Capítulo 14
VICTOR
Apesar de toda a agitação do dia, Victor demora um pouco para dormir na noite de sábado. Ainda não acreditava que aquele beijo havia acontecido, ela era tão inatingível para ele, mas, ao mesmo tempo, estava ali tão próxima.
Ele não conseguia entender por qual motivo ela quis beijá-lo, devia estar confusa com tudo o que tem passado e talvez estivesse apenas representando o papel de namorada, como ficou combinado.
Fosse por qual motivo, o beijo havia sido muito bom e sua urgência em interrompê-lo foi justamente porque queria mais, seu corpo já começava a dar sinais do desejo por ela e ele não podia seguir adiante com aquilo.
Ele estava ali porque precisava do dinheiro dela e em poucos dias, já iria embora, provavelmente nunca mais a veria novamente. Precisava concentrar-se nos seus próprios problemas, que já eram bem grandes, essa distração havia sido um erro.
No dia seguinte, ele acorda cedo, como sempre, e tanto Alice quanto Jonas, ainda dormiam. Depois de fazer sua higiene matinal, vai até a cozinha e ajuda Margarida com o café da manhã. Ela estava provendo a mesa com pão fresquinho, queijo, presunto, ovos, bolo, pão de queijo, geleia caseira de goiaba, café e suco de laranja.
— Não precisa, Victor, ocê é hóspede aqui. – ela diz quando ele ajuda a distribuir os pratos.
— Que é isso, dona Margarida. É uma forma de agradecer, a senhora não tem que ficar servindo a gente.
— To vendo que ocê é um rapaz de ouro! – ela diz, com um sorriso – sua namorada tem sorte! Ocês namoram há quanto tempo?
Antes que ele possa tentar responder a essa pergunta, Alice aparece na sala e da bom dia, com o sorriso lindo de sempre e aquele olhar para ele. Ela se aproxima dele e a boca dela vem em direção à sua, mas ele vira o rosto e o beijo é depositado na sua bochecha.
Alice parece não esperar por isso, fica sem graça e muda um pouco sua postura. Nesse momento, Oscar aparece com Mariana na sala, seguidos por Jonas, que carrega a prima menorzinha no colo, Juliana, fazendo uma algazarra.
Todos tomam seus lugares e Alice fica novamente de frente para Victor, mas ele evita olhá-la, apesar de sentir que ela olhava constantemente para ele. A conversa do café da manhã é animada, Jonas sempre fazendo brincadeiras, arrancando risadas das primas, Oscar fala sobre alguns assuntos com Victor e Margarida conversa com Alice.
— Ocê trabalha com que, Victor? – Oscar pergunta, em certo momento.
Victor nota que Alice olha para ele, prestando atenção. Da uma olhada rápida para ela e responde:
— Trabalho numa empresa de transporte e mudanças.
— E ocê, Clara? – é a vez de Margarida perguntar.
Alice parece desconcertada e Jonas responde por ela:
— Ela trabalha na mesma empresa do Victor, aí já viram, né? Quando bateram o olho um no outro, já pintou o maior clima.
Victor tem vontade de socar Jonas, mas apenas sorri, meio sem graça, pelo constrangimento da situação. Olha para Alice, que está olhando para ele com um ar um tanto triste e não diz nada, apenas da um sorriso como o dele para Margarida.
Jonas olha para Victor com as sobrancelhas meio franzidas, como se estivesse questionando algo, mas Victor ignora, voltando a comer de cabeça baixa e elogiando a geléia.
Depois do café, Margarida diz que vai levar as meninas para a pracinha e pergunta se eles não querem ir também, mas Jonas diz que eles precisam combinar algumas coisas sobre a viagem de volta e começar a organizar seus pertences. Dessa forma, acabam ficando sozinhos e reúnem-se no jardim.
Alice senta num banco, Jonas e Victor de frente para ela em cadeiras que lá estavam desde a seresta da noite anterior. Victor percebe que ela volta a adotar a mesma postura reservada do dia anterior em relação a ele. Talvez fosse melhor assim.
— Então, Alice, conseguiu pensar em algum plano, algum lugar pra onde tu queira ir? – Jonas pergunta.
— Ainda não...fico em dúvida do que seria melhor, alguma cidade pequena de interior ou outra cidade grande. – ela responde.
— Depende do que tu for fazer. É sério mermo que tu não pensa em voltar pra tua casa? – Jonas questiona, com as sobrancelhas erguidas.
