Capítulo 42
ALICE
Alice está de olhos fechados, mas consegue perceber alguns sons a sua volta. Bipes de aparelhos, vozes de pessoas que ela não conhece, onde estará? Tenta abrir os olhos, mas a claridade faz as pontadas na sua cabeça piorarem. Sim, ela tem consciência agora de uma dor no lado direito da cabeça.
Quando ouve uma voz bem próxima de si, tenta abrir os olhos de novo e vê uma mulher com uniforme hospitalar. Olha ao redor e percebe que está num hospital. De repente, a mulher olha para ela e da um sorriso simpático, dizendo:
— Oi, Alice. Eu sou a Angélica, enfermeira que está cuidando de você. Você sofreu um acidente de carro e está no hospital, consegue lembrar disso?
Alice balança a cabeça, em negativa.
— Tudo bem, você acabou de acordar, é normal estar ainda confusa. — a mulher diz — você consegue falar? Diga seu nome.
— Alice. — sua voz sai fraca.
— Muito bom! — a enfermeira diz, com um sorriso — como você está se sentindo?
— Minha cabeça dói...
— Sim, você sofreu um princípio de traumatismo craniano, mas já está bem melhor. Os médicos precisaram deixá-la em coma induzido por uns dias, então você teve um bom progresso, viu?
— Onde eu estou?
— No hospital, querida. — a mulher repete, com um ar penoso.
— Não... — Alice esforça-se para falar — em qual cidade eu estou?
A mulher franze as sobrancelhas rapidamente e diz:
— No Rio de Janeiro. Eu vou chamar o doutor pra examinar você, certo?
Alice ouve a mulher dizer, mas logo fecha os olhos e fica inconsciente novamente. Quando volta à consciência, no dia seguinte, consegue ouvir uma voz desagradável, fazendo seus batimentos cardíacos aumentarem a velocidade. Permanece com os olhos fechados, esperando a voz desagradável desaparecer.
— É assim mesmo, dona Sônia. Ela pode ter alguns momentos de consciência e voltar a ficar inconsciente, mas como praticamente não há mais inchaço no cérebro, a tendência é ir melhorando aos poucos. — ela ouve uma voz masculina dizer.
Percebe que a voz que estava causando um mal estar era de sua mãe, consegue reconhecê-la. Não quer vê-la, então decide permanecer de olhos fechados, mas está cada vez mais consciente dos sons à sua volta. Quando ouve a mãe despedindo-se do médico, espera algum tempo e depois abre os olhos.
Percebe que está sozinha numa pequena sala, apenas consegue ver, através de um vidro, outras camas de hospital e algumas pessoas passando. Tenta organizar algumas informações na sua mente, mas não consegue lembrar de muita coisa. De repente, uma mulher aparece e ela tem a impressão de reconhecê-la.
— Olha quem acordou de novo! — ela diz, com um grande sorriso — por pouco você não vê sua mãe, ela acabou de sair daqui. Está quase no final do horário de visitas, talvez tenha ainda alguma pra você, será? — ela pergunta, em expectativa e Alice não entende.
A mulher aproxima-se, aplica uma medicação intravenosa e pergunta:
— Como você está se sentindo? Tem dor de cabeça?
— Não...
— Isso é ótimo! Você está melhorando. Se continuar assim, logo sai daqui.
Alice apenas fica olhando para a mulher, que também a olha por um momento e pega algo do seu bolso, estendendo para Alice.
— Uma pessoa pediu pra entregar isso pra você, sabe quem é?
Alice vê um cordão com um pingente de metade de coração e alguns flashes de lembranças vem à sua mente.
— Victor...Victor...
— Sim, foi o Victor quem trouxe pra você! — a mulher assente, satisfeita — ele vem vê-la todos os dias, sabia? Mas ele espera seus pais saírem...nem sempre dá certo, às vezes o horário de visitas já acabou, mas eu converso um pouco com ele.
A mulher olha para a parede e diz:
— Já são 17:50, está quase acabando o horário, vou dar uma olhada pra ver se ele está lá fora, tá?
Quando ela já ia saindo, Alice vê Victor entrando no quarto com um olhar ansioso. Quando seus olhos se encontram, ele arregala os dele e vai rapidamente até ela, com um grande sorriso no rosto.
— Viu só quem está acordada hoje? — a enfermeira pergunta, animada.
— Oi, amor! — Victor diz, segurando as mãos dela e dando beijos.
Alice ri e chora ao mesmo tempo. A enfermeira olha alguns dados no monitor e Victor pergunta, preocupado:
— Tá tudo bem com ela?
— Só emoção em ver você, mas tudo bem sim. — Angélica responde.
Ele volta a olhar para Alice e sorri de novo.
— Como você tá, amor?
— Quero ficar com você, Victor, fica aqui, não vai embora. — ela fala.
Ele faz uma expressão de lamento e diz:
— Pô, linda, tudo que eu queria era ficar contigo, mas não posso, tem horário de visita aqui.
— Que já está quase acabando... — lembra Angélica.
