Capítulo 27
ALICE
Quando a noite chega, a varanda da casa dos tios de Jonas está como na semana anterior, algumas cadeiras no local, mas, dessa vez, além da poltrona tem um grande puff.
— Ocês podem ficar no puff, Clara? Aí a mãe do Victor fica com a poltrona. — Margarida pergunta.
— Claro, dona Margarida. — Alice responde.
O que importava era que ela ficaria bem próxima à Victor, de qualquer jeito. Eles haviam passado o dia namorando pelos cantos da casa, não conseguiam desgrudar-se.
— Um casal apaixonado como esse não ia reclamar, né? — a mulher comenta, com um sorriso.
Alice da um sorriso meio sem graça, será que estava tão estampado assim em seu rosto que ela estava apaixonada por ele? Mas Margarida havia falado casal apaixonado, então Alice olha para Victor.
Ele a olhava com um leve sorriso e seus olhos brilhavam, fixos nela. Será que ele também estava apaixonado por ela? Tudo havia acontecido tão rápido e no meio de um turbilhão, mal dava para acreditar que eles se apaixonariam nesse meio tempo.
Victor deita no puff e a chama, estendendo a mão. Alice sorri e deita colada ao corpo dele, com as pernas por cima das dele, que põe a mão na coxa dela.
— Comporte-se, hein? O senhor anda muito assanhadinho hoje e sua mãe tá de olho. — ela diz no ouvido dele.
— Daqui a pouco ela não vai mais prestar atenção na gente, vai gostar de ouvir as músicas. — ele responde.
— Sei não, hein? Sua mãe tá super desconfiada, acho que ela não foi com a minha cara. — Alice comenta, meio desanimada.
— Não é isso, Alice, é a situação mermo, imagina como tá a cabeça dela.
— Ela parece ser bem protetora em relação a você... — Alice diz e da um risinho, lembrando de Joana falando da vitamina de banana e das cuecas.
— Para de me zuar, hein? — ele diz dando um beliscão na cintura dela, que se esquiva, rindo.
— Não to zoando, acho bonito, na verdade. Meus pais nunca foram assim comigo, sabe? Não sei porque eles quiseram ter filhos, já que claramente são pessoas que não sentem amor por ninguém além deles próprios e pelo dinheiro. — Alice diz, com amargura.
Victor também fica mais sério, faz um carinho na mão dela e diz:
— Que merda isso, Alice... não consigo entender como eles podem ser assim contigo. E quererem te internar ainda.
Toda essa conversa estava sendo em voz baixa, ainda abafada pelos sons do violão e do canto dos amigos de Oscar e Margarida. Como Alice e Victor estavam deitados no puff, no chão, tinham mais privacidade, ninguém conseguia ouví-los.
— Alice... — Victor começa.
— Que foi? — ela pergunta.
— Por que exatamente que tu quis fugir? Fala pra mim.
Alice olha para ele e seus olhos estão nela. O semblante dele está sério, ele está aguardando sua resposta. Ela da um suspiro e diz:
— Meus pais estavam forçando a barra para eu casar com aquele cara que vocês me viram com ele, sabe?
— Sei, mas por que tu era obrigada? Não era só dizer não? Isso que não entendo. — Victor diz, antes que ela continue.
— Não foi só isso, Victor...eu meio que estava empurrando com a barriga essa situação, enrolando mesmo para eles pararem de me enfernizar com esse assunto, até que ouvi uma conversa do meu pai ao telefone.
Alice relata o que ouviu e Victor fica surpreso.
— Caralho, sério? Bizarro, Alice! Teu pai é um bandido, então? — ele conclui.
— Pois é... no final das contas, mesmo com tantas diferenças, nossas famílias tem isso em comum.
— Mas por que ele ia fazer aquilo com o cara? — Victor questiona.
— Não sei direito, Victor... mais dinheiro, poder... vai saber que tipos de planos ele tem com esses amigos misteriosos. Só sei que fiquei com medo, sabe? Meu pai é um cara que não tem escrúpulos para conseguir o que quer, pelo jeito. Fiquei assustada com tudo aquilo, só pensei em estar longe dele, fugir. Foi meio atrapalhado mesmo, não deu tempo de planejar direito.
— Desculpa por ter falado aquelas paradas naquele dia, tá? Tu devia tá sofrendo e eu não ajudei. — ele diz.