— Não posso voltar – ela responde, balançando e baixando a cabeça.
— Por que tu não pode? – Victor finalmente sai do silêncio e pergunta a ela.
— Não é da sua conta! – Alice responde, lançando um olhar frio a ele.
Victor aperta o maxilar e continua olhando para ela. Jonas franze as sobrancelhas e diz:
— O que é que tá rolando aqui, hein? Ceis tavam no maior climinha ontem e agora a parada tá toda estranha!
— Não tinha climinha nenhum, Jonas, nós só precisávamos fingir que éramos namorados, foi isso, nada demais. – Alice responde, dando de ombros, com a expressão fechada.
Victor sente-se um idiota nesse momento. Claro que era só isso, como ele poderia ter imaginado que uma mulher como ela, linda, milionária e estudada ficaria interessada nele?
A conexão que ele imaginou que tiveram naquele beijo havia sido apenas fruto da sua imaginação e desejo. Ele da um leve risinho sarcástico, zombando de si mesmo e balança a cabeça rapidamente, olhando para baixo.
— Nem fudendo, mas enfim, bora voltar aqui. – é a resposta de Jonas ao comentário de Alice – Terça-feira, a gente precisa voltar pro Rio, então bora dar uma olhada aqui no mapa pra ver o que da tá fazer.
— Não precisa, Jonas, o trabalho de vocês acaba por aqui – Alice diz, fazendo com que os amigos olhem surpresos para ela –, só me deixa na rodoviária que de lá eu me viro, sigo para algum lugar.
— Tem certeza? – Jonas pergunta, desconfiado – pensa melhor, Alice. Sei lá que porra rolou aqui, mas a gente ficou de te ajudar mais alguns dias. Bora pensar junto.
— Certeza absoluta, Jonas. Pode deixar que eu sei me virar sozinha. – diz com um olhar cortante para Victor.
Ele apenas encara seus olhos e ela sustenta seu olhar, até Jonas falar:
— Puta que pariu, por que vocês não se pegam de novo e resolvem logo essa parada?
Nesse instante, Victor nota que Alice da uma piscada trêmula, desce o olhar para a boca dele, engole em seco e tem uma respiração entrecortada.
— A única coisa que tem pra resolver é minha fuga e o pagamento de vocês que vou acertar, não é para isso que estamos aqui? – ela pergunta.
— Claro que é! – Victor diz e o olhar dela para ele é carregado de raiva de novo.
Jonas xinga baixinho, balançando a cabeça e Alice levanta, dizendo:
— Então vamos entrar para eu poder dar o dinheiro a vocês, antes que seus tios voltem, Jonas.
Eles levantam e a seguem até o quarto das crianças, onde estão seus pertences. Alice pega uma das bolsas, retirando de la bolsas menores e entrega a cada um.
— Eu deixei 25 mil separados para cada um quando você falou que tinha um amigo para dividir, Jonas. Podem conferir. – ela diz.
— Não precisa, tá tudo certo, gata. – ele comenta.
— Eu faço questão. – Alice diz, fitando Victor.
Como ele realmente precisava do dinheiro certo e ela o estava desafiando, é isso o que ele faz, passa a contar as notas. Alice olha para ele o tempo todo, de braços cruzados. Quando termina, ele diz, com uma voz baixa:
— Tudo certo.
Ela assente e diz para Jonas:
— Vamos só esperar seus tios voltarem para nos despedirmos, aí a gente vai, certo?
Ele apenas olha para ela, que resolve sair do quarto. Logo depois, o amigo olha para Victor e questiona:
— Vai me explicar que porra foi essa que rolou entre vocês?
— Não rolou nada, cara!– Victor responde, guardando a bolsa que Alice havia dado na sua mochila.
— Ah qual é, pô? Eu vi vocês se pegando ontem e teu cu que era só ceninha! Agora por que ela ficou puta contigo? Que merda tu fez, cara? – ele quer saber.
— Tu não ouviu o que ela falou não, mermão? Era só caô mermo, não foi nada de mais! Agora cala a porra da boca e bora arrumar logo as paradas aqui pra gente ralar peito! – Victor responde, com irritação.
— Tu é muito burro, cara! – Jonas responde e passa a arrumar suas coisas.
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O clima pesou... o que acharam do que aconteceu? Não esqueçam de dar uma ⭐️ 😘
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