Capítulo 4
VICTOR
No sábado de manhã, Victor acorda com uma gritaria. Depois de despertar melhor, consegue distinguir os gritos de sua mãe e a voz de Vini vindos da sala. Levanta-se da cama e vai até lá ver o que está acontecendo. Encontra sua mãe dando tapas no irmão, que se defende colocando os braços na frente do rosto.
— Porra, mãe, pega leve! Já deu! – diz Vinícius.
— Se não apanhou da polícia, vai apanhar da tua mãe, desgraçado! Sabe o susto que passei ontem? Até quando vai ficar metido com bandido? – a mãe pergunta, aos gritos.
— Mãe, fala mais baixo, assim todo mundo vai ouvir – diz Victor.
— Todo mundo sabe que o vagabundo do teu irmão é bandido, qual a novidade?
Vinícius consegue manter uma distância segura da mãe, que vai para a cozinha, então diz para Victor, com a voz baixa:
— Cara, chega aqui.
Segue em direção ao quarto e fala para o irmão:
— Vou precisar sumir por uns tempos.
— Que é que tu fez, Vini? – Victor pergunta, preocupado.
— Tô devendo uma grana aí, não tenho como pagar, então não vou poder ficar aqui.
— E tu vai pra onde?
— Não sei ainda e é melhor que vocês nem saibam, é mais seguro.
— Porra Vini, podem vir cobrar da mãe essa grana? – Victor pergunta, começando a ficar realmente nervoso.
— Cara, vou resolver, só preciso de um tempo. Se vierem aqui, diz só que tô cuidando de umas paradas aí e que depois eu volto.
— Porra, vai se fudê, Vini! Como que tu mete a gente numa roubada dessa, mermão? A mãe tá sabendo disso?
— Não, só falei pra ela que iria passar um tempo fora de casa. Calma, pô, falei que vou resolver, relaxa!
Victor xinga o irmão mais uma vez e vai até a cozinha ver se tem alguma coisa para comer. Quando chega lá, a mãe pergunta:
— E o trabalho na fábrica, Victor? Deu certo? Quando cheguei em casa ontem tu já tinha saído, nem deu pra perguntar.
— Acho que não, mãe – ele responde, desanimado. – Mas tenho outras paradas em vista, pode deixar.
— Só não vai entrar na bandidagem como o teu irmão, que não vou aguentar esse desgosto!
— A senhora sabe que não, mãe! Nem precisa falar! – ele responde, com certa irritação.
Depois de tomar café e comer um pão, a mãe pede para ele passar no açougue, dando o dinheiro da faxina do dia anterior. Victor pega parte do que recebeu nas entregas da noite para poder entregar a Jonas e sai de casa. Bate na porta da casa do amigo e depois de um tempo, ele mesmo aparece.
— Fala, brother! – diz Jonas, cumprimentando-o com um toque.
— Trouxe tua grana, acabei não colocando gasolina na moto ontem – diz Victor, entregando algumas notas a ele.
— Valeu! Chega aqui, tava comendo, agora – diz Jonas, abrindo mais a porta para o amigo entrar em sua casa.
Victor entra e senta-se numa cadeira, apoiando os cotovelos na mesa.
— Que cara é essa, pô? – Jonas pergunta, dando uma mordida num sanduíche.
— Vini fazendo merda, como sempre, né? Disse que tá devendo uma grana e que vai precisar sumir por uns tempos. Agora tu imagina se essas porras vão lá em casa cobrar? Tô bolado, cara!
— Foda... — o amigo comenta.
— Pior que tô muito fudido, não consegui o trabalho na fábrica, só tô tirando a grana das entregas, tá dando pra porra nenhuma. Não tem nada que tu possa descolar pra mim não, cara? Tô falando de trabalho, não é dinheiro.
— Vou ver, brother. Deixa comigo.
— Só não me mete em roubada, por favor. Já basta o Vini lá em casa.
— Tu sabe que não sou disso também, cara, relaxa.
— Não rola um trabalho de segurança contigo, não?
Jonas trabalha como segurança numa casa noturna na Barra da Tijuca.
— Mermão, pior que tá rolando um papo de que o lugar vai fechar. Daqui a pouco sou eu fudido também – diz e os dois riem.
Depois de terminar seu lanche, Jonas pergunta:
— Olha só, tá afim de dar um rolê no baile hoje, não?
— Cara, tu sabe que não curto funk. E noite de sábado é bom pra entrega, vou trabalhar.
— Mas tu curte mulher, né? O baile tá maneiro, pô, cheio de gata!
— E eu lá tenho dinheiro pra mulher, porra!
— Hoje vem uma gata do asfalto, coisa fina, vai trazer umas amigas, aproveita.
— Piorou! O que uma patricinha vai querer comigo, tá maluco?
— Quer muita coisa, tá por fora, cara! – diz Jonas com uma risada.
— Pô, vou indo que esse papo tá zuado! Tenho que fazer umas paradas pra mãe, ainda – diz Victor, levantando-se e despedindo-se do amigo.
Quando chega em casa, a mãe diz que o vizinho estava precisando de ajuda com frete, o que deixou Victor animado. Ele também fazia bicos como transportador, inclusive tinha uma entrevista na próxima semana para trabalhar com mudanças. Como tem um porte físico forte, costuma sair-se bem com esse tipo de serviço.
Depois da ajuda com o frete, Victor toma um banho, descansa um pouco e mais tarde conecta no aplicativo para ver os pedidos e fazer as respectivas entregas.
Na última da noite, é recebido por uma mulher que o olha de cima a baixo e deixa o queixo cair um pouco. Victor já está acostumado com essa reação das mulheres, pois ele chama a atenção.
— Quer uma gorjeta especial, querido? – a mulher pergunta.
Victor dá um leve sorriso e diz que ainda precisa fazer outras entregas. Não está no clima, está cansado, só quer ir para casa e dormir. Já na cama, recebe uma foto de Jonas com três mulheres, uma morena e duas loiras, mas ele não consegue ver o rosto de uma delas, que põe a mão na frente dos olhos e nariz, só mostrando a boca com a língua para fora.
"Perdeu, vacilão!"
É a mensagem que acompanha a foto.
Victor sorri e percebe que as meninas são realmente bonitas. Mesmo sem conseguir ver o rosto da loira de preto, sabe que ela é bonita. Ele se pergunta por qual motivo ela deve ter coberto o rosto.
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Será que o Victor ficou curioso? 👀
Deixem suas estrelinhas e comentem o que estão achando 😘
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