ALICE

        Alice e Victor passaram boa parte do dia andando pelas ruas próximas à pousada, procurando conhecer um pouco a cidade. O bairro tinha bastante comércio, eles viram lojas de vários tipos, como vestuário, calçados, artesanato, alimentação, oficina mecânica...viram até uma espécie de boate, mas estava fechada nesse horário.

          Victor chegou a perguntar em algumas se não estavam precisando de novos funcionários, Alice sentia que ele estava muito preocupado com a questão do dinheiro, pois ele e a mãe não tinham muito e não queriam ficar dependendo do dinheiro dela, que também não era tanto assim.

           Infelizmente, não conseguiram nada, então resolveram voltar para a pousada. Quando chegaram, encontraram Jonas conversando com um homem que estava na recepção. O amigo despediu-se do funcionário e os três passaram a caminhar por um jardim.

        — Tava vendo se descolava algum trabalho por aqui, mas o cara não tem nada em vista, por enquanto. — diz Jonas.

        — Também andei procurando por aí, mas não rolou. — comenta Victor.

      Eles ficam num silêncio um tanto desanimado por alguns minutos e Alice diz:

        — Calma, estamos no primeiro dia ainda, vamos acabar conseguindo alguma coisa.

        — Tu já precisou procurar emprego, Clara? — pergunta Jonas, finalmente não a chamando de Alice — Não é tão fácil assim, ainda mais quando ninguém conhece a gente.

        Alice fica um pouco constrangida e não responde. A vida dela realmente nunca teve essa dificuldade, ela não passou pelo que Victor e Jonas passaram. Talvez percebendo que ela havia ficado sem jeito, Jonas completa:

        — Mas a gente desenrola, não vamo desistir.

      Mais tarde, quando Alice e Victor estavam conversando com Joana no jardim, Jonas aparece, exasperado.

        — Cara, deu alguma merda no carro, não tá querendo pegar! — diz ele.

        — O que?? — pergunta Victor, já tenso.

        — Eu tava querendo dar uma saída pra conhecer melhor a região, mas o carro não pegou de jeito nenhum!

       — A gente não passou por uma oficina aqui por perto, Victor? — pergunta Alice.

       — É mermo, passamos sim. — responde ele — bora lá, Jonas, a gente chama alguém pra vir dar uma olhada.

       Quando eles saem, Alice olha para Joana, que diz:

       — Deus queira que não saia caro, a gente já não tem dinheiro!

      Alice também fica preocupada, não faz ideia de quanto pode ser esse conserto. Algum tempo depois, Victor e Jonas voltam na companhia de um rapaz magro, que passa a examinar o carro.

        — Esse motor aí já era. O senhor vai ter que arrumar outro. — diz o rapaz.

        — Porra, sério, cara? Tu tem como conseguir pra mim? — pergunta Jonas.

         — Posso conseguir sim.

         — E quanto vai custar isso? — é a vez de Victor questionar.

        O rapaz coça a cabeça, pensando numa resposta, até que diz:

         — Tem um motor bom que chegou lá na oficina... não tá muito usado, da pra fazer por mil.

          — Porra... não da pra descolar um mais barato que dê pro gasto não? — Jonas pergunta.

          — O senhor roda muito com esse carro? Eu aconselho a não economizar muito com isso, pois pode lhe deixar na mão na estrada, já pensou? Vou ver lá com o chefe se ele baixa um pouco o preço.

          — Pois tenta desenrolar lá, cara, a gente vai pagar em dinheiro, vê se rola um desconto. — pede Victor.

        O rapaz assente e vai embora, depois de Jonas dizer que mais tarde da uma passada na oficina novamente.

          — Porra, fudeu, brother! A gente não tava contando com esse tipo de gasto. — diz Jonas.

          — A gente precisa conseguir algum dinheiro, essa porra vai desfalcar demais a grana que já é pouca. — comenta Victor.

          Alice fica pensativa por alguns minutos, até que diz, com um tom de voz baixo:

         — Acho que sei como conseguir dinheiro.

          Nesse momento, os amigos olham para ela, que diz:

          — Quando anoitecer, a gente vai lá. É bom que já vamos ficar sabendo de quanto vamos precisar, já que vocês vão voltar à oficina.

         — A gente vai lá onde, Clara? — Victor tem o cuidado de perguntar sem citar o nome dela — de que lugar tu tá falando?

