/18/
Espero que nunca seja tarde demais para você começar a valorizar uma pessoa e se dar conta que não vai encontrar essa pessoa duas vezes na vida.
Caroline Silva
Entro na casa e a Priscila vem correndo até mim e me abraça apertado, como se soubesse o que aconteceu. Ela me solta, segura minha mão e me faz sentar no sofá, Eu não sei como reagir. Eu nunca imaginei que um dia eu e a Carla acabaríamos assim. Ela terminou comigo. A mulher da minha vida terminou comigo. Como eu vou sobreviver assim? Quando eu falei que não sei viver sem ela eu não estava mentindo, Carla é tudo para mim.
— Papai? — olho para Priscila que passa a mão em meu rosto e dá um sorriso.
— Não desiste da mamãe, ela te ama — diz baixinho.
— Como? — pergunto confuso.
— Esqueceu que eu sou amiga do papai do céu? Ele me conta tudo — solta um sorriso.
— Às vezes não era para ser.
Não acredito que estou falando isso com a minha filha, a que ponto cheguei?
— O papai não me daria uma mamãe que não fosse para ser sua mulher, e eu sei que a tia Carla é minha mamãe.
— Não é tão fácil, filha.
— Nada é papai, mas o papai do céu diz que nos nunca podemos desistir do amor na primeira dificuldade.
Estou surpreso com Priscila, como ela sabe de tudo isso?
— Papai?
— Fala meu amor.
— Ontem a mamãe ficou o dia todo comigo e ela tava tão triste, eu não gosto de ver ela assim, então eu falei com o papai do céu e ele disse que quando uma pessoa está triste nós só temos que abraçar essa pessoa, só assim ela vai saber que estamos aqui por ela, e é isso que o senhor tem que fazer, tem que abraçar a mamãe — Priscila passa a mão no meu rosto — Então vai até à mamãe e a abrace, que depois nos vai ver meu amigo P.
Dizendo isso ela se levanta e vai para cozinha, eu sei que ela está certa, mas não estou pronto para ser rejeitado de novo pela Carla, eu não aguento, pelo menos não agora.
Estou escutando campainha tocar já tem uns dez minutos e a pessoa não está a fim de parar, então mesmo estando morta por dentro, eu me levanto e abro a porta, dando de cara com a Fernanda e Isabella.
— Meu Deus! Você está horrível — Fabiana diz entrando na casa e Isabella faz o mesmo.
Às duas vão até à sala e se sentam no sofá, tirando dois potes de sorvetes e fines.
— Pra que tudo isso? — pergunto.
— Você não está bem, e a Kássia está viajando com o Thomas, em uma viagem de negócios e a Geovana está ocupada cuidando das crias dela, então só sobrou eu e a Isabella para um dia de garotas — Fabiana fala e me manda sentar no sofá, no meio dela e Isabella.
— Eu estou ótima — dou um sorriso forçado.
— Está tudo bem, não está bem Carla — Isabella segura minha mão.
— Eu terminei com o Rafael.
— O quê? Por quê? — pergunta Isabella.
— Ele não merece mais sofrer, é o melhor para ele.
— Desde quando? Ele é completamente apaixonado por você Carla, você é o mundo para o Rafael, eu vi ele morrer dia após dia quando você está em como, então não, você só está o machucando assim — Fabiana fala indignada.
— Ele deve estar me odiando.
— Sabe quando ele será capaz de te odiar? Nunca.
— Eu não consigo.
— Eu vou te contar uma coisa, Carla. Eu sou completamente apaixonada pelo Pedro, ele era o enfermeiro da reabilitação que o Rafael me pagou, e ele me amava, ele me amou antes de eu sequer pensar em me amar, mas eu terminei com ele, antes de ir embora. Terminei, pois acreditava que ele estaria mais feliz sem mim, que estaria fazendo o bem, e a uns dias atrás eu fui atrás dele e eu vi. Vi o cara que tinha o sorriso mais lindo e iluminado, divertido, dando sorrisos forçados e com um aparência horrível, ele envelheceu uns dez anos. Sabe o que eu aprendi? Que não devemos tomar decisões sobre a vida das outras pessoas, eu perdi o amor da minha vida porque não acreditava que era digna dele, e acabou que nenhum de nós dois ficamos felizes. Então, vê se levanta desse sofá e vai atrás do homem que você ama — olho para Fabiana e ela está chorando — Não deixe um amor como o de vocês morrerem.
— Por que você está fazendo isso?
— Esqueceu que somos amigas? E que quero ser uma pessoa melhor? Acredito que é isso o que elas fazem.
Abraço Fabiana e Isabella, então me levanto e vou atrás do Rafael, não vou deixar eles vencerem.
A porta do meu quarto se abre com tudo, me levanto e vejo a Carla, só pode ser alucinações.
— Vai embora — falo baixo.
— Não, não, até eu falar o que tenho que falar — diz.
— Carla? É você? — pergunto.
Eu já vi ela umas três vezes só hoje, em minha cabeça.
— Sim, sou eu — ela anda até mim e segura minha mão.
É ela. Ela voltou.
— Deixa eu falar e não me interrompa — só balanço a cabeça — Quando eu era criança, antes de ser adotada, meus pais biológicos, me chamavam de aborto mal sucedido, me batiam e xingavam, meu pai usava e vendia drogas, e sempre batia na minha mãe e em mim, e minha mãe, bom ela me odiava mais do que qualquer coisa, ela me batia, me xingavam, e dizia que eu nunca seria feliz, que era horrível, não passava de uma pretinha imunda, eu só tinha cinco anos, só queria um abraço, brincar, um eu te amo, eu só queria ser feliz — Carla respira fundo e tenta segurar as lágrimas.
