Capítulo 48
ALICE
Depois de algumas semanas de espera, Alice finalmente teve um sinal de que seu plano estava apresentando resultados conforme o planejado. Ela tinha sido informada de que seu pai havia tido uma conversa suspeita com Maia, antigo comparsa e tal conversa envolvera o nome Bernardo Guimarães.
Alice desconfiava que, com o passar do tempo, seu pai voltaria ao plano inicial e ali estava ela, no mesmo ponto de meses atrás. Não havia sido comunicada por ele ainda de nada sobre o assunto, mas sabia que era apenas uma questão de tempo.
Como suspeitava, certo dia, Sônia a informa de que terão um jantar para poucos convidados e que Alice deveria estar em casa. Na noite do evento, ela não se surpreende ao ver a família Guimarães, mas, dessa vez, a família de Maia também está presente, deixando-a tensa. Sabia que estava na presença de pessoas perigosas, incluindo seu pai.
Observava a interação de todos e ficava perplexa com o fato de tratarem a família Guimarães com tanta naturalidade, nem parecia que tinham um plano diabólico em mente. Alice até lançava mais olhares do que pretendia para Bernardo, com pena do rapaz, o que estava sendo confundido com algum interesse nele, pelo que estava percebendo. Ela notava um semblante satisfeito nos pais e no próprio Bernardo.
Em determinado momento da noite, o fatídico assunto do noivado enfim foi abordado e Alice teve que se esforçar para não fazer cara de nojo. Também procurou não mostrar empolgação, tinha que tentar parecer o mais natural possível.
Depois de fazerem um brinde na parte externa da casa, as famílias se afastaram de Alice e Bernardo, parecendo querer proporcionar-lhes alguma privacidade. Quando estão sozinhos, ele comenta:
— Esse jardim me traz lembranças desagradáveis... você não sente isso também?
Alice recorda do falso sequestro ocorrido no local e sente uma mistura de culpa e vergonha. Naquele momento, ela achava que jamais precisaria voltar para casa novamente e lá estava ela, na mesma situação.
Mas, na verdade, a situação era diferente agora, pensa Alice. Seu plano era mais sólido e ela não era mais a moça boba e inexperiente de antes. Com esse pensamento em mente, ela diz para Bernardo:
— Preciso conversar um assunto sério com você — o rapaz apenas a observa, com curiosidade, então ela continua — essa união entre a gente não é pelos motivos que você pensa.
— Eu não sou idiota, Alice. Você acha que eu penso que está apaixonada por mim? Eu sei que não! E se você pensa que eu estou muito satisfeito com essa situação, está enganada. Você acha que quero me amarrar a alguém? Quero é curtir! Sem ofensas, você é muito gata, mas só estou aceitando tudo isso porque é uma condição que meu pai impôs pra eu assumir o comando da empresa. — diz Bernardo, com um ar claramente aborrecido.
Alice surpreende-se com essa revelação. Sempre concentrou-se muito nos seus próprios problemas e nunca parou para pensar em como isso seria também para ele, já que essa relação entre eles era uma imposição das famílias. Como desde o início o achou extremamente desagradável, só quis distância dele e nada mais.
— Não é disso que estou falando, Bernardo. É algo muito pior e perigoso, você precisa saber.
O rapaz a olha com o cenho franzido e ela passa a relatar tudo o que conseguiu descobrir sobre o plano do pai, só não teve coragem de confessar que o falso sequestro foi armação dela, já que ele havia ficado tão nervoso, na ocasião.
— Como assim, Alice?? — ele pergunta, meio ofegante — você tem certeza de tudo isso? O que você está me contando é muito sério!
— E eu não sei disso, Bernardo? Estou falando pra você porque acredito que seja algo que você tenha que saber, até pra me ajudar a pensar. Eu instalei câmeras e microfones no escritório do meu pai, o celular dele está hackeado, talvez seja melhor você também tomar algumas providências.
Ele passa alguns segundos em silêncio, mirando um ponto fixo, pensativo, até que assente.
— Eu vou conversar com meu pai. — ele diz.
— Mas vamos fazer as coisas com calma, não adianta confrontar meu pai que ele logicamente vai negar e provavelmente ficar bem mais cauteloso, vamos seguir com meu plano, certo?
— Tudo bem. Acho uma boa sim.
Bernardo está visivelmente chocado, tal revelação não deve ter sido mesmo nada fácil para ele. Alice até pensa se teria sido uma boa ideia ter essa conversa naquela ocasião, mas sentia que não tinha tempo a perder.
Não demorou muito e os pais de Bernardo o chamaram para ir embora, questionando se ele queria ficar um pouco mais, mas ele disse que estava cansado e que preferia ir para casa. Até que conseguiu disfarçar bem, diante das circunstâncias.
Quando já estava em seu quarto, algum tempo depois, Alice sentiu-se mais aliviada de dividir esse fardo, esperava que mais pessoas ajudando pudesse fazer seu plano ter mais chances de sucesso. Ela adormece segurando o cordão arrebentado, presente de Mariana.
Na semana seguinte, houve um novo jantar na mansão para oficializar o noivado mais uma vez. Ao contrário de antes, Bernardo estava mais soturno, não lançava olhares maliciosos para Alice. Ela notou que a família Guimarães estava acompanhada de alguns seguranças.
— E então, como estão as coisas? — ela pergunta a ele, disfarçadamente, enquanto bebem champanhe.
— Contei apenas para meu pai, minha mãe iria surtar, se soubesse. — ele responde sem olhar para ela.
— Imagino...
— Meu pai reforçou a segurança, mas, de qualquer forma, acredito que nada me aconteceria antes do casamento.
— É, acho que não, mas é bom estar precavido, de qualquer forma.
Eles conversam por mais alguns minutos, até que um fotógrafo pede para pousarem, a fim de ter um registro. Bernardo se força para estampar um sorriso, envolvendo a cintura de Alice com uma mão.
Ela também sorri, meio desconfortável, pois sabe que tal foto acabará chegando aos olhos de Victor. Por mais que ele saiba que tudo não passa de uma armação, certamente ficará chateado e ela entende isso. A saudade dele está cada vez maior, Alice não vê a hora de senti-lo em seus braços novamente.
Em determinado momento da noite, Talita se aproxima de Alice e pergunta se está tudo bem, ela sabe de todo o plano. Como dessa vez o jantar é para poucos, Jonas achou melhor não comparecer, não queria despertar atenção para sua pessoa e tinha receio de não conseguir se portar à altura de toda aquela gente esnobe.
— Estou mais aliviada de ter aberto o jogo com Bernardo, ele precisava saber. — Alice diz, em tom de voz baixo.
— É verdade... — a amiga responde.
— Você tem visto o Victor? — Alice questiona, com um aperto no peito. Sabia que a amiga havia voltado a encontrar-se com Jonas, então poderia ter notícias dele.
— O Jonas arrastou ele um dia desses pra comer uma pizza com a gente. — diz Talita — ele tá muito ansioso pra tudo isso acabar logo.
— Eu sei, eu também. Não aguento mais ficar longe e sequer poder falar com ele. — diz Alice, angustiada — será que você não pode me emprestar seu celular um pouquinho?
— Não, Alice, hoje não! A imprensa tá aqui, melhor você não dar bandeira.
— Eu vou pro meu quarto rapidinho, por favor!
— Ai, tá bom, mas vamos rápido, hein? E fala baixo!
Elas seguem para o segundo andar e Alice tranca a porta do seu quarto. Joga-se na cama com o celular da amiga e faz uma chamada de vídeo, precisa vê-lo. Victor não demora a atender e ela sente seu coração aquecer quando vê seu lindo rosto na tela.
— Oi, amor! É tão bom te ver, to morrendo de saudade! — ela diz.
Victor abre um sorriso largo para ela. Ele está deitado na cama, sem camisa.
— Também to, Alice... tu tá tão linda, tá em alguma festa?
— É a noite do jantar de noivado. — ela responde, num fio de voz e o sorriso de Victor some do rosto dele. — você sabe que nada disso é real, não sabe?
— Tu tá de aliança? Deixa eu ver. — ele pede, com a respiração um pouco alterada.
— Pra que, Victor? Não é real, eu quero a nossa, a que você mandou gravar nossas iniciais. Nada disso aqui é real, nada.
Ele fica olhando para ela, da um suspiro e diz:
— Tu parece tão distante agora...
— Não, Victor, não! Não fala isso... vamos ter só mais um pouco de paciência que tudo vai se resolver e eu voltar voltar pra você, tá? — Alice diz, secando uma lágrima.
— Tá bom, linda, desculpa. É que tá foda pra mim aqui.
— Pra mim também, amor, você não faz ideia do quanto eu quero sair daqui.
— Alice, melhor a gente descer. — diz Talita.
— Tenho que ir agora... te amo muito, tá? — diz Alice para Victor.
— Também te amo. Tu é minha princesa.
Alice sorri ao ouvir a frase que ele sempre diz para ela e enfim desligam o telefone. Ela retoca a maquiagem, tenta recobrar uma expressão mais natural e volta para seu jantar de noivado falso.
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Agora é o momento de ter paciência que tudo está se encaminhando como planejado. O que estão achando? Continuem aqui comigo e deixem sua estrelinha 😘
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