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Capítulo 6

Capítulo 6

Outubro – 1969

Ivan desceu e esticou as pernas exaustas pela longa viagem. Passara 20 horas dentro daquele trem. Saíra de Porto Alegre às 18 horas de quinta-feira e chegara em São Borja às 16 horas de sexta-feira. Faltara aula naquele dia, mas isso realmente não importava. Tinha um assunto urgente para tratar com Anita. Um tema delicado demais para se abordar por cartas ou por telefone. Pena que o trem demorava tanto. Mas era a condução mais barata.

Ninguém sabia que ele chegaria. Quarta à noite recebera a visita e mal dormira depois, rolando na cama até amanhecer. Quinta foi para escola e de lá seguiu para a estação ferroviária.

Mais uma vez, alongou o corpo dolorido, preparando-se para a caminhada. Quinze quadras até a escola. Levava nas mãos apenas uma pequena sacola. Iria direto ver Anita. A saudade era tanta, que comprimia seu peito. Apressou o passo, ansioso para vê-la. Poderia ter passado antes na sala de Dira, ou ter ido ver sua mãe, mas, chegando à escola, Ivan optou pela sala de Anita.

No corredor, parou ao ouvir a voz dela. Doce e carinhosa, mas ao mesmo tempo firme e forte. Mais uma vez, ela o surpreendia. Anita parecia estar tirando de letra o desafio de ser professora. De repente, fez-se o silêncio. Nem voz de alunas, nem voz de Anita. Passando alguns minutos, o silêncio prosseguiu, sendo quebrado apenas pelos cochichos baixinhos de algumas menininhas. Ivan tomou coragem e bateu à porta.

Anita abriu.

- Ivan! – e sorriu. Um sorriso grande e aberto. Um sorriso que ela só dava para ele.

- Anita! Que saudades, meu amor! – no meio do corredor da escola, trocaram um abraço apertado. – Deixa eu olhar para você. – ele se afastou um pouco. – Nossa! Você está... – boquiaberto, ele perdeu as palavras.

- Bonita? – ela o ajudou, achando graça.

- Não, não. Bonita não. Você está linda! – ele a analisou de cima a baixo. – Você mudou, Anita. Está diferente.

Ivan logo constatou que ela não parecia mais uma menininha, e sim uma mulher. Trajava um vestido verde escuro curto, com mangas 3/4 e uma faixa da mesma cor definindo sua cintura. O cabelo solto e alisado à base de ferro e um par de botinhas brancas de verniz de salto baixo completando o visual.

- E isso é bom? – ela franziu a testa, insegura.

- Claro que é bom. Você amadureceu, meu amor. Isso me deixa tão orgulhoso!

- Ah tá... – ela mordeu o lábio, contente. – Gostou do meu vestido? – segurou a barra do mesmo e a balançou, tal como uma criancinha. Lançou-lhe um olhar convencido e Ivan logo compreendeu seu significado.

- Foi você que fez? – ele indagou perplexo.

- Sim.

- Ora, ora. Quem diria que a garota que fez aquele sofá horroroso teria tanto talento. – ele zombou, brincalhão.

- Há há há. É verdade! Não tinha me dado conta! Aquele foi o meu primeiro trabalho.

- Quem te ensinou a costurar?

- A Dira, a mãe de uma amiga dela e as revistas de costuras. – ela não quis entrar em detalhes, mas quase todas as revistas lhe haviam sido dadas pelo Igor – Só que a maioria das idéias, tiro daqui – apontou para sua cabeça.

- Te amo, Anita. – orgulhoso, ele segurou seu pescoço delicadamente com ambas as mãos, e então se inclinou e depositou um suave beijo em seus lábios.

- Também te amo. – ela levantou a cabeça e o encarou, piscando seus alongados cílios.

- E você sempre trabalha bonita assim? – questionou amoroso.

- Hum rum. Minhas alunas adoram – alegre, ela sacudiu os ombros e sorriu para ele – Dizem que eu pareço uma boneca.

- E parece mesmo. Mas é a minha boneca.

- É. Sou mesmo. – concordou risonha.

- Tia? – uma meninha de cabelos escuros encaracolados, foi até a porta e puxou a barra do vestido de Anita, suplicando por atenção. O casal estava parado do lado de fora da sala, onde não podiam ser vistos. – Eu preciso de ajuda... – ela sussurrou, acanhada pela presença de Ivan.

Anita se abaixou, ficando na mesma altura do que ela, e questionou:

- O que foi, meu amor?

Ela cochichou em seu ouvido:

- Eu não sei escrever o nome da minha irmã... É Renée.

- Ah... Pode deixar que eu te ajudo. – virou-se para Ivan – Ainda tenho meia hora de aula, quer entrar?

- Eu posso?

- Claro que pode, desde que também faça a tarefa. – afirmou meio mandona.

Entraram na sala de aula e automaticamente os rostinhos curiosos se voltaram todos para Ivan.

- Meninas? Ele pode assistir à aula com a gente hoje?

- Mas a aula é só de meninas! – uma delas deu risada, achando muito engraçado.

- Bom, ele é meu namorado e veio de Porto Alegre me ver. Se vocês não se importarem, segunda eu conto para vocês de novo a história do porquinho Marco Antônio.

- Oba! - responderam em coro.

Sentindo-se autorizado, Ivan deu oi para as pequenas alunas e logo se acomodou numa das cadeiras, sentando ao lado de uma criança loirinha de olhos verdes, a Luiza.

- Quer meus lápis emprestados? – ela indagou a ele. – Eu tenho todas as cores, menos o amarelo.

- Ah, muito obrigado. O que é para fazer? – ele pegou a folha branca que havia em sua frente e espiou o que ela fazia.

- É para escrever o nome de alguém que a gente gosta e depois desenhar essa pessoa.

- Ah! – ele se virou para observar a Anita, ela seguia de mesa em mesa, corrigindo os trabalhos.

Luiza fazia o desenho do rosto de uma mulher. Acima escrito: Mãe – Marisa.

- E pode ser qualquer pessoa?

- Não. Tem que ser alguém da família.

- Legal. – Ivan, sem a menor dúvida, iniciou sua tarefa. – Cuida para a professora não ver. É segredo, tá? – ele cochichou para a Luiza.

- Tá. – entusiasmada, a loirinha gostou da idéia.

Ivan baixou a cabeça e se concentrou em seu desenho. Caprichou nas letras grandes pintadas de verde, do mesmo tom da roupa de Anita. Anita Tavares Moraes. O nome dela de solteira acrescido de seu sobrenome.

- Não – Luiza esticou os braçinhos, não permitindo que sua professora se aproximasse. Curiosa, Anita levantou as sobrancelhas – Não é para você ver, profe, é segredo.

Ivan começou a rir e encarou a namorada.

- É sim, é segredo. – ele confirmou com a cabeça, colocando os braços sobre o papel.

- Tá bom. – achando graça, Anita se afastou da mesa.

- Ei, não é para fazer isso! É para desenhar a pessoa. – Luiza criticou Ivan ao vê-lo fazer um grande coração no meio da folha.

- Mas eu não sei desenhar...

- Todo mundo sabe desenhar – ela o corrigiu.

- Eu não. Quer desenhar para mim? Fazer tua professora?

- Ela é da tua família?

- É sim. Minha futura esposa.

- Ah! – Luiza sorriu para Ivan – Tá. Dá aqui que eu desenho a tia Anita.

Ivan e Anita caminhavam de mãos dadas pelas ruas São Borgenses.

- Vamos sentar ali? – ele apontou para um banco em uma praça, um lugar em um canto tranqüilo.

- Claro – ela respondeu piscando os olhos para ele. Anita estava encantada. Não conseguia parar de sorrir. Era tão bom ele ter aparecido assim, do nada. – Você tem algo para me dizer, não é? Tipo, você não está aqui a toa, não é Ivan?

Ele a olhou e sorriu de leve, balançando a cabeça em assentimento.

- Trouxe uma carta da tua mãe.

- Minha mãe?!

- Sim, ela foi lá em casa, na quarta.

- Minha mãe foi na tua casa? – ela sacudiu a cabeça, tentando assimilar. – Então minha mãe não está mais presa? E eu posso voltar para casa?! – exclamou com empolgação.

- Não, amor. Eu lamento... – preocupado, ele fez um carinho em sua bochecha.

- Como sim? E meu pai?

- Teu pai continua preso e tua mãe está assustada. Ela prefere não voltar para casa, porque acredita que é arriscado. Até teu pai ser solto, ela viverá na clandestinidade, com uma identidade falsa. Seu nome novo é Alicia Arrais.

- Ah... Mas ela está bem?

- Sim, bem demais, eu diria. – comentou com ares de mistério.

- Como assim?

- Ela disse que foi um milagre não ter perdido o bebê na prisão...

- Minha mãe está grávida?!

- Sim, quando ela foi presa, ela já estava com 12 semanas de gestação.

- Mas ela não me contou nada!

- Ela me explicou que quis te poupar, Anita, porque quando você tinha 12 anos ela engravidou e perdeu o bebê com um aborto espontâneo e você sofreu demais... E ela queria esperar mais um tempo para então te contar.

- Minha mãe está grávida! E viva! E meu pai também está vivo! – ela o abraçou com empolgação. Ele a apertou em seus braços, beijando-a entre seus cabelos.

- Sim.

- E quando eu vou vê-los novamente?

- Lê a carta, Anita. Ela me disse que te explica tudo nela.

- Você leu? – ela observou o envelope pardo.

- Não. A carta é tua.

"Anita

Filha, senti tanto a tua falta! Nesse tempo todo, só pensava em você!

Em como você estaria se virando, nas necessidades que você poderia estar passando, e isso apertava meu coração.

Desculpa, filha. Peço mil desculpas por ter te deixado sozinha e desamparada. Mas eu nunca pensei que isso pudesse acontecer conosco...

Agora, quando encontrei tua tia, devo dizer que foi um alívio quando ela me contou sobre o Ivan. Como ele as tinha ajudado, como ele prometeu que cuidaria de você. Senti como se um peso saísse de cima dos meus ombros. E logo no primeiro dia, fui procurá-lo.

Gostei dele, filha. E você tem a minha benção se quiserem se casar.

O Ivan me mostrou algumas cartas que vocês têm trocado. Devo dizer o quanto eu estou orgulhosa de você, filha. Você então está dando aulas e costurando! E o que fez na nossa casa! Queria poder te abraçar agora. Estou tão orgulhosa da minha filhinha!

Ah, teu pai ainda está preso, mas sua soltura está sendo negociada, ele faz parte de uma lista de prisioneiros que serão libertados e irão para o Exílio. Pergunta para o Ivan os detalhes, eu contei para ele. Provavelmente iremos para o Uruguai.

Quando estiver tudo ajeitado, mandaremos te buscar para ficar conosco. Isso se você quiser, Anita, porque se você preferir, pode casar com o Ivan e ficar no Brasil. Você tem a minha permissão para isso. O país anda meio perigoso para se viver, mas como você não se envolve com política, acredito que para você é seguro.

E não se preocupa comigo, filha. Eu estou bem. E estou grávida! Sim, você não vai mais ser filha única! Provavelmente a gente volta para o Brasil na época de termos o bebê, porque eu gostaria que a dona Malú, minha parteira, fizesse meu parto. Daí, se for possível, mandaremos te chamar.

Te amo, Anita. Viajarei amanhã, mas se conseguir, te ligarei hoje (sexta-feira) às 20 horas. O Ivan me deu o telefone da tua vizinha.

Com amor, tua mãe Bárbara."

- Quer ler? – ela secou uma lágrima no cantinho dos olhos.

- Eu posso?

- Pode, claro.

Concentrado, ele baixou o rosto e fixou a carta. Anita cantarolava baixinho e balançava as pernas. Estava feliz. Terminando a leitura, ele a encarou.

- E então, o que você acha? – ele indagou.

- Do que? – ela retrucou confusa.

- Você viu o meu trabalho na aula, Anita, você sabe o que eu quero. – afirmou amoroso.

- Ah, é? – sorriu marota – E o que você quer, Ivan?

- Casar com você. – ele respondeu com seriedade, olhando no fundo de seus olhos.

- Mas eu ainda sou menor de idade e meus pais vão para o Uruguai...

- A gente pode visitá-los sempre que você quiser... É pertinho, amor.

- E a autorização? Eu sou menor.

- Eu já tenho. – ele afirmou – Tua mãe me deu, registrada em cartório e tudo.

- Minha mãe foi ao cartório? Mas ela estava se escondendo... Ela não devia ter se arriscado.

- Bom... Ela está assustada, mas acredito que não há ninguém atrás dela. Já o caso do teu pai é mais complicado, porque ele pertenceu ao partido comunista.

- Hmmm – ela entortou o lábio numa careta.

- Mas ele será libertado, Anita. Tua mãe me contou que há um grupo de militantes seqüestrando pessoas, como no seqüestro daquele embaixador americano, e os trocando pela libertação de presos. E o nome do teu pai figura na próxima lista.

- Ah... E ele vai ser expulso do país.

- Sim.

- Por isso a minha mãe vai embora... Vai esperar por ele lá.

- É.

- Vamos para casa, Ivan? Ela disse que talvez me ligasse... E ela pode ligar mais cedo e eu não quero perder essa ligação de jeito nenhum.

Os dois levantaram juntos e retomaram a caminhada. Entrelaçaram os braços pelo caminho.

- Então, você ainda não me respondeu, Anita. Quer casar comigo?

- Quando? – ela parou de andar e o encarou.

- Em março do ano que vem?

Tão rápido, ela pensou, com o coração aos pulos.

- Você vai permitir que eu vá ao Uruguai sempre que eu quiser visitar meus pais, mesmo se você não puder ir comigo? – questionou ansiosa.

- Claro, Anita.

- E você vai me deixar trabalhar ou vai ser daqueles maridos que querem que a mulher fique em casa?

- O que você quer fazer?

- Costurar.

- Anita, você pode costurar até o nosso sofá da sala, se quiser.

- Ah! – ela sorriu. Olhou para os lados para ver se não vinha ninguém e então ficou nas pontas dos pés e deu um selinho em seus lábios. – Eu aceito com uma condição – ela levantou o dedo indicar, simulando o número um, debochada.

- O quê? – ele achou graça da expressão que ela fazia e deu um leve sorriso.

- Você vai ao meu quarto, hoje à noite, e vai me dar um beijão daqueles.

- Anita... Não creio que isso seja adequado. – ele ficou sério.

- Ivan! – ela retrucou – Você será meu marido, é claro que é adequado.

- Anita, não.

- Ivan... Eu não pretendo fazer nada de mais... Se a gente vai casar em março, eu queria fazer tudo direitinho, sabe? Eu quero casar virgem, de branco, de véu e grinalda, como eu sempre sonhei. Só quero te beijar e te abraçar, só nós dois, porque eu estou com saudades. Há algo de errado nisso?

- Não, meu amor. Eu só tenho medo de não conseguir me controlar. Você sabe... – ele acariciou seus cabelos – o quanto eu sou louco por você.

- Então eu te controlo! É sério, eu imponho limites, Ivan. Eu juro! – ela suplicou.

- Ah... - ele suspirou, derrotado - Tudo bem. No meio da madrugada, quando todos estiverem dormindo, eu invadirei o teu quarto, se é isso que você quer.

- Sim. É exatamente isso que eu quero. – Então ela pensou e acrescentou - Só cuide para que o Igor não veja. – ele dormiria no mesmo quarto que o irmão.

- Por quê? – Ivan questionou intrigado.

- Porque... Ah... – ela se atrapalhou um pouco, mas logo retomou o controle – Sei lá, ele pode contar para os outros. – ela mentiu – E fica chato, Ivan.

Anita deitou na cama sentindo uma alegria que há meses não sentia. Ouvira a voz de sua mãe, mesmo que por poucos minutos. Tinha uma carta dela e boas notícias. E em breve, Ivan estaria em seu quarto com ela. Satisfeita, tentava manter os olhos abertos, a espera dele, agarrada à correspondência e ao gato Onofre.

A voz de sua mãe ecoava em sua mente:

- Você agora é adulta, filha. Eu gostaria que você fosse morar conosco, mas se você quiser ficar ai com Ivan e constituir sua própria família, sinta-se livre. A decisão é tua, ninguém vai te pressionar... Estou bem, querida, não se preocupe... Em breve, torno a entrar em contato... Te amo, Anita....

Escovou os cabelos, deixando-os soltos sobre a camisola de algodão cor de rosa. Uma camisola meio infantil, com uma estampa de ursinho. Agora se arrependia por não ter comprado outra... Ela crescera. Não era mais uma criança e receberia um homem em seu quarto. Mas ele não era um homem qualquer, era o Ivan. Ele não se importaria com nada disso.

Ivan se girava na cama, ansioso. Droga! O Igor só voltou para casa perto das duas da manhã, e ele prometera para Anita que não o deixaria notar nada. Talvez ela tivesse mesmo razão... Talvez não fosse mais possível confiar em seu irmão... Igor estava estranho. Olhara para ele de um modo esquisito, como se estivesse incomodado com sua presença. Não que eles fossem os irmãos mais amorosos do mundo, mas ao menos costumavam se dar bem. Só que agora, sentia como se o Igor o considerasse um inimigo e não entendia por quê.

E Igor voltou da noitada em um estado deplorável. Se arrastando pelo quarto e cheirando a cachaça e a cigarro. Caiu na cama de roupa e tudo e em seguida adormeceu. Aos ouvir seus roncos altos, Ivan se moveu nas pontas dos pés e foi ver Anita.

Suavemente, girou a maçaneta. Ela dormia, acomodada em um canto da cama, deixando um espaço livre para ele em suas costas. Seus cabelos soltos cumpridos caiam sobre o lençol branco com diminutas flores roxas. Ivan abriu as cortinas para permitir que a luz entrasse entre as frestas da veneziana. Gostaria de vê-la.

Parou em sua frente e ficou observando seus traços. Os lábios rosados levemente abertos. O nariz delicado e perfeito. Seus cílios longos que em sua opinião eram tão belos que dispensavam os cílios postiços, artifício que ela teimava em usar. Sua pele branquinha e macia... E ele se lembrava claramente de sua maciez. Ah! Como lembrava! Uma lembrança tão nítida que por vezes o atormentava. E agora ela estava ali, a espera dele...

Ivan suspirou. Oh, como ele a amava! Nunca imaginou que fosse possível sentir tanto amor. Nunca imaginou que fosse possível sentir uma necessidade física de alguém. Pelo menos não dessa maneira. Por isso, ele tinha que ficar longe dela. Porque com ela por perto, nunca conseguiria se concentrar em mais nada. E ele precisava passar no vestibular. Agora mais do que nunca, ele ansiava em ser alguém na vida. Alguém apto a dar um futuro para Anita como ela merecia.

Tirou o gato de cima do colchão, colocando-o no chão, e então se aconchegou na cama ao lado dela, abraçado-a pelas costas embaixo do fino lençol.

- Você está dormindo? – ele cheirou os cabelos de Anita, aspirando seu perfume intensamente. E então colou seus lábios em seu pescoço. Ela se encolheu.

- Achei que não viesse mais... – ela resmungou, empinando seu corpo contra o dele, provocante.

- Anita, não faz isso...

- Não faz o que? Isso? – ela girou e colocou a mão embaixo da camisa de Ivan. Iniciou uma exploração por aquele peito. Seu rosto chegou em frente ao dele, tocando-o no nariz com a ponta do seu. – Você está gelado, amor. Vem que eu te esquento. – os braços de Anita cercaram as costas de Ivan. Novamente, ela grudou seu corpo no dele, provocante. Sentiu a excitação dele contra seu ventre. Arregalou os olhos e o encarou com malícia. Mesmo inexperiente, não tinha medo. Mesmo sem nenhuma prática, sentia-se a vontade. Anita sorriu, olhando fixamente para ele. Dobrou o joelho e o roçou suavemente com ele na parte rígida do corpo de Ivan.

- Anita... – ele grunhiu, tenso – para com isso.

- Ah... – ela resmungou. Tentou tocá-lo na região abaixo da cintura, mas ele segurou sua mão.

- E a menininha tímida que eu conheci? – ele brincou, distribuindo beijos ao longo de seu pescoço. Então desceu a boca para a gola de sua camisola, brincando de beijar por cima do tecido.

- A menininha tímida cresceu, Ivan. E a meninha tímida é tímida com todos os outros, mas não com você. – ela murmurou.

- Hmmmm. – ele sorriu e então subiu seu rosto, ficando em frente ao rosto dela. – E a meninha tímida quer beijo?

- Quer sim. – ela entreabriu os lábios, esperando. Sua respiração tornou-se ofegante, acelerada.

- Você é linda, Anita, e é toda minha.

- Sou sim.

Ele a segurou pela nuca e então beijou um canto de sua boca. Anita suspirou, entregue.

- É o que? – ele então beijou o outro canto.

- Toda tua.

- E eu sou todo teu, Anita. – ele sussurrou antes de afundar seus lábios nos dela.

Anita arqueou o corpo em direção ao dele. Com as bocas coladas, com as línguas brincando e explorando-se mutuamente, a mão de Ivan invadiu a camisola de Anita pelas costas. Ela fez o mesmo.

Ivan se afastou e apoiou-se sobre os braços para encará-la, antes que fosse tarde demais.

- Vamos combinar uma coisa, amor, para que a gente não perca o controle.

- O quê? – curiosa, ela mordiscou o lábio. E Ivan constatou que seus olhos abertos irradiavam desejo. Ela o queria tanto quanto ele.

- Não importa o quanto a gente enlouquecer, não nos tocaremos da cintura para baixo.

- Por quê? – não disfarçou sua frustração. Ela gostaria de tocá-lo tanto quanto gostaria de ser tocada.

- Porque temo que não conseguiremos parar e você sabe o que pode acontecer. E em março, Anita, nós nos casaremos. E será como você sempre sonhou. De véu e grinalda, numa igreja. E então você será minha, da forma correta. Como deve ser.

- Tá bom. – ela lhe sorriu em resposta. Aquele sorriso radiante, que era exclusivo dele. E ele a encarou, totalmente encantado.

Ela era tão linda! Tão maravilhosa! Tão deslumbrante e admirável! Ele a queria com todas as forças. Sabia que a amaria pelo resto de sua vida.

E ele a queria! A desejava! Seu corpo clamava por era. Mas ele só poderia tocá-la da cintura para cima... Não passaria por cima dos sonhos dela para se satisfazer. Da cintura para cima... Isso teria que bastar.

Novamente, seus lábios se apossaram da boca de Anita, agora com voracidade, com urgência.

- Senti tanta tua falta! – ele comentou em meios aos beijos.

- Eu também... – ela respondeu igualmente ofegante.

A respiração de Anita se tornou ainda mais acelerada quando uma das mãos de Ivan deslizou por baixo de sua camisola e comprimiu um de seus seios. Automaticamente, a boca de Ivan desgrudou da de Anita e deslizou para baixo, abocanhando um dos seios sobre a camisola. Anita gemeu, totalmente entregue a ele.

- Eu quero te ver... – ele suplicou em agonia.

- Tá. Mas só de cintura para cima. – Anita removeu a camisola, ficando apenas de calcinha. – Eu também quero te ver, Ivan.

- Tá. Mas só da cintura para cima. – ele comentou, removendo a camiseta.

- Você é lindo – ela afirmou, boquiaberta. Mesmo com a pouca luz que havia no quarto, ela podia vê-lo. Os cabelos negros em desalinho, caídos sobre a testa, o rosto másculo e perfeito. E agora via também, seu peitoral desnudo.

- Você é muito mais, Anita. Casa comigo?

- Caso.

Ele abocanhou um dos seios agora expostos. Sua mão a enlaçou pelas costas, grudando seus corpos.

- Você é linda e é toda minha.

Beijaram-se e brincaram, esfregando-se e explorando-se da cintura para cima até quase amanhecer.

- Tenho que ir para o meu quarto... – ele reclamou ao ver os primeiros traços de luz pelas frestas da veneziana.

- Não.

- Sim, meu amor, a gente não pode dormir junto...

- Ai, que saco.

- Mas depois de março, dormiremos juntos todos os dias.

- Que bom... – ela piscou os olhos e deu um leve sorriso, sonolenta.

- Te amo, dorme bem.

- Não quero dormir, quero ficar com você... – ela resmungou, mas adormeceu no final da frase.

Antes de sair do quarto, Ivan vestiu-lhe a camisola.

- Onde você andava? – Igor estava sentado na cama e assim que Ivan colocou os pés dentro do quarto, encarou-o com fúria.

- Eu...

- Eu sou o chefe da família agora, sabia? Como o homem mais velho, tenho esse direito. E não aceito esse tipo de coisas na minha casa! – ele se exaltou.

- Isso não te diz respeito, Igor – Ivan retrucou de mau humor – Isso é apenas entre eu e a Anita. Mas caso você esteja se importando com a reputação dela, fique tranqüilo que nós nos casaremos em março.

Igor endureceu os traços de seu rosto, em choque. Sua pele perdeu a cor, ficando branca feita mármore. Ivan já deitava em seu colchão, no chão, e por isso não percebeu a expressão que seu irmão fazia. Totalmente em dor, sentindo como se alguma parte de seu corpo sangrasse, Igor tornou a deitar em agonia na sua cama.

Anita praticamente não dormira naquele dia, levantando cedo para ficar com Ivan. Ele fez o mesmo. Ficaram todas as horas disponíveis juntos, por que naquele tarde, ainda no sábado, Ivan partiria.

Ivan tomou o trem das 17 horas. Anita o levou até a estação.

- Você tem certeza que quer se casar comigo, Anita? Não quer mesmo ir para o Uruguai morar com teus pais? Eu posso te esperar...

- Não, Ivan. Eles têm um ao outro e terão um bebê, eles não precisam tanto de mim. Você precisa mais. – ela sorriu – Quem vai fazer comida para você quando você voltar da faculdade esfomeado, meu amor? Quem vai ficar do teu lado e te dar apoio quando você tiver uma prova difícil para fazer? Tua família mora longe, eu é que cuidarei de você.

- E se teus pais precisarem de ti?

- Daí eu vou ficar com eles e depois eu volto. Você me espera, não espera?

- Sempre. Por toda a vida, se precisar. No natal eu volto, Anita. E então trarei tua aliança.

Despediram-se com um longo abraço, e então ele entrou no trem. Ivan chegaria em Porto Alegre domingo às 15 horas.

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