Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

A foto

Na manhã ensolarada de aniversário dos meus trinta e cinco anos de casamento, eu encontrei a foto que deu início a tudo.

***

Senti a primeira gota densa de chuva cair bem no meio do meu couro cabeludo quando pisei no primeiro degrau da escadaria da biblioteca pública. Instintivamente olhei para cima admirando a cor acinzentada do céu. Aquela nuvem carregada me perseguiu por todo o trajeto até ali e, finalmente, estava se derramando.

Subi o restante dos degraus correndo para fugir dos pingos e me abrigar dentro do prédio, que não estaria muito mais agradável, mas pelo menos, estaria seco. A antiga construção, de pé direito extremamente alto, deixava o lugar gelado quando o tempo lá fora também estava.

Lá dentro, senti de longe o cheiro de café que vinha da cozinha e corri para garantir uma xícara. Maria Alice já estava lá quando entrei ajeitando o crachá no pescoço.

Junto com ela estava seu habitual mau humor. Maria Alice sorrindo era algo tão raro quanto um diamante. Valioso da mesma forma.

- Olá - saudei pegando minha xícara com bolinhas coloridas enquanto ela mexia mecanicamente uma colher dentro de uma xícara preta.

- Oi - respondeu da forma seca de sempre. - Como vai a donzela saltitante hoje?

Não se engane, Maria Alice gosta de mim, esse é seu jeito simpático. Somos amigas desde que passei no concurso e comecei a trabalhar na biblioteca. Estranhamente, meu bom humor se deu bem com o mau humor dela e, desde então, somos muito amigas.

- É... - suspirei jogando a colher prateada na pia - dias de chuva não são meus favoritos, mas o céu hoje está com uma cor absurdamente linda.

- Aff - revirou os olhos. Eu tinha certeza de que essa seria sua reação.

Passou por mim e deu uma piscadinha e um esboço do que parecia ser um sorriso.

- Nos vemos por esses corredores radiantes e coloridos - ironizou sumindo sem que eu pudesse responder.

O som do temporal que caía lá fora podia ser ouvido do subsolo, onde se encontrava nossa cozinha. Carreguei meu café para a contagiante sessão de geografia e história no terceiro andar; meu único pesar em trabalhar na biblioteca. Sempre ficava namorando o setor de romance e poesia, mas quando entrei, só tinha essa setor sobrando, não tive escolha.

O dia seguia cinza enquanto eu já havia guardado uns quinze Atlas diferentes. As pessoas queriam mesmo saber sobre os recôncavos do mundo.

Eu empurrava o carrinho com alguns títulos sobre a segunda guerra quando encontrei um livro estranho na prateleira onde estavam os títulos sobre história do Brasil.

- Estranho... - sussurrei freando o passo e voltando para trás.

Pude ler na lombada que o título era Os Irmãos Karamázov. Estava definitivamente no lugar errado.

- Como foi que você veio parar aqui? - falei mais uma vez sozinha, retirando o livro da estante.

A capa estava um pouco desgastada, empoeirada até, mas como, se estava na estante? Por onde teria andado antes de ser colocado ali?

Olhei com curiosidade para o exemplar de Dostoiévski enquanto o folheava. Mais pó saiu de dentro dele quando algo caiu no chão se enfiando quase que totalmente debaixo da estante.

Fechei o livro com tudo, curiosa para ver do que se tratava. Tive que ajoelhar e tatear um pouco para sentir o papel misterioso. O material colou na minha mão, uma textura que eu conhecia. Uma fotografia se revelou quando puxei minha mão.

- Uau - sussurrei olhando estática para foto.

Um rapaz de aproximadamente 25 anos estampava a foto de um colorido hipnotizante. Estava de pé num mirante alaranjado, usando uma blusa verde de lã. Os cabelos pareciam flutuar por causa do vento e o céu atrás dele era de um azul perfeito, tornando a foto uma obra de arte.

Ainda estava encantada com a beleza da pessoa da foto quando Maria Alice surgiu do nada me perguntando o que raio eu estava fazendo.

Levantei tão rápido que quase me desequilibrei. Minhas bochechas ficaram quentes, eu sabia, consequência da cor vermelha que elas deveriam estar.

- Então? - continuou depois de não receber nada em resposta.

- Achei um livro na sessão errada - peguei o livro do carrinho e estiquei para ela. - Está estranho. Desgastado e empoeirado.

- Ué, como tudo aqui. Dê uma olhadinha à sua volta.

- Sim, - sacudi a cabeça negativamente apesar do sim - mas olha isso - passei o dedo na capa enquanto ela ainda segurava o exemplar, e um rastro limpo ficou desenhado.

- Estranho - ela finalmente admitiu.

- E tinha isso aqui dentro dele - estiquei a foto.

Uns cinco segundos de silêncio se seguiram até que ela concluísse:

- Bonito - confessou inclinando o rosto como se fosse algo extremamente raro de se ver.

- Não é? - falei tirando a foto da mão dela.

- Tanto faz... - deu de ombros - nunca vamos saber de quem se trata. Não tem nada na parte de trás.

- Pois é - respondi triste.

- É. Só não vá chorar - pediu virando as costas.

Dessa vez quem revirou os olhos fui eu. Olhei para a chuva lá fora através das grandes janelas e depois novamente para o livro. Folheei novamente até chegar nos carimbos com as datas de empréstimo na contracapa e fiquei um pouco decepcionada de ver que o último empréstimo tinha sido três anos antes. O mais curioso era o fato de que a data era exatamente a data do dia de hoje.

Peguei o celular no bolso traseiro da minha calça e tirei uma foto da lombada do livro, com o código numérico. Talvez tivesse como descobrir quem foi a última pessoa a emprestar. Muito provavelmente, aquela foto tenha sido colocada ali por essa mesma pessoa. Assim eu esperava.

Faltava menos de vinte minutos para a biblioteca fechar quando encontrei Maria Alice organizando algumas fichas no meu setor invejado.

- Quero ajuda - pedi quando me aproximei.

- Para? - quis saber sem nem mesmo desviar os olhos dos papeis que mexia.

- Para descobrir quem foi que emprestou esse livro por último.

- Sofia. Sério? - finalmente me olhou com uma cara nada feliz. Normal.

- Sim - respondi irredutível.

- E como você espera conseguir isso? E em que parte entra minha ajuda?

Eu tinha certeza que ela já suspeitava qual era a resposta para essas perguntas.

- Karina - disse sem muito rodeio.

- Não - rebateu imediatamente.

- Por favor! - implorei dando a volta na mesa dela para ficar mais perto. - Eu sei que ela tem uma queda por você e sei também - esperei que me olhasse novamente - que você tem uma queda por ela.

Aguardei a reação de Maria Alice, estreitando meus olhos enquanto um semi sorrido ameaçou surgir em seu rosto.

- Se eu pedir, ela não vai me dar os dados do usuário, já se você pedir... - continuei com as mãos juntas como em oração.

- Tá bom! - se deu por vencida.

Bati as palmas que já estavam juntas em sinal de alegria.

Seguimos de forma apressada para o setor de T.I.. A porta estava entreaberta quando paramos bem em frente. Maria Alice se ajeitou e fez cara feia para mim quando a peguei no flagra. Virei para a porta rapidamente fingindo que não tinha visto nada. Deu duas batidinhas leves e depois abriu a porta.

- Oi - falou tímida.

Estava bem ali na minha frente uma Maria Alice que eu nunca tinha visto.

- Oi! - Karina pareceu entusiasmada, mas de forma sutil.

Acenei quando ela notou que eu estava presente.

- Queria um favorzinho, se não for atrapalhar ou te colocar em alguma situação desconfortável - Maria Alice começou.

- Caramba, fiquei extremamente curiosa - admitiu Karina tirando os fones imensos do pescoço.

- Não é nada demais, acho... você consegue acessar o registro de usuários que emprestaram os livros? - definitivamente estava nervosa.

- Claro que sim - sorriu diante do que era pedido, com certo alívio, como se fosse algo simples.

- O grande detalhe - Maria Alice suspirou - é que o livro em questão foi emprestado há três anos.

- Sem problemas - Karina respondeu empurrando a cadeira de rodinhas em direção ao seu computador. - Nosso programa de empréstimos registra cada exemplar por cerca de cinco anos, então é bem provável que encontre.

A tela do programa já estava aberta em sua frente quando ela perguntou os dados que precisava, código do livro em questão e data de empréstimo.

Quando ela terminou de digitar de forma extremamente rápida todos os dados fornecidos e apertou o enter, senti um pouco de frio na barriga.

O sistema pensou por cerca de quinze segundos que pareceram uma eternidade, então outra tela menor pulou na frente da principal com os dados que eu tanto queria.

- Aqui - pegou um papel para anotar. - Filipe Niepsuj - se enrolou um pouco para falar o sobrenome.

- Como é? - Maria Alice se aproximou, ficando com a cabeça bem acima do ombro de Karina, muito próxima a seu rosto.

- Não tenho certeza da pronuncia, parece algo eslavo. Arrisco polonês - falava quando notou a proximidade de Maria Alice.

Quando Maria Alice notou a tensão se formando, quebrou o encanto um pouco nervosa.

- Ótimo - pegou o papel das mãos de Karina que piscou algumas vezes para se refazer. - Muito obrigada - Maria Alice agradeceu genuinamente. - Te devo uma - sorriu.

Karina devolveu o sorriso e, era evidente, as duas estavam caidinhas uma pela outra.

- Até logo - finalmente falei sorrindo, tentando fingir que não sabia sobre o segredinho delas, falhando miseravelmente.

Andamos até o final do corredor quando Maria Alice desacelerou e me estendeu o papel.

- O que foi aquilo? - cochichei.

- Não foi nada! - desconversou, mas aquele sorriso que nunca se abria teimava em ficar ali, escondido em sua carranca. - Está aqui o que tanto queria.

- A janta é por minha conta - contei olhando com um sorriso besta para o papel.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro