Dois meses depois...

Eu estava reconstruindo o reino aos poucos. Depois de retomar o trono, a aliança com os Rebeldes foi imediatamente quebrada.
Embora eu tentasse negociar com eles, não havia jeito. Os rebeldes queriam algumas coisas que não eram possíveis para nós e nós queríamos coisas impossíveis para eles.
Eu descobri que meus irmãos, suas esposas e meu pai estavam sendo mantidos em prisão domiciliar pela minha mãe e que John fora mantido nas masmorras desde o dia em que foi encontrado inconsciente na floresta.
Logo depois disso, eu quebrei o pacto de noivado e nomeei John como o Chefe da Guarda Real, o que o deixou extremamente satisfeito, mesmo que eu achasse que ele ainda sentisse algo por mim.
Naquele dia, haveria o Baile Real com todos os líderes do mundo e eu não poderia estar mais animada. Fazia um tempo desde que eu não via Trevor. Ele voltou para sua terra natal logo depois que eu assumi o trono novamente. Naquela noite, eu o veria novamente e conheceria os reis, presidentes e imperadores de todos os países do mundo.
Nos outros bailes, eu era pequena demais para compreender o que estava acontecendo, mas daquela vez, eu era Rainha e eles falariam comigo diretamente.
Acho que mais um pouco de pressão e eu explodiria. Todas as perguntas sobre todos os assuntos da festa eram direcionados a mim. Leila me ajudou com o que podia, como escolha da prataria e da decoração, mas ainda eram tantas outras coisas que eu estava zonza.
Eu terminei de escolher as cores do salão de baile quando os cozinheiros me fizeram escolher os cardápios. Assim que eu finalmente me decidi entre todos os petiscos e sobremesas disponíveis, Jullian, meu irmão e Conselheiro Real se aproximou de mim.
-Jane, quer dizer, Majestade?-ele falou, pigarreando.
-Fale, Jullian, o que houve?-eu o olhei, fazendo um sinal para que os cozinheiros saíssem de cena, antes de agradecê-los.
-O Rei de Sindria acabou de chegar na capital.-ele falou.
-Ótimo. Encontre uma bela casa de campo em Elfindor para sua majestade.
-Ele deseja uma conferência com você, Majestade.-Jullian falou, inquieto.
-Bem, mande-o entrar assim que chegar e leve-o pessoalmente até a Sala de Conferência. Eu estarei lá esperando por ele.
-Sim, minha irmã.-ele falou, fazendo uma reverência e saindo de cena.
Eu fui até meus aposentos e coloquei roupas para a ocasião. Um vestido azul escuro até os joelhos e uma tiara finíssima, além de saltos altos negros e poucas jóias. Meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo baixo e eu ainda usava a maquiagem leve de mais cedo.
Stefan bateu na porta e me avisou que o rei já havia chegado.
Eu andei ao lado de Leila até a Sala de Conferência, confiante e impassível como sempre.
Um guarda abriu a porta para nós duas e eu agradeci baixinho.
O rei de Sindria estava em pé, ao lado de meu irmão. Além deles, haviam dos homens que eu não conhecia, provavelmente acompanhantes do Rei S.
-Rei Sinbad.-eu falei, formalmente, antes de fazer uma reverência.-É um prazer finalmente conhecê-lo pessoalmente.
Eu sorrio e ele sorri de volta. O Rei de Sindria era um homem jovem, que deveria ser apenas três ou quatro anos mais velho do que eu. Seus cabelos eram de um roxo não natural, apesar de eu saber que eram sua cor legítima. Seus olhos eram cor de âmbar e tinham um magnetismo impressionante. Ele era alto e parecia forte com aquelas roupas, mesmo que eu não o pudesse o dizer com certeza.
Ele usava roupas em sua maioria brancas, no estilo oriental tradicional, um turbante e muitas jóias, além de uma espada curvada na cintura.
-Rainha Janette. O prazer é todo meu.-ele diz, também fazendo uma reverência. Seus companheiros logo fizeram o mesmo que ele. Um era muito branco, com cabelos igualmente brancos e olhos azuis, enquanto o outro tinha cabelos vermelhos e só um de seus olhos calculistas estava visível.-Estes são Ja'far e Spartos.
-É um prazer conhecê-la, Majestade.-disse o albino. Ele parecia calmo, mas algo nele me dizia que poderia ser mortal quando quisesse.