       — Você vai ver. — é a sua resposta.

       Horas depois, após voltarem da oficina e descobrirem que haviam dado um desconto de apenas 100 reais, Alice segue para o quarto dizendo que iria arrumar-se para saírem.

        Quando ela aparece na recepção usando um vestido colado, um salto e maquiagem, Victor levanta as sobrancelhas e deixa o queixo cair um pouco. Jonas também a encara.

        — Pra que essa produção toda? — pergunta Victor, meio incomodado, apesar de admirado.

        — Acho que talvez possa ajudar para o que a gente precisa...vamos. — diz Alice e os rapazes a seguem, ainda fazendo perguntas, as quais ela desconversa.

          Depois de caminharem por algumas ruas, chegam à boate que Alice e Victor haviam passado em frente durante o dia. Agora à noite, estava aberta, como ela havia imaginado.

         — O que a gente veio fazer aqui? — questiona Victor, franzindo as sobrancelhas.

         — Tentar conseguir dinheiro. — ela responde, entrando no lugar.

        O ambiente é escuro e uma fumaça adocicada e enjoativa circulava pelo lugar. Havia um balcão com bebidas e algumas mesas espalhadas. Alice corre o olhar em volta, percebendo que tinha muitos homens na boate, ficando satisfeita com isso. Examinando melhor o ambiente, achou o que procurava: uma espécie de palco.

         Victor e Jonas também olhavam em volta, meio desconfiados, até que a seguem até o balcão, quando ela vai até lá.

          — Oi, boa noite! — ela diz para o homem que serve bebidas. — queria fazer uma proposta.

          — Que proposta? — pergunta ele.

          — Que tal eu fazer um showzinho naquele palco para seus clientes? Peço apenas uma comissão e as gorjetas que eles derem.

         — Que porra é essa, Alice?? Tá maluca?? — questiona Victor em seu ouvido. — Não precisa tu fazer isso!

       Ela o ignora, fica olhando para o homem atrás do balcão, que a examina e passa a olhar para Victor e Jonas.

         — Eles não vão atrapalhar, garanto que vocês não vão se arrepender. — diz ela, temendo que a carranca de Victor atrapalhe seus planos.

       — Olha minha linda, não temos interesse no seu show, mas já no deles... — o homem comenta, dando um olhar malicioso para Victor e Jonas.

      Quando Victor percebe o que ele quer dizer, levanta as sobrancelhas, da uma risada sarcástica, balançando a cabeça e dizendo para Alice e Jonas:

       — Vamo embora daqui logo!

       — Quanto que a gente ganharia? — pergunta Jonas, surpreendendo Alice e Victor.

       — Olha meu bem, pelos olhares que vocês estão atraindo, acredito que só de gorjeta conseguiriam uma graninha boa. Vou conversar com o chefe, mas que tal 300 pra cada um?

        Alice olha em volta e vê que vários homens realmente olhavam para os meninos com cobiça, ela não havia reparado que tratava-se de uma boate gay.

       — A gente faz por 500 pra cada um. — diz Jonas, fazendo Victor ter um engasgo.

       — Tá maluco, cara?? Que ideia é essa?? — questiona.

      — A gente tá precisando, Victor! Deixa de ser otário, bora descolar essa grana fácil. — o amigo diz, em voz baixa.

      — Fácil?? — questiona Victor, incrédulo.

      — Eu me garanto, tu não se garante, não? — brinca Jonas. — descola só uma bebida pro meu amigo se animar aqui — ele diz para o homem do bar.

       — Não to acreditando nisso... — diz Victor, apoiando os cotovelos no balcão e a cabeça nas mãos.

       O bar man serve duas bebidas, uma para cada um, colocando também no balcão duas máscaras estilo Zorro.

        — Se vocês quiserem, coloquem essas máscaras, acho que vai dar um charme a mais. — diz ele, dando uma piscadinha.

       A bebida devia ser forte, pois alguns minutos depois, após ter esvaziado o copo, Victor bota a máscara e diz:

       — Bora fazer essa palhaçada logo.

       — Victor — diz Alice, segurando o braço dele, que olha para ela — finge que você tá dançando só pra mim, sabendo que estou louca pra tocar em você.

