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O Mαɳυʂƈɾιƚσ - Cαρ. 12

𝓒𝓸𝓷𝓼𝓮𝓵𝓱𝓮𝓲𝓻𝓸 𝓛𝓪𝓯𝓪𝓲𝓮𝓽𝓮, 2001

𝟙𝟚 Eu havia me escondido numa de duas antigas casas assobradadas e geminadas, com fundos para um beco, pertencentes ao tio Jonas, irmão de meu falecido pai, delegado de polícia em Conselheiro Lafaiete. A casa 2 estivera alugada e possuía alguma mobília.

— Não converse com vizinhos, principalmente com o solteirão aposentado que alugou a casa 1. Todo cuidado é pouco.

E ele tinha razão. Desde que eu retornara ao Brasil, vivia assustado. Aziz conseguira que eu atravessasse o Atlântico e garantira-me uma boa soma em dólares, para que pudesse sobreviver até que tudo se estabilizasse, embora eu não conseguisse vislumbrar quando isso se daria — e se um dia aconteceria, em função de meus perseguidores e de minha implacável doença. Estivera a salvo até o momento, mas nem um pouco são. Não podendo me fixar em definitivo no Vale do Paraíba, decidi refugiar-me em meu Estado natal, Minas Gerais. A família de nada sabia, exceto tio Jonas e tia Laura.

Ainda me lembrava do momento do desembarque no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, trinta dias antes, em São Paulo, onde fora abordado, para minha total surpresa, por uma muçulmana. Trajando abaya marrom e hijab branco, à mostra somente as belas e esguias mãos e o rosto jovem, de pele macia e sedosa, chamou-me pelo nome...

𝓢ã𝓸 𝓟𝓪𝓾𝓵𝓸, 𝓖𝓾𝓪𝓻𝓾𝓵𝓱𝓸𝓼 

— Sr. Casqueira?

— Sim... — Estranhei os trajes e logo imaginei ter a moça alguma relação com a Turquia. — Pois não.

— Um amigo muçulmano pediu que eu lhe entregasse essa maleta.

Falando em português, passou-me a encomenda e sem dizer qualquer outra palavra, saiu rapidamente, deixando-me sozinho no saguão. Na maleta havia um bilhete preso com fita adesiva, que li e depois amassei, guardando-o no bolso. Caminhando para a saída, abracei a maleta por um instante, mas logo me toquei que essa atitude seria temerária, pois chamaria muito a atenção. Obviamente que não fazia a mínima ideia do que havia dentro, porém, imaginava que tinha a ver com algum plano elaborado por Aziz.

Assim que alcancei o lado exterior, senti um vento gelado bater contra meu rosto. Saíra do verão turco para desembarcar no inverno brasileiro, mas minha atenção se voltou para dois homens vestindo kandura — e se queriam não serem notados, haviam escolhido o pior dos trajes. Os óculos escuros não permitiam que se divisasse seus rostos. Um deles, apontando em minha direção, acelerou os passos, acompanhado do outro. Segurando numa das mãos a mala, noutra a maleta, atravessei a rua correndo, quase sendo atropelado por um táxi. O motorista gritou, com a cabeça para fora do veículo:

— Não olha por onde anda não, seu maluco?

Subi a escada de acesso ao estacionamento, pulando degraus e trombando numa mulher. Quase a derrubando, ouvi mais impropérios:

— Ei, seu mal-educado — bradou e vendo que eu me afastava, reclamou: — Nem para ajudar!

Os dois homens atrapalharam-se com as malas caídas na escada e acabaram tendo que ajudar a mulher a recolocá-las no carrinho, mas sem tirar o olho de mim, que já abria boa distância deles.

Andiamo, sta scappando. — Pude ouvir da boca de um deles.

Corríamos entre os carros e cada um dos homens seguiu por um caminho diferente, acabando por me cercar. Apontaram-me uma arma:

— Entregue a maleta, Casqueira.

Surpreendi-me:

— Enrico?

O outro homem achegou-se:

— Devia te dar um tiro por aquele murro.

— Manolo? Como chegaram tão rápido?

— Tal qual na saída de Telavive, viemos no jatinho do meu primo, Javier. Mas cala a boca e passa a maleta — ordenou.

Sentado no chão, agarrado ao objeto de desejo e vendo-me irrevogavelmente derrotado, entreguei-o sem qualquer resistência, mas proferi:

— Javier deve pensar que vocês estão todos do mesmo lado, não? Mas aposto que Gasly quer passar a perna na Agnus.

— Já disse, cale a boca.

— E agora, Manolo? Damos um tiro nele?

— Está louco, Enrico? Já temos o códice, não vamos nos complicar. Logo a Turquia solicitará a extradição desse infeliz e ele vai se ver com a polícia de lá. Vamos embora!

Olhou para os lados, para ver se alguém se aproximava:

— Amarra o infeliz. Vamos devolver o que ele fez comigo.

Ocultos entre os carros, Enrico tirou o igal da cabeça e amarrou as minhas mãos. Manolo passou-lhe o seu, para que amarrasse também as pernas. Sentia-me um beduíno sendo amarrado por salteadores no deserto. Com um dos guthras, amordaçaram-me.

Ali mesmo, despiram as kanduras, que revelaram alinhados ternos por debaixo do hábito. Enfiaram os trajes numa sacola e Manolo concluiu:

— Pronto! Até o acharem, já estaremos longe.

Saíram dali velozmente, mas ainda pude ouvir Enrico reclamando:

— Ideia idiota, a dessas roupas. Que merda de calor é esse?

Enrico estava afogueado e retirou a gravata. Manolo argumentou:

— Disseram que o país estava no inverno, mas é um país muito grande, deve ser isso.

E a sequência dos fatos, deduzo-os assim...

Livres dos paletós e já dentro do carro, o italiano ligou o ar. Já o espanhol analisou a maleta:

— Droga, está com segredo. Não vai ter como abrir agora. Melhor sair logo daqui. Lá no hotel a gente vê isso.

Decerto, passara pela mente de Manolo se não havia sido um erro deixar-me para trás, mas por outro lado, eu poderia ser um fardo perigoso a se carregar. Incerta, contudo, seria a opinião de Gasly sobre o assunto.

Passado algum tempo, a moça muçulmana reapareceu, ajudando-me com as cordas e a mordaça. Eu não estava surpreso com a volta dela:

— São uns idiotas, não me levaram achando que o documento "Q" está na maleta. Ainda bem que você me avisou no bilhete sobre eles.

— Já os tinha visto antes e desconfiei. Vão ter uma bela surpresa.

Estava curioso:

— E quem é você?

— Lea Khaled, filha de Aziz.

Filha de Aziz? Que grata surpresa, mas um medo estranho passou-me pela cabeça: até então, todos os Khaled dos quais eu me aproximara, haviam morrido. Lea correria perigo? Buscando tirar as superstições da cabeça, estranhei o fato de ela falar tão bem o meu idioma. Então ela explicou: ainda menina, entrando na adolescência, fora morar com a mãe na Península Ibérica. Retirado por completo o véu, revelou bem mais do que o Alcorão permitiria em público: longos e acobreados cabelos.

— Mas é só um disfarce, na verdade sou cristã, como minha mãe...

— Seu pai... E seu avô... — Eu não sabia como lhe contar. — Você soube?

— Sim, soube hoje pela manhã. Meu tio Hassan me ligou.

— Hassan?

— Irmão de meu pai.

— E... Como se sente?

— Domingos, há tantos anos que deixei a casa de meu pai (e meu avô era quase um cigano), que pude aguentar o tranco, mas não será nada fácil sem os dois, principalmente meu pai. Ele era muito cuidadoso e sabendo que eu estava na casa de parentes aqui em São Paulo, telefonou-me faz alguns dias, dizendo para te procurar e te ajudar.

— Parentes?

— Da parte de minha mãe.

Lea atualizou-me com informações de Istambul, pois conversara com Hassan:

— Meu tio disse que você é considerado foragido e já acionaram a Interpol.

— Mesmo assim, estou encafifado. Poderiam ter impedido a minha viagem, se quisessem, mas parece que queriam que eu viesse, talvez para que os leve ao documento "Q".

— Por enquanto a maleta irá despistá-los e você deu sorte de não te levarem junto.

— Tudo isso mostra que apesar dos esforços do seu pai, de algum jeito ainda estavam nos monitorando e sabiam até quando eu ia chegar.

— Estão te dando corda, mas sem soltar a outra ponta. Olha, estou com um carro alugado, estacionado aqui.

— E para onde vamos?

— Para uma cidade a 150 quilômetros de distância. Aparecida, conhece?

— Aparecida? Conheço sim, mas por quê?

— Meu pai indicou-me um contato lá, que vai nos ajudar. Chama-se Padre Germano. É administrador do Seminário Bom Jesus.

Embora considerasse sui generis a opção, receber a ajuda de um padre, a considerar a Ordem Agnus, consenti:

— Então vamos, não podemos perder tempo. Quando Manolo e Enrico abrirem a maleta e ver que foram enganados, virão como loucos atrás de mim.

Lea retirou seu traje, revelando um belo vestido. E também uma bela mulher.

Eu bem podia imaginar o contato telefônico entre Manolo e Gasly (ou Javier), quando descobrissem o engodo da valise. E narrei minha versão a Lea, imitando com perfeição o francês Gasly, ao que ela se admirou com a minha facilidade para a convergência e imitação:

Vous deux idiots. Je ne sais pas à quoi je pensais quand je les ai envoyés au Brésil.¹ Devia ter feito o serviço pessoalmente! Como é que vocês vão embora, deixando o Domingos sozinho, sem antes verificar o que tinha na maleta? Dois incompetentes! E por que não voltaram para pegá-lo?

E caso fosse mesmo Gasly ao telefone, a continuação seria a seguinte: "Não podemos deixar que o documento 'Q' caia de novo no colo da Ordem, precisamos chegar primeiro no códice, esteja ele onde estiver. Ele vale um dinheiro incalculável. Pensem bem, será a independência financeira de vocês dois."

Manolo teria tentado explicar-se e em função do fatos vindouros, a conversa poderia ter seguido assim:

Manolo teria tentado explicar-se e em função do fatos vindouros, a conversa poderia ter seguido assim:

— Voltamos lá, mas alguém o ajudou a se desamarrar. Acho que foi uma mulher muçulmana. A vimos no saguão do aeroporto.

— Deve ser a Lea, filha do Aziz. Tenho informações de que nesse momento estão se dirigindo a uma cidade chamada Aparecida. Vão encontrar um padre, o nome é Germano. Vocês precisam chegar lá antes deles.

— Pode deixar, chefe. Dessa vez não vamos falhar.

— Se falharem, eu vou pessoalmente aí e acabo com vocês.

E eu não me admiraria se Gasly (ou Javier) voasse para o Brasil, a fim de cumprir a promessa.

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Nota:
¹"Vocês são dois idiotas. Não sei onde estava com a cabeça quando os enviei ao Brasil."

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