Capítulo 12
VICTOR
Enquanto esperam Jonas no carro, Victor pensa sobre tudo o que Alice disse, o que não foi muita coisa, mas o bastante para deixá-lo intrigado. Do que ela fugia? Qual era o seu plano?
Até então, não haviam combinado nada a longo ou sequer médio prazo, ela só tinha pedido que a tirassem de sua casa e a levassem para fora da cidade. Desviou o pensamento para seus próprios problemas e ficou muito aliviado quando ela disse que estava com o restante do dinheiro.
Deu uma olhada para Alice pelo retrovisor e viu que seu rosto estava voltado para a janela, olhando a paisagem, ela estava pensativa. Aproveitou que ela não estava olhando para ele para observá-la.
Como ela é linda, pensa.
Que problemas uma pessoa como ela pode ter?
Ele não consegue imaginar.
Depois de alguns instantes, Jonas aparece e entra no carro, trocando de lugar com Victor, já que ele ocupava o assento do motorista.
— Tudo certo! – ele diz – tava falando com um tio meu de Juiz de Fora, ele disse que a gente pode ir pra lá. Pode ser, Alice? – pergunta virando-se para ela.
— Claro. – ela responde.
Os amigos se entreolham e Jonas da a partida no carro. Apesar de fria, a manhã está muito bonita, o céu está límpido, sem nuvens e Victor observa a linda paisagem da serra carioca. Quando entram no estado mineiro, continuam admirando, é um lindo trajeto.
Algumas horas depois, chegam à cidade de Juiz de Fora e seguem até Jonas estacionar diante de uma casa simples. Eles descem do carro e um homem magro, de uns 50 anos, aparece na porta, com duas meninas, uma parecendo ter uns 7 e outra bem menor, de uns 3 anos.
— Fala, tio Oscar! – diz Jonas.
O homem lhe da um abraço e depois olha para Victor e Alice, então Jonas faz as apresentações.
— Esse é meu brother Victor e essa gata é a namorada dele, Clara.
Victor tem um um quase engasgo quando o ouve dizer isso. Eles haviam combinado de chamar Alice de Clara, pois era o nome na identidade falsa e quanto menos pessoas soubessem o nome real dela, melhor, mas não haviam falado nada sobre dizer que era sua namorada.
Ele olha para Alice, que está com um sorrisinho no rosto e da alguns passos para cumprimentar os parentes de Jonas.
— Ela parece uma princesa, pai! – diz a garotinha.
Alice da um grande sorriso e diz:
— Você que parece, amor! Aliás, vocês duas.
As meninas olham encantadas para ela, pegando no seu cabelo e Victor aproveita para cochichar com Jonas:
— Que porra é essa, cara? A gente não combinou isso!
— Ah mermão, relaxa! Assim fica mais fácil inventar alguma historinha, meu tio podia ficar bolado da menina viajar com dois caras assim do nada, vai saber.
Victor ainda fica um pouco incomodado, ele não pretendia aproximar-se muito de Alice, mas como fingiriam ser namorados, não poderia mais ficar tão distante.
Alguns minutos depois, o homem os convida a entrar e almoçar. Como Jonas havia avisado que iriam, já estavam esperando por eles. Quando sentaram à mesa, uma mulher começou a trazer comida, depois sentou-se e disse para ficarem à vontade.
Como estava com muita fome, Victor logo começou a comer. O prato era frango com quiabo, feijão tropeiro, farofa e arroz. Quando acabou, a mulher do tio de Jonas, Margarida, disse que ele poderia repetir, se quisesse. Victor da um sorriso e come mais. A sobremesa era doce de leite caseiro com queijo.
— Tava tudo bom pra caralho, tia, valeu! – diz Jonas, depois de disfarçar um arroto.
— Ô Jonas, já falei procê não falar palavrão perto das meninas! – a mulher o repreende, mas deixando escapar um sorriso.
— Que palavrão que eu falei? Eu falei algum, Mari? – ele pergunta para a menina mais velha, que da uma risadinha e faz um movimento de confirmação com a cabeça.
Victor ri e quando olha para Alice, que está à sua frente, vê que ela estava olhando para ele com um leve sorriso e ele também sorri para ela. Ficam encarando-se por alguns segundos, até Jonas chamar sua atenção.
— Acorda, mermão! – o amigo diz, dando um tapinha no seu pescoço.
— Que é, porra? – Victor responde e logo depois completa – desculpa, dona Margarida.
