Você acha que deixaríamos que casasse com qualquer um? Ele é um herdeiro, do que você pode estar reclamando, céus? – pergunta exasperada, levantando as mãos.
Alice sente que não tem mais forças para continuar discutindo naquele momento, seus argumentos parecem todos vazios aos ouvidos da mãe e não consegue aceitar os dela. Dessa forma, apenas a segue de volta à sala e finge que está em outro lugar quando fazem brindes.
Quando tudo terminou, trancou-se no seu quarto e passou as próximas horas desenhando, até dormir com a cabeça por cima dos desenhos.
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Alice está acuada e as coisas ainda vão piorar. Podem me dar suas estrelinhas? Comentem para eu saber que vieram aqui 😘
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