A Floresta
Eu e os meninos chegamos até a borda da floresta e Jeremy disse que teríamos que andar em dois cavalos.
Quem acabou por abandonar o cavalo fui eu, que subi em Axel. Eu queria ir com John, mas ele parecia ainda irritado comigo, sem nem ao menos me encara durante o trajeto.
-Quer ir com John? Não me encomodo se for.-Diz Jerry, percebendo a tensão. John assumiu um olhar mais suave para o meu amigo, como se saber daquilo tirasse um peso de seus ombros.
Olhei para John e ele me olhou tranquilo e disse:
-Não. Tá tudo bem. Fique aí. Vai demorar mais se você trocar de cavalo. Depois de acamparmos trocamos, se quiserem.-Diz ele calmamente, antes de apertar o passo com seu cavalo.
Assinto e olho para ele. Ele ainda estava cheio de mágoa no olhar, mesmo que agora não a demonstrasse.
Desvio e me seguro na cintura de Jerry, olhando para o chão e suspiro.
Queria que as coisas fossem diferentes. Que eu não estivesse noiva de John, e que Jerry me perdoasse. Tudo ficaria bem então. Penso antes de entrarmos na floresta escura e sombria. A luz do sol não passava bem por entre as árvores, tornando tudo escuro, impossível de se ver se havia algo entre as árvores. Só na estrada a visão era mais clara, possibilitando que cavalgássemos rápido, com medo de ataques pelo lado.
O cavalo de John depois de um tempo, começou a ficar nervoso e tivemos que parar. Assim que John desmonta o cavalo saem em disparado por onde viemos, sem nem olhar para trás em uma velocidade absurda.
Jeremy bufa. E eu reprimo um pequeno sorriso ao ver sua reação.
-Ah, cara...-Diz Jeremy, frustrado.
-Pelo menos eles sabem o caminho de casa.-Eu digo, tentando reconfortá-lo.
A nossa sorte é que tinha um comerciante voltando para casa, em um cavalo e com uma carroça de metal, com uma cobertura de lona.
Assim chamaríamos menos atenção entre as pessoas que passavam (não que muitas pessoas se atrevessem a andar por lá).
Jeremy prendeu melhor o cavalinho nas correias e deu ao comerciante algum dinheiro. O homem velho deu uma boa olhada nele e sorriu, segurando a mão de Jeremy e a balançando várias vezes, com fascínio.
-Nós estamos do seu lado.-Ele disse, antes de sair andando, completamente motivado agora. Eu ergui uma sobrancelha para ele e ele negou com a cabeça, como se não soubesse do que o homen estava falando.
Eu entro na carroça e me sento em uma caixa de maçãs vazia de cabeça para baixo e John senta a minha frente, olhando para o chão de metal, ponderando o que dizer.
-Desculpe.- Nós dois dizemos ao mesmo tempo.
Eu dou um sorriso e ele um meio torto.
-Eu fui um idiota. Desculpe. Eu fiquei com o orgulho na cabeça. Eu e você não temos nada real. Não há motivo para isso.-Ele diz, rápido, me olhando com seus olhos castanhos intensos.
-Tudo bem.- Eu digo, ainda sorrindo.- Preciso me desculpa por pôr você nessa. Não devia ter feito isso. Ainda pode ir embora se eu quiser.
-Não posso.
-Você deveria.-Eu falei, aproximando minha caixa.- Minha mãe deve estar surtando. Ela precisa saber que estou bem, ou ela vai colocar fogo no castelo, se duvidar. E o Reino precisa de você.
Ele suspira, olhando suas mãos, parecendo impaciente.
-Sua mãe não vai me aceitar lá sem você. O povo precisa de sua Rainha. Eu não sou nada.- Ele diz, me olhando de novo.
-John, não quero que se meta em encrenca por minha causa.- Digo cautelosa, negando com a cabeça.
-Então devia ter me jogado da escada quando teve a chance.-Ele diz, rindo.
-Haha, muito engraçad...-Ele me puxa para perto antes que eu possa falar mais algo, e me dá um abraço apertado, que me deixa sem ar.
-Tá tudo bem, tampinha. A vida continua.- Ele diz continua rindo, com a voz doce.
Eu rio também e olho para o lado de fora.
O chão da floresta era completamente negro, e as árvores eram secas e grossas, negras e verde escuras. Algumas moitas com amoras estavam espreitando a estrada, e a grama verde muito escura nos encarava. Sabia que a estrada só ia até um ponto, uma taverna escura e sombria. Depois, o caminha teria de ser feito a pé, e Axel iria ser deixado sob os cuidados da dona da taverna, que segundo Jeremy era uma mulher gorda e bondosa.
Não estava nada animada para ir a pé. Seria uma caminhada longa, as latas de comida e bebida logo esvaziariam completamente e teríamos de caçar. Essa ideia não me animava nem um pouco.
Olho para o teto da floresta. As folhas cobriam nossas cabeças e nos privavam da luz do sol. Eu brincava com o cordão do meu ar e olhava para a lua gravada no metal, tão bem entalhada.
Mas o brilho dourado iluminava o local, mesmo que não diretamente. Os raios atravessavam as folhas negras e secas, e um brilho tênue se acumulava na estrada. Luz em meio a trevas.
Olho mais um pouco para as moitas espinhosas. Penso ver um par de olhos, mas logo que olho de novo, não há nada lá, apenas um arbusto de amoras.
-Que tipo de animais devem morar aqui?- pergunto, ainda olhando a floresta.
-Está com medo Majestade?- Pergunta Jerry, lá na frente.
-Curiosa apenas.-Digo, ainda olhando a floresta e estreitando os olhos.
-Cobras e aranhas!- Fala John, antes de me atacar com cosquinha.
-Idiota!- Gritei, rindo e dando chutes nele.
-Chegamos na taverna!- Grita Jerry, lá na frente.
O frio fora da carroça estava pior não ter a lona para abafar o ar. Uma neblina estava nos arredores, branca e densa, fazendo com que fosse ainda mais complicado de estudar o lugar ao redor.
Ao entrarmos na taverna, só há um cliente e uma senhorinha que parece bondosa. Ela tem cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo, é roliça e usa um suéter de lã com um xale por cima e uma saia encardida.
Ela sorri para nós com suas bochechas rechonchudas.
-Jeremy, querido! Que bom ver você! Como está?- Pergunta ela.
-Bem, dona Olga. Como vai o Taylor e a Tati?-Pergunta ele, se sentando na cadeira no balcão, ao lado de um menino talvez dois anos mais velho que eu.
-Eu e minha irmã estamos bem, se quer saber.-Diz. Provavelmente era o Taylor.
Musculoso, olhos verdes profundos e cabelos loiros, alto e parecia cansado de trabalhar duro.
Jeremy sorri para ele.
-Precisam de alguma coisa?- Pergunta ele, parecendo indiferente a nossa presença.
-Alojamento.-Eu digo, olhando-o com cautela.
Ao me ver, Taylor arregala os olhos. Parece que ele e Olga me reconheceram, já que ela assume a mesma expressão assustada.
-Rainha Janette!- diz Olga apertando minha mão fazendo reverências desengonçadas.- E um prazer imenso!!!
Eu rio simpaticamente.
-Me chame só de Jane, dona Olga.- Respondo sorrindo.
-Mas vocês três devem estar congelando! Venham, vou levá-los até a lareira!-Ela diz, seguindo até uma dala cheia de poltronas e com uma grande lareira.
Suspirei. Percebendo que era mais provável sentir-me em casa mais ali que no palácio.
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