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Capítulo 16

VICTOR

Quando Victor e Alice entram no carro, Jonas sai rápido do local. Apesar de Victor insistir que deveriam chamar a polícia, não era o que Alice queria, ela preferia continuar fugindo. Caso envolvessem a polícia, estaria tudo perdido, então, ele respeitou a decisão dela, apesar de contrariado.

    Ele percebe que está com a camisa manchada de sangue, assim como suas mãos, então a tira, limpa um pouco do que consegue e joga numa caçamba de lixo que encontram no caminho.

— A gente não pode chegar na casa do teu tio assim, cara. Tuas primas... – ele diz a Jonas.

Victor da uma olhada para trás e vê Alice com lágrimas caindo pelo rosto, abraçando o próprio corpo, olhando a janela do carro. Sente a fúria voltar a tomar conta de si, tendo vontade de retornar à rodoviária e continuar socando o desgraçado.

— A gente vai pra outro lugar, só vou dar uma passada lá pra pegar nossas coisas. – Jonas diz.

Quando chegam à casa do tio, Jonas deixa o carro estacionado do lado de fora, para não verem Alice nesse estado.

— Traz minhas coisas, Jonas? Vou ficar aqui com ela. – Victor diz.

— Pode deixar – Jonas responde.

Quando ele sai, Victor olha de novo para Alice e ela está encolhida num canto do carro, olhando para a janela e mexendo no seu pingente. Sente vontade de dizer alguma coisa, mas não sabe o que, então torce para que sua simples companhia sirva como consolo.

Jonas volta em alguns minutos e Victor procura na sua mochila alguma camisa para vestir. Saem do local e depois de dirigir por mais algum tempo, chegam até uma pousada e Jonas diz que vai conferir se tem vaga. Poucos minutos depois, retorna dizendo que havia vários quartos vagos.

— Não quero ficar sozinha hoje. – Alice finalmente diz, quebrando o silêncio.

Eles olham para ela e Jonas pergunta:

— Quer que eu peça quantos quartos?

— Só um. – ela responde, sem olhar para eles.

Ele olha para Victor, preocupado e diz que voltaria já. Depois de tudo resolvido, seguem para dentro da pousada, que é bem simples, mas conseguem um quarto com duas camas, uma de casal e outra de solteiro. Alice segue direto para o banheiro e fica muito tempo com o chuveiro ligado.

— Vou sair pra comprar comida pra gente, vai ficar com ela, né? – Jonas pergunta.

— Vou. – Victor responde. – compra um chocolate pra ela. — pede, depois de uma pausa.

Jonas lança um olhar curioso ao amigo e Victor diz:

— Ouvi ela dizendo pra Mari que chocolate sempre deixava ela feliz. Sei lá, cara, to falando merda aqui. – ele diz, passando a mão no cabelo e balançando a cabeça.

— Vou trazer. – Jonas diz e sai do quarto.

Vinte minutos depois, Alice ainda não havia saído do banheiro e Victor fica preocupado. Vai até a porta e da uma batida leve.

— Alice?

— Oi... – ele ouve sua voz, depois de alguns segundos.

— Só queria saber se tu tava bem.

Ela não responde, mas alguns minutos depois, abre a porta e aparece de cabelo molhado e um vestido folgadinho azul. Victor percebe que ela tem uma vermelhidão perto do olho esquerdo e os dois olhos estão inchados de tanto chorar. Sente sua mão formigar com vontade de dar mais socos no homem que fez isso com ela.

— O Jonas foi comprar comida pra gente. – ele consegue dizer.

Ela assente e deita na cama de casal, cobrindo-se com a colcha. Victor diz que vai tomar banho e entra no banheiro, precisa tirar o resto de sangue que ainda tem no seu corpo.

Quando sai de lá, vê que Jonas já havia voltado e é a vez do amigo de tomar banho. Victor vai até a outra cama e senta, pegando uma fatia de pizza. Alice não está comendo, apenas olha para ele e diz:

— Obrigada pelo chocolate... Jonas disse que foi você quem pediu pra comprar pra mim.

Ele da um sorriso tímido e diz, tentando deixar o clima mais leve:

— Só pode comer depois da pizza, hein?

Ela acaba dando um leve sorriso, deixando Victor feliz e encorajando-o a mais.

— Minha mãe sempre foi durona com isso, ela só deixava a gente comer sobremesa se jantasse tudo, chegava a esconder. Meu irmão que às vezes achava e acabava comendo sem ela saber.

— Você tem quantos irmãos? – ela pergunta.

— Só um mermo e já da um trabalho do caralho. E tu?

— Não tenho irmãos.

— Era só tu e teus pais naquela mansão lá?

— Nós e vários funcionários.

— Saquei... – ele diz, levantando as sobrancelhas.

— Sinto tanta falta da Lou...queria que ela estivesse aqui, agora. – Alice diz, dando um suspiro.

— Quem é ela?

— Ela trabalha como governanta para meus pais há muitos anos, praticamente me viu nascer. Sempre foi muito carinhosa comigo, coisa que meus pais nunca foram.

— Sério? – Victor questiona, surpreso.

Ela assente, pegando, finalmente, uma fatia de pizza e comendo.

— Tu devia se sentir muito sozinha lá, então. – ele diz.

— Sim...

Eles ficam olhando um para o outro por algum tempo, até que Jonas sai do banheiro. Olha para Victor, que faz um movimento de leve com a cabeça. O amigo, então, da um sorriso e diz:

— Ainda tem pizza pra mim aí, né? Esse filho da puta é capaz de comer duas inteiras, uma vez ele fez isso, acredita, Alice?

— Eu tinha acabado de jogar duas partidas de futebol, tava morto! E fiz os três gols do meu time, que ganhou. Merecia! – Victor responde.

— Mais ou menos né, brother? Aquele pênalti lá foi o maior caô! Se não fosse isso, seria empate. – Jonas rebate.

— Caô o caralho, fiquei com o tornozelo inchado, cara!

— Tu se jogou, porra! O cara nem encostou no teu pé!

— Sifudê, Jonas!

Alice olhava de um para o outro, rindo e já pegava mais um pedaço de pizza. Os amigos se olham e dão um sorriso discreto.

— Tu faz algum esporte, Alice? – Jonas pergunta.

— Gosto muito de nadar. – ela responde.

— Com aquela piscina irada da tua casa eu iria me amarrar também. – ele responde.

Depois de conversarem mais um pouco e distraírem Alice, o sono começa a dominar o ambiente, com vários bocejos coletivos. Como Jonas já estava deitado na cama de solteiro e Victor apenas sentado, ele levanta e vai até o sofá, acomodando-se para dormir, depois de apagar as luzes, deixando apenas a luz do banheiro acesa e a porta entreaberta.

Olha para Alice, que também olha para ele, até os olhos dela começarem a fechar. Victor ainda olha para ela por um tempo, pensando em tudo o que ela havia passado nos últimos dias. Não conseguia tirar da cabeça qual seria o motivo dela querer fugir de casa e passar por todos esses perigos. Nunca iria esquecer o grito de socorro dela chamando seu nome.

Eles ainda tinham dois dias para ficar com ela e Victor pensa que não terá paz de espírito depois de deixá-la, como saberá se ela está bem e o que anda fazendo? A preocupação com ela estava tomando o lugar da preocupação com os próprios problemas e ele recrimina-se mentalmente por isso. Pega no seu pingente e vai sendo dominado pelo sono.

Algumas horas mais tarde, Victor acorda com uma voz. Senta no sofá e percebe Alice debatendo-se na cama, tendo um pesadelo. Jonas ainda dorme, então ele vai até ela e chama:

— Alice...Alice.

Ela senta de uma vez na cama, despertando, assustada.

— Victor! Ainda bem que você chegou, ele ia, ele ia... – ela diz, trêmula.

— Tá tudo bem agora, Alice. Tu tá segura. – ele diz baixinho, tocando de leve na mão dela.

Alice chega perto dele e o abraça forte. Victor sente que ela está tremendo e a abraça também.

— Calma, calma, eu to aqui contigo.

Eles ficam abraçados por muito tempo, até que Alice para de tremer e diz, num sussurro:

— Obrigada, Victor...

Ele não diz nada, apenas da um beijo na cabeça dela.

— Fica aqui comigo, por favor. — Alice pede.

    — Fico... – ele responde, deitando ao lado dela.

Eles deitam lado a lado, um de frente para o outro e ele segura a mão dela, fazendo um carinho com o polegar até dormirem de novo.

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Qual será o plano de Alice agora? Espero que estejam gostando da história, deixe sua estrelinha 😘

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