        Ela diz isso em seu ouvido, na esperança de fazê-lo soltar-se um pouco mais. Victor segura a nuca dela, puxando-a para si e da um beijo forte na boca dela, só com os lábios.

Alice segue para mais perto do palco, mas sem ficar muito próxima. Encosta-se numa pilastra e observa Victor e Jonas encaminharem-se para o local. Quando eles sobem, a atmosfera do ambiente muda, pois a música para por um momento e muitos murmúrios são ouvidos.

De repente, passa a tocar Sexy and I Know it de LMFAO e quando Jonas começa a movimentar o corpo de forma sensual, Alice já ouve os primeiros gritos da plateia. Ele dança passando a mão pelo corpo, fingindo que vai tirar a camisa, mas voltando atrás.

        — Tira a camisa logo! — alguém grita e Alice não consegue disfarçar o riso.

Victor estava mais quieto, mas encontrando Alice na plateia, olha em sua direção e tira a sua camisa, para delírio do público e da própria Alice, que nunca o havia visto assim e que visão, ela pensa.

Victor tem a pele bronzeada, ombros e braços fortes, como ela já havia reparado, mas o que era esse peitoral e esse abdome? Alice havia parado de rir e só o observava, já cheia de desejo. Percebendo o efeito que causava nela, Victor passa a dançar de forma mais sensual, passando a mão por seu corpo.

       — Gostoso!! — alguém grita.

     A essa altura, Jonas também havia tirado a camisa, recebendo, como Victor, muitos elogios. Como o amigo era mais desinibido, logo tirou também a calça, ficando só de cueca, fazendo Alice dar um gritinho e tapar os olhos por alguns segundos, depois de voltar a rir. Era um modelo tipo sunga.

Ele já recebia algumas gorjetas e Alice reparou que Victor começava a desabotoar sua calça. Ele fazia de uma forma tão máscula, sem rebolar tanto, que a deixava fervendo.

       — Ai meu Deus... — ela murmura para si mesma.

Quando ele finalmente fica só de cueca, Alice não consegue tirar os olhos do seu corpo. Era um modelo samba-canção na cor preta e olhando bem, ela consegue ver que Victor está meio excitado, para delírio da plateia, que também nota.

Ele olhava apenas para ela, passando a mão por seu tórax, descendo por seu abdome, até chegar à sua semi ereção e dar uma apertada. Alice arfa com a ousadia desse gesto, ficando também mais excitada. Esse show estava acabando com ela.

A atitude de Victor deu bons frutos, pois ele recebeu muitas gorjeta, vários homens enfiavam notas por sua cueca, aproveitando para passar a mão em seu abdome. O incrível era que ele parecia estar até divertindo-se, Alice não sabia se era pela bebida ou por estar percebendo que a estava deixando louca.

Algum tempo depois, após dançarem mais duas músicas, eles pegam suas roupas e saem do palco, sob protestos da plateia. Vão até um local que Alice não vê e retornam já vestidos, uns 15 minutos depois.

Caminham até ela e Victor agarra sua cintura, dando um beijo na boca dela, que fica meio tonta com a intensidade dele. Ele está com uma energia diferente, exalando sexualidade. Saem da boate rindo e voltam para a pousada com o braço de Victor em volta dela.

Eles contam para Alice que conseguiram o dinheiro suficiente para trocar o motor do carro e ainda um pouco mais. A ideia dela tinha saído melhor que o esperado, pois se fosse dançar sozinha, não conseguiria tanto dinheiro.

Quando chegam à pousada, Victor leva Alice até a porta do seu quarto, Jonas havia ficado por algum lugar no caminho. Ela olha para Victor com curiosidade e ele diz:

        — Eu te quero demais, Alice...fica comigo essa noite?

       — E o Jonas? — ela pergunta.

       — Mandei ele se virar. — Victor responde, aproximando-se e dando um beijo nela de tirar o fôlego.

Quando termina, ele abre a porta, pega a mão dela, levando-a para dentro do quarto. Ao fechar a porta, ele logo tira a camisa, dizendo, com um olhar de puro desejo para ela:

        — Eu imaginei que tu tava me tocando Alice....agora quero que tu me toque de verdade.

🚗💨💨💨💨💨💨💨💨💨💨💨💨💨💨
O showzinho de Victor deixou os dois bem animados 🔥🔥🔥
Gostaram? Deixem seu voto e continuem aqui comigo 😘