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Capítulo 15 - Eu não me curvarei a você

Eu tenho que sair daqui, é muito arriscado. Que se dane o reconhecimento da área. O rosto de papai e Brizo voltam em lampejos à minha mente, num lembrete de que eu preciso voltar para casa. Aqui não é o meu lugar, não na toca dos lobos, principalmente com uma cobra feito Dian ocupando uma das mais altas posições da hierarquia druida.

É a primeira vez que sinto saudades da imundice onde moro, e penso que é porque a minha alma está amarrada à miséria humana, não importa onde meu corpo físico esteja. Em Wexford posso me embrenhar no lixo e não ser nada mais que um número, uma estatística esperando ser enterrada e esquecida. Lá há sorrisos e memórias aconchegantes, mesmo que em pouca quantidade. Lá as coisas são fáceis, é simples saber quem presta e quem não presta; Conan é um canalha, Leanan é uma viúva carismática e estranha, Redmond, mesmo druida, sempre tem um conselho para mim, minha família é boa e os ferreiros que trabalhei no beltane, exceto Feal, não prestam.

De todas as pessoas que conheci no Condado de Kildare, a morada dos druidas mais célebres do país, ainda não encontrei uma que posso sequer pensar em confiar. Desconfio absurdamente de todos. Dother me prometeu que nada me aconteceria, mas eu não acredito mais nele. Meus braços formigam só de lembrar desse nome, agora o odeio por esconder algo tão importante de mim. Os dois possuem o mesmo sangue correndo por suas veias, não há porque eu me enganar e cogitar que Dother seja diferente de Dian.

Não posso me esquecer de que eu estou encurralada, o que me faz querer estalar a língua a cada segundo. A vontade de correr só aumenta, mas não posso me destacar na multidão, não quando eu pressinto os olhos atentos de Balor procurando pela primeira coisa fora dos conformes, e o miserável do Dother não está aqui para me defender.

Professor Redmond me contou as histórias da nobreza. Eles buscam por poder e a avareza está além de qualquer amor familiar. Não gosto disso. Às vezes, a guerra interna de meia dúzia de competidores que cobiçam pela coroa supera a disputa entre um país inteiro e outro. As famílias reais se matam pela sensação prazerosa de domínio.

Jamais me esquecerei do conto do príncipe que traiu a rainha, e a mesma, antes de ser assassinada, ordenou que esfaqueassem o seu útero por dar à luz um demônio.

― Vamos ao Nemeton. ― Rei Dagda casualmente coloca a mão sobre o ombro de Dian, o filho do meio, e o guia através do gesto.

Dian dá de ombros e segue o pai. Todos se colocam a andar e sou obrigada a acompanhá-los. Tomo cuidado para não esbarrar em ninguém que não queira e, antes de entrarmos no corredor que leva a outro salão, olho para trás e, com dificuldade, averiguo a quantidade de guardas druidas em cada porta. São muitos.

Sobe, desce escadas. Vira corredor, sobe mais escadas e abrem a maior porta dupla que já vi na vida. Luz invade as minhas pupilas e só agrava o meu arrependimento. Estou mergulhada em sonhos, no quanto quero a escuridão da minha casa de volta, onde há conforto, um que eu não dei valor e só agora percebo o quanto me faz falta. Aqui é frio e claro demais. Nem as luzes sublimes são capazes de tomarem a minha atenção, somente o trono é um ponto totalmente fora da curva na sua majestosidade. Eu nunca ouvi falar de tronos moldados num carvalho imenso, no meio de um jardim cheio de rosas brancas, onde é intransitável. O carvalho de galhos sinuosos é como uma praga que parasita pelas laterais de quase todo o cômodo, está seco e morto há muito tempo.

A multidão para antes do jardim de rosas começar. Mal enxergo, por não ser das mais altas e não entendo o que está acontecendo. Dother e Dub, dois dos príncipes, estão fora do meu campo de visão e não os encontro nem me espremendo pelos druidas ou indo um pouco mais para frente do que deveria ousar. Apenas Rei Dagda e Dian se destacam.

Uma criada de passos silenciosos com roupas parecidas às de Muirenn e Muirne vem e entrega a Dian um líquido de coloração avermelhada e forte, num copo de vidro. Ela se retira com uma reverência rápida e sequer recebe a atenção do príncipe.

― Pois bem. ― A voz do rei é a única a reverberar, enquanto ele caminha até o seu trono. ― Meu filho tem o direito a um presságio, uma vez por ano, no dia mais importante para si. Seremos testemunhas de seu futuro tão glorioso quanto o desabrochar da primavera e, sendo assim, peço para que ele selecione quem será o escolhido deste ano que o entregará este presságio.

A atenção do druida se desvia para nós da multidão. Expectativa cobre o silêncio.

― Ah, já tenho alguém em mente ― afirma Dian.

A inquietação toma conta do salão. Antes eu pensava que apenas humanos se davam ao trabalho de impressionar os druidas, de cobiçarem amor para receber a bênção que muda a vida de qualquer um para melhor. Estou enganada, é claro. Descubro isso assim que sou empurrada por uma jovem da mesma idade. Visualizo pouco de sua aparência, mas a maquiagem é tão pesada que acaba por se destacar no curto segundo que a vejo de relance. Então vêm outras, parecidas à mesma druida. Vêm xingos e falatório. Sou quase pisoteada pelas donzelas que desejam tão veementemente serem escolhidas. São vorazes feito os clientes de uma feira de carne em promoção.

O requinte dos seus vestidos bufantes apaga completamente o meu, e não que eu dê a mínima para tamanha futilidade, mas por que estão todos me olhando? Não tem nenhum holofote em cima de mim, nada que deveria chamar a atenção. Tento me embrenhar novamente, porém já é tarde. As moças me dilaceram com o olhar chamuscando em fúria.

― Quem é essa? ― Perguntam umas às outras, levianas, as vozes rasgando em descontamento.

A multidão se dispersa e me expõe de pés mal firmados, tornando impossível me esconder de Balor. O indicador de Dian na minha direção me dá a mesma sensação de quando Leanan me apontou a espingarda para que saísse de sua casa logo. O menosprezo ainda corrói os seus olhos semicerrados.

― Você ― profere ele.

Dou um passo instintivo para trás e piso no pé de alguém, que grunhe e me empurra.

― Não, não vou.

Resistir é inútil. Sinto outro empurrão nas minhas costas, um mais brutal, que me faz cambalear por vários passos e, antes que eu consiga parar, um braço vem e me puxa pelo pulso. A sequência de agarros e empurrões não cessa até que a vontade do príncipe seja feita. Sou expulsa da multidão aos tropeços.

― Qual o seu nome? ― O próprio Dagda Fir Bolg fala comigo. Um rei se dirigiu a mim, embora não haja muita simpatia em seu semblante.

É presa e condenada Aisling Maeve, acusada de invadir a arena do Salão Cóisir, durante o Beltane. A criminosa cometeu um assassinato e obrigou um familiar a desistir da Ascenção.

Dizer meu nome é suicídio. Estar aqui é suicídio. O nome de Dother fica se repetindo na minha mente, gritando, e odeio admitir o quanto estou suplicando pela sua presença, para que me tire daqui. Dizem que aquilo que os olhos não veem, o coração não sente. É mentira. Eu sinto tanto por não encontrá-lo em canto algum que mal consigo pôr ar nos pulmões.

― Bridie ― respondo, com o máximo de naturalidade. É o nome da minha mãe, Bridie Maeve. O nome do Brizo foi inspirado no dela.

Algo acerta a minha cabeça. Olho para onde o objeto caiu tintilando e vejo uma pedrinha cristalizada. É uma... joia?

Tenho certeza de que em Wexford a joia seria substituída por uma pedra comum ou um tomate.