— Ajudou sim. — Alice logo diz — eu precisava de mais um choque de realidade pra tentar pensar o que eu ia fazer da minha vida.
Eles ficam alguns segundos em silêncio, até que ele diz, com uma voz suave:
— Eu to aqui contigo, tá? Tu não tá sozinha. Não que eu seja de grande ajuda, mas...
— Você é de muita ajuda, Victor. Para de se desvalorizar. — ela pede — você está sendo muito importante pra mim, nesse momento. Além de todo o apoio, você tá me fazendo feliz, mesmo agora, com tanta coisa dando errado.
— É? — ele pergunta baixinho, olhando para a boca dela.
— Muito... — ela sussurra.
Victor a beija, com uma mão no seu rosto. Alice lembra do primeiro beijo deles, nesse mesmo local, ao som dos violões e com a mesma doçura. Apesar de ter passado o dia com umas carícias mais ousadas, agora Victor é terno e carinhoso.
— Também to curtindo muito ficar contigo, mesmo tendo ficado maluco com tanto problema, nesses últimos dias. — ele diz, depois de separarem os lábios.
— Que bom... — Alice responde, um tanto ofegante.
Seu corpo já está quente, latejante, desejando Victor e a vontade dela é esquecer que estão numa casa cheia e puxá-lo até o quarto. Precisa dele.
— Tá pensando em que, hein? — ele pergunta, num sussurro.
— Quer que eu diga mesmo? — ela diz com um sorrisinho, mordendo o lábio inferior.
Victor da um grunido baixo e um suspiro.
— Melhor não, falta muito pouco pra eu levantar daqui e te levar pra aquele colchão, Alice. Porra...
Ela da um risinho e acha melhor desviar um pouco sua atenção de Victor, pois precisavam acalmar os ânimos e passa a observar alguns homens que conversam. Parecem estar dando um intervalo para tomarem uma bebida.
— O homem tá oferecendo 3 mil, ceis viram?
Essa frase deixa Alice alerta. Ela aperta o braço de Victor e ele também presta atenção.
— Oferecendo 3 mil pra quem encontrar a riquinha sumida. Ah se eu tiver essa sorte! — o homem diz e da uma risada.
Alice começa a tremer e Victor diz, baixinho.
— Fica calma, Alice. Eles não sabem que é tu, não da bandeira.
Ele, então, a abraça para acalmá-la e fingem que continuam namorando, enquanto sussurra no ouvido dela:
— Tu ta com o cabelo diferente, tá com outro documento...eles não devem nem ter prestado atenção nessa reportagem direito, relaxa.
Ela assente, mas continua agarrada a Victor. Onde será que esse homem havia ouvido sobre ela? Será que algum jornal de âmbito nacional já havia noticiado?
Poderia ser arriscado fazer essa pergunta, era melhor deixar esse fato passar batido, como parecia estar acontecendo, já que os homens voltaram a tocar e cantar, não estendendo o assunto.
Depois de mais algum tempo abraçada a Victor, Alice enfim se recompõe e afasta-se um pouco, olhando em volta. Quando encontra o olhar de Jonas, ele faz um gesto discreto sinalizando para ela ficar calma, como se não precisasse preocupar-se com o assunto ali naquele lugar.
Quando olha para Joana, a mulher a observa com curiosidade. Alice não consegue sustentar o olhar por muito tempo e baixa os olhos. Tem a impressão de deixar transparecer sua identidade. Victor fica muito tempo fazendo carinho com o polegar na mão dela, que ele segura.
— Tá tudo bem, Alice. — ele diz, mais uma vez.
— Victor, para de me chamar de Alice. Você vai acabar esquecendo, em algum momento e falar na frente de alguém, que pode ouvir sem a gente ver. Por favor. — ela pede, com um tom de urgência.
— Tá bom, desculpa... tu tá certa. — ele diz e continua, depois de uma pausa — agora melhora essa carinha, tu não pode mostrar que ficou bolada com o assunto.
Ela assente e da um beijo leve na boca dele.
— Então me beija, Victor... me beija e me faz esquecer.
Ele leva uma mão até o rosto dela novamente e a beija de uma forma que quase a faz esquecer, realmente.
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Alice e Victor não podem baixar a guarda, é bom sempre estar de olho. Continuem acompanhando e não esqueça de deixar seu voto 😘
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