— Mas eu venho amanhã de novo, tá? Tomara que tu também fique acordada, é tão bom falar contigo... — ele diz e da um beijo rápido na boca dela. — eu te amo — sussurra.
Alice segura um braço de Victor e chora, não querendo que ele saia de perto dela.
— Amor, não fica assim, eu volto, tá?
— Ele precisa ir agora, Alice. Acabou o horário de visitas. — a enfermeira diz.
Victor da um beijo em Alice e percebe que ela segura o cordão que ele havia entregado à Angélica. Sorri e pergunta:
— Sabe o que eu tenho aqui comigo?
Ele, então, tira do bolso uma caixinha e mostra para ela as alianças.
— To com elas desde o dia que te tiraram de mim, Alice. Eu ia te entregar naquele dia... — ele diz, emocionado.
— Victor... você precisa ir agora, querido. — Angélica diz, secando uma lágrima.
— Tá certo... posso deixar a aliança no dedo dela?
— Ela não pode ficar com joias enquanto está internada, melhor você dar depois. — a enfermeira diz — certamente vocês vão querer um momento mais adequado e romântico para isso, não acha?
— É... a senhora tá certa. — Victor diz.
— Agora vá, filho, senão vão puxar minha orelha de ainda deixar visita aqui, ainda mais pra ela. — Angélica diz, fazendo um gesto com a cabeça em direção à Alice.
— Tchau, amor. Eu te amo muito e to muito feliz de tu tá melhorando. — Victor diz, com um último beijo nela e um sorriso que aquece o coração de Alice.
Ele agradece à Angélica, olha mais uma vez para Alice e sai do leito. A mulher olha para ela e parece emocionada.
— Que amor lindo, o de vocês! Da pra perceber isso. Seu namorado vem aqui todos os dias, mesmo que nem consiga ver você. E ele é tão lindo! — diz, com um sorriso.
Alice está triste com a partida de Victor, mas consegue dar um leve sorriso.
— Há quanto tempo eu estou aqui? — pergunta.
— Dois meses.
— Quando eu vou poder sair?
— Você ainda precisa ficar em observação por algum tempo para ver como reage, Alice. Você passou semanas inconsciente e agora que acordou, além de ter sofrido algumas fraturas. — a mulher diz — mas tenha paciência, que você está indo muito bem.
Angélica examina alguns sinais vitais e pergunta:
— Quer tentar comer alguma coisa? Você estava recebendo alimentação intravenosa, mas agora que acordou, pode tentar comer e beber água.
Alice assente e Angélica diz que vai providenciar. Volta algum tempo depois com uma bandeja e um prato de sopa.
— Quer que eu ajude você? Consegue segurar a colher com a mão esquerda? — a mulher pergunta, já que Alice está com o braço direito imobilizado.
— Quero, por favor.
— Tá certo, vou só elevar um pouco sua cama, um minuto.
Alice experimenta a sopa e apesar de não estar tão boa, procura tomar um pouco. Quando faltava pouco menos da metade, ela diz que já está satisfeita.
— Está enjoada?
— Um pouco...
— É normal, seu estômago passou muito tempo sem receber alimento, mas logo você vai melhorar, continuando a comer aos poucos.
Alice assente e a mulher pergunta:
— Quer que eu mande chamar seus pais? Como você acordou depois de tantos dias, o doutor abre uma exceção e os deixa ver você de novo hoje.
— Não! Não quero! — ela apressa-se em dizer e Angélica a olha com as sobrancelhas franzidas — Eles viram o Victor? — Alice questiona.
— Acho que sim, pois ele fica na sala de espera também. — a enfermeira responde — algum problema?
— Eles não conhecem o Victor.
— Não? — a mulher pergunta, surpresa.
— Você falou dele para meus pais? — Alice pergunta para ela.
— Não, pois eles não estão permitindo visitas. Eu deixo o Victor visitar você porque lhe ouvia chamar o nome dele, então achei que seria bom que você pudesse ouví-lo. Mas seus pais não sabem. — diz, em um tom divertido de confidência.
— Obrigada. — Alice agradece. — Eu não quero sair daqui com meus pais, entendeu, Angélica? Quero sair com o Victor.
— Bom, Alice, aí tem que ver com o médico, talvez você precise de cuidados, ainda...
— Não interessa! — diz Alice, interrompendo, mais angustiada do que ríspida — eu não posso ir com eles, eu fugi deles, Angélica... mas acabei voltando pra cá.
A mulher a olha com as sobrancelhas franzidas e pergunta:
— Você está bem, Alice? Acho melhor o doutor fazer alguns exames em você.
— Eu não estou delirando, Angélica. Pode perguntar pro Victor. Não deixa eles me tirarem daqui!
A enfermeira afaga a mão de Alice e diz:
— É melhor você descansar agora, querida. Vai ficar tudo bem.
A mulher diminui a iluminação do leito e sai do ambiente, dando um sorriso para ela.
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Confesso que pensei em fazer a Alice perder a memória por um tempo, mas finalmente, resolvi ter piedade do Victor e mudei de ideia 🤣
Obrigada por sua leitura e deixem uma estrelinha pra mim 😘
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