Alice ri e ele não resiste a sorrir de novo.
— Tava falando pra gente dar um rolê lá fora. – diz Jonas.
Victor percebe que ele devia querer falar alguma coisa sobre o plano e assente. Alice olha para Jonas, que faz um sinal com a cabeça para ela seguí-lo também. Quando chegam à parte externa da casa, caminham um pouco pelo jardim, até que ele diz:
— Então, é bom a gente combinar algumas coisas...falei pro meu tio que a gente vai ficar só até amanhã. Tu tem alguma ideia de onde quer ir depois, Alice?
— Sinceramente, não...só pensei em fugir mesmo. – ela responde.
— E tu vai fazer o que quando a gente for embora? Tem que pensar em alguma coisa. – diz Victor.
— Eu sei...vou pensar.
— Tu pensa em voltar pra casa quando? – ele continua.
— Não penso em voltar... – ela diz, depois de um tempo.
Eles haviam parado de andar, Alice fica encostada numa árvore e os amigos estão parados diante dela.
— Que?? Vai ficar fugindo pra sempre? O que uma menina assim que nem tu vai fazer? – Victor questiona, sem acreditar no que havia ouvido.
— Como assim uma menina como eu? O que você quer dizer com isso? – ela pergunta, incomodada.
— O que tu sabe do mundo, garota? Vivia naquela mansão com uma porrada de segurança, vai fazer o que sozinha por aí? – Victor pergunta, com certa irritação.
A respiração de Alice fica alterada e ela responde:
— Por que você tá me julgando? Nunca julguei vocês, não é justo. Você não me conhece!
Ela olha para ele com uma certa revolta, até que Jonas fala:
— Calma, aí, galera! Gata, o Victor tem razão, vai ser difícil tu se virar sozinha se não tem um plano. Parece que tu não pensou direito nisso tudo, né?
— Eu só precisava fugir... – ela diz e Victor nota que lágrimas chegam aos olhos dela.
Alice está ofegante e enfim deixa as lágrimas caírem, saindo de onde está e andando para longe deles. Jonas olha para Victor com as sobrancelhas levantadas e nesse momento, o tio o chama. Ele da um tapinha nas costas do amigo e sai.
Victor caminha até Alice, que encostou no muro baixo da casa e observa a cidade abaixo, já que estão num ponto alto. Quando chega ao seu lado, olha para ela, que não vira em sua direção, continua olhando para frente.
— Foi mal aí, qualquer coisa. – ele diz, com uma voz baixa.
Ela fica um tempo em silêncio, até que vira para ele e fala:
— Se você quiser ir embora, pode ir, dou seu dinheiro logo.
— Eu falei que queria ir? – ele pergunta.
Ela da de ombros, sai e começa a caminhar em direção à casa. Victor a segue. Quando chegam, Mariana está brincando perto da porta e corre para Alice.
— Ocê tava chorando, tia? – ela pergunta, abraçando Alice, com o rostinho virado para cima.
— É que eu estava com um pouquinho de dor de cabeça, mas já passou, tá? — Alice responde, forçando um sorriso.
— Quer conhecer meu quarto? Quero mostrar uma boneca que parece com ocê. – a menina diz.
Alice enfim da um sorriso de verdade e diz:
— Quero sim.
Antes de sair, da uma olhadinha para Victor, que continua fora da casa, sentando num banco do jardim, com os cotovelos apoiados nas pernas. Algum tempo depois, Jonas aparece e pergunta:
— Cadê ela?
— Tá no quarto da tua prima. – Victor responde.
— Complicada a parada, hein? – o amigo comenta ao sentar também no banco.
— Em que rolo essa menina tá metida, hein? Estranho, isso. – Victor comenta.
— Não sei, brother...a Talita só me disse que tavam forçando ela a casar com um cara que ela não tava afim, mas ter que armar toda essa parada só por causa disso é doideira mermo.
— Vai saber, né? A gente nem conhece ela direito, vai ver é maluca, como eu tinha falado – faz uma pausa e depois continua – ela disse que tava com a grana toda aqui, até me dispensou, dizendo que podia me pagar logo.
— Ela ficou puta contigo, pega leve também, cara. A menina deve ter os motivos dela, a gente não tem nada a ver com isso, tamo só fazendo a nossa parte.
Victor assente, mas não deixa de ficar preocupado com ela, mesmo sem saber o porquê.
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Tensão no ar e outras coisinhas também...
Não esqueçam de deixar uma estrelinha 😘
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