Capítulo 26
VICTOR
Após o café da manhã, Joana ajuda Margarida a tirar a mesa, enquanto Victor, Alice e Jonas revezam lavar as respectivas louças usadas. Victor e Alice trocam olhares e sorrisos, ainda lembrando do que haviam feito na noite anterior.
Ter proporcionado prazer a ela havia deixado Victor cheio de vontade de fazer sexo de verdade, estava subindo pelas paredes, mas era complicado arranjar tempo e espaço numa casa cheia de gente, ainda mais com crianças.
Margarida chama Joana para um passeio na feirinha da praça e a mãe de Victor aceita, mas antes chama o filho para uma conversa. Ele a leva para o jardim e ela logo pergunta:
— Por que tu não me disse que a moça é tua namorada, Victor? Parece que todo mundo já sabia, menos eu.
— É que ela não é minha namorada de verdade, mãe...ou pelo menos não ainda...sei lá, é complicado, saca? — ele tenta explicar — o Jonas mandou esse caô pra família quando a gente veio pra cá na semana passada, aí eles pensam que a gente namora.
— Tu vai ter que me explicar essa história direito, Victor! Por que vocês vieram e pra que essa mentira? Quem é essa menina? — Joana pergunta, cruzando os braços, com uma carranca.
Ele da um suspiro, passa a mão no cabelo e diz:
— Vou tentar, mãe, mas é que tem a ver com umas paradas da Clara, não posso falar, tem que ser uma escolha dela dizer. Tentaram armar pra cima dela, então ela tá precisando sumir, sacou?
— Ela fez alguma coisa errada? — a mãe pergunta.
— Não, mãe, a Ali...Clara é uma pessoa do bem, a família dela que é complicada, eu também não sei direito o que rolou, a gente só tava ajudando ela, aí como teve essa parada da ameaça, achei melhor a gente fugir junto pra ela não ficar sozinha... ela já passou por uns perrengues.
— Não to gostando disso, Victor. Tu nem conhece essa menina direito...de onde ela é? Da comunidade sei que não é, com esse jeitinho dela. A família tá procurando por ela?
— Mãe, só confia em mim, tá? Ela tentou ajudar a gente com o lance da grana, acabou não dando certo, agora ela precisa de ajuda, não posso deixar ela sozinha.
— Tu tá gostando dela? — a mãe pergunta, examinando o rosto dele.
— Eu conheço ela faz pouco tempo, mãe... deixa de ser curiosa, vai. — ele responde com um sorriso sem graça.
— Ela é bonita. — diz Joana.
— É sim... — ele responde olhando para Alice, que aparece no jardim com Mariana, as duas rindo de alguma coisa.
A mãe acompanha o olhar dele, olha para o filho de novo e diz:
— Tu ta gostando dela sim. Só espero que essa menina não te meta em confusão.
Ela enfim levanta e anda até onde Margarida está. Elas se despedem e seguem para a pracinha com as meninas. Victor vai em direção à Alice, abraça a moça pela cintura e deposita um beijo em seus lábios.
— Como foi o interrogatório? — ela pergunta.
Victor ri e responde:
— Tranquilo, ela só queria saber porque eu não tinha contado que a gente namora.
— E a gente namora? — ela pergunta, olhando nos olhos dele, com os braços em volta do seu pescoço.
— Não sei, namora? — ele pergunta baixinho.
— Você não me pediu em namoro... — ela responde.
— Quer namorar comigo, Alice? — ele pergunta no ouvido dela.
— Melhor você se acostumar a me chamar de Clara.
— Quando eu tiver sozinho contigo, vou te chamar de Alice. — ele sussurra. — e aí? Tu não me respondeu.
— Quero, Victor... — ela responde e eles se beijam.
Ele lembra da noite anterior e volta a ficar excitado, aprofundando o beijo e apertando-a mais forte.
— Será que a gente pode ir pro quarto, Alice? — ele pergunta, ofegante.
— Não, Victor! O Oscar tá em casa, o Jonas...sua mãe pode chegar a qualquer momento, as meninas...sossega!
Ele da um rosnado e solta o corpo dela.
— A gente tem que arrumar um lugar pra gente logo, Alice. Vou ficar parecendo um moleque trancado no banheiro várias vezes por dia — ele diz, arrumando sua bermuda, fazendo ela rir.
— Eu sei, também quero muito, Victor.
O olhar dela tem tanto desejo que ele diz:
— Se tu me falar uma parada assim de novo me olhando desse jeito, juro que te levo pro quarto com todo mundo em casa, foda-se.
Ela da uma risada e nesse momento, Jonas aparece no jardim, caminhando até eles.
— Todo mundo de sorrisinho no rosto, to gostando de ver! — ele diz — como foi o papo com tua mãe, cara? Ela ficou bolada, né?
— Ficou, mas já troquei uma ideia com ela, tranquilo. — Victor diz e continua, olhando para Alice — eu só disse que tua família era complicada e que tu tava fugindo de uma armação que fizeram, tá?
Alice assente e Jonas diz para Victor:
— Falei pro meu tio que tava desempregado e ele chamou pra trabalhar na marcenaria com ele, até falou que ia te chamar também. O que tu acha?
Victor pensa por um tempo e responde:
— Não sei, cara. Aqui é muito perto do Rio ainda... e talvez seja melhor ir pra um lugar que ninguém conheça a gente. Pelo menos eu e ela.