― Quem te educou, maltrapilha? ― trovejam, na multidão, enquanto sou atingida por novos itens. ― Não se apresenta a Vossa Majestade sem dizer o nome de sua família e de qual condado é!

Ninguém nunca me viu aqui, não posso bolar uma mentira. Estou desnorteada por desconhecer as regras e famílias nobres. Não sei o que dizer, só tenho certeza de que nem Balor irá interromper a cerimônia.

Vejo por cima dos ombros, meus olhos estão presos nos dela, e os dela estão me estraçalhando. Você se expôs, sabe o que isso significa?, é o que parece querer me dizer. Se eu não morrer aqui, ela vai me matar nas sombras, eu sei bem disso, foi me dito diariamente que eu seria apagada no meu menor deslize.

Redmond está ao lado de Balor. Eu esperava surpresa no seu olhar, mas só encontro apreensão e tristeza, olhando para mim como se estivesse se despedindo. Ele também não pode fazer nada por mim, a não ser denunciar a minha verdadeira identidade.

Não sou mais tão ignorável quanto gostaria de ser, porém continuo apagável, um número que não dará falta, uma condenada e assassina. Seja lá quem me contratou, essa pessoa tem noção de tudo isso, e muito provavelmente já tem novas opções para me substituir.

Eu ferrei tudo. A culpa é minha por ter deixado Dother me induzir. Quem sabe ele realmente serviu para testar a minha fidelidade para com o projeto, e eu falhei grotescamente.

Estou inerte, amaldiçoando o momento que vi Dother abrir a porta da oficina e me cumprimentar pela primeira vez. Dei ouvidos a ele. Eu o permiti ficar, e agora pago pela minha ingenuidade.

― Deixem de enrolar. ― O timbre severo de Dian corta todos os burburinhos raivosos. ― Vamos acabar logo com isso e ir para a bebedeira. Tem vinho me esperando.

Seu pai, o rei, não parece contente, porém não o oprime. Dagda pigarreia e dá prosseguimento ao ritual, voltando a sua atenção para mim, acomodado no próprio trono e exalando a sua autoridade incontestável.

― A escolhida deverá tomar da seiva, adentrar o Jardim de Nemeton e trazer um galho do Carvalho.

Suponho que a seiva seja o líquido semelhante à sangue, na mão de Dian. Por eu ainda me recusar a chegar perto, ele é quem se aproxima e me oferece o copo de vidro. Ouço xingamentos por estar hesitante. As druidas que não foram selecionadas querem me matar, então levo não mais que alguns segundos para pegar o copo, mesmo contra todos os meus instintos. Estou sob excessiva pressão. O cheiro disso não é bom, é terrível como o odor do alumínio.

― Olá, imitação, há quanto tempo ― desdenha o príncipe Dian em um sussurro tentador próximo ao meu ouvido, depois ele se afasta. O arrepio vai da minha orelha à coluna como um impulso elétrico. Seus lábios estão curvados num sorrisinho de escárnio que nem Conan seria capaz de reproduzir. ― Por que hesita? Basta uma golada da seiva. Isso só faz mal aos humanos, para druidas tem gosto de chá.

Está brincando comigo.

Engulo em seco. Procuro mais uma vez por uma saída, porém só vejo guardas que certamente irão me interceptar.

― Imagino que será do seu agrado saber disso. Olhe os criados. ― Dian continua sorrindo. Ele fala comigo como se eu fosse uma novata que caiu de paraquedas aqui, e sou uma completa imbecil por atender à sua dica. Agora que visualizo com atenção, a percepção é instantânea: todos são druidas, dos nobres aos empregados. ― Humanos são proibidos em Kildare. Sabe o que acontece se descobrirmos um desses vermes aqui? É só olhar para o seu copo e terá um bom exemplo.

Isso é...

― Beba logo! ― esperneia a multidão, o que me causa um espasmo.

Beba, beba, beba. Eles não param. Estou deixando o medo tomar conta, tanto que dou a golada sem meu próprio consentimento, apenas sufoco tudo na garganta e ponho para dentro, sem respirar. O gosto primeiramente vem adocicado e forte como de um café açucarado, o que me motiva a limpar o excesso do líquido na minha boca com as costas da mão. Quero mostrar que estou bem e deixar claro para Dian que não vou cair no seu joguinho doentio. Acontece que eu caio no mesmo segundo. O gosto remanescente de doce é convertido para algo ainda mais azedo que o limão e ardente como a pimenta. Meus lábios e todo o interior se contorcem por reflexo, até os ossos e as minhas entranhas.

― Que inconveniente ― diz Dian, atuando feito um demônio e assistindo à minha decadência sem qualquer pretensão de oferecer apoio. Agora pareço entediante aos seus olhos. ― A senhorita não tem costume de tomar seiva?

Tenho vontade de vomitar, mas sei que o fazer é sinônimo de morte. Humanos são proibidos em Kildare e não suportam o sabor dessa nojeira, me forço a lembrar pelo menos disso. Para druidas é um chá qualquer. Tenho que fingir ter tomado um chá. Meu estômago está ácido e insistindo para que eu me desfaça do líquido terrível, não posso fazer isso, tampouco demonstrar ao polvilhado de druidas que eu sou uma coisa subversiva ali. Meu corpo sofre de solavancos e de uma tremedeira impiedosa. Sinto que vou chegar no ápice logo.

Procuro por Dother em cada canto daquele inferno, sem sucesso. Quero abrir a boca para gritar o seu nome, para cobrar a sua promessa de que logo estaria comigo e que nenhum mal me aconteceria, porém tenho de me manter calada. Se abrir a boca sequer para suspirar, eu vomito. Lágrimas ardidas se formam no canto dos meus olhos, de tanto que evito demonstrar o maior desconforto da minha vida. Parece que me deram um tiro e o mesmo desceu pela garganta. É quente e ardido demais.

Estou sozinha. Os lobos vão desconfiar da existência de um cordeiro vestindo a sua pele.

Antes de me permitir condenar pela minha natureza fraca e humana, minhas pernas se movem até o tal Jardim de Nemeton, que rodeia o trono moldado a partir do carvalho ancestral. Por se tratar de um roseiral tomado pela cor branca e pura, sei que está infestado de espinhos, mas não me importo. Picadas não se compararão à dor de morrer lentamente por dentro.

Dian faz um som reprovador com a boca. Quero ignorá-lo, porém ele é mais rápido e para à minha frente, antes que eu adentre o roseiral maldito. Encaro a ele, esperando que meu rosto não entregue o pedido de misericórdia sufocado.

― Descalça ― ele alerta. ― É tradição.

Ninguém na multidão discorda das suas palavras. Eu não tento argumentar, só arranco meus saltinhos com a sola dos pés e, por muito pouco, quase empurro o desgraçado para sair da minha frente, mas Príncipe Dian se afasta de mim a tempo. Meus passos são longos, mesmo quando sinto as picadas por todo o meu corpo e nem esboço reação para elas. O sofrimento vai acabar assim que eu pegar um galho.

Preciso do galho, qualquer um, o mais perto no meu alcance.

São pelo menos dez passos até que eu consiga coletar um pedaço da árvore, e mais dez para voltar. Piso nos mesmos espinhos e me corto igualmente, sangue fica para trás junto da minha sanidade. Não sei por quanto tempo aguentarei o terror espalhado na minha boca e estômago. Eu deixo o roseiral pior do que entrei, transpirando, deslocando-me com a força do desespero e ódio. Pressinto os olhares de Balor, Redmond e a multidão. Rei Dagda e Dian têm os olhares mais pesados sobre mim.

Perco mais segundos valiosos procurando por Dother. Sou idiota. Idiota, burra e humana demais.

Paro diante de Dian e ofereço o graveto marrom e seco, exatamente o que segue essa tradição doentia. Quero enfiar o galho na sua goela. Como quero. O item está manchado do meu sangue, por culpa dos espinhos em cada canto. Sinto estar pálida, de tão mal que passo. Parece que apagarei a qualquer instante, porém tenho de lutar constantemente contra essa vontade. Preciso voltar para casa. Papai e Brizo estão me esperando com um amontoadinho de pão com manteiga na mesa. Estão felizes, me esperando, me esperando...

Para minha surpresa, Dian não se apossa do galho.

― Pegue. ― Minha garganta ainda vai rasgar, mas preciso continuar. ― Estou implorando.

― Oh, você está? ― O tripúdio escorre dos seus olhos à postura. Dian não tira as mãos das costas e não parece menos enfadado. ― Se estivesse implorando, não estaria parada aí.

― Como?

Dian tem a audácia de sorrir até mostrar os dentes, revelando o quão divertido e prazeroso está sendo. As suas pupilas de cobra estão finas, quase como uma linha.

― Para implorar, primeiro precisa estar ajoelhada.

Não, isso não.

Apenas o meu olhar já demonstra: eu me recuso. Ouço o som estupefato dos convidados druidas. As donzelas gritam comigo. Posso estar tremendo da cabeça aos pés, branca de tanta ânsia, mas isso já é demais. Não é justo, eu não o esnobei no Beltane.

Não cedi a Conan e eu não me curvarei a você.

Só que o meu corpo se recusa a obedecer o meu comando. Não se rebela comigo, apenas desaba sobre o joelho, num ínfimo segundo em que acho que vomitarei ali mesmo. Minha língua parece queimar ainda mais com as poucas palavras que eu disse. Agora estou completamente destruída, encarando o chão brilhante da mais alta nobreza, manchando o chão real com o sangue dos meus pés, enquanto a minha dignidade se esvai em conjunto.

Todos sabem que ele está exagerando, mas ninguém repreende um príncipe. Nós não estamos mais na arena do Beltane, onde é terra de ninguém.

Dian não restringe o nosso espaço, chega perto de mim o quanto a sua posição hierárquica permite, ou seja, à sua vontade. Ele retira o galho da minha mão e não demonstra sinais de se importar com a tradição. Seu foco é exclusivamente em mim, o olhar cheio de significado.

― Você poderia ter me matado. Você deveria. Agora tem a audácia de tentar me humilhar no meu próprio domínio? ― Sua fala é baixa e íntima, porém não esconde a exasperação. ― Você é a humana aqui, a criatura podre e esquecida cujo disfarce não irá perdurar. ― Sinto a ponta do seu indicador sob o meu queixo. Ele força o meu rosto a se erguer, sem a intenção de se rebaixar ao meu nível. Dian só quer que eu olhe bem nos seus olhos, o mais profundamente possível, e finaliza: ― Fique na sua imundice e não retorne a Kildare, caso contrário, eu não me contentarei com um chá te derrubando. Eu te farei se ajoelhar a mim de verdade.

Ele se distancia com um semblante tranquilo. Suas promessas foram feitas, e tenho certeza de que as cumprirá, pois já realizou uma, a de me fazer sentir o arrependimento mais amargurado da minha vida. Eu matei Feal e poupei um demônio.

Ainda não consigo ceder à vontade de colocar tudo para fora, só quando eu estiver segura, por agora meus sentidos estão no ápice. Tento me levantar, completamente derrotada, e caio. Dois braços me envolvem e impedem a minha segunda queda.

― E quem seria o senhor? ― indaga o príncipe, ligeiramente incomodado, com os olhos nos perscrutando.

― Um conhecido da senhorita Bridie ― responde prontamente. Redmond.

Meu professor quase se esquece de fazer uma reverência, antes de me levar para fora do recinto, como eu tanto estou implorando.

De relance, posso ver que o galho na mão de Dian está esbranquiçado. Fica tão pálido, que vira pó na mão do príncipe e se esfarela em grãos. Me perguntaria o que isso significa, porém tenho a resposta vinda em forma de outra pedra que atinge o meu rosto, ao lado da têmpora. Redmond também não é poupado e levanta o braço, para nos proteger. Os burburinhos estão por toda parte, me xingando e ameaçando.

― Você deu um presságio de morte ao príncipe ― explica o meu professor.

Está tudo começando a falhar. Redmond me leva até o subsolo, perto de onde eu trabalho. Praticamente sou jogada numa cadeirinha e vomito até as tripas num balde, ao ver que não tem mais ninguém por perto. Meu professor está apreensivo e se detém a ficar com um leque aberto, abanando na minha direção. Ele traz água e perco a conta de quantos copos tomo. Até peço leite, para lidar com a ardência. Estou morrendo de frio, tremendo feito gelatina, e Redmond não hesita para me entregar o seu casaco de veludo.

― Por Danu, Aisling, como você veio parar aqui?

É a primeira vez que vejo meu professor demonstrar tiques nervosos, arrumando os seus óculos redondos a todo o momento. Ele sempre foi controlado, diferente de como está se apresentando. É uma preocupação genuína, assim eu espero.

― Me contrataram ― consigo falar, mas sou atrapalhada pelo choro. ― Eu estava fazendo tudo certo e me convenceram a sair. Me convenceram...

Estou prestes a desabar, porém a única porta é aberta. Parece que todas as minhas fraquezas estão expostas, até me deparar com Dother, que entra com os olhos de cristal refletindo a sua aflição. Meu sangue ferve e, por sorte, me mantenho inerte. Estou fraca demais.

Redmond e Dother trocam um olhar rápido. Meu professor coça a barba antes de me encarar uma última vez e deixar o quarto, fazendo outra reverência a outro príncipe.

Agora estou sozinha de novo.

― Aisling... ― Dother tenta usar um tom ameno comigo, porém o interrompo, sem piedade.

― Quero ir para casa! Me tira desse inferno!

― Me perdoe, eu não sabia ― defende-se, sem se acomodar em nenhuma das cadeiras próximas a mim. A minha raiva o mantém afastado. ― Não sabia que você conhecia o meu irmão.

Quero pegar Dother pelo colarinho e prensá-lo contra a parede, estrangulá-lo até que entenda o que eu sofri aos pés de um monstro, sob o olhar ridículo dos druidas. As minhas mãos ficam trêmulas só de imaginar. Estou fora de mim, e piora quando sequer cogito a possibilidade de atentar contra outra vida. O sangue de Feal ainda faz minhas mãos cheirarem a sangue, o que me obriga a vomitar no balde novamente. E agora quero gritar porque eu não posso fazer nada. Não posso nem ao menos criticar Dother ou repreendê-lo. Ele é um príncipe druida e eu sou uma humana da favela. Se Dother quiser me condenar por tê-lo direcionado um olhar torto, isso há de ser feito sem que ninguém questione.

Eu cometi um erro grave de transparecer a minha fúria.

Tenho que rasgar os meus lábios para o direcionar um sorriso doce e casualmente colocar o balde de vômito no chão, ao lado da cadeira que estou descansando.

― Desculpa por ter me exaltado, não foi tão ruim assim ― digo, a voz pateticamente tremida. ― É que Balor vai acabar comigo...

Não faço ideia se foi por causa do meu sorriso amarelado, mas vejo sua expressão mudar. Está confuso, prestes a gaguejar. Seus lábios se contraem e a culpa fica evidenciada nos seus olhos apertados.

― Eu irei falar com Balor imediatamente. ― Dother dá seus primeiros passos para longe de mim. ― A culpa foi minha, e eu vou dar um jeito por você.

Não, a culpa foi minha por confiar em você, druida.

Me limito a assentir e deixá-lo ir. Ainda arde tudo. Está cravado em mim, cada espinho na pele, seiva no estômago e remorso na alma.

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