Não demorou muito para que nós chegássemos. Nós não paramos até chegar. No caminho, eu finalmente consegui fazer o meu vestido ficar de uma cor aceitável e mudar o formato de minha coroa, tornando ela bem mais legal do que antes.
        Os portões do palácio pareciam maiores do que eu me lembrava. E havia uma grande pixação na entrada.
      Já estava anoitecendo e eu coloquei um capuz negro sob a minha cabeça.
      Trevor, em suas roupas negras de gala providenciadas por mim, andou até a entrada comigo.
      -Você deve entrar antes de mim.-eu falei baixo.-Se as coisas derem errado e eu precisar escapar, as pessoas não devem conectar você a mim. Isso só traria problemas para você e para seu país. Siga o plano.
      Trevor me olhou e suspirou.
      -Tudo bem.-ele disse. Seus olhos estavam protegidos pelas sombras e eu não podia ver a expressão em seu rosto.
      Quando ele apontou a espada para mim, eu recuei.
       -Desculpe, Jane. Mas as ordens de Sua Majestade foram bem claras.-ele disse, com um olhar impassível na minha direção.
       -O que?-eu arregalei meus olhos.
       -Você virá comigo.-ele disse, colocando a espada em meu pescoço.-E nem tente usar sua magia comigo. Sei que o que você faz não passa de pequenos truques. Você não é páreo pra mim, bruxa.-ele cuspiu as palavras em mim.
        -Eu pensei que você fosse meu amigo.-lágrimas quentes aparecem em meus olhos.-Você mentiu pra mim. Eu te odeio!
        Os guardas do palácio apareceram em cima do muro e alguns outros os cercaram.
       -O que está acontecendo aqui?-perguntaram eles, apontando suas lanças.
      Trevor me envolveu com um de seus braços, me impedindo de mexer minhas mãos e apontava sua espada para o meu pescoço com a outra.
      -Diga a Regente que eu tenho a encomenda dela. Diga que o Príncipe Trevor trouxe um presentinho.-ele falou, perto do meu ouvido.
      -Eu não acredito que fui tola o suficiente para acreditar em você, seu merdinha!-eu disse, me contorcendo.
      -Você é só uma princesinha ingênua, no fim das contas. Me decepcionou bastante, aliás. Em todos os sentidos.-ele provocou, com um sorriso maldoso.
      -Você vai ver. Eu vou sair dessa e vou matar você. eu posso não ser forte agora, mas terei muito tempo nas masmorras para aprimorar minha magia.-ameacei, furiosa.
      Ele riu alto, enquanto os guardas abriam os portões e nos escoltavam até o palácio.
       -Você acha que vai para as masmorras?-ele riu mais alto.-Sua mãe vai olhar pra sua cara e me dará o prazer de fatiar o seu corpinho.
       -Eu odeio você.-falei de novo, com as lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto.-Odeio mais do que tudo e vou me vingar.
       -Boa sorte com isso. Eu não tenho medo de fantasmas.-ele falou, ainda com um sorriso.-Espero que o Inferno tenha lugares confortáveis para vadiazinhas como você me assistirem enquanto eu tomo esse país e mato cada um de seus súditos.-ele se aproximou mais de mim.-E pode deixar que eu vou cuidar do seu namoradinho também. Ele terá o prazer de ser torturado por mim.
       -Você nunca vai conseguir o que quer.-eu falei baixo.-Este país é mais forte do que você pensa.
      -Vamos ver quanto a isso, princesa.-ele disse.
      -Eu não sou mais uma princesa, Trevor.-eu falei, me contorcendo novamente, sentindo ele me apertas mais contra seu corpo e fazer com que fosse difícil de respirar.
       -Tem razão. Você não é nada.-aquelas palavras me machucaram.
       -Acho que você pegou pesado demais.-sussurrei, apenas para ele ouvir.
       -Você quer que seja verídico ou não?-ele sussurrou de volta, antes de apertar a espada um pouco mais.-Calada, traidora.-ele falou.
       Eu juro que estava tentando segurar o meu sorriso, mas estava se tornando una tarefa difícil. Aquele plano era perfeito.
      As portas da sala do trono se Abriram e eu vi a minha querida mãe no meio de um discurso para uma câmera.
      Havia apenas o programador da câmera na sala além dela. Ela parou de sorrir para a câmera e olhou Trevor na porta, que me segurava e apontava a espada pra mim.
        -Desligue as câmeras.-ordenou ela e o programador logo se mexeu.
      Agora é com você, Jeremy. Eu pensei.

...........

        Marlin me olhava, enquanto os outros rebeldes tomavam conta da sala de controle da rede de comunicações.
        As câmeras continuaram a gravar mesmo quando o programador se moveu para desligá-la.
      -Temos algum problema com os controles.-disse ele. A Regente bufou.
      -Conserte isso. Agora.-ela falou.
     Um homem apareceu de costas para a câmera, segurando alguém com um capuz sob a cabeça.
      -Majestade, eu trouxe o que você pediu. E eu quero a minha recompensa.-ele falou, jogando a pessoa no chão.
       Eu sorri. Tudo estava indo de acordo com o plano.
      A Regente se levantou e andou até a pessoa encapuzada, com um sorriso cruel.
       -Ao que parece, você fez um ótimo trabalho, príncipe Trevor. Estou impressionada.-ela chegou perto do rosto da pessoa.
       -Mudem para a câmera escondida. Desliguem a principal.-ordenei.-E cuidem para que o áudio fique perfeito.
       -Certo, senhor.-disse Marlin.
       Zac estava ao meu lado, completamente calado. Seus cabelos estavam caindo em seus olhos, como sempre e seu olhar tinha aquela pontada de hostilidade de sempre. Mas mesmo assim, ele era o meu melhor soldado e amigo, meu braço direito.
         -Parece que o plano dela está indo exatamente como o planejado.-ele falou com secura.
       -E o nosso também, Zac. Você sabe que sim.-eu falei, confiante.
      A imagem agora mostrava a Regente de perfil e o rosto da Rainha era visível. Eu estava tentando imaginar a reação dos cidadãos naquela hora, como eles deveriam estar reagindo ao notar que a Regente havia mentido sobre a morte da Rainha Janette?
      Continuei olhando para tela enquanto a Regente e Jane se encaravam, uma sorrindo e com um olhar maldoso, enquanto a outra tinha um olhar voraz nos olhos. E o que eram aqueles olhos...
       -Senhor.-ele falou de maneira tão fria que eu tive que olhá-lo. Ele estava impassível, como sempre.-Não quero ofendê-lo, o senhor sabe que te respeito e o considero meu amigo, mas sinto que devo ser sincero com você.
       -O que é que houve?-eu perguntei, desconfiado.
       -Senhor. Eu pude observá-lo de perto nos últimos dias e acho que ainda sente algo pela Rainha.-ele disse, me olhando.
        Nenhum dos outros rebeldes estava realmente prestando atenção na conversa. Estavam todos ocupados programando as câmeras e cuidando dos sistemas anti-invasão.
       -Relaxe, Zac.-eu ri.-Eu não sinto nada pela Rainha Janette há muito tempo. Muito tempo mesmo. Mas apesar de não gostar nem um pouco dela, ela é nossa aliada, por hora. E você sabe muito bem o porquê. Por isso, tudo deve dar certo para que ela reassuma agora. Mas nós continuaremos com o resto do plano depois que a Regente for descartada, não se preocupe.
      -Assim espero, Comandante.-ele disse.
      Apesar de novo, Zac não era nem um pouco inexperiente. Ele fora treinado pelo próprio Ja'far, o mestre de técnicas de assassinato do oriente. Por isso, nunca subestimaria nada do que ele falaria ou pensasse. Até porque eu sabia que no fundo, ele estava certo.
       Eu de fato sentia algo pela Jane. Mas não deixaria isso me parar.