Prólogo
Na majestosa Fazenda Castellini, a viúva Condessa Vitória Castellini vivia uma vida reservada ao lado de seu único filho, o jovem Conde Bernardo Castellini II. O destino, porém, teceu um enredo inesperado quando Bernardo se apaixonou por Emília, uma jovem plebeia. O amor proibido floresceu entre eles, mas a tragédia não tardou a intervir. Um acidente fatal ceifou a vida do Conde Bernardo, mergulhando a Condessa em uma dor irreparável. Incapaz de lidar com a perda, Vitória culpou Emília pela morte de seu filho e a expulsou para sempre de sua propriedade.
Vinte e cinco anos depois, no México, Emília vivia humildemente com sua filha, Maria Hipólita, em um povoado modesto. Determinada a enterrar o passado, Emília protegia Maria com zelo, mantendo-a afastada da Fazenda Castellini, que, agora, estava sob o comando de uma Condessa mais velha e rígida.
— Mãe, todo mundo fala da Fazenda Castellini. Disseram que estão precisando de empregadas. Pensei em tentar trabalhar lá, só para ocupar meu tempo.
— Não! — Respondeu Emília, com firmeza. — Qualquer lugar, menos aquela fazenda. Está ouvindo, Maria? Você nunca deve se aproximar de lá.
— Mas por quê? — Insistiu a jovem, confusa. — Parece até que a senhora conhece aquela gente.
Hipólita não entendia o porquê tanta aversão à Fazenda Castellini. O que havia naquele lugar que fazia sua mãe estremecer de medo?
Fechou os olhos, tentando afastar tais pensamentos, mas o sono veio carregado de imagens perturbadoras. Sonhava com um homem de traços fortes e olhar intenso, que a fitava com amor e devoção. Seu coração acelerava ao ver aquele rosto desconhecido, mas ao mesmo tempo tão familiar. Ao lado dele, uma linda menininha de cabelos loiros, que não devia ter mais do que cinco anos, corria em sua direção e chamava por ela.
— Mamãe!
O coração de Hipólita se apertava. Quem era aquela criança? Por que se sentia tão ligada a ela? O homem a envolvia com um olhar apaixonado, segurava sua mão e jurava amá-la por toda a eternidade. Tudo parecia perfeito, um amor puro e infinito.
Mas a paz do sonho logo era despedaçada. Gritos ecoavam pelo salão de um luxuoso baile de máscaras. Uma mulher de olhos frios e cruéis a encarava com desprezo, enquanto um homem de postura imponente a insultava.
— Você não pertence a este mundo! Nunca será digna dele!
As vozes eram carregadas de ódio e ameaça. Hipólita sentia-se acuada, e, antes que pudesse reagir, ouviu o estrondo de um tiro. Uma dor lancinante atravessava seu peito. A música cessava, os convidados se afastavam horrorizados e o homem do sonho corria em sua direção, segurando-a com desespero.
— Não! Você não pode me deixar!
Seus olhos pesavam, sua força se esvaía e a última imagem que viu foi a da criança chorando, chamando por ela. Então, o escuro a envolveu.
Hipólita despertou ofegante, suada, com o coração descompassado. Tocou o próprio peito, como se pudesse sentir a dor do tiro atravessando sua pele. O sonho fora incrivelmente real. Mais uma vez, aquelas imagens a assombravam. Quem era aquele homem? Aquela criança? E quem seriam as pessoas que a ameaçavam?
A jovem se levantou, caminhou até a janela e olhou para a imensidão da noite. O destino parecia brincar com ela, tecendo fios invisíveis que a puxavam para um caminho desconhecido. Algo dentro de si dizia que a resposta para seus sonhos estava na Fazenda Castellini.
E, contra todas as advertências de sua mãe, ela sabia que precisava descobrir a verdade.
Na propriedade, a Condessa Vitória havia retornado de Londres acompanhada de seu sobrinho-neto, o jovem Conde Luis Manrique, agora viúvo e pai de uma menina de seis anos, Clarita. Apesar da tragédia que marcava sua vida, Luis era um homem gentil, mas que carregava o fardo de um noivado indesejado com Verônica, uma mulher ambiciosa e manipuladora. A Condessa, ciente das verdadeiras intenções de Verônica, desaprovava a união, mas optava por não interferir diretamente, respeitando a autonomia de seu sobrinho-neto.
Em uma de suas viagens, Vitória havia adotado uma menina órfã, oferecendo-lhe um lar e uma chance de recomeço, na tentativa de suavizar as marcas de suas próprias perdas.
O destino, mais uma vez, cruzou caminhos improváveis. Quando Maria Hipólita e Luis Manrique se encontraram pela primeira vez na Fazenda Castellini, o amor entre eles foi instantâneo e arrebatador. No entanto, o futuro parecia impossível. Não apenas Luis estava comprometido com Verônica, mas Hipólita descobriria ser neta da Condessa Vitória — a mesma mulher que separara sua mãe de Bernardo e a expulsara de sua casa.
A Condessa, ao perceber a paixão entre Luis e Hipólita, viu sua maior rivalidade do passado retornar de forma ainda mais cruel: a filha de Emília, que ela tanto desprezara, era sua neta legítima e herdeira da linhagem Castellini.
— Meu coração pertence a você, Hipólita. Às vezes parece pequeno demais para tudo o que sinto. — Declarou Luis, segurando suas mãos com fervor.
— Você é a razão da minha felicidade, Luis. Vamos enfrentar tudo para ficarmos juntos!
Enquanto o amor florescia entre os dois, forças externas conspiravam para separá-los. A história de Luis e Hipólita não era apenas sobre paixão, mas também sobre laços familiares há muito rompidos, preconceitos enraizados e a luta pelo direito de amar.
O que prevaleceria: o peso do passado ou a força do amor verdadeiro?
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