Victor segura a mão de Alice, que diz:
— To preocupada com aquela reportagem, sabe, Jonas? Isso vai acabar se espalhando e podem me procurar fora do Rio. Tava até pensando se não seria melhor ir para algum lugar mais longe do que a Bahia, mas a gente precisa de dinheiro.
— To ligado...é, pode ser. — Jonas responde.
— Mas tu pode ficar, cara. Não precisa seguir com a gente. — diz Victor.
— Vocês não podem ficar gastando grana com passagem, brother, precisam economizar. Eu continuo dando força pra vocês por um tempo, tranquilo. Sem contar que a Alice ia ficar triste de ficar longe de mim, né gata? — Jonas pergunta, com um braço em volta dela.
— Tira a mão da minha namorada, porra! — Victor diz dando um chute no amigo, rindo.
— Namorada? Ué, não era só caô? — Jonas provoca.
Victor apenas sorri e puxa Alice para mais perto de si, segurando-a pela cintura.
— E um dia desse tu tava perguntando o que uma patricinha ia querer contigo, né, mané? — o amigo comenta, com uma risada, deixando-os sozinhos.
Victor apenas balança a cabeça sorrindo e Alice pergunta do que Jonas estava falando.
— É que naquele dia que vocês foram pro baile no morro, ele tinha me chamado dizendo que a Talita ia levar umas amigas.
— E você achou que eu não me interessaria por você? — ela pergunta.
— Ah sei lá...tu é toda linda, cheia da grana, acostumada com cara rico, estudado. Não sou nada disso. Não consegui nem terminar o ensino médio porque tive que trabalhar pra levar comida pra casa. Meu pai morreu quando eu era moleque e minha mãe ficou sozinha pra criar o Vini e eu.
Alice chegou mais perto dele e passou uma mão em seu rosto, olhando para ele por um tempo, em silêncio.
— Você não consegue enxergar como é lindo, não é, Victor? Por fora e por dentro. Não precisa se inferiorizar só porque você não teve as mesmas oportunidades na vida do que eu. Você é um cara incrível. Honesto, batalhador, humilde, leal... tem a boca mais linda que eu já vi e é muito gostoso. Quem é todo lindo é você. — Alice diz, dando um sorrisinho, ao concluir.
Victor estava ouvindo concentrado o que ela falava, mas com o elogio final, abre um sorriso de lado e diz:
— Pô, eu falei pra não me provocar que não vou resistir, Alice.
Ele pressiona seu corpo no dela, da um beijo no seu pescoço e diz no seu ouvido:
— Fico feliz por tu achar essas coisas de mim.
Eles ficam olhando um para o outro e Victor sente que mesmo com tão pouco tempo que se conhecem, ele e Alice tem uma ligação especial. A forma como se encontraram, o que passaram em uma semana, tudo ocorreu de uma forma tão maluca e intensa que é como se conhecessem há mais tempo.
— Apesar dos motivos para isso ter acontecido não terem sido bons, gostei muito de ter conhecido você, Victor.
— Eu também, Alice...
Eles se beijam e passam a hora seguinte namorando no jardim, até Joana chegar com Margarida e as meninas. Victor nota que a mãe está com um semblante mais sorridente e olha para ela com ternura.
— Você está preocupado com ela, né? Vai ficar tudo bem, Victor, você fez a coisa certa. — Alice diz.
— Fico chateado por ela ficar esperando que o Vini resolva as paradas, saca? Ela acha que é só uma fase, ele ter entrado no crime, mas ele já tá há mais tempo metido nisso do que ela pensa.
— Ela deve ter muito orgulho de você por não ter cedido, mesmo com tantas dificuldades que passaram.
— Pô, ela iria morrer se eu entrasse nessa, nem fala.
Eles, então, seguem para a casa e Mariana mostra umas pulseiras novas que a mãe havia comprado para ela. Juliana mostra uma boneca de pano.
— Victor, comprei umas cuecas pra tu, tinha ficado umas no varal, não sei se tu pegou quando guardou tuas roupas. — Joana diz, na frente de todos.
Victor fica vermelho e Jonas não consegue disfarçar uma risada. Alice vira de costas e da uma tossida, parecendo disfarçar um riso.
— Cueca, hahaha! — Mariana ri.
— Valeu, mãe! — diz Victor, pegando o embrulho rápido e indo guardar no quarto.
Algum tempo depois, todos se reúnem para o almoço e o clima é leve, nem parece que passaram os últimos dias na maior tensão. Dessa vez, Victor e Alice sentam lado a lado e trocam sussurros muitas vezes.
Passam a tarde conversando na varanda, enquanto os mais velhos tiram um cochilo. Essa noite terá seresta novamente e Victor lembra quando ele e Alice deram o primeiro beijo.
— Será que a gente vai ficar naquela poltrona? Não vejo a hora de tu ficar quase no meu colo de novo. — Victor pergunta para Alice, baixinho.
— O que aconteceu com aquele Victor todo tímido, hein? — Alice pergunta, fingindo indignação — não conheço esse Victor safado.
— Quer conhecer? — ele pergunta, com um sorriso malicioso.
Ela abre um sorriso devagar, olhando nos olhos dele e responde:
— Quero. — ela responde.
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E o amor vai surgindo ❤️❤️❤️
Espero que estejam gostando da história! Deixem uma estrelinha ⭐️
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