-É um prazer conhecer vocês também.-eu olho para Jullian e Leila.-Irmão, Leila, por favor, me deixem a sós com nossos convidados.
-Mas é claro, Majestade.-disseram os dois em uníssono, antes de saírem.
Eu me sentei na cadeira Do governante e olhei os três.
-Pois bem, senhores. Me digam, qual o motivo dessa tão inesperada conferência.-eu os olhei, curiosa.

A Rainha era uma mulher extremamente bonita. Seus cabelos eram loiros e levemente cacheados, enquanto seus olhos eram violetas. Ela era alta na medida certa e era esguia.
Era uma pena saber que ela não era, definitivamente, o tipo de mulher que cairia nos meus encantos instantaneamente. Ela parecia séria demais para isso. Mesmo que visse uma chama ardendo no fundo dos olhos dela. Eu logo me pronunciei.
-Nós estamos aqui para discutir um assunto de máxima importância com a senhorita.-disse eu, me sentando na mesa a frente dela.
-Pois bem. Podem começar.
-Primeiramente, gostaríamos que Sindria e os Estados Unidos Sulistas da América façam sua primeira parceria comercial.-disse o rei.-Acho que fortaleceria muito as relações diplomáticas das duas nações e que aumentariam as influencias políticas do seu país, que é relativamente novo no mercado.-disse eu, olhando a rainha.
-Bem, eu reconheço que nosso país é novo e inexperiente em transações comerciais com outros países e que seria ótimo começar com um país historicamente confiável como Sindria.-disse a Rainha, pensativa.-Não vejo porque recusar a sua oferta.
Eu sorri, olhando-a. Ela me olhou de volta por longos instantes e eu não fazia ideia do que ela estaria pensando. Aquela mulher em encantava como nenhuma outra no mundo. Havia algo nela que me chamava.
Ja'far pigarreou baixinho e eu saí de meu transe, olhando-o.
-Senhor, a outra coisa.-sussurrou ele, calmamente.
-Ah, sim.-eu falei, antes de me recompor e voltar a seriedade.-O segundo assunto é uma coisa um pouco mais séria que a primeira, Majestade.-eu avisei.
-Prossiga.-ela falou, fazendo um gesto com a mão.
-Um de meus informantes mais confiáveis trouxe informações do maior inimigo de meu país, o Império Kyoshi. E há rumores de que o príncipe herdeiro pretende pedir sua mão em casamento.
Ela riu. Na verdade, ela gargalhou, alto o suficiente para fazer com que eu e meus companheiros ficássemos constrangidos.
Logo depois ela me olhou de novo, sem tirar o sorriso do rosto.
-Que tolinho ele, não é mesmo?-falou ela, com um ar jocoso.-Nenhum homem já mais foi digno de ter a minha mão e isso não mudará agora. Fique tranquilo, Sinbad.
Me chamar pelo primeiro nome me fez sentir como se ela estivesse me desafiando a tentar. Mas eu não tentaria. Eu era um espírito livre, assim como ela.
-É ótimo saber disso, Majestade. Porque acho que você está ciente de que, enquanto o histórico de Sindria é de confiança e empatia para com seu povo, o histórico do Império Kyoshi é de encanação e traição.-eu digo, me aproximando um pouco dela.
-Sim, eu sei disso. Eles compactuaram na guerra que dividiu os Estados Unidos em dois. Eu me lembro bem.-ela falou, fazendo uma careta de amargura.-E por favor, me chame de Janette.
-Bem, Janette, agora eu devo ir embora. Nos veremos no baile mais tarde, certo?-eu falei, sorrindo.
-Mal posso esperar.-ela disse antes de se levantar e passar por ele.
O perfume da Rainha me atingiu como um explosão e eu estava começando a ficar louco.
-Onde estão seus pertences?-ela perguntou diretamente a Ja'far.
-Ainda estão no navio, Majestade.-ele respondeu. Suas bochechas estavam estranhamente vermelhas e ele evitou olhá-la nos olhos.
-Ótimo. Porque eu gostei de vocês. Podem fica no palácio. Só não contem aos outros reis.-ela falou rindo.
-Muito obrigado, Majestade. Nós todos somos muito agradecidos.-disse Spartos, se pronunciando pela primeira vez.
Um homem loiro se aproximou dela e ela falou com ele em palavras sussurradas. Ela se aproximou novamente com um sorriso.
-John mostrará seus quartos. Vejo vocês no Baile, senhores.-ela disse antes de se virar e sair andando.