" Então um dia, no meu aniversário, meu pai me bateu e me fez cheirar cocaína, logo depois me bateu e me fez subir para meu quarto, eu lembro que fiquei a noite com dor, suando frio, mas sabe o que mais machucava? Era o meu coração, eu perguntava o por que deu passar por tudo aquilo? Por que, meus pais não me amavam? Por que eles nunca me abraçaram? Qual era o meu problema? Então eu passei a desejar nunca mais ver eles, sabe como é triste uma criança desejar morrer? Por que via nos filmes que as pessoas não sentiam mais dor quando isso acontecia. Eu odiava tudo, mas principalmente, eu me odiava. Então eles foram presos, e outro inferno começou, no orfanato eu era a preta nojenta, que todo mundo odiava, eu chorava todos os dias, todos os malditos dias. Então Deus me deu minha família, os pais que sempre sonhei, o irmão perfeito. Eu fui feliz Rafael, eu era a pessoa mais feliz, minha família me amava e eu os amava. Mas daí pegaram a Kássia, minha melhor amiga e irmã, só que me confundiram e me levaram, eu não me importei, minha amiga estaria salva, mas ela foi atrás de mim. Só que já tinha acontecido. Eu fui estuprada, minha mente já estava destruída, e tudo o que passei na infância veio com tudo, o ódio de mim, eu em culpei. Eu tentei me matar Rafael, eu queira que a vergonha, o medo, a raiva fosse embora, mas o Gustavo chegou e me impediu. "
— Para, por favor — peço chorando.
— Eu preciso falar — só balanço a cabeça, segurando suas mãos — E então eu conheci você, eu te amei no primeiro momento, eu amava quando você ia me visitar no hospital, amava só de você estar no mesmo ambiente do que eu, daí para completar tudo eu conheci minha butterfly, ela me encantou desde o primeiro momento, ela é tão inocente, pura, doce, gentil, feliz. Nós começamos a namorar, e viramos uma família, eu tinha um namorado que me amava e que eu amava, ele era incrível, e ganhei ainda uma filha incrível, perfeita. Eu tinha tudo, minha vida estava perfeita. Só que daí eu fui sequestrada de novo, o Fabian matou a família da Isabella na minha frente, e logo depois atirou no Marcelo, me culpou e me espancou, só que parou, pediu desculpas e me beijou, então ele me colocou em um canto sem roupa, do lado dos corpos, e colocou o Marcelo sentado no sofá e ficou falando com ele e comigo, dizendo que eu finalmente conheceria sua mãe. Daí vocês chegaram, ele me carregou até o meio da sala e falou que sempre estaria comigo, e ele nunca saiu.
— Não, não fala isso.
— Deixa eu terminar. Eu me apaixonei por você duas vezes, e sei que me apaixonaria mais dez vezes se fosse preciso, me apaixonei pelo juiz arrogante e controlador, pelo pai atencioso e amoroso, que deixa a filha maquiar ele, que faz de tudo por ela e por quem ama, eu me apaixonei pelo homem arrogante e possessivo, com um coração enorme. E de brinde me apaixonei pela garotinha gentil, que ama fada, ajudar as pessoas, carinhosa e manhosa. Eu sou completamente apaixonada por vocês dois. Então eu queria te pedir uma coisa.
— O quê?
— Vamos à sala rapidinho? — pergunta, mas nem espera eu responder e já sai me arrastando.
Chego na sala e vejo ela toda decorada com velas, rosas e ursinhos de fada, e uma Priscila de pijama, que corre até Carla e a abraça.
— Agora vocês ficam aí parados que eu vou falar.
Eu e Priscila ficamos parados no meio da sala e Carla fica na nossa frente, respira fundo e começa a falar.
— Vocês sabem que não sou perfeita, tenho mais defeitos do que qualidades, mas que os amos mais-que-tudo. Hoje eu sei que falei que seria melhor nos afastarmos, mas uma pessoa muito especial me fez enxergar que isso era uma péssima ideia, e eu sou egoísta para deixar os amores da minha vida soltos por aí. Então — Carla se ajoelha e tira de dentro do bolso da sua calça uma caixinha — Sei que isso não é nada convencional, mas as coisas loucas são as melhores. Então, Rafael você me aceita como sua para o resto da sua vida? Para você fazer panquecas todos os dias? Para escutar meus babados? Para te fazer endoidar dia após dia? Mas que irei te amar dia após dia, então, você aceita se casar comigo?
— Isso é sério? — pergunto emocionado.
— Só se você dizer sim.
— Claro que é sim — a abraço e beijo — Mas, era para eu fazer isso.
— Século XXI querido, agora chega pra ela que vou falar com a fada mais linda.
Priscila dá um sorriso nervoso.
— E você minha butterfly, aceita eu como sua mamãe? Aceita deixar eu te levar todos os dias para escola? Deixa eu ser sua confidente e melhor amiga? Para nós fazer bagunça na cozinha? Ter dias de meninas? Endoidar seu pai? Você me daria a honra de ser sua mamãe?
Priscila corre até Carla e a abraça, as duas estão chorando e eu não fico para trás. Eu nunca imaginaria que um dia a Carla faria algo assim. Por isso que eu a amo, eu nunca sei o que ela vai fazer. Eu ainda não acredito que em um dia, eu levei um pé na bunda e fui pedido em casamento pela minha mulher.
— Eu te amo mamãe.
— Eu te amo minha butterfly.
— E eu amo vocês duas, as mulheres da minha vida.
Abraço às duas, eu sou o homem mais feliz do mundo.
{****************************************}
Saio do meu escritório com a notícia que o Logan saiu do país e que o Róger foi preso, então a Ariane deu um tempo na investigação e me deu folga. Já passou uma semana desde que fui pedido em casamento e desde então minha vida tem estado perfeita. Eu encontrei o amigo da Priscila, ele era um garotinho de oito anos que perdeu os pais e não para em orfanatos, mas a Carla e Priscila convenceu ele de ficar lá por uns dias que elas iriam achar uma família para ele, e todos os dias às duas vão ficar a tarde toda com eles. Sem contar que minha casa virou a casa da mãe Joana, como a Carla diz, todos os dias tem alguém lá. Fabiana, Isabella, Paulo, Scott, Geovana, Kássia e Gustavo não saem de lá todos os dias. Mas não falo nada, minha mulher e filha amam isso, então eu aceito as gritarias e risadas altas. E sem falar que meus pais vieram a dois dias e amaram a Carla, minha mãe então, só fala em casamento e mais netos, e meu pai em como a Carla é maravilhosa. Então, sim, minha vida está perfeita.
Está eu, Fabiana, Priscila e Rafael no orfanato almoçando com as crianças e posso garantir que esse é um dia perfeito. Eu nunca vou entender como uma pessoa pode machucar um ser desses, eles são tão doces, gentil, inocentes, alegres, tudo o que muitos de nós adultos não somos. Esses últimos dias minha vida tem sido perfeita, está tudo maravilhosamente no seu devido lugar, eu tenho tudo, família e amigos, não preciso de mais nada. Quem fala que o dinheiro é tudo, não sabe o que é ter uma família, por que eu daria tudo, só para continuar com eles.
{****************************************}
Vejo Rafael brincando com as crianças e é impossível não sorrir diante da cena, ele tirou o terno e está somente com a calça e a camiseta toda amassada e fora da calça, ele percebendo que estou olhando, olha para mim, e me manda um beijo e logo sorri de volta.
Eu o amo, Rafael me fez acreditar em mim mesma, me fez acreditar no amor, que ele é possível para todos, basta ter fé.
{****************************************}
Estou andando pelos corredores do orfanato quando escuto gemidos de dor e o que parece ser uma pessoa vomitando, sigo o barulho e entro no banheiro, dando de cara com a Fernanda debruçada no vaso enquanto vomita, sangue.
— Meu Deus! Fabiana, eu vou chamar alguém — falo desesperada.
— Não, por favor não faça isso — pede fraca.
— Mas...
— Por favor Carla.
Solto um suspiro e a ajudo a se levantar, ela lava o rosto e a boca, onde eu a ajudo a ir até o primeiro quarto que acho, Fabiana se senta e eu fico andando de um lado ao outro.
— O que você tem? — pergunto.
— Câncer, leucemia para ser mais exata.
— E por que você não está em um hospital? Ou não contou para mim?
— Não estou em um hospital porque eu decidi sair e curtir os últimos meses da minha vida, e eu ia contar.
— Quando? Quanto estivesse morta? Mas isso não importa, tem tratamento que você pode fazer, você não vai morrer — falo tentando segurar as lágrimas.
A Fabiana se tornou uma grande amiga, eu não posso perdê-la.
— Não tem.
— Como assim não tem?
— Eu tô morrendo Carla, esses são meus últimos meses de vida, não tem cura.
— O quê? Não, você deve estar enganada — lágrimas caem sem que eu consiga controlar.
Fabiana se levanta devagar e vem até mim.
— Eu já me conformei Carla, e está tudo bem, tudo o que eu quero é passar os últimos dias da minha vida com minha filha e novos amigos, minha família — sorri entre lágrimas.
— Você não pode morrer Fabiana, agora que nos tornamos amigas, você é minha família, e a Priscila? Como ela vai ficar? Você não pode nos deixar — Falo chorando.
Fernanda dá um sorriso e me abraça.
— Ela tem você.
DOIS DIAS DEPOIS
A morte, mesmo sabendo que esse dia iria chegar, nós nunca estamos prontos, eu sempre soube que esse dia chegaria, porém, não estou nem um pouco preparada.
Eu tô morrendo. O quão triste é isso? Finalmente estou perto da minha filha, tenho amigos, uma família e agora vou morrer.
Eu descobri que estava com leucemia há um ano, porém o meu estágio já está muito grave, então eu só fiz três meses de tratamento, até que abandonei, terminei o ensino médio e vim atrás da minha filha. Eu só tomo remédios para dor, mas às vezes nem isso resolve. Porém, eu suporto a dor, eu suporto porque só assim poderei ficar com minha filha.
Eu disse a verdade para a Carla, a única coisa que me consola é que quando eu partir minha filha estará em boas mãos. Isso é tudo o que quero, que a Priscila seja feliz e amada.
Me levanto da cama e vou para o banheiro, tiro a roupa e me olho no espelho, emagreci e muito, só estou o osso, porém eu disfarço com maquiagem e as roupas. Entro no box e tomo um banho rápido, me seco e visto um vestido soltinho amarelo e um chinelo preto, e é a conta para quando a campainha toca. Mesmo estranhando eu vou abrir a porta e dou de cara com quem nunca imaginei que veria de novo.
— Pedro? — pergunto sem acreditar.
— Posso entrar? — pergunta, e eu só dou espaço para ele entrar.
Ele está mais lindo do que antes, se é que é possível. Ele está mais forte, com os cabelos curtos. Pedro é um homem lindo, um moreno alto, com a boca carnuda e um sorriso encantador, seu jeito amoroso e gentil é lindo, e foi esse um dos motivos que me fez me apaixonar por ele. Sigo para sala e ele está em pé.
— Bom — falamos juntos.
Dou um sorriso nervosa.
— Pode falar, por favor — falo.
— Vou te fazer uma pergunta e quero uma resposta sincera.
— Tudo bem.
— Você chegou a me amar? Nem que fosse por um dia.
— Eu te amei mais do que a mim mesma, Pedro — sou sincera.
— Então por que você terminou comigo?
— Porque eu pensei que seria o melhor para você, eu pensei que estava te fazendo o bem.
— Bom, você não estava, não chegou nem perto.
— Eu sei, e sinto muito.
Pedro solta um suspiro e vem até mim.
— Porém eu quero tentar de novo, não vim para falar do passado, e sim do futuro, por isso eu vim aqui, você aceita sair comigo amanhã? Um jantar?
Agora eu tô sem palavras.
— O quê?
— Você aceita ir ao um encontro comigo? — dá um sorriso.
— Ah sim?
— Isso foi uma pergunta?
— Não, foi um eu te vejo às 20:00 horas — dou um sorriso.
— Perfeito, até amanhã Fabiana Mendes — Pedro me dá um beijo na minha testa e sai do apartamento.
E eu como uma mulher que é apaixonada dou um pulo de alegria e fico o resto do dia com um sorriso enorme. Eu não sei como ele apareceu do nada na minha porte e para ser sincera, eu não quero saber, tudo o que quero fazer é curtir essa nova fase da minha vida.
{****************************************}
Já estou deitada na minha cama quando tocam a campainha, me levanto e pego o taco de beisebol que fica do lado da minha cama e vou abrir a porta. Assim que abro uma Priscila pula em mim com tudo. Olho para o Rafael que está com pijama e a cara amarrada.
— Ela tava enchendo o saco querendo ficar com você hoje, então aí está. Aqui está a bolsa, você leva ela pra escola — diz me entregando uma bolsa — Tchau! Sapequinha.
— Tchau! Papai — Priscila nem se dá ao trabalho de olhar para ele.
— Traíra — diz baixinho e sai.
Priscila se solta de mim e me arrasta para meu quarto, se deita na cama e eu do seu lado, ela vem até mim e me abraça.
— Eu posso te falar um segredo? — pergunta depois de um tempo.
— Claro.
— O papai do céu falou que eu deveria te dar muito amor e carinho, eu não entendi, sabe? Eu te dou carinho e amor, não dou?
— Claro meu amor.
— Legal.
Priscila fica quieta por um tempo até que volta a falar.
— Tia?
— Oi?
— Eu te amo muito, sabia?
Me emociono, essa é a primeira vez que ela diz isso abertamente.
— E eu te amo muito mais.
— Tia?
— Fala meu amor.
— A senhora promete nunca me abandonar?
Seguro as lágrimas. Como eu gostaria que isso fosse possível, nunca abandonaria ela.
— Do que depender de mim, eu prometo.
— Tudo bem, você vai na minha apresentação dos dias das mães?
— Sim, eu não perderia por nada.
— Que bom! Eu tenho uma surpresa.
Só espero estar viva até lá.
— Eu te amo tia Fabiana, você é minha melhor amiga. Eu nunca quero te perder.
Eu também não quero te perder meu amor, eu também. Mas, infelizmente, a vida não é como desejamos. Porque se fosse eu estaria saudável, nunca teria deixado o medo me vencer e perder os melhores momentos com a minha filha. Só espero que esses últimos dias ou meses sejam incríveis.
Olho para a minha mamãe, passo a mão no seu rosto e deixo um beijo na sua bochecha, me levanto devagar e saio do quarto, indo para sala, que assim que chego me ajoelho e converso com meu papai do céu.
— Olá papai do céu, sou eu, a Priscila, a fada mais linda do mundo. Tudo bem com o senhor? Eu tô bem, poderia estar melhor se eu não tivesse visto hoje mais cedo a minha mamãe Carla chorar, quando eu perguntei o motivo, ela disse para eu dar muito amor pra minha mamãe Fabiana, e daí o senhor disse isso também quando eu tava dormindo hoje a tarde, eu não sei por que vocês dois disseram isso, mas estou fazendo, eu tô fazendo direito? Minha mamãe vai morrer papai? É isso? Se for, não leva ela não, ela acabou de chegar eu não posso perder ela não, ela tem que ser feliz, e ela só vai ser se estiver aqui comigo. Então, não leva ela não. Há e faz com que o meu papai consiga tirar o Pedro do orfanato, eu quero que ele fique em casa, e não deixa mais minha mamãe Carla chorar. Eu amo o senhor papai do céu, muito mesmo. O senhor é meu melhor amigo, e obrigada pelo vestido novo de fada que o senhor fez o vovô Rich me dá, eu amo o senhor.
Me levanto e volto para o quarto, me deito do lado da minha mamãe e a abraço.
— Eu te amo mamãe — sussurrando, dando um beijo em sua testa, eu me aconchego em seus braços e fecho os olhos, me sentindo muito feliz por ter tudo o que sempre quis.
— É sério Rafael!!— estou tentando convencer o Rafael a quase uma hora que temos que fazer uma festa a fantasia em casa e irmos de, as branquelas, porém meu namorado é um cuzão e está me olhando torto neste exato momento.
— Nem fudendo Carla , eu até aceito a festa mas não vou me fantasiar disso — diz puto .
— E panquecas e mel?
Rafael para de andar e olha para mim como se fosse louca.
— O que? Isso nem é fantasia .
— O cú que não é — Rafael levanta uma sobrancelha e cruza os braços. Gostoso — Tá , talvez não seja normal alguém se fantasiar assim, mas eu amo panquecas com mel.
— Não — volta a andar e eu reviro os olhos .
Oh homem chato!!!
— Troy e Gabriela ?
— Quem?
— High School musical — falo como se fosse óbvio.
Mesmo não sendo da minha época, eu assistia e assisto até hoje, amo filmes clichês.
— Que merda é isso ?
— Esquece, mas você tem que decidir logo uma fantasia, Rafael Gonzaga.
— Tudo bem , quais são minhas opções?
— As branquelas, High School Musical, panquecas e mel , Homer e Marge,e aí ? Qual vai ser ?
Rafael solta um suspiro e balança a cabeça.
— Os Simpsons, Homer e Marge.
— Uhh maravilha, já vou providenciar que é para daqui dois dias.
— Como assim dois dias ? — pergunta confuso —Eu nem tinha concordado ainda.
— Você me ama e eu sabia que iria aceitar, agora tchau meu bem, tenho que ver a Fabiana — dou um selinho nele e começo a sair da casa — Ah , a Priscila vai passar a tarde comigo e as meninas — Falando isso eu entro dentro do carro e mando o Patrick,meu mais novo segurança, ir para casa da Fabiana.
{****************************************}
Estou apertando a campainha da Fabiana a quase um minuto e nada da bruaca vir atender.
— Fabiana? Abre logo ou mando o Patrick arrombar — grito e não leva nem depois minutos e ela abre a porta, está com um pijama da mulher maravilha, a cara amassada e os cabelos todo bagunçado.
Deus é mais, até levei um susto.
— Ainda não chegou o halloween não minha filha, quase morri com essa sua cara feia — falo entrando e me sentando no sofá, o Patrick ficou no térreo, ele disse que é melhor para vigiar.
— O que você está fazendo aqui a uma hora dessas ? — Fabiana pergunta enquanto amarra a sua juba que chama de cabelo.
Eu acordo feia, só fico feliz que não sou a única.Mas se um dia o Rafael falar que acordo feia eu mando ele ir ver com a Fabiana acorda .
— Já são nove horas — falo como se fosse óbvio.
— Já é madrugada em algum lugar — se senta na minha frente.
— E aí? Você falou com o Pedro ? — pergunto não me aguentando de curiosidade.
— Então, foi você que falou onde eu morava.
— Claro, cupido não existe, a não ser que ele se chame, Carla Salvatore — dou um sorriso e Fabiana balança a cabeça.
— Ele ...ele sabe?— pergunta desviando o olhar.
— Não, eu só fui atrás dele e falei tudo o que você me disse quando eu terminei com o Rafael, e é claro, disse que todos merecem uma segunda chance.
— Estou me arrependo de ter aceitado sair com ele.
— Oi? Sair ? Caraca, isso é fod... pera, você disse que está pensando em desistir? Posso saber o motivo? — pergunto indignada.
— Qual é Carla?! Eu tô morrendo — responde como se fosse óbvio.
Respiro fundo e me seguro para não dar um tapa nessa mulher.Que bom que Deus me deu paciência e não força! Se não, já teria matado meio mundo de gente .
— Você está fazendo de novo, Fabiana. Você está escolhendo por ele. Ele tem o direito de opinar se quer ou não ficar com você, é a vida dele. Eu prometi para você que não procuraria médicos para você e sim, te ajudaria a ter os seus últimos dias perfeitos e acredito que passando com quem você ama seja incrível. Eu te amo, a Priscila te ama, você tem amigos que te ama e agora tem a chance de ter uma segunda chance com o grande amor da sua vida.
Fabiana abaixa os olhos.
— Eu tenho medo— fala com a voz falha.
— Do que ?
— Dele não escolher ficar comigo — me levanto e a abraço.
— Então ele vai ser um babaca — dou um beijo em sua cabeça e a solto — Agora levanta daí que vamos a compras, ele ainda não te rejeitou,e pode ter certeza nem vai, você precisava ver como ele ficou quando eu disse que você o amava...
{****************************************}
Fabiana e eu passamos a manhã fazendo compras e agora estamos eu, ela, Priscila, Kássia, Geovana e Isabella sentadas no chão da sala jogando conversa fora.
— É sério, o Thor é lindo, mas eu acho que não vou me casar com ele — Priscila fala pensativa.
Meu Deus! O Rafael vai morrer antes de chegar aos quarenta com essa menina.
— Por que você não sabe?— kássia pergunta interessada, depois perguntam por que as pessoas matam.
— Sei lá tia e se eu conhecer um cara lindo, tipo um moreno com tatuagens e alto— ta,agora podem me enterrar que já vi de tudo.
De onde ela tirou isso?
— Onde você ouviu ou viu isso, Priscila? — pergunto curiosa.
— A tia Geovana estava falando isso esses dias com a Maria — responde normalmente.
Todos olham para Geovana que está com os olhos arregalados e o rosto vermelho.
— O que? Todo mundo aqui acha um moreno bonito — diz quase gaguejando.
— Então pega o William, o irmão do Thomas, ele é um gato — Kássia fala e Geovana arregala os olhos novamente.
— Você já pegou ele?— Isabella quase grita .
— O que é pegar?— Priscila pergunta .
Eu preciso aprender a fechar a boca e fazer esses trens que chamo de amigas, a fazer o mesmo .
— Vamos arrumar Fabiana? — pergunto.
— Vamos, já estamos atrasadas— menti .
Só espero que a Priscila não invente de perguntar isso pro seu pai, porque se ela perguntar eu mato esses trens, pelo menos antes de morrer.
Me olho no espelho e aprovo meu visual, estou usando um macacão branco com um decote em V e mangas longas, um salto alto preto e uma bolsa pequena de mão preto, e é claro o colar que minha vó me deu antes de morrer, minha maquiagem está leve, estou só com um rímel, blush e uma batom nude, e meus cabelos estão ondulados e soltos. Saio do quarto e me deparo com um bando de garotas e uma garotinha em minha sala, quando que eu imaginei que um dia teria tantas amigas e estaria de volta para minha filha? Eu sei que vou morrer e o que me conforta é que eu estou feliz e minha filha estará segura, e principalmente, será amada.
— Você está perfeita, Fabi — Carla diz com um sorriso enorme.
— Está maravilhosa — Isabella diz e as meninas concordam.
— Você está linda ma...tia Fabiana— Priscila diz e me abraça.
Meu Deus, como eu amo essa minha filha. Como eu amo essa minha nova vida. Seria tão mais fácil se eu estivesse mais tempo ou tivesse voltado mais cedo.
{*****************************************}
Pedro está me encarando desde que chegamos no restaurante, que a propósito é lindo, bem estilo medieval, com mesas de madeira, as velas dá um charme a mais ao lugar, eu amei e é claro, o Pedro está perfeito usando um blazer azul escuro, uma blusa branca e uma calça caqui preta e um sapatênis preto.
— Posso saber por que você está me encarando assim?— pergunto timida.
— Nada, é só que você é linda demais para não olhar por mais de um minuto— diz e eu como antigamente coro como uma adolescente. Eu posso ser modelo, bom tecnicamente ex modelo, mas eu nunca consegui lidar com os elogios do Pedro, sempre foi assim.
— Então, quais são as novidades? — mudo de assunto.
— Meu pai morreu e você não está lá do meu lado.
Isso machuca.
— Ah ,me desculpe de verdade Pedro, mas eu acho que é melhor eu indo — falo me levantando .
— Não — Pedro segura meu braço — Me desculpa Princesa, só que é difícil, porém eu quero tentar, de verdade. Então, por favor, fica.
Solto um suspiro e me sento novamente. O resto do jantar é feito em um silêncio constrangedor. Eu sei que o que eu fiz foi errado e ele se machucou, porém eu também sofri e sofro até hoje.
Terminamos o jantar e o Pedro paga a conta, ele me leva para meu apartamento e, agora está eu e ele dentro de um carro sem saber como se despedir.
— Obrigada pelo jantar, boa noite— falo fazendo menção para sair, porém Pedro segura meu braço, me viro devagar e olho para ele .
— Me desculpa — diz baixinho.
— Está tudo bem, eu mereço— falo forçando um sorriso.
— Não, você não merece, me desculpa se te fiz acreditar nisso, mas , é só que eu não pensei que me abalaria estando perto de você hoje, a verdade é que eu menti Fabiana.
— Sobre?
— Sobre querer te dar uma segunda chance, a minha intenção era te destruir como você fez comigo no passado, porém quando eu disse aquilo no restaurante e vi seu rosto, bom, eu me odeie. Odiei por ter te machucado, eu nem te dei a oportunidade de me explicar o que aconteceu, então me desculpa.
O Pedro foi e sempre será o meu grande amor e eu sabia que o havia destruído, porém escudar isso dele machuca , e muito.
— Tudo bem, está desculpado — dou um sorriso fraco .
Pedro solta meu braço e passa nos cabelos, encosta a cabeça no banco e coloca as mãos nas suas pernas .
— Quando eu acordei naquela manhã e não te vi do meu lado, só vi o seu bilhete, eu me desesperei e me fiz acreditar que era uma brincadeira sua, e que logo você aparecia — solta um sorriso triste — Então, eu fiquei o dia todo na sacada para ver se você iria entrar no prédio e você não apareceu, porém eu não perdi as esperanças, então durante uma semana eu só fiquei na sacada, te esperando, idiota né? Eu só saia para trabalhar e comer, do resto eu apenas te esperava — não sou capaz de responder, já estou chorando,Pedro abre seu blazer e tira um papel velho e me entrega.
Eu pego e então eu vejo, é o bilhete que deixei para ele .
"Bom dia Pedro!! Se você estiver lendo isso é porque não estou mais aí e desde já eu me desculpo. Me desculpe Pedro por não ser forte o bastante, por não ser boa o suficiente para você, por não ser a mulher que você merece .... Mas mesmo sem ter o direito, eu só te peço uma coisa; Nunca se esqueça que eu te amo e sempre irei te amar. Você me fez feliz e muito, me fez querer ser uma pessoa melhor, mas preciso fazer isso sozinha.
Adeus, para sempre sua princesa."
— Eu não ando sem isso, nunca consegui. Eu juro pra você Fabiana, eu juro que tentei te esquecer, te odiar, mas nunca consegui e me odiava por isso, me odiava por ainda te amar e principalmente, que se você voltasse eu iria te aceitar de volta, porque eu te amava. E hoje quando eu te vi, eu sabia que o que estávamos tendo era um encontro, eu surtei, por medo de você me abandonar de novo, mas principalmente por ainda te amar como a seis anos atrás.
— Você...me ....ama?— pergunto chorando.
Pedro se vira para mim e percebo lágrimas saindo dos seus olhos, ele coloca meu cabelo atrás da orelha e limpa minhas lágrimas.
— Eu nunca nem cheguei perto de parar de te amar,nem perto— solto um suspiro e Pedro devagar encosta sua boca na minha.
E nada mudou, não continuamos os mesmos, é como há seis anos.Dois jovens completamente apaixonados um pelo outro, só que com uma drogada tentando sair das drogas e o outro era seu enfermeiro.
Eu to morrendo .
Eu vou abandoná-lo novamente.
Vou abandonar minha filha .
Minha nova família.
Encosto minha testa na do Pedro e ainda com os olhos fixos nele eu falo.
— Me desculpa.
— Pelo que?
— Mas, eu vou te abandonar novamente — sussurro chorando.
Deus, como eu queria que tudo não passasse de um pesadelo.Como eu queria ser saudável. Meu sonho é ver minha filha crescer e casar com o homem da minha vida. Mas é um sonho, um sonho impossível
Pedro se afasta de mim, eu abro os olhos e seus olhos estão tristes como a anos atrás, como a meses atrás quando eu fui o ver .
Eu me odeio nesse momento.
— O que ? Por que ? Você não pode fazer isso Fabiana, por favor.
Deus, por que tem que doer tanto?
— Eu tô morrendo, tô com leucemia em estado terminal, me desculpa.
Dizendo isso eu saio do carro e entro dentro do meu prédio, pego o elevador e logo depois entro dentro de casa, e choro me ajoelhando no chão.
Por que eu tenho que morrer justo quando eu tenho tudo o que sempre sonhei? Eu sei que errei e muito na minha vida, mas eu mudei, eu mudei e só queria uma chance, só uma.
Eu só gostaria de curtir mais essa felicidade. Minha filha, minha salvação, meu bem mais precioso. Meu grande amor. Minhas novas amigas e amigos. Minha nova família. Eu só gostaria de curtir mais eles .
Escuto alguém bater na porta e assim que abro um Pedro transtornado entra e me abraça.
— Eu não vou te deixar, somos até os últimos dias. Eu te amo Fabiana Mendes e sempre irei te amar.
Minha infância toda ouvi as pessoas dizendo que nunca seria amada e respeitada, por mim ser negra e pobre, e eu realmente acreditei que isso fosse verdade, porém , aqui estou eu, rodeada de pessoas que me amam do meu jeitinho, com meus defeitos e qualidades. Eu queria tanto dizer para essas pessoas que elas estavam erradas, que eu consegui. Eu, por conta própria, sem mudar nada em mim, consegui ser amada e amar .
Olho para minha família e sorrio.
Estamos todos na sala do Rafael, na nossa festa a fantasia, com nossos amigos mais íntimos, a família do Rafael, a minha, a do Thomas e a Isabella, Paulo, Fabiana, Pedro e Scott, e é claro o pequeno Pedro. Eu e o Rafael viemos fantasiados de Marge e Homer, e a Priscila veio com o Pedro, eles estão de tinkerbell e o Peter pan, os dois estão uma graça.
Sinto mãos na minha cintura e nem preciso olhar para saber quem é, coloco a cabeça no peito de Rafael.
— Posso saber o que está pensando?— deixa um beijo no meu pescoço.
— Em como sou sortuda e feliz — me viro e o beijo .
— Nós somos — da um sorriso e eu retribuo.
— Chega de melação, vamos brincar de eu nunca— Kássia chega me puxando pela mão, onde todos se sentam no chão, está só os jovens.
— Cadê as crianças e os pais? — pergunto pra Kássia, me sentando e Rafael se senta do meu lado.
— Eles foram colocar elas para dormir, já é tarde sua desmiolada — reviro os olhos — A brincadeira é o seguinte, quem fez bebe, como eu sei que vocês tem filhos eu misturei o whisky do Rafael com coca-cola.
— Meu whisky? — Rafael pergunta bravo, também, eles custam mais de mil dólares, dá pra comprar bastante McDonald 's com esse dinheiro.
— Sim, agora vamos começar — diz nem ligando para a cara feia dele e entrega uma garrafinha de coca para cada um — Eu nunca fui expulsa de algum lugar.
Todos bebem, menos a Isabella.
— Eu nunca fui preso — Gustavo, meu irmão fala .
Só eu, Gustavo, Kássia,Rafael e o Scott bebem .
— Nunca fui em um clube de sexo — falo .
Somente eu ,o Gustavo e o Scott bebem .
— O que? Quando foi isso ? — Rafael pergunta.
— Foco amor, foi antes de te conhecer — sorriu.
— Eu nunca transei com a minha melhor amiga — Kássia fala e olha para o Paulo, ele é o único a beber .
— O que? Eu conheço todos os seus amigos , e você não tem amigas só a Fernanda, mas ela é minha irmã — Thomas fala confuso e Paulo arregala os olhos.
— Eu já transei com ele — eu e a Fabiana fala junto.
— O que? — Rafael quase grita.
— É mentira, depois eu te conto — falo no seu ouvido ,mas mesmo assim ele só falta matar o Paulo pelos olhos.
— Pedro é sua vez.
— Hm, eu nunca acordei em algum lugar que não conhecia, por estar bêbado.
Fabiana, ele e Scott são os únicos a beber .
— Eu nunca fui expulsa da sala de aula — Isabella fala.
— É perguntas maiores de 18, mulher — Kássia fala .
— Eu nunca fiz nada assim — diz envergonhada .
— Se tá dizendo que é virgem ? — Scott pergunta com os olhos arregalados.
— Sim, é o que foi dizendo — diz meio brava e envergonhada.
— Nossa, mas...
— Que legal, eu também era antes de conhecer o Thomas — Kássia fala cortando o Scott e a Isabella dá um sorriso de agradecimento.
— Beleza, Salvatore é sua vez.
— Tá, eu nunca menti para conseguir transar .
Só ele , Paulo e o William bebam.
— Eu nunca transei com alguma enfermeira — William diz e todos os homens bebem .
Putos.
Meu celular vibra, eu olho e vejo uma mensagem da Kássia.
Kenga que amo : pergunta se alguém aqui já transou com quem tá aqui.
Mesmo sem entender pergunto.
— Eu nunca transei com alguém dessa roda.
Todos menos Scott, Isabella, Geovana, William, Paulo e os dois Gustavos bebem.
— Eu nunca quis transar com ninguém dessa roda — Kássia fala.
Menos o Paulo não bebe.
— Caralho, podem falar — praticamente grito .
— Não, nós tá brincando de eu nunca, e não de verdade ou desafio— Scott retruca meio bravo .
— Tudo bem.
— Geovana é sua vez — Rafael fala .
— Eu nunca disse que não gostava de alguém só por medo — diz olhando para o William.
Caraca, cadê a pipoca ?
O William olha para ela e bebe, sendo acompanhado por mim, a Fabiana e a Kássia.
— Eu nunca omiti meus sentimentos com medo de machucar a pessoa — Fabiana diz olhando para um Scott que está entretido olhando para Isabella, que olha para Fabiana e bebe .
Meu Deus, isso tá ficando cada vez melhor e o melhor disso, é só eu e as meninas que está notando isso.
— Fala que você nunca transou ou teve vontade de transar com homens morenos bonitões — falo no ouvido do Rafael.
— O que? — me olha como se fosse doida.
— Só pergunta .
Rafael pergunta e a Geovana bebe com as bochechas vermelhas e William segura um sorriso.
— Eu nunca tive vontade de transar com a minha secretária — Paulo fala e bebe .
— O que ? Sua secretária? A Isabella é sua secretária, você tem vontade de transar com ela ? — Scott pergunta possesso.
Cara, isso tá ótimo .
— O que ? Não, a Isabella é linda, mas ela é minha amiga.
— Eu só acho que você deveria arrumar um emprego melhor, de preferência um onde ninguém te assedia — Scott fala para Isabella.
— E desde quando achar alguém bonito é assédio? O Paulo é incrível como chefe e amigo, não que seja da sua conta I— sabella fala brava.
— Incrivel...babaca — Scott resmunga baixo .
— O que vocês acham de uma última rodada ? — falo e jogo a última bomba — Eu nunca tive ciúmes de ninguém dessa roda.
Somente Isabella e Paulo não beberam.
Pelo visto vou ter que juntar dois casais, maravilha.
{****************************************}
— O que você quis dizer sobre ter dormido com o Paulo? — Rafael pergunta quando eu e ele estamos tirando as fantasias.
Todos já foram a uns 15 minutos, eles foram logo depois da brincadeira.
— Nada, é só que o Paulo já dormiu com a Fernanda— falo.
— A irmã do Thomas?
— Ela mesma e como o Thomas não sabe, nós tivemos que mentir.
— Que bom que não era minha irmã — diz .
— Você não quer que a Geovana namore? — pergunto.
— O que? Claro que sim, mas não conheço nenhum até agora, e desde a morte do marido dela, ela só tem se machucado com os namorados dela — fala.
Interessante.
— O que você acha do William? — pergunto com quem não quer nada.
— Um cara legal, muito gente boa .
— Eu estava pensando em apresentar ele para uma amiga do trabalho, o que você acha?
— Ele é legal Carla, mas é um galinha.
— Se essa amiga fosse sua irmã você aprovaria? — Rafael para de tirar as calças e me olha com a sobrancelha levantada e eu como uma boa atriz continuo tirando a peruca e fazendo cara de paisagem.
Meu dom artístico é incrível.
— Claro que não, ele com certeza magoaria ela e eu não tô afim de bater nele — diz.
Pelo visto vou ter problemas com ele quando eu juntar o William e a Geovana.
{****************************************}
Esta eu e as meninas no restaurante do shopping almoçando, quando finalmente a Kássia pergunta.
— Não aguento, o que foi aquilo ontem a noite?
— Também quero saber — Fabiana fala e eu concordo.
— O que teve ontem? — Geovana faz cara de paisagem.
— O que tá acontecendo com você e o William?- pergunto logo.
— Nada, ele é um babaca, nós só demos um beijo, mas não passou disso.
— Quando foi isso? E o que aconteceu?— Fabiana pergunta.
— Foi a quase duas semanas e ele disse que não podia ficar comigo pois ele não se envolve com mulheres que são irmãs de seus amigos, mas se eu tiver saindo com algum cara ele chega e atrapalha tudo, babaca — diz brava, porém seus olhos estão brilhando.
Olho para Kássia e Fabiana, e as duas já balança a cabeça, eles se gostam, só são dois cabeças duras.
— E você Isabella?— Kássia pergunta e Isabella olha para nós com os olhos arregalados.
— O que tem eu?
— O que foi aquilo com o Scott? — Fabi diz.
— Sei lá, eu nunca falo com ele, eu só o comprimento ou respondo o que às vezes ele pergunta — diz simplesmente.
— Tá, mas o que você acha dele? — pergunto.
— Ele é um gato, mas é muito galinha, mesmo parecendo um babaca ele parece realmente gostar de vocês — diz .
Interessante.
Então, somente ele gosta dela ? Isso vai dar trabalho, mas pelo menos ela acha ele bonito .
— Vocês não sabem dar conselhos amorosos— me assunto com a voz da minha mãe, me viro e vejo ela em pé do meu lado .
— Caralho que susto, o que tá fazendo aqui? — pergunto .
— Olha a boca porra — da uma risada — O que essas três idiotas tavam querendo falar é que se vocês estão a fim de alguém só ir atrás da pessoa e Geovana? Foda-se que ele não te quer, fizeram os vibradores para nós nunca mais precisarmos de homens. Então dá um ultimato nessa cara, se ele não quer tem quem queira e você não vai parar até conseguir ter uma boa transa. E você, coisa fofa? Isabella, o Scott é muito gente boa, você deveria ver isso e para de mentir, você está afim dele — diz de uma vez — Agora eu já vou, tenho que ir no sexy shop ainda.
Dizendo isso ela dá um beijo em cada uma de nós e vai embora. Eu tenho a mãe mais louca do mundo, a minha maluquinha.
{****************************************}
UMA SEMANA DEPOIS
— Então como anda as coisas entre você e o Pedro ? — pergunto para Fabiana.
Eu e ela estamos andando no condomínio, só nós duas, já que as meninas têm compromissos hoje de manhã e a Priscila está na casa dos avós .
— Estão incríveis, porém ele não larga do meu pé, ele sempre tá perguntando como eu tô, já que eu tenho vomitado de manhã — diz revirando os olhos.
— É fofo — falo, não querendo comentar sobre o fato dela estar vomitando, eu não estou afim de chorar hoje.
— Isso é porque não é você que recebe mensagem a cada meia hora perguntando como você está — diz e eu dou uma risada.
— Provavelmente eu teria matado ele.
— Sim, mas eu o amo e só por isso suporto — dá um sorriso apaixonado.
Continuamos a falar sobre os babados que tenho do fórum até que quando chegamos no pequeno lago que tem no condomínio vejo ela.
Patrícia.
Ela está segurando uma arma.
Ela aponta a arma e vem até nós.
Uma mulher morena de uns cinquenta anos, roupas rasgadas vem até andando até nós duas.
— Quem é? — pergunto .
Porém Carla nem se mexe .
— Patrícia, minha mãe biológica, é melhor você correr Fabiana.
— Não, eu não vou te deixar .
— Eu não disse que te encontraria ? — a mulher pergunta com um sorriso todo amarelo, as mãos dela estão tremendo, enquanto segura uma arma. Ela está drogada.
— O que você quer, Patrícia?— Carla pergunta tentando fazer a voz sair forte, mas eu sei que ela tá morrendo de medo.
— O que eu quero? Eu quero você morta — dá um sorriso — Você arruinou minha vida ,agora é minha vez .
Dizendo isso ela aperta o gatilho, porém tudo acontece muito rápido.
Eu empurro a Carla e no estande seguinte eu estou no chão sentindo uma dor na barriga.
Eu coloco a mão e sinto ela molhada, escuto outro tiro e a voz da Carla .
— FABIANA !!!! NÃOOOO.
Sinto mãos pressionando minha barriga e vejo ser a Carla .
— Fica comigo Fabiana, por favor — diz chorando.
— Está tudo bem — digo fraca.
— Não, não está, aguém chama a droga da ambulância.
Vejo minha filha e o Pedro, os dois estão sorrindo.
Sorrio e sinto o sangue sair da minha boca .
— Cuida deles ...fala pra ... Priscila..q ...que e..eu a ...a.mo
— Não, é você que vai dizer isso — fala entre lágrimas.
Eu forço um sorriso e com dificuldade eu passo a mão em sua bochecha, sentindo a cicatriz e suas lágrimas entre meus dedos.
— Você ... é ..a ..irmã que ...sem ... sempre...quis ...eu te..amo
— Não, não você não pode nos deixar.
— Eu... fui...feliz ...eu ... consegui...ser ..feliz ...
Infelizmente nós só vemos a beleza que é a vida quando a perdemos.
Olá meus amores, tudo bem?
O que acharam do capítulo? Porque eu estou em prantos.
COMENTEM e VOTEM!
Indiquem para os amigos.
Bjs.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro