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Capítulo 2 - O bom engano

A presença de Aisling Maeve é solicitada no Salão Cóisir, no dia trinta de abril. O não comparecimento culminará em uma multa de duzentas monas de prata.

Um papel tão emoldurado para uma mensagem tão simples e à queima-roupa. Dia trinta é amanhã. Leio em voz alta para meu pai e um vulto se move atrás de meu parente. Brizo, meu irmão na cama ao lado, se remexe preguiçosamente e acorda. Posso ver em seus olhos a vontade de me xingar por ser tarde da noite, porém sua expressão se desfaz quando se dá conta do conteúdo da carta.

— Você não vai — é Brizo quem declara, depois de esfregar os olhos. Faz tempo desde a última vez que o vi tão sério. — Eu vou no seu lugar.

— Não me venha com bobagens agora, tampinha. — Apesar do apelido que uso, ele é mais alto que eu, só é dois anos mais novo. — Ou eu vou para o Beltane, ou pagamos a multa.

— Pai? — Brizo não tenta discutir comigo e se vira para o nosso pai que está de pé entre nós, ponderando.

Faço o mesmo e espero pela solução. No silêncio frio do aguardo, reparo no tapa olho improvisado que meu pai usa já faz três anos. A luz branca do poste evidencia a falta de seu braço esquerdo. Ele era canhoto, e ainda não tem coordenação para se considerar um destro.

Meu velho participou do Beltane uma vez, tentou conquistar a bênção de druida, e voltou depois de dançar cara a cara com a morte. Ficou vivo porque conseguiu se esconder após perder o braço e o olho, só aparecendo quando sua derrota foi anunciada. Na arena do Beltane as mortes são permitidas e ferimentos não são tratados, apenas os do vencedor.

É estranho, sinto que estamos perdidos, ninguém nunca foi intimado a participar do Beltane e ameaçado de uma multa. Meu coração palpita. Eu não posso permitir que o meu irmão de dezesseis anos carregue tamanha responsabilidade. Ele tem que estudar e garantir um bom emprego, um melhor que o meu.

— E se a Ais se machucar, quem vai trabalhar para sustentar o senhor e essa casa? — insiste Brizo, cansado de esperar. — É sério, deixem-me ir.

— Você nem sabe manusear uma colher, vai manusear uma espada? — disparo. Odeio quando Brizo se finge de forte.

— Você só sabe forjá-las, não é melhor que eu — ele retruca.

— Quem disse que... — sou interrompida.

— Fiquem quietos! — meu pai grita. — Ninguém vai se arriscar nesse inferno. Vamos pagar a multa.

Eu vou pagar essa multa, você quer dizer — corrijo, antes de poder me controlar. O arrependimento surge e engulo em seco.

Meu irmão não tem idade para trabalhar. Meu pai é invalido, ele era o ferreiro, agora não pode mais ser. Não pode muitas coisas. Tudo o que ele pôde fazer foi me passar o legado da oficina.

— Querida, trabalhar para pagar a multa não vai te fazer perder um braço e toda dignidade que te resta. Vai ser um mês difícil, mas podemos dar um jeito. Brizo pode pedir esmolas e eu procurarei um emprego — sugere meu pai.

— É proibido pechinchar, que dirá pedir esmola — cochicho.

Está tudo errado. Brizo deve estudar, não perder tempo para arranjar migalhas. Meu pai é um mentiroso, ele sabe que não existe o emprego que pretende buscar. Todo emprego exige mão de obra ou mente sábia. Sinceramente, ele não tem nenhum dos dois. Não existe oportunidade para inválidos.

Eu não tenho como pagar isso. Eu não vou pagar isso.

— Vamos dar um jeito — minto.

Vejo o sol nascer. Quando os postes se apagam, levanto-me mais cedo que o de costume e verifico se todos continuam dormindo. Brizo está babando e ouço o ronco de meu pai no outro quarto. Como passei a noite com a roupa desconfortável da ferraria, não preciso me trocar, apenas coloco a minha mochila verde musgo nas costas e ando na ponta dos pés até a cozinha. O piso range.

Meu estômago ronca quando vejo o pão alaranjado em cima da mesa. Não resisto e o como em duas mordidas, puro mesmo, não temos dinheiro para comprar manteiga.

Saio de casa e sou engolida pela multidão de gente, onde todos estão mais agitados que o de costume. Hoje é a véspera do Beltane.

Logo estou de frente para o Salão Cóisir, o palco do espetáculo no qual serei uma das atrações.

Não faço ideia de como as coisas funcionam por aqui, então não vou pelo portão principal e dou a volta pela arena circular e com dezenas de metros. Paro de frente à portinha discreta de madeira maciça e puxo uma corda para tocar o sino dourado. O Salão Cóisir é tão bem cuidado com sua simplicidade, que parece algo de outro mundo transportado para cá. É a única construção não amaldiçoada com infiltrações.

Não preciso aguardar. Várias trancas são abertas e por fim sou recepcionada por uma mulher de sorriso hipnótico. Ela está arrumada e sutilmente maquiada, de forma que o destaque vá para seus atípicos olhos roxos. Druida. Todos druidas carregam uma característica particular em sua fisionomia. Seu vestido preto vai até o joelho e tem um forro branco embutido.

— Pois não? — ela cumprimenta. Percebo que está avaliando a minha aparência encardida de carvão e tento ignorar.

— Sou Aisling Maeve — anuncio, procurando a carta em meus bolsos rasgados da mochila. — Ontem me enviaram essa intimação.

— Ah. — A druida não lê e nem pega a carta, apenas vê o símbolo do Beltane, o totem de madeira. — Siga-me, por favor.

O corredor que segue o contorno circular da arena é todo de concreto com um papel de parede pastel, com padrões e desenhos distantes, para manterem o ar harmonioso. O ambiente é meio escuro, e as arandelas distribuídas proporcionam uma luz quente e luxuosa. Mantenho o silêncio e me foco em dar um passo após o outro. Faltam ar nos meus pulmões. A última vez que senti tanta ansiedade foi quando um ladrão quebrou o meu dedinho para levar os meus ganhos do dia e não pude forjar nenhum objeto por duas semanas. Foi um inferno, e ainda sinto dor nesse dedinho. Agora posso morrer e nunca ser capaz de forjar nada.

Tomara que me permitam voltar para casa, para que eu possa me despedir. Não ligo para a gritaria que escutarei no meu retorno. Estarei praticamente assumindo ao meu pai e irmão que a minha vida vale menos do que essas duzentas monas de prata que pagaremos se eu não estiver no Beltane.

Não conquistarei o título de druida. Ver o meu pai todos os dias me dá certeza do fracasso. Quero apenas voltar viva, se possível com todos os membros do corpo no lugar.

Entre as portas distribuídas pelo corredor, entramos em uma à minha direita. A sala está inabitada e há uma mesa de freixo com alguns documentos em cima. As duas cadeiras são forradas em vermelho. Está tudo calmo e suspeito demais. A druida nunca tira o sorriso ensaiado do rosto, ela esmiúça a papelada, coloca uma folha sobre a mesa e chama para eu me aproximar, mas não me convida a sentar.

— Aisling Maeve, dezoito anos. Ferreira não oficial — a mulher lê o papel, e percebo um sotaque kildariano. Vejo que, na verdade, trata-se de uma junção dos meus documentos pessoais. — Você foi requisitada a forjar utensílios para o Beltane. Um dos ferreiros quebrou o braço e estamos com menos profissionais, por isso estamos te contratando pela duração do evento, que é de uma semana. Se fizer o trabalho direito, receberá cem monas de prata diárias e será considerada a oficialização de seu estabelecimento.

Uma semana. Setecentas monas de prata. Oficialização.

Oh.

Eu raramente ganho mais de quinze monas por dia.

Tenho de me controlar para não deixar o meu queixo ir de encontro com o chão. É difícil evitar a euforia. Sinto o sorriso se formando dolorosamente no rosto, meus músculos faciais não estão mais acostumados a isso. A druida de olhos roxos não esboça nenhuma reação, apenas me entrega outro papel.

— Na folha consta todas as informações necessárias. Leia com atenção antes de assinar. — A druida se mostra já enfadada comigo e quer terminar o mais rápido possível. — Traga o contrato assinado amanhã no local indicado. Seu horário de serviço é das seis e meia da manhã às sete da noite.

Estarei forjando para humanos se matarem na arena. Tento e não consigo me sentir culpada, afinal os participantes estarão lá por burrice própria. Setecentas monas serão suficientes para nos alimentar por pelo menos